Atraída pelo melhor amigo do meu namorado
Atraída pelo melhor amigo do meu namorado
Por: Luna Sants
Capítulo 1

O quarto parecia encolher com a intensidade das palavras de Cristine, cada sílaba uma martelada em minhas incertezas. Eu a encarava, lutando para manter a compostura enquanto sentia o peso de sua preocupação me esmagar. Minhas mãos tremiam levemente, uma dança silenciosa de nervosismo e medo, refletindo o tumulto interno que suas palavras desencadeavam.

— Ele é um babaca, July! Por que você não termina logo com esse cretino? — Cristine questionou, com as sobrancelhas franzidas, claramente irritada ao me ver tentando ligar para Túlio pela milésima vez. Seu tom de voz exalava preocupação e irritação, um reflexo do cuidado que ela sempre teve por mim.

Olhei para baixo, sentindo um nó se formar em minha garganta. As palavras de Cristine ecoavam em minha mente, misturando-se com as dúvidas que eu tentava ignorar.

— Cristine, eu gosto dele, você sabe. Por favor, não comece com isso — eu disse, com a voz trêmula, lutando contra o mar de emoções que ameaçava engolir meu raciocínio. Meu dedo pairava sobre o botão de discar, como um pássaro indeciso à beira de um abismo, simbolizando a luta entre minha vontade de me apegar a Túlio e o medo de me afogar nas verdades que Cristine insistia em me mostrar.

Com um suspiro que parecia carregar todo o peso do mundo, Cristine arrancou o celular das minhas mãos, sua expressão um emaranhado de frustração e carinho desesperado. Ela se atirou na minha cama, uma ilha de desalento em meio à tempestade que se formava entre nós. Seu rosto, normalmente tão sereno e acolhedor, agora era um espelho de angústia e desespero.

— Você está iludida, amiga! Isso me estressa — suas palavras, embora duras, eram carregadas de um amor angustiado, um desejo ardente de me ver longe de qualquer sofrimento. Ela enterrou o rosto nas mãos, um gesto de exaustão diante da batalha que parecia interminável.

Respirei fundo, um sopro de tentativa de clareza, e recuperei meu celular com mãos trêmulas. Sentei-me ao seu lado, o contato de nossos ombros um pequeno consolo na tempestade de emoções. Minha voz, um mero sussurro, carregava o peso de minhas dúvidas e o desejo ardente de acreditar em algo mais puro do que as evidências sugeriam.

— Não é bem assim, Cristine. Eu não sou iludida — tentei me defender, embora cada palavra parecesse mais frágil diante da realidade que ela pintava. — Não seja tão dura, você está me magoando — admiti, a vulnerabilidade se infiltrando em minha voz, um pedido silencioso por compreensão e, talvez, por um pouco de esperança.

Cristine se levantou e continuou sua caminhada tempestuosa pelo quarto, uma tempestade de frustração e cuidado encapsulada em cada passo. Ela parecia dilacerada, uma lutadora no ringue da verdade e da compaixão, debatendo-se sobre quão direta deveria ser para abrir meus olhos sem partir meu coração.

— Tenho que ser sincera com você. Não vou passar a mão na sua cabeça. Ele faz o que quer, July, e você aceita tudo! — As palavras dela cortaram o ar, afiadas e diretas, uma espada desembainhada pela necessidade de me proteger daquela ilusão perigosa. Ela parou de andar, fixando em mim um olhar que era uma mistura de exasperação e um desespero para me fazer entender.

Eu desviei os olhos, incapaz de sustentar seu olhar acusatório, meu coração batendo uma marcha dolorosa. As palavras dela, embora duras, faziam minhas memórias desfilarem numa parada de arrependimentos e dúvidas. Meus pensamentos se perdiam entre os momentos que compartilhei com Túlio, uma busca febril por justificativas que se esvaíam como água entre os dedos.

— Ele não é assim, Cristine. Ele errou uma vez, mas já se desculpou. Esse assunto está resolvido — tentei infundir convicção nas minhas palavras, mas soaram como uma prece vacilante, um mantra frágil contra a tempestade de realidades que Cristine trazia.

— Uma vez? Você acredita mesmo nisso? — A voz de Cristine era um misto de choque e pesar, como se cada palavra fosse arrancada de um lugar profundo de dor e descrença. Seu conhecimento de Túlio, infelizmente, não trazia a mesma cegueira que o amor me havia imposto.

Fechei os olhos com força, um escudo fraco contra a avalanche de verdades que ameaçava minha bolha de negação.

— Ele jurou que foi só aquela vez. Eu acredito nele — murmurei, um sussurro trêmulo de fé no amor, na esperança de que o passado pudesse ser enterrado e esquecido.

Cristine balançou a cabeça, a incredulidade pintada em cada linha do seu rosto.

— Você caiu nessa conversa? Você acredita em Papai Noel também? — Sua pergunta, carregada de um sarcasmo dolorido, era um espelho da minha própria ingenuidade.

Abri os olhos lentamente, confrontando o desafio em seu olhar. Era um duelo silencioso entre minha vontade de acreditar no inacreditável e a dura realidade que ela tentava me apresentar.

— Você não pode apenas ficar feliz por mim? — a esperança em minha voz era uma chama frágil, tremulando diante do vendaval de dúvidas trazidas por Cristine. Minhas palavras, "Ele vai mudar", ecoaram pelo quarto como uma prece incerta, um pedido ao universo para que minhas ilusões se tornassem realidade.

— Ele não presta, July. Não vai mudar porque ele não quer — Cristine, aproximando-se com uma determinação ardente, segurou meus ombros com uma força que buscava despertar-me de um sonho perigoso. Sua proximidade era palpável, transmitindo uma urgência que fazia meu coração acelerar, não de paixão, mas de medo da verdade.

A tristeza invadiu minha voz enquanto eu tentava formular uma defesa

— Não é assim, Cristine… — mas dentro de mim, uma voz pequena e sufocada questionava se minhas palavras tinham algum peso, ou se eram apenas o eco de uma esperança desfalecida.

Cristine, percebendo minha hesitação, suavizou sua abordagem. Seu toque se tornou menos insistente, suas palavras tingidas de uma doçura amarga, uma mistura de preocupação e um profundo desejo de ver-me livre daquela angústia.

— Eu quero que você seja feliz, de verdade. Mas isso não vai acontecer enquanto estiver com ele. Vocês são diferentes. Você é encantadora e acredita no amor. Ele só quer curtir— sua sinceridade era um bálsamo doloroso, uma verdade que eu temia aceitar.

Engoli em seco, tentando ancorar-me na última réstia de fé que me restava.

— Estamos num relacionamento. Ele é meu namorado e está tentando mudar, mesmo que você não acredite — minha voz era um fio tremulante de convicção, uma ponte frágil sobre um abismo de incertezas.

Cristine me soltou delicadamente, seu recuo um reflexo da resignação que a tomava. O espaço entre nós crescia, preenchido por um silêncio pesado, suas próximas palavras pairando no ar como uma névoa gélida.

— Você realmente acha que o Túlio é fiel?

A pergunta atingiu-me com a força de um soco, cada sílaba um martelo que despedaçava a frágil estrutura de negação que eu havia construído. O peso da incerteza tornou-se insuportável, um monstro que crescia nas sombras da minha própria negação.

(...)

Seis meses antes

— Você é sempre assim tão calada? — Sua voz era suave, porém carregada de uma curiosidade genuína, enquanto se inclinava ligeiramente em minha direção, diminuindo a distância entre nós.

Respondi com um sorriso tímido, que ma'l esboçava os meus lábios, em um contraste gritante com sua expressão aberta e confiante.

— Prefiro ouvir e observar a falar — minha resposta saiu quase como um sussurro, mas suficientemente alta para ser ouvida sobre o burburinho da festa.

— Deveria falar mais, sua voz é encantadora. Posso ouvi-la por horas — ele replicou, mantendo um olhar intenso que parecia me hipnotizar. Senti o calor subir às minhas bochechas, uma resposta involuntária às suas palavras lisonjeiras. — Além de linda, é tímida. Assim, fica fácil me apaixonar — sua brincadeira veio acompanhada de um sorriso contagiante, enchendo o espaço entre nós de uma energia leve e divertida, enquanto ele voltava a bebericar seu drink, agora com um ar de cumplicidade.

— Obrigada, você é muito gentil — consegui responder, minha voz ainda tímida, mas um pouco mais firme.

— Sou sincero, acima de tudo — ele disse, sua expressão suavizando em uma sinceridade desarmante. Com um movimento elegante, estendeu a mão em minha direção. — Permita-me apresentar-me formalmente. Sou o Túlio. Sei que já sabe quem sou, mas... — ele sorriu, uma mistura de confiança e humildade, esperando que eu completasse o gesto.

— Prazer, Túlio, sou a July — disse, colocando minha mão na dele, sentindo um toque firme e acolhedor.

— E então, July, está acompanhada esta noite? — Seu tom era casual, mas seus olhos brilhavam com um interesse que não podia ser disfarçado.

— Não, estou sozinha — minha resposta saiu mais confiante, encorajada pela atmosfera de abertu'ra que ele criava.

— Isso significa que posso ficar ao seu lado, ou você já tem planos? — Havia um leve traço de esperança em sua voz, uma pergunta velada que carregava muito mais peso do que as palavras sugeriam.

— Fique à vontade, não tenho planos — declarei, minha voz agora portando uma empolgação m@l disfarçada pela sua companhia.

— Ótimo! Posso ser seu plano a partir de agora — ele disse, nossos sorrisos se encontrando, espelhando a conexão instantânea que parecia ter sido estabelecida entre nós. Enquanto ele aproximava sua cadeira da minha, senti o espaço ao nosso redor se encher de possibilidades, marcando o início de algo inesperadamente novo.

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