Eu acabei pegando minha filha no hospital, porque não tive coragem de deixar uma menininha tão pequena sozinha. Já fazia dois meses que Luna tinha vindo ao mundo, semana passada fizemos o batizado dela. Todos a adoravam. Acordei exatamente às 3:00hrs de madrugada de hoje com o choro da minha pequena por ter ouvido um barulho de chuva.
- Que foi, meu bebê? – Peguei-a no colo e balancei-a delicadamente. – Calma, mamãe está aqui, vai te proteger, mesmo longe, vai te proteger.Isso, é o que você está mesmo se perguntando, eu ainda não desisti de dar a minha pequena, mesmo com Vic e sua mãe insistindo para eu ficar com ela.- Desculpe a mamãe pelo o que vou fazer hoje, meu amor. – Peguei um casaco do cabideiro, coloquei com dificuldade, já que fiquei segurando Luna.Fui para a sala de jantar e na mesa de vidro coloquei uma cestinha e a forrei com um cobertor, coloquei um travesseirinho e coloquei Luna dormindo calmamente de novo dentro dele, o que me fez sentir culpada por fazer isso, fechei os olhos e segurei sua mão, que apertava meu dedo com força. Enrolei-la em dois cobertorzinhos e dei um profundo beijo em sua testa e sussurrei em seu ouvido:- Mamãe te ama muito, nunca se esqueça disso, ok?Fiquei olhando Luna por mais um tempinho até que sentei em uma cadeira pegando o bloquinho de papel e comecei a escrever um bilhete para os futuros papais da minha menina, eu só peço que cuidem bem dela, única coisa que eu quero nessa vida.Depois de ter terminado de escrever, guardo dentro do cobertor o bilhete e seguro a cestinha balançando a minha pequena, pego um guarda-chuva, fecho a porta e saio na rua de madrugada, com uma rua silenciosa, sem ninguém, apenas eu e o silêncio, que me fazia sentir culpada e voltar a cada passo que eu dava. Mas eu não podia desistir.- É para seu bem, pequena. – Repetia comigo mesmo.Cheguei a uma casa não muito grande nem muito pequena, ela tinha cerca que a separava dos vizinhos, e tinha uns degraus que nos levava a uma pequena varanda, o jardim da frente da casa era muito lindo e tinha um caminho de pedras na direção dos degraus, a varanda era de piso de madeira e continha uma rede e um banquinho, que devia ser para leitura, a casa era em um tom azul e me parecia um sobrado, pois era grande.Respirei fundo e decidida. Fiquei rondando a cidade durante duas horas e já eram quase 5:00 horas da manhã. Olhei para a casa e finalmente achei o lar para meu bebê. Sorri para minha filha e agradei a mãozinha dela, embaixo daquela chuva. Dei um beijo demorado e fechei os olhos, deixando uma lágrima escapar.- Desculpa a sua mãe, minha filha, mesmo eu estando longe, sempre vou estar por perto. – Peguei uma pulseirinha que comprei com a letra inicial de seu nome e do meu, no meio tinha um coração. – Isso é para você sempre se lembrar de mim, e que quando se sentir sozinha, basta olhar para essa pulseira que você saberá que terá alguém com quem contar.Vi meu bebê sorrindo de leve e rápido quando colocava a pulseira em seu bracinho.- Mamãe precisa ir. – Dei um beijo na sua testa demorado.Caminhei até a porta subindo os degraus, ainda bem que a varanda era coberta e meu bebê não pegaria mais chuva. Encarei aquela grande porta marrom e suspirei batendo três vezes na porta. Esperei um pouco, mas nada. Olhei minha filha, que ameaçava acordar e bati mais três vezes. Quando vi que uma luz acendeu no cômodo de dentro.- Tchau, amorzinho.Falei a Luna e sai às pressas, me escondendo atrás de uma árvore no outro lado da rua, me escondi de um jeito que a pessoa não me visse e fiquei olhando para a cena. Parecia que tudo estava em câmera lenta, os pingos de chuva pingavam devagar, apareceram alguns relâmpagos fazendo um barulho assustador, e quando a pessoa abriu a porta, saiu de dentro da casa, um homem sonolento que esfregava as mãos nos olhos.- Sim? – O ouvi perguntar com sono de onde estava.A rua estava em um silêncio total e quando ele falou, me deu vontade de voltar atrás, mas agora já era tarde. O homem, como viu que não tinha ninguém, apenas deu de ombros e entrou em casa. Fui até lá de volta olhei Luna uma última vez antes de partir e ela estava acordada chupando seu dedinho e eu sorri com a cena, fiz carinho no seu pequeno cabelinho e pisquei para ela.Me levantei e bati de novo na porta. Corri o mais depressa até a árvore e então um trovão deu às caras, fazendo minha pequena chorar no momento em que o homem começa a dizer:- Cara, eu não estou para... – Ele parou de falar ao olhar para baixo e ver meu bebê chorando. – Oh Meu Deus.Ele olhou para Luna assustado e ficou um tempo a encarando até que olhou para os lados e viu que ninguém apareceria e a pegou no colo.- Vem, pequena. – pegou no colo tentando acalmar minha filha e eu deixei uma lágrima escorrer fechando os olhos. - O que temos aqui? – Abriu a tempo de o vê pegando meu bilhete.Luna tinha parado de chorar e então o vi beijar o ombrinho dela.- Vou cuidar de você, pequena. Vamos entrar.Assim que ele entrou em casa, fechando a porta com minha Luna, comecei a andar de volta para minha casa, não sei como cheguei ali, então estiquei a mão para um táxi que estava por perto e fui para meu apartamento, assim que entrei, fechei a porta e me encostei na mesma, me permitindo chorar o que até agora eu não tinha chorado.Eu sempre quis ser mãe, sempre quis ter uma filha, mas não desse jeito, não nesse momento, se ao menos eu tivesse apoio do pai dela que um dia foi o meu melhor amigo, mas sozinha, sem ter onde morar, eu não ia conseguir sobreviver sabendo que ela podia ter um futuro melhor que eu podia dar a ela, pelo menos Luna estando com aquele homem, ela estaria em uma vida, um mundo melhor, acredito que ele seja uma pessoa do bem, eu sentia isso, eu precisava acreditar. Peguei meu celular e fui na minha foto preferida com meu bebê.- Perdoa a mamãe meu amor. – Beijei a foto sem saber o que fazer.**No dia seguinte, não falei com ninguém, queria ficar sozinha em meu apartamento, segurei apenas um bichinho de pelúcia da minha filha e fiquei deitada pensando no que eu iria fazer da vida, eu tinha meu sonho, era ser babá, eu adorava crianças, cuidaria de uma sem problemas, e isso é um dos motivos por me deixar tão culpada por dar minha filha embora. Mas eu tinha que começar a trabalhar. Decidi então ir atrás de um emprego, muitas pessoas dizem que eu tenho mão boa para a cozinha, então decidi começar por aí primeiro, pelo menos no começo, para eu ter uma graninha para ter algo melhor. Eu sabia que uma amiga minha do colégio tinha uma loja de doces, então eu fui direto para a loja.O local que eu tinha começado a trabalhar, ficava bem no centro da cidade e um pouco longe onde eu trabalhava, cheguei à loja da minha amiga, Ella, que era filha da Dona, e quando viu que eu estava procurando uma vaga, me aceitou na hora, pois ela adorava os doces que eu fazia e disse que tinha uma vaga pra mim. Fiquei muito feliz, nessa última semana ficamos trabalhando e relembrando nosso tempo no colégio, eu, Ella e Vic éramos um ótimo trio na nossa turma, sempre bagunceiras, mas estudiosas.- Lembra aquela vez que grudamos um chiclete no cabelo da piranha da Rachel? – Ela gargalhava enquanto recebia o dinheiro de um cliente.- Sim, lembro, foi muito bom ver a cara dela. Ela mereceu, vai. – Respondi contente pegando os pratos do balcão e os lavando.- Lógico que mereceu, quem mexe com uma de nós, mexeu com todas, meu amor. – Ela pisca pra mim.Meu olhar foi para o sino tocando na porta e entrou um rapaz alto, musculoso, cabelos loiros e seus lindos olhos verdes, meu Deus, que olhos
- Você sabe o que eu quero, Leonez, sabe o motivo que eu vim, o único motivo pelo qual eu viria atrás de uma vadia que nem você.- Você não tem o direito de falar assim comigo. – Aponto o dedo na sua cara o enfrentando.O que eu não esperava era que ele me prensasse contra a parede fria do lado do balcão.- Campbell, pare, por favor.Eu tentava me soltar do imbecil, mas era obvio que ele era mais forte que eu.- Não paro, temos que conversar, conversar sobre a pequena Luna.Se eu não tinha forças, agora eu tenho, eu não posso deixar esse canalha se aproximar de minha pequena, mesmo ela não estando comigo. O afastei para longe com força, que ele cambaleou.- Alguém resolveu virar valente de uma hora pra outra, foi? – Campbell perguntou irônico.- Você não vai se aproximar da minha filha, Campbell. Eu não vou deixar.- Te corrigindo, ela é tanto sua filha, como minha. Então, sim, eu tenho o direito de ver minha filha crescer.- NÃO DEPOIS QUE VOCÊ RESOLVEU A ABADONAR, SEU IDIOTA.- Olha
Já fazia 1 ano desde que tudo aconteceu. Hoje era exatamente a data de aniversário da minha pequena. Eu pedi pra Ella me deixar ficar em casa e ela aceitou, disse que não estava muito bem do estômago, mas a verdade era que eu não estava bem para nada, eu só queria estar perto dela, abraçando e dizendo o quanto a amo, eu sempre me arrependi de ter deixado ela para trás, agora, quando eu vejo uma criança no parque, eu penso que pode ser ela, penso em como ela deveria ser, seus olhinhos, seu jeito sapeca de brincar. Respirei fundo na sala de casa olhando novamente as únicas fotos que tenho com minha bebê e sorrindo.- Feliz Aniversário, filha, onde quer que você esteja mamãe sempre estará no seu coração. – Dei um beijo na foto e no exato momento a campainha toca. - Já estou indo. – Guardei o celular e fui até a porta tremendo a cada passo.Digamos que ultimamente, mesmo trabalhando com Ella, eu não tenho conseguido me manter, pois tenho guardado dinheiro para entrar em uma faculdade que
- Não precisava ter feito isso, Benjamin. – Disse enquanto ele dirigia para a sua casa.A pequena Emma dormia no banco de trás enquanto no carro tocava uma música calma.- Claro que precisava, eu não iria deixar uma amiga na mão.- Mas se arriscar desse jeito, você não sabe como aquele cara é e... – Benj me interrompe, colocando a mão dele sobre a minha.Tremo com seu ato, pousando meu olhar sobre nossas mãos, a minha tremia de nervoso, Benj entrelaçou nossos dedos fazendo um carinho bom. Suspirei fechando os olhos.- Você não tem que se preocupar com nada, tudo bem? – Sanchez diz depois de uns bons minutos em silêncio.- É claro que tenho, mesmo com sua tentativa, ele não aceitou e... eu não quero abusar, mas eu posso muito bem procurar outro apartamento com o dinheiro da faculdade e...- E nada! – Benjamin falou sério. – Eu já disse que aquele dinheiro vai ser só pra sua faculdade e que eu posso muito bem te ajudar a c
