Capítulo 05

Já fazia 1 ano desde que tudo aconteceu. Hoje era exatamente a data de aniversário da minha pequena. Eu pedi pra Ella me deixar ficar em casa e ela aceitou, disse que não estava muito bem do estômago, mas a verdade era que eu não estava bem para nada, eu só queria estar perto dela, abraçando e dizendo o quanto a amo, eu sempre me arrependi de ter deixado ela para trás, agora, quando eu vejo uma criança no parque, eu penso que pode ser ela, penso em como ela deveria ser, seus olhinhos, seu jeito sapeca de brincar. Respirei fundo na sala de casa olhando novamente as únicas fotos que tenho com minha bebê e sorrindo.

- Feliz Aniversário, filha, onde quer que você esteja mamãe sempre estará no seu coração. – Dei um beijo na foto e no exato momento a campainha toca. - Já estou indo. – Guardei o celular e fui até a porta tremendo a cada passo.

Digamos que ultimamente, mesmo trabalhando com Ella, eu não tenho conseguido me manter, pois tenho guardado dinheiro para entrar em uma faculdade que pelo menos isso meus pais exigiam de mim, de resto, eles só me ignoram, nem falaram comigo durante todo esse tempo, mas tudo bem, já estou acostumada. Voltando à minha situação financeira, eu estava devendo três meses de aluguel e se eu não pagar, sou expulsa de casa. Fecho os olhos e abro a porta.

- Bom dia, pirralha. – Um Benjamin sorridente chega me abraçando forte.

- Bom dia, meu idiota.

Sim, isso, Benjamin e eu criamos uma amizade muito boa, ele, junto de Vic e Ella, são meus melhores amigos. Bom, vamos aos acontecimentos?

Basicamente Vic foi viajar, pois conseguiu uma bolsa na melhor Universidade do país para seu curso de medicina veterinária que sempre quis ser, por isso estamos nos falando mais por computador, ela me contou que conheceu um carinha lá e ela diz pra mim que é apenas seu melhor amigo, mas eu duvido muito, ela não para de falar do “Dylan, o carinha que divide o quarto comigo.”

Ella se tornou dona da Doceria de sua mãe, por esse um ano depois do acontecido comigo e Theodore, pois sua mãe teve que viajar e eu estou tendo que ficar de olho nela e no senhor Benjamin aqui.

- Adivinha quem praticamente me obrigou pra vir aqui ver a tia Mary?

Benjamin deu um passo para o lado e abaixou a cabeça na direção de um pequeno ser, que assim que eu vi, abraçou a perna do pai tímida e Benj fez carinho na cabeça de Emma. Me abaixo no tamanho de Emm e dou um sorriso para ela.

- Oi, linda.

- Oi. – Emm respondeu se escondendo atrás do pai.

- Filha, dá oi direito pra colega do papai.

- Oi, tia Marya.

Desta vez, com a repreensão do pai, ela veio me abraçar. Aquele abraço, fechei os olhos para senti-lo, naquele momento eu senti que tinha obrigação de proteger a Emma. Não sei o porquê disso, mas de certa forma me senti ligada a ela, desde o momento que a vi na doceria quando Benjamin a levou.

- Entrem. – Disse dando espaço para os dois e fechando a porta em seguida.

- Pequena Emm, sabe o que a tia Marya tem pra você assistir? – Ela já sabia a resposta e comemorou batendo palma.

- Irmão Ursooo. – Ela comemorou no sofá.

Coloquei o filme para ela e levei Benj para a cozinha pelo pulso, em um canto onde Emm não podia escutar.

- Está tudo bem, Mary? – Benjamin pergunta preocupado, então se aproximou agradando meu braço.

- Não, Benj, não está.

- O que houve?

Respirei fundo para contar sentindo meus olhos arderem, então os fechei.

- Ei, calma.

Benjamin me abraçou e eu não hesitei em retribuir, afundando meu rosto em seu peito, me sentindo de alguma forma segura, o sentindo agradar meu cabelo.

- Eu vou ser despejada, Benjamin.

- O que? – Ele parecia surpreso.

- Estou devendo três meses de aluguel, mas... – Benjamin me interrompe enquanto enxugo minhas lágrimas.

- E o dinheiro que você ganha na Ella?

- Estou guardando para pagar minha faculdade.

- Entendo, saiba que se precisar de qualquer ajuda. – Benjamin se afasta erguendo meu rosto enxugando o mesmo com os dedos. – Eu estou bem aqui.

- Obrigada, Benj. – Dei um sorrisinho fraco.

Benjamin ia falar mais alguma coisa quando ouvimos a porta bater, estremeci um pouco e Benjamin sentiu olhando para mim preocupado fazendo carinho ainda na minha bochecha.

- Senhorita Leonez, é o último aviso.

Fecho os olhos sentindo Benjamin me abraçar novamente colocando sua cabeça em cima da minha, me apertando em seu abraço.

- Leonez, se você não nos deixar entrar, vamos arrombar.

Olho Benjamin que me olha do mesmo jeito preocupado.

- Eu tive uma ideia. – Benjamin disse pensativo.

- Qual? – Pergunto desesperada.

- Aceita... – Percebo que ele olha para sua filha. – Aceita trabalhar como babá da minha filha?

- O quê? – Pergunto boquiaberta.

- Leonez. Vamos arrombar no três. – O sindico disse atrás da porta.

Intercalo o meu olhar da porta para Benjamin e de Benjamin para a porta.

- 1. – o sindico disse.

- Isso pode te ajudar. – Diz Benjamin.

- Mas... – Benjamin me interrompe.

- 2.

Fecho os olhos respirando fundo então olho para a pequena Emma sentada no sofá e corro na direção dela a segurando no colo antes que a porta bata nela.

- Você gosta de crianças? – Benjamin me pergunta.

- Eu gosto da tia Marya. – Emm diz rindo.

- Eu... – Um barulho enorme me interrompe.

- 3.

A porta do apartamento foi destruída espalhando pedaços pelo mesmo e a porta foi arremessada perto de Benjamin, por sorte não o acertou.

- Eu aceito Benjamin. – Respondo nervosa e Benj pisca pra mim sorrindo sapeca, olhando então para o síndico.

- Você está sendo despejada, senhorita Leonez.

- Espera um pouco aí. – Benjamin disse brincalhão, mas sério ao mesmo tempo.

Eu e o síndico olhamos para ele ao mesmo enquanto Emma se escondia no meu pescoço, me abraçando firme.

- Não podemos nem fazer um acordo? – Benj continua me olhando de relance e sorrindo voltando a olhar o síndico.

- Quem é você, rapaz? Veio para assistir sua amiga sendo despejada?

- Não, eu vim para ajudá-la.

Percebo em sua voz, uma mudança repentina de humor e o olho, confusa.

- Então pode pegar o caminho de volta para casa, rapaz, não tem acordo, não vamos aceitar uma pessoa sem dinheiro nenhum em nosso prédio.

Vi no olhar de Benjamin que ele ficou com raiva, quando percebo, parecia tudo muito rápido, Benjamin encurralou o síndico na parede e falou com a voz um pouco alta:

- NÃO FALA ASSIM DA MARYA, ENTENDEU?

- Falo como eu quiser dessa aproveitadora.

Benjamin o puxou pela gola e o bateu na parede de volta.

- ESCUTA, ABRE A MERDA DA BOCA PRA FALAR DELA, E VOCÊ JÁ ERA. AGORA VOCÊ VAI OUVIR O QUE EU TENHO A DIZER.

Um silêncio tomou conta do apartamento, onde só ouvia os soluços de uma Emma assustada.

- Vai ficar tudo bem. – Sussurrei baixinho em seu ouvido só para ela ouvir e lentamente ela foi se acalmando.

- A Marya conseguiu outro trabalho em minha casa, que eu acabei de oferecer pra ela para ela poder pagar os alugueis daqui. – Benjamin estava irreconhecível, olhando o sindico com um olhar assustador que deu medo até em mim. – Agora, você tem que cooperar também, eu vou pagar um dos meses que ela deve. – O interrompi.

- Benjamin, não posso... – apenas com o olhar que me lançou, fiquei quieta.

- Então até ela ter o dinheiro que o senhor precise, você não irá mandar ela embora, estamos de acordo?

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