Hoje é nosso dia reservado, o restaurante fechou suas portas ao público, oferecendo-nos um momento só nosso, uma pausa merecida entre amigos. Eu me arrumava atentamente, enquanto Murilo observava, encostado à moldura da porta, um sorriso afetuoso emoldurando seu olhar.— É incrível como, a cada dia, você se torna ainda mais linda e gostosa — ele comentou, a voz tingida de admiração.— Com elogios assim, vou acabar corando — respondi com um sorriso, brincando com a ideia da timidez.— Ah, mas eu sei que você está longe de ser tímida — retrucou ele, o sorriso se alargando.— De fato, não estou... estou excitada — ele aproximou-se, suas mãos encontrando com suavidade a minha cintura, palavras sussurradas como uma promessa.— Você fica ainda mais linda quando está com tesão, sabia? — Questionou, e um beijo foi depositado em meu pescoço, provocando calafrios pela pele.Virando-me para encará-lo, selamos esse instante com um beijo ousado. Vestia um vestido leve e fluído, que suas mãos habil
Após arrumar-me rapidamente, dirigi-me à sala onde eles já estavam reunidos. Murilo veio ao meu encontro com um abraço acolhedor, envolvendo-me com seus braços, enquanto eu cumprimentava Cristine e Marcelo, ainda sob seu abraço caloroso.— Está toda animadinha, hein amiga? Será que interrompemos algo interessante por aqui? — Cristine, com sua curiosidade típica, não perdeu tempo em fazer suas insinuações. A habilidade dela em perceber essas situações, sempre me surpreende, embora, confesso, meu rosto ruborizado talvez tenha sido um grande delator do que acontecia, momentos antes.— Você e sua curiosidade insaciável — respondi, tentando disfarçar a diversão. Ela devolveu com um sorriso.— Vocês dois não têm jeito, né? Marcamos esse jantar há dias, e vocês aí, se distraindo com outras... atividades — brincou, arrancando risadas de todos nós.— Prontos para ir, maluquinha? — Perguntei, aproximando-me para beliscar carinhosamente sua bochecha.— Ai, isso vai deixar marca — ela fingiu um p
Murilo:O que posso dizer sobre minha vida ao lado de July? A palavra que me vem à mente é perfeição. Sim, sei que soa meloso e tremendamente clichê, mas é a pura verdade. Nossa existência juntos beira a um sonho que eu jamais desejo acordar. Sou agraciado com tudo que um homem poderia desejar: um empreendimento de sucesso, uma família abençoada, amigos leais e o mais precioso de todos, uma mulher que transcende todas as expectativas. July é a personificação da beleza, inteligência e sensualidade. Posso me considerar um homem quase pleno, faltando apenas um detalhe para completar nosso quadro de felicidade: a paternidade. Tenho um desejo ardente de ser pai, contudo, respeito o tempo de July. O essencial é nossa felicidade conjunta e, neste aspecto, estamos mais do que alinhados.Após uma noite de celebrações e confraternizações ao lado de nossos amigos, nos encaminhamos para casa. Já era madrugada e, sob o efeito leve do álcool, July estava vibrante, sua energia contagiante. Ela, envo
July:Na manhã seguinte à festa, acordei sentindo-me terrivelmente mal, uma ressaca brutal dominava o meu corpo. No entanto, percebi que talvez houvesse uma razão adicional para meu desconforto, quando Murilo abriu meu guarda-roupa à procura de algo para eu vestir. Meus olhos caíram sobre um pacote de absorventes que não havia sido tocado há pelo menos dois meses. De repente, a lembrança de que meu ciclo menstrual estava atrasado, veio à tona, mergulhando-me em um estado de pânico.Murilo percebeu minha agitação, compartilhei com ele minha desconfiança e, sem hesitar, ele correu até a farmácia mais próxima. Ele voltou não com um, mas com cinco testes de gravidez, uma compra que inicialmente me fez soltar uma risada, mas logo a tensão retomou seu lugar. Com o coração na mão, fiz todos os cinco testes e, para meu espanto, todos mostraram o mesmo resultado: positivo.A reação de Murilo foi de pura euforia. Ele começou a pular pelo quarto, uma explosão de alegria que contrastava fortement
Passaram-se cinco anos desde aquele dia agitado no hospital, e minha vida ao lado de Murilo floresceu de maneiras que jamais havíamos imaginado. A chegada do nosso filho, com seus olhos curiosos e sorriso que ilumina qualquer ambiente, foi apenas o começo das inúmeras alegrias e desafios que enfrentaríamos juntos.Murilo fez um excelente trabalho com nosso restaurante, tornando-o um lugar ainda mais acolhedor e popular entre os moradores da região. Graças ao seu esforço e visão de negócios, conseguimos expandir nossa presença e, atualmente, gerenciamos quatro restaurantes pela cidade. Agora, estamos nos organizando para abrir mais um, desta vez em uma nova área.Paralelamente, encontrei na fotografia uma nova forma de expressão, dedicando-me a registrar os momentos especiais de nossa família e círculo de amigos. Essa atividade se tornou minha grande paixão.Murilo e eu temos enfrentado os desafios que a vida nos apresenta, aprendendo a lidar com as responsabilidades familiares, nosso
O quarto parecia encolher com a intensidade das palavras de Cristine, cada sílaba uma martelada em minhas incertezas. Eu a encarava, lutando para manter a compostura enquanto sentia o peso de sua preocupação me esmagar. Minhas mãos tremiam levemente, uma dança silenciosa de nervosismo e medo, refletindo o tumulto interno que suas palavras desencadeavam.— Ele é um babaca, July! Por que você não termina logo com esse cretino? — Cristine questionou, com as sobrancelhas franzidas, claramente irritada ao me ver tentando ligar para Túlio pela milésima vez. Seu tom de voz exalava preocupação e irritação, um reflexo do cuidado que ela sempre teve por mim.Olhei para baixo, sentindo um nó se formar em minha garganta. As palavras de Cristine ecoavam em minha mente, misturando-se com as dúvidas que eu tentava ignorar.— Cristine, eu gosto dele, você sabe. Por favor, não comece com isso — eu disse, com a voz trêmula, lutando contra o mar de emoções que ameaçava engolir meu raciocínio. Meu dedo p
De volta a minha realidade, debati contra a verdade que Cristine me impunha.— Sim, ele está arrependido do que fez — afirmei, embora a incerteza vibrasse em cada palavra, minando a convicção que eu tentava projetar. Era como se, ao dizê-las, eu tentasse convencer a mim mesma tanto quanto a Cristine, agarrando-me a qualquer resquício de esperança.— Você está brincando comigo? — Cristine retrucou, seu tom de incredulidade se elevando, uma tempestade de frustração se formando em seus olhos. — Você não vê o que ele faz contigo?Desviei o olhar, refugiando-me em meus próprios pensamentos, numa tentativa de escapar da realidade que suas palavras tentavam impor.— Ele é carinhoso comigo — murmurei, mas minha voz vacilou, traída pela consciência de que talvez estivesse me agarrando a fragmentos de momentos bons, ignorando a vastidão de evidências contrárias.— Carinhoso!? — Ela ecoou, sua incredulidade se transformando em indignação. — Ele é um grosso — disse com convicção, suas palavras ca
O ambiente da lanchonete estava viva com o som de conversas animadas e o cheiro convidativo de comida sendo preparada. Cristine, com seus olhos brilhando de entusiasmo, folheava o cardápio com uma energia contagiante.— Gosto tanto dos lanches daqui — ela disse, uma genuína antecipação em sua voz, que trazia uma leveza que contrastava fortemente com o peso que eu carregava no peito.Forcei um sorriso, tentando me conectar com aquele momento de leveza, mas meus olhos traíam minha preocupação, desviando-se involuntariamente para o visor do meu celular. A espera por uma mensagem de Túlio era como uma âncora, puxando minha mente de volta para o mar agitado de dúvidas e incertezas.Cristine notou minha distração e seu tom carregava uma leve impaciência quando disse:— Você pode deixar esse celular um pouco de lado para escolher o seu lanche? — A razão estava do lado dela, mas o coração teimoso raramente segue a razão facilmente.— Tudo bem, ele deve estar com o Murilo, ele disse que tinha