“Um sopro, Ana”
— Qual o significado dessa frase, mãe? — perguntei, tentando capturar o olhar de mamãe. — Mãe, fale comigo.
Ela soltou o buquê que se espalhou no chão, olhei para os botões de rosas vermelhas descartados aos meus pés e senti medo, muito medo. Mas não podia expor aquilo a ela. Voltei para a mulher que iniciou uma procissão árdua até o sofá, sentou-se e cobriu o rosto com as mãos. Ali a fortaleza Ana se desfez, um choro doído e agudo explodiu na sala.
Meu coração partiu em mil pedaços.
As rosas eram o aviso excruciante dado sempre que o diabo estava prestes a ser solto. Só que daquela vez tínhamos muita coisa em jogo, tudo que conquistamos nos anos anteriores não podia ser colocado dentro de uma caixