Capítulo 03

O local que eu tinha começado a trabalhar, ficava bem no centro da cidade e um pouco longe onde eu trabalhava, cheguei à loja da minha amiga, Ella, que era filha da Dona, e quando viu que eu estava procurando uma vaga, me aceitou na hora, pois ela adorava os doces que eu fazia e disse que tinha uma vaga pra mim. Fiquei muito feliz, nessa última semana ficamos trabalhando e relembrando nosso tempo no colégio, eu, Ella e Vic éramos um ótimo trio na nossa turma, sempre bagunceiras, mas estudiosas.

- Lembra aquela vez que grudamos um chiclete no cabelo da piranha da Rachel? – Ela gargalhava enquanto recebia o dinheiro de um cliente.

- Sim, lembro, foi muito bom ver a cara dela. Ela mereceu, vai. – Respondi contente pegando os pratos do balcão e os lavando.

- Lógico que mereceu, quem mexe com uma de nós, mexeu com todas, meu amor. – Ela pisca pra mim.

Meu olhar foi para o sino tocando na porta e entrou um rapaz alto, musculoso, cabelos loiros e seus lindos olhos verdes, meu Deus, que olhos.

- Vou atender. – Ella disse saindo do balcão.

- Bom dia. – Ouvi Ella o cumprimentando enquanto eu fingia estar lavando louça.

- Bom dia, você é a Ella? – Ele pergunta e ergo meu olhar confuso para ele.

- Sou, sim, por quê? – Ela disse tímida.

- Bem. – Ele deu uma risada e coçou a nuca sem jeito, baixando a cabeça, eu achei fofo aquilo. – Sou o novo cozinheiro daqui da loja, a Dona Stone me chamou pra trabalhar hoje.

- Muito bem, chegou na hora. – Ella disse verificando o relógio. – Pode ir pra cozinha, na despensa tem seu uniforme de trabalho, minha mãe provavelmente irá estar lá, então ela te mostra tudo que você precisa saber.

- Obrigado, senhorita Ella. – Ele acenou a cabeça e depois olhou para mim. – Muito prazer.

- Digo o mesmo e bem-vindo ao Candy Doce. – Ele riu com o nome, me fazendo rir também.

- É um nome engraçado. – Ele disse lendo meus pensamentos.

- Ei, fui eu que escolhi. – Ella disse emburrada cruzando os braços.

- Tá explicado. – Pisquei para ele atrás de Ella e ele fez o mesmo debochando da minha amiga, que ficou mais brava, então fui abraçar ela.

- Desculpa coisa linda da minha vida.

- Só se você me levar pra ver aquele filme que eu estou doida pra ver no cinema? – Ella disse com os olhos brilhando e batendo palmas.

- Qual filme? – Pergunta o moço, que eu ainda não sabia o nome.

- Piratas Do Caribe, por favoooor. – Ella fez cara de criança e eu rolei os olhos.

- Tudo bem, eu levo.

Ella pulou em cima de mim e ficou pulando, olhei para o moço que ria da cena e soltei Ella do abraço.

- Então, vamos trabalhar? – Perguntei sem jeito.

- Vamos. – Ella e o moço falam ao mesmo tempo batendo as mãos e eu balancei a cabeça rindo daquilo.

**

- Então... – Dona Stone fechou a porta da doceria.

Lá dentro só estamos Dona Stone, Ella, eu e o moço novo, todos reunidos em uma mesa no centro da doceria. Ella ao meu lado, Dona Stone no lado de Ella e o moço em nossa frente.

- Por que estou sentindo que isso não vai acabar bem? – Diz o moço e nós rimos.

- Pode ficar tranquilo, eu passei a mesma coisa semana passada. – Disse tímida pra ele que sorriu sem jeito ao me olhar voltando atenção para Dona Stone.

- Então. – Ela disse batendo na mesa. – O que vamos fazer basicamente é um jogo de perguntas.

- Já estou apavorado. – Todos riem.

- Não precisa, querido, são perguntas simples, para nos conhecermos melhor e interagir. – Stone pisca pra ele que sorri.

- Entendo. – Ele coça a nuca. – Podem começar, vai.

- Primeira pergunta e mais simples de todas: – Dona Stone diz erguendo a mão.

- Manda brasa, chefinha. – Ele pisca e todos riem.

- Pode repetir seu nome para as meninas, contar sua idade, se preferir.

- Meu nome é Benjamin Sanchez, mas gosto mais de ser chamado de Benj. Tenho 25 anos.

- Porque decidiu trabalhar em Candy Doce, Benj? – Dessa vez foi Ella a perguntar.

Ele ficou em silêncio fechando os olhos, virando a cabeça para o chão. Depois de alguns minutos ele olha Ella.

- Porque eu precisava de um emprego urgente, e como ainda não sou formado na minha profissão e precisava de um emprego rápido, aqui era o local mais próximo de minha casa.

- Porque precisava de um emprego rápido? – Ele me olha assim que fiz a pergunta. Ficando em silêncio. – Desculpe a pergunta. – Falei em um tom baixo.

- Não, tudo bem. – Benjamin deu um sorriso de lado desviando a atenção de mim. – Mas se não se importa, não gostaria de falar disso agora.

Ergo o meu olhar até o seu, e Benjamin faz o mesmo, eu entendia o que ele queria dizer pelo olhar, porque eu também precisava de um emprego rápido e não queria contar para as meninas o porque disso, a única que sabia era a Vic.

- Continuando. – Ella pigarreou ao notar o clima tenso se formando. – Está fazendo faculdade do que, Benjamin?

- Fotografia, mais tarde pretendo fazer de Audiovisual.

- Que interessante, seria muito bom ter um fotografo aqui. – Diz Stone rindo e Benjamin entrou no clima.

Não sei por que, mas sua risada me transmitia uma paz, que se eu pudesse ficaria o ouvindo rir o tempo inteiro.

- Bom, garotas, se me permitem, eu preciso ir, afinal, uma garotinha me espera em casa. – Benjamin disse parecendo contente.

- Uma garotinha? – Ella pergunta.

- Sim, ela é minha... – Ele pareceu pensar um pouco. – Minha filha.

- Olha que legal. – Dona Stone disse sorridente. – E quantos anos tem sua garotinha?

Benjamin me olhou e eu desviei meu olhar para baixo, torci para ninguém reparar que eu cerrei meus punhos e fechei meus olhos engolindo a seco.

- Está indo para seu segundo mês.

- Ain, que fofa. – Ella disse.

- Pois você está sendo intimado a trazer essa menininha para conhecermos.

- Pode deixar, chefinha, seu pedido é uma ordem. – Benjamin respondeu indo.

Não seria possível ser ele, seria? Não, Marya, não viaja, pode ser muita coincidência. Isso, se conforme, é apenas uma coincidência.

- Marya? – Ella me chamou colocando a mão no meu ombro.

Olhei para cima e vi que além de Ella, Dona Stone e Benjamin me olhavam preocupados.

- Está sim.

- Mesmo, querida? – Sorri fraco para mãe de Ella.

Olhei para Benjamin e ele apenas sorriu, o que me fez sorrir automaticamente.

- Bom, já que está tudo bem, eu vou indo.

Benjamin se despediu dando um beijo na bochecha de cada uma, logo mais as duas foram embora. Hoje era meu dia de fechar a loja, então arrumei algumas mesas, estava fechando o balcão no escuro, então quando vou me virar para a porta de saída, vejo a silhueta de uma pessoa, mas não consigo identificar.

- Quem está ai? – Pergunto com medo, voltando para trás do balcão.

- Ora, como se você não soubesse, Leonez. – O homem acendeu a luz ao lado da porta e eu fiquei em choque.

- O que você quer aqui, Theodore?

Quando tudo está se ajeitando, ele aparece para complicar ainda mais a minha vida. O que eu estava sentindo ali? Medo, raiva por ele ter me abandonado no momento que eu mais precisei dele em sua vida. No momento em que eu mais estava apaixonando por um cara que era meu melhor amigo. O cara que eu pensei que podia confiar para tudo, mas isso foi ao fundo do poço quando ele decidiu me abandonar no barco, quando descobriu que teríamos uma filha. Pra mim ele está morto, a partir deste dia.

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