Capítulo 04

- Você sabe o que eu quero, Leonez, sabe o motivo que eu vim, o único motivo pelo qual eu viria atrás de uma vadia que nem você.

- Você não tem o direito de falar assim comigo. – Aponto o dedo na sua cara o enfrentando.

O que eu não esperava era que ele me prensasse contra a parede fria do lado do balcão.

- Campbell, pare, por favor.

Eu tentava me soltar do imbecil, mas era obvio que ele era mais forte que eu.

- Não paro, temos que conversar, conversar sobre a pequena Luna.

Se eu não tinha forças, agora eu tenho, eu não posso deixar esse canalha se aproximar de minha pequena, mesmo ela não estando comigo. O afastei para longe com força, que ele cambaleou.

- Alguém resolveu virar valente de uma hora pra outra, foi? – Campbell perguntou irônico.

- Você não vai se aproximar da minha filha, Campbell. Eu não vou deixar.

- Te corrigindo, ela é tanto sua filha, como minha. Então, sim, eu tenho o direito de ver minha filha crescer.

- NÃO DEPOIS QUE VOCÊ RESOLVEU A ABADONAR, SEU IDIOTA.

- Olha como fala comigo, sua vadia.

Eu dei um passo pra frente indo avançar nele, quando sou surpreendida por um tapa de Theodore que me fez cair no chão. Ainda um pouco tonta, apenas senti Theodore pegar na gola da minha camisa e aproximou meu rosto do seu, me beijando a força. Tentei me separar, mas era impossível, até que ele se solta, me dando outro tapa, dizendo:

- Eu vou me aproximar de você, da nossa pequena e vamos voltar a ser o que éramos, melhores amigos.

Ele ia me bater de novo, mas ouço alguém atrás dele segurar sua mão. Theodore se vira para trás enquanto a pessoa diz:

- Você vai é não encostar nenhum dedo a mais nela, seu canalha.

Quando vejo, depois de piscar várias vezes, Campbell foi ao chão, me levanto ainda meio tonta procurando urgentemente uma mesa próxima, me apoiando ali. Olho para frente e noto que a pessoa que me salvou daquele cretino está de costas em cima de Campbell falando alguma coisa que eu não entendi, então se levantou, não sei o que ele disse, mas Theodore me olhou com fúria apontando o dedo pra mim disse:

- Nosso papo não acabou, Leonez.

Theodore saiu correndo da doceria. No mesmo instante a pessoa se vira e vejo que é Benjamin com um rosto preocupado.

- Você está bem, Marya?

Eu estava assustada com a situação, tentando encontrar aonde foi parar o cara que era meu melhor amigo desde pequeno, ficando comigo quando alguma coisa ruim acontecia, me espantando de qualquer menino que queria se aproximar, aquele cara se foi.

- Marya. – Benjamin diz calmo, me balançando nos braços.

- Oi? – Digo saindo dos meus pensamentos.

- Você está legal? O que aquele cara fazia aqui?

Respiro fundo deixando algumas lágrimas teimosas caírem, então respondo:

- Querendo cobrar uma dívida do passado.

- Que dívida? – Benjamin ergue a sobrancelha confuso.

- Como você disse antes, se importaria de eu não falar disso agora? – perguntei cautelosa.

Benjamin soltou meu braço, respirou fundo.

- Tudo bem. Mas me deixa cuidar de você.

- E sua filha, não tinha que estar com ela?

Afinal, ele iria pra casa, por que retornou?

- Eu esqueci minha carteira aqui. – Ele deu de ombros e um sorriso tímido. – Sou meio avoado às vezes.

Não consegui não gargalhar.

- Aí está o sorriso que queria ver. - Agora foi minha vez de ficar tímida. – Não se preocupe, minha filha vai ficar bem, ela está com meu melhor amigo.

- Você confia nele a ponto de deixar uma menina pequena que precisa do pai? – perguntei curiosa.

- Sim, Jacob me ajudou bastante em uma decisão que mudaria pra sempre a minha vida. – Benjamin deu de ombro. – Sei que ele vai cuidar bem dela, até porque ele parece mais o pai da criança do que eu. – Ambos rimos.

- Que bom que você confia nele. – Dei um sorriso triste. – É sempre bom ter amigos com quem a gente pode contar em horas difíceis.

- E você, sabe que pode contar comigo pra tudo a partir de agora, não sabe?

Benjamin fez essa pergunta de repente, e eu baixei a cabeça envergonhada, levantei alguns segundos depois para encara-lo, então dei um sorrisinho de leve, ele fez o mesmo e se aproximou em silêncio.

- Deixa eu ver se não machucou muito o seu rosto.

Senti o toque de Benjamin em meu rosto no machucado, sentindo uma leve ardência, mas não reclamei, apenas fechei os olhos para sentir o seu toque. Sua mão fazia um carinho de leve no local e quando abri meus olhos, notei que os seus estavam mostrando pelo menos para mim, ódio, raiva, mas sinto que não é de mim, e sim, de Campbell.

- Aquele cretino vai pagar por isso.

Benjamin disse do nada e então me abraçou, o que me fez arregalar os olhos, mas fechar logo em seguida sentindo seu toque que me dava segurança, ali, em seus braços, parecia o lugar mais seguro para se estar, longe de toda sensação ruim que eu me encontrava. Deixei sem querer um soluço escapar e o vi se afastar apenas para me olhar e enxugar a lágrima fujona que saiu de meu olho.

- Ei, não chora, ele não merece cada gota de lágrima sua. – Benjamin falou sério. – Eu não sei o que aconteceu entre vocês, mas sinto e sei que ele não tem direito de fazer com você e nem com qualquer outra mulher.

- Obrigada, Benj, por se preocupar comigo, mas eu estou bem, de verdade.

- Olha, se precisar conversar eu vou estar sempre aqui, dentro daquela cozinha. – Ri do seu jeito brincalhão.

- Bobo. – Dei uma empurrada em seu ombro que o fez rir.

- Vai ficar muito tempo aqui ainda? – Benjamin perguntou depois de alguns minutos em silêncio. – É perigoso ficar sozinha nesse bairro a essa hora da noite.

- Não, eu só estava fechando o balcão quando aquele cara chegou. Já estou indo pra casa.

- Quer uma... – Benjamin é impedido de falar por causa de um barulho de trovão e um relâmpago, logo em seguida, chuva forte.

- Droga, como vou voltar pra casa agora? – Perguntei rolando os olhos olhando para a janela.

- Eu ia te oferecer uma carona.

- Benjamin, não posso aceitar, a sua pequena precisa de você. Já devia estar em casa.

- Eu já disse que ela está com meu amigo e eles podem esperar mais um pouquinho.

Bufei indignada cruzando os braços, fingindo estar brava e ele apenas riu de canto vitorioso, piscando pra mim. Rolo os olhos e tomo um susto quando vejo um trovão e um relampado que fez uma iluminação e o barulho grande, por instinto, corro até Benjamin, que me abraça rindo da minha cara.

- Vai dizer que a teimosinha aqui tem medo de trovão?

- Vou ignorar essa pergunta. – Ele riu pegando sua carteira enquanto caminho até que eu seguro a maçaneta e me viro de volta para Benjamin. – Vai demorar muito aí?

- Já estou indo, madame. – Ele fez um gesto engraçado rindo, apenas balanço a cabeça em negação. – O quê?

- Você não tem jeito mesmo.

Caminhamos com pressa até o carro, que não estava muito longe dali, e entramos.

- Pronto, estamos a salvo, a senhorita açúcar não ira derreter. – Ele zombou e eu fiz uma careta que Benjamin acabou rindo.

- Você é sempre irritante assim?

- Só a maioria das vezes. – Bufei indignada olhando para a janela enquanto ele ri e dá partida no carro.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo