Fazia horas que eu remoía o que tinha dito para Gabriela, sim eu os fazia assinar contratos, todos que entravam aqui sabiam dos riscos. Podiam levar tiros, serem presos, pegos por inimigos, torturados, nada de polícia ou hospitais mesmo em situações extremas. Eles me davam sua lealdade e eu lhes dou a minha. Ainda tinha que pensar em Mag, se fosse qualquer outro no lugar ela ficaria abalada, mas se Max tivesse morrido ela nunca me perdoaria. Eles acreditavam que eu não sabia, mas estava ciente de tudo que acontece com a minha família. Max era um bom homem, e se ele viesse me contar que estava apaixonado por minha irmã e ela por ele eu ficaria feliz, teria que demiti-lo sim, mas não o mataria nem impediria o relacionamento deles como pensavam. Só iria garantir que ela não sairia da história com um coração quebrado ou de luto. Sabia que Mag estava muito preocupada com ele, mas tinha certeza de que Gabi o tinha salvado, ele não ia morrer. Doutor antes de ir embora só soube dar elogios
Já fazia tanto tempo que eu não derramava uma lágrima por me sentir daquela forma, bastou uma pequena discussão com Oliver para trazer de volta todo o sentimento de impotência, de culpa. Não importava quantas vezes eu repetisse para mim mesma que nunca tinha sido minha culpa, parecia que aquelas palavras estavam marcadas a ferro em minha mente “a culpa é sua, você queria, pediu por isso!”. Era como um parque do horror que estava adormecido até Oliver o despertar, me fazendo reviver dias horríveis. Deixei a comida e Max aos cuidados de Magie, eles dois não queriam se desgrudar e não seria eu a estragar os poucos momentos que eles tinham. — Ótimo, se ele vai estar em boas mãos vou tentar dormir. Qualquer coisa me chame, boa noite. — Murmurei rapidamente já saindo do quarto, não querendo que ninguém me visse com o rosto vermelho e inchado do choro. Quanto as minhas desconfianças o melhor a fazer era procurar uma pessoa que me daria as respostas certas, alguém nessa casa t
Eu adorava extravasar daquele jeito, tinha algo diferente em usar os punhos para torturar uma pessoa, era algo totalmente pessoal. Não vou mentir e dizer que não gostava de usar ferramentas, elas davam os detalhes em uma tortura bem-feita, mas quando você usa suas próprias mãos é como se estivesse totalmente conectado a pessoa, o sangue e suor da vitima se juntando ao seu, se misturando, os nós dos dedos sendo machucados com a intensidade de suas investidas contra a carne do outro. — Vamos lá infeliz, fala! — gritei com o imbecil que apanhei durante o ataque a minha casa. O homem era difícil, parecia inquebrável e tudo o que fez foi me olhar com um sorriso de escarnio com os dentes banhados em sangue. Tinha que admitir ele era duro na queda, mas eu estava adorando liberar a fera sedenta dentro de mim. Meu punho voou na sua cara novamente, esmagando sua carne e lhe tirando mais sangue, mas o homem nem sequer gemeu com a dor. — Ótimo, chega de ser bonzinho. — Resmunguei pegando um a
Eu estava paralisada em choque depois do que tinha feito, o rosto de Oliver estava tomando uma cor vermelha com o formato dos meus dedos. Não sei o que me deu, mas meu corpo tomou vida própria quando senti sua língua sobre meus lábios. Não tinha mostrado resistência quando ele se aproximou e nem mesmo quando uniu nossos lábios, havia algo nele que me puxava para ele, me atraindo e seduzindo. Meu corpo todo se esquentou quando ele me beijou, mas bastou me lembrar de onde estávamos e do que tinha acabado de vê-lo fazendo para que me afastasse depressa. Eu queria aquilo, tinha encarado seus lábios com esse pensamento enquanto ele tentava fazer com que eu parasse de me culpar pelas ações de Monty, mas no minuto seguinte minha mão estava acertando seu rosto em um tapa estalado. — Acho que vocês precisam se acalmar. — Jackson interveio enquanto eu ainda mantinha as mãos na boca em choque e Oliver apenas me encarava com uma tempestade refletida em seus olhos. Então como se as palavras ti
Eu estava abraçado a Gabriela enquanto a casa à nossa frente pegava fogo, por pouco ela não tinha sido atingida pelo telhado da casa que despencou, ninguém fez menção de segurá-la enquanto ela corria desesperada em direção a casa em chamas. Agora eu sentia seu corpo se sacudindo contra o meu peito enquanto ela tentava conter os soluços. Aquele desgraçado iria pagar caro por isso, ele tinha enviado suas baratas até minha casa para fazer seu serviço sujo e quando não teve retorno decidiu atacar o ponto fraco de Gabriela. Matar uma pobre velhinha era baixo demais até mesmo para ele, mas eu ia vê-lo rastejar como o verme que era, pedindo por clemência, quando colocasse minhas mãos nele. — Senhorita Parker, onde esteve esses dias? — um homem gordo vestido de policial se aproximou questionando e fazendo meu sangue ferver ainda mais. Ele não estava vendo o estado dela? — Ela está ocupada aqui. — Rosnei para que ele se afastasse, Gabriela estava abalada de mais agora para lidar com interro
Durante todo o caminho de volta eu pensei no que tinha acabado de acontecer, aquele desgraçado não tinha me deixado nem mesmo um corpo para enterrar, não tive nem mesmo a oportunidade de me despedir. A única coisa que eu sabia era que ela estava me protegendo me mandando ficar na cidade e que reconstruísse minha vida longe de Monty. Mas como eu podia cumprir essa promessa agora? Sentia como se meu corpo estivesse em colapso, queria vomitar e ao mesmo tempo desabar chorando até que tudo aquilo acabasse. Se fosse fácil esquecer com um punhado de lágrimas derramadas e um pensamento positivo, mas eu não podia, não quando tinham me arrancado tudo. Quando os bombeiros conseguissem controlar o incêndio eu teria a confirmação se ela estava mesmo dentro da casa, com sorte poderia ao menos dar um enterro decente para a mulher que tinha me dado tanto. Ane finalmente tinha se calado da gritaria, não achava que havia desistido, mas por hora ela tinha me deixado em paz com meus pensamentos. Ela
Oliver segurava meu corpo contra o seu, ele estava escorado contra a cabeceira da cama enquanto eu ainda ofegava com a cabeça em seu peito. — Nana foi a pessoa que me apresentou a Ane, ela fez Monty me aceitar no emprego quando minha mãe ficou doente e não podia mais trabalhar, cuidou de nós todos os dias e segurou minha mão desde o hospital até o enterro. — confessei mesmo que ele não tivesse perguntado, não tinha nada haver com o momento em que estávamos, mesmo assim ele me ouviu. — Não havia nada no mundo que eu pudesse fazer para agradecê-la o suficiente por tudo o que fez, não havia dinheiro que fosse capaz de pagar o que ela tinha nos dado. A única coisa que eu podia ter feito era mantê-la em segurança. Era só a imagem da casa em chamas se esgueirar por meus pensamentos para meu estômago se embrulhar e meu coração se encher com sentimentos ruins. A vingança não era nem de longe o que ela merecia, mas seria minha forma de fazer justiça, uma justiça que nenhuma lei me daria. —
Aquela maluca havia me arrancado da cama aos tiros, acordei sobressaltado pensando que estávamos sob ataque novamente, e ainda foi petulante o bastante em apontar a arma para mim. Gabriela simplesmente não conhecia a palavra limite, pois já tinha passado de todos nessa casa. Ela tinha um jeito selvagem e ao mesmo tempo estupido de mostrar que não ia baixar a cabeça, ela era destemida ao ponto da loucura, toda sua impulsividade não ia levá-la a nada. — Vamos discutir sobre como vai ser seu treino enquanto tomamos café, pois graças a você acredito que toda a casa já esteja acordada. — Resmunguei ainda com as mãos estendidas esperando pacientemente que ela me entregasse a arma. — Tudo bem. — respondeu pegando a caixa de cartuchos no chão. — O que você está esperando agora? — me questionou quando viu que não me movi. — A arma. Vamos prevenir, sua arma fica comigo de agora em diante. — A última coisa que precisava era ela saindo por aí com essa arma nada discreta atrás de confusão. —