Já fazia 1 ano desde que tudo aconteceu. Hoje era exatamente a data de aniversário da minha pequena. Eu pedi pra Ella me deixar ficar em casa e ela aceitou, disse que não estava muito bem do estômago, mas a verdade era que eu não estava bem para nada, eu só queria estar perto dela, abraçando e dizendo o quanto a amo, eu sempre me arrependi de ter deixado ela para trás, agora, quando eu vejo uma criança no parque, eu penso que pode ser ela, penso em como ela deveria ser, seus olhinhos, seu jeito sapeca de brincar. Respirei fundo na sala de casa olhando novamente as únicas fotos que tenho com minha bebê e sorrindo.
- Feliz Aniversário, filha, onde quer que você esteja mamãe sempre estará no seu coração. – Dei um beijo na foto e no exato momento a campainha toca. - Já estou indo. – Guardei o celular e fui até a porta tremendo a cada passo.Digamos que ultimamente, mesmo trabalhando com Ella, eu não tenho conseguido me manter, pois tenho guardado dinheiro para entrar em uma faculdade que pelo menos isso meus pais exigiam de mim, de resto, eles só me ignoram, nem falaram comigo durante todo esse tempo, mas tudo bem, já estou acostumada. Voltando à minha situação financeira, eu estava devendo três meses de aluguel e se eu não pagar, sou expulsa de casa. Fecho os olhos e abro a porta.- Bom dia, pirralha. – Um Benjamin sorridente chega me abraçando forte.- Bom dia, meu idiota.Sim, isso, Benjamin e eu criamos uma amizade muito boa, ele, junto de Vic e Ella, são meus melhores amigos. Bom, vamos aos acontecimentos?Basicamente Vic foi viajar, pois conseguiu uma bolsa na melhor Universidade do país para seu curso de medicina veterinária que sempre quis ser, por isso estamos nos falando mais por computador, ela me contou que conheceu um carinha lá e ela diz pra mim que é apenas seu melhor amigo, mas eu duvido muito, ela não para de falar do “Dylan, o carinha que divide o quarto comigo.”Ella se tornou dona da Doceria de sua mãe, por esse um ano depois do acontecido comigo e Theodore, pois sua mãe teve que viajar e eu estou tendo que ficar de olho nela e no senhor Benjamin aqui.- Adivinha quem praticamente me obrigou pra vir aqui ver a tia Mary?Benjamin deu um passo para o lado e abaixou a cabeça na direção de um pequeno ser, que assim que eu vi, abraçou a perna do pai tímida e Benj fez carinho na cabeça de Emma. Me abaixo no tamanho de Emm e dou um sorriso para ela.- Oi, linda.- Oi. – Emm respondeu se escondendo atrás do pai.- Filha, dá oi direito pra colega do papai.- Oi, tia Marya.Desta vez, com a repreensão do pai, ela veio me abraçar. Aquele abraço, fechei os olhos para senti-lo, naquele momento eu senti que tinha obrigação de proteger a Emma. Não sei o porquê disso, mas de certa forma me senti ligada a ela, desde o momento que a vi na doceria quando Benjamin a levou.- Entrem. – Disse dando espaço para os dois e fechando a porta em seguida.- Pequena Emm, sabe o que a tia Marya tem pra você assistir? – Ela já sabia a resposta e comemorou batendo palma.- Irmão Ursooo. – Ela comemorou no sofá.Coloquei o filme para ela e levei Benj para a cozinha pelo pulso, em um canto onde Emm não podia escutar.- Está tudo bem, Mary? – Benjamin pergunta preocupado, então se aproximou agradando meu braço.- Não, Benj, não está.- O que houve?Respirei fundo para contar sentindo meus olhos arderem, então os fechei.- Ei, calma.Benjamin me abraçou e eu não hesitei em retribuir, afundando meu rosto em seu peito, me sentindo de alguma forma segura, o sentindo agradar meu cabelo.- Eu vou ser despejada, Benjamin.- O que? – Ele parecia surpreso.- Estou devendo três meses de aluguel, mas... – Benjamin me interrompe enquanto enxugo minhas lágrimas.- E o dinheiro que você ganha na Ella?- Estou guardando para pagar minha faculdade.- Entendo, saiba que se precisar de qualquer ajuda. – Benjamin se afasta erguendo meu rosto enxugando o mesmo com os dedos. – Eu estou bem aqui.- Obrigada, Benj. – Dei um sorrisinho fraco.Benjamin ia falar mais alguma coisa quando ouvimos a porta bater, estremeci um pouco e Benjamin sentiu olhando para mim preocupado fazendo carinho ainda na minha bochecha.- Senhorita Leonez, é o último aviso.Fecho os olhos sentindo Benjamin me abraçar novamente colocando sua cabeça em cima da minha, me apertando em seu abraço.- Leonez, se você não nos deixar entrar, vamos arrombar.Olho Benjamin que me olha do mesmo jeito preocupado.- Eu tive uma ideia. – Benjamin disse pensativo.- Qual? – Pergunto desesperada.- Aceita... – Percebo que ele olha para sua filha. – Aceita trabalhar como babá da minha filha?- O quê? – Pergunto boquiaberta.- Leonez. Vamos arrombar no três. – O sindico disse atrás da porta.Intercalo o meu olhar da porta para Benjamin e de Benjamin para a porta.- 1. – o sindico disse.- Isso pode te ajudar. – Diz Benjamin.- Mas... – Benjamin me interrompe.- 2.Fecho os olhos respirando fundo então olho para a pequena Emma sentada no sofá e corro na direção dela a segurando no colo antes que a porta bata nela.- Você gosta de crianças? – Benjamin me pergunta.- Eu gosto da tia Marya. – Emm diz rindo.- Eu... – Um barulho enorme me interrompe.- 3.A porta do apartamento foi destruída espalhando pedaços pelo mesmo e a porta foi arremessada perto de Benjamin, por sorte não o acertou.- Eu aceito Benjamin. – Respondo nervosa e Benj pisca pra mim sorrindo sapeca, olhando então para o síndico.- Você está sendo despejada, senhorita Leonez.- Espera um pouco aí. – Benjamin disse brincalhão, mas sério ao mesmo tempo.Eu e o síndico olhamos para ele ao mesmo enquanto Emma se escondia no meu pescoço, me abraçando firme.- Não podemos nem fazer um acordo? – Benj continua me olhando de relance e sorrindo voltando a olhar o síndico.- Quem é você, rapaz? Veio para assistir sua amiga sendo despejada?- Não, eu vim para ajudá-la.Percebo em sua voz, uma mudança repentina de humor e o olho, confusa.- Então pode pegar o caminho de volta para casa, rapaz, não tem acordo, não vamos aceitar uma pessoa sem dinheiro nenhum em nosso prédio.Vi no olhar de Benjamin que ele ficou com raiva, quando percebo, parecia tudo muito rápido, Benjamin encurralou o síndico na parede e falou com a voz um pouco alta:- NÃO FALA ASSIM DA MARYA, ENTENDEU?- Falo como eu quiser dessa aproveitadora.Benjamin o puxou pela gola e o bateu na parede de volta.- ESCUTA, ABRE A MERDA DA BOCA PRA FALAR DELA, E VOCÊ JÁ ERA. AGORA VOCÊ VAI OUVIR O QUE EU TENHO A DIZER.Um silêncio tomou conta do apartamento, onde só ouvia os soluços de uma Emma assustada.- Vai ficar tudo bem. – Sussurrei baixinho em seu ouvido só para ela ouvir e lentamente ela foi se acalmando.- A Marya conseguiu outro trabalho em minha casa, que eu acabei de oferecer pra ela para ela poder pagar os alugueis daqui. – Benjamin estava irreconhecível, olhando o sindico com um olhar assustador que deu medo até em mim. – Agora, você tem que cooperar também, eu vou pagar um dos meses que ela deve. – O interrompi.- Benjamin, não posso... – apenas com o olhar que me lançou, fiquei quieta.- Então até ela ter o dinheiro que o senhor precise, você não irá mandar ela embora, estamos de acordo?- Não precisava ter feito isso, Benjamin. – Disse enquanto ele dirigia para a sua casa.A pequena Emma dormia no banco de trás enquanto no carro tocava uma música calma.- Claro que precisava, eu não iria deixar uma amiga na mão.- Mas se arriscar desse jeito, você não sabe como aquele cara é e... – Benj me interrompe, colocando a mão dele sobre a minha.Tremo com seu ato, pousando meu olhar sobre nossas mãos, a minha tremia de nervoso, Benj entrelaçou nossos dedos fazendo um carinho bom. Suspirei fechando os olhos.- Você não tem que se preocupar com nada, tudo bem? – Sanchez diz depois de uns bons minutos em silêncio.- É claro que tenho, mesmo com sua tentativa, ele não aceitou e... eu não quero abusar, mas eu posso muito bem procurar outro apartamento com o dinheiro da faculdade e...- E nada! – Benjamin falou sério. – Eu já disse que aquele dinheiro vai ser só pra sua faculdade e que eu posso muito bem te ajudar a c
- O jantar já vai esfriar.POV Benjamin:Acordo no meio da madrugada com um chorinho já conhecido por mim. Me levanto morrendo de sono tropeçando no chão do quarto, caminho até o quarto de minha bebê.- O que foi, meu amor? – Me aproximo da cama dela acendendo apenas a luz do abajur em cima do criado mudo.- Eu estou com medo, papai. – Ela diz manhosa com os olhos cheios de lágrimas.- Por que está com medo? – Seguro ela no colo, a abraçando para se tranquilizar.- Eu tive um pesadelo.- Oh, meu anjinho, não precisa ter medo. O papai está aqui com você, não está? – Emma concorda com a cabeça. – Quer contar o pesadelo pro papai?Me deitei na cama dela e coloquei Emma ao meu lado, a abraço de conchinha nos cobrindo e dou um beijo no seu pescoço, fazendo cócegas com o nariz e ela ri.- Papai, para. – Sorri junto com ela e dei um beijo em sua bochecha.- Quer contar para o papai como foi o pesadelo
Acordo na cama no dia seguinte de manhã com um serzinho invadindo minha cama antes do despertador tocar.- Bom dia, papá. – Emma me chama colocando a mãozinha no meu rosto.- Bom dia, pequena. – Pego sua mãozinha e dou um beijo, vendo-a sorrir e em seguida me abraçar.Coloco um cobertor por cima da gente e ligo a TV que tinha no quarto em um canal de desenho, já que de manhã, antes do café, Emma sempre fazia isso, vinha na minha cama querendo assistir comigo algum desenho.- Que desenho a princesa quer assistir hoje?- Bob Esponja. – Ela fala batendo as palminhas e eu sorri com isso.- Você assiste enquanto o papai vai tomar banho?- Sim. – Ela falou com voz muito fofa que deu vontade de amassar.Tomo meu banho rapidinho, colocando uma calça jeans e uma blusa de manga curta preta, logo em seguida meu moletom.- Acho que está na hora da princesa tomar banho, não? – Pergunto a Emma que faz bico.
Como posso responder isso? Eu não queria ter que me meter da vida do Benjamin dessa forma, se ele não gosta de falar desse assunto para a filha, por que eu vou contar? Não queria ter que fazer a filha de Benj pensar em coisas que a deixariam mais tristes.Por um momento penso em minha pequena. Quando ela fizer essa pergunta para o homem que a pegou, será que vai querer me procurar? Será que vai me amar quando me encontrar? Será que vamos ser amigas?- É claro que você tem uma mamã, meu amor. – Digo e ela me abraça com seus bracinhos.- Onde ela tá? – Pergunta com sua voz doce e eu fecho meus olhos.- Eu não sei, pequena, mas ela te ama muito. – Beijei seu ombrinho e me levantei. - Vamos? Se não a senhorita chega atrasada na escola.Emma apenas sorriu e segurou minha mão. A escola não era longe da casa de Benjamin, então íamos a pé mesmo. Peguei a chave de casa no balcão e fechei a porta. Enquanto caminhamos, Emma ia pulando os quadradinho
Me afasto surpresa. Benjamin percebeu que eu fiquei sem jeito, então coçou sua nuca e desviou o olhar para a filha.- Eu preciso colocar ela pra dormir.Sanchez se levantou e subiu ás escadas me deixando ali sozinha. O que diabos aconteceu?...- VOCÊS DOIS O QUÊ? – Vic pergunta no dia seguinte, assim que conto sobre o beijo que eu e Benjamin tivemos.- Cala boca, Vic, quer que todo mundo do café ouça? – Retruquei brava.- Me desculpe, mas... meu casal favorito está dando certo. – Vic bate palminhas feito uma criancinha. – Imagine no cardápio de casamento “Marya Leonez e Benjamin Sanchez“. – Vic falava com a maior cara de boba.- Deixa de ser idiota, garota.Começo a rir e bato no seu braço com cardápio.- Isso doeu. – Ela fez beiço de emburrada massageando o braço.- Eu ouvi meu nome nessa conversa aí?Benjamin aparece ao lado de Vic colocando seu braço em cima do ombro dela.
- Obrigada, Benjamin. – sorri sem jeito.Eu estava vestida com um vestido que chegava até a altura do joelho, preto com a parte de trás meio aberta, e a saia do vestido era com uma renda bem de leve. Usava salto alto preto, três pulseiras prata e um colar escrito “dream”. Meu cabelo estava solto com umas leves ondulações.- Quer beber algo? – Benjamin pergunta.- Uma cerveja, apenas. – Sorri sem jeito.Benjamin foi até o bar do lugar e eu fiquei na porta, pois estava muito cheio e eu não estava a fim de enfrentar fila.- Aí está você, Mary. – Vic aparece na minha frente me abraçando.- Você está linda. – Respondo.- Mary, aqui está sua cerveja.Benjamin se aproxima dando minha cerveja e logo nota que Vic estava ali.- E aí, pirralha.- E aí, peste.- Cadê o seu boy magia? – Benjamin pergunta e eu sorri.- Vic, até que enfim eu te achei. – um rapaz se aproxima.- Falan
Subi as escadas correndo trancando a porta de meu quarto. Ouvi Benjamin me chamar, mas ignorei. Tudo que eu queria agora era ficar sozinha, novamente, em minha mochila, pego o bichinho de pelúcia de minha filha deitando na cama, pois só assim algo me fazia ficar perto dela e eu me acalmava. Eu precisava tanto dela naquele momento. Só queria saber onde estava Luna.BENJAMIN:Como o mundo é pequeno. Da onde que eu ia pensar que aquela menina que eu conheci no trabalho é irmã de uns dos meus melhores amigos. Suspirei cansado depois da conversa que tive com Marya, confesso que algo me deixou curioso. Por que ela não falava nada do seu passado? Por que ela não me conta esse segredo importante? Resolvi ir até minha mãe, para esfriar a cabeça e ver minha bebê, pois estou morrendo de saudades. Batendo na porta da minha antiga casa, logo sou recebido por um abraço de minha irmã. Pois é, eu tenho uma caçula que tem 15 anos.- E aí, pirralha. – Digo bagunçando os cab
Assim que Theodore foi embora de minha casa, fiz Marya sentar na cama.- Vou buscar Emma. – Falei meio rígido até demais.Quando peguei minha pequena no colo, ela me abraçou muito forte, mais do que o comum.- Está tudo bem agora, filha, papai está aqui com você.- Tia Marya.Levei Emma até o quarto e sentei ao lado de Mary que tinha as pernas cruzadas em cima da cama e com os braços em volta, escondendo o rosto, chorando. Emma se aproximou devagar colocando uma mãozinha na perna de Marya que a fez a olhar a pequena.- Tia Marya, não fica tisti. – Minha pequena fala começando a chorar.Marya apenas pega Emma no colo a abraçando, enquanto Emma a abraça, percebo que as duas tentam se acalmar ali, respiro fundo e também abraço Marya e Emma.- Eu estou aqui pra tudo ouviu bem, Mary? Eu e Emma somos sua família, não vamos deixar que nada de mal te aconteça.- Obrigada, Benjamin, por tudo, tudo mesmo, você é