- O jantar já vai esfriar.POV Benjamin:Acordo no meio da madrugada com um chorinho já conhecido por mim. Me levanto morrendo de sono tropeçando no chão do quarto, caminho até o quarto de minha bebê.- O que foi, meu amor? – Me aproximo da cama dela acendendo apenas a luz do abajur em cima do criado mudo.- Eu estou com medo, papai. – Ela diz manhosa com os olhos cheios de lágrimas.- Por que está com medo? – Seguro ela no colo, a abraçando para se tranquilizar.- Eu tive um pesadelo.- Oh, meu anjinho, não precisa ter medo. O papai está aqui com você, não está? – Emma concorda com a cabeça. – Quer contar o pesadelo pro papai?Me deitei na cama dela e coloquei Emma ao meu lado, a abraço de conchinha nos cobrindo e dou um beijo no seu pescoço, fazendo cócegas com o nariz e ela ri.- Papai, para. – Sorri junto com ela e dei um beijo em sua bochecha.- Quer contar para o papai como foi o pesadelo
Acordo na cama no dia seguinte de manhã com um serzinho invadindo minha cama antes do despertador tocar.- Bom dia, papá. – Emma me chama colocando a mãozinha no meu rosto.- Bom dia, pequena. – Pego sua mãozinha e dou um beijo, vendo-a sorrir e em seguida me abraçar.Coloco um cobertor por cima da gente e ligo a TV que tinha no quarto em um canal de desenho, já que de manhã, antes do café, Emma sempre fazia isso, vinha na minha cama querendo assistir comigo algum desenho.- Que desenho a princesa quer assistir hoje?- Bob Esponja. – Ela fala batendo as palminhas e eu sorri com isso.- Você assiste enquanto o papai vai tomar banho?- Sim. – Ela falou com voz muito fofa que deu vontade de amassar.Tomo meu banho rapidinho, colocando uma calça jeans e uma blusa de manga curta preta, logo em seguida meu moletom.- Acho que está na hora da princesa tomar banho, não? – Pergunto a Emma que faz bico.
Como posso responder isso? Eu não queria ter que me meter da vida do Benjamin dessa forma, se ele não gosta de falar desse assunto para a filha, por que eu vou contar? Não queria ter que fazer a filha de Benj pensar em coisas que a deixariam mais tristes.Por um momento penso em minha pequena. Quando ela fizer essa pergunta para o homem que a pegou, será que vai querer me procurar? Será que vai me amar quando me encontrar? Será que vamos ser amigas?- É claro que você tem uma mamã, meu amor. – Digo e ela me abraça com seus bracinhos.- Onde ela tá? – Pergunta com sua voz doce e eu fecho meus olhos.- Eu não sei, pequena, mas ela te ama muito. – Beijei seu ombrinho e me levantei. - Vamos? Se não a senhorita chega atrasada na escola.Emma apenas sorriu e segurou minha mão. A escola não era longe da casa de Benjamin, então íamos a pé mesmo. Peguei a chave de casa no balcão e fechei a porta. Enquanto caminhamos, Emma ia pulando os quadradinho
Me afasto surpresa. Benjamin percebeu que eu fiquei sem jeito, então coçou sua nuca e desviou o olhar para a filha.- Eu preciso colocar ela pra dormir.Sanchez se levantou e subiu ás escadas me deixando ali sozinha. O que diabos aconteceu?...- VOCÊS DOIS O QUÊ? – Vic pergunta no dia seguinte, assim que conto sobre o beijo que eu e Benjamin tivemos.- Cala boca, Vic, quer que todo mundo do café ouça? – Retruquei brava.- Me desculpe, mas... meu casal favorito está dando certo. – Vic bate palminhas feito uma criancinha. – Imagine no cardápio de casamento “Marya Leonez e Benjamin Sanchez“. – Vic falava com a maior cara de boba.- Deixa de ser idiota, garota.Começo a rir e bato no seu braço com cardápio.- Isso doeu. – Ela fez beiço de emburrada massageando o braço.- Eu ouvi meu nome nessa conversa aí?Benjamin aparece ao lado de Vic colocando seu braço em cima do ombro dela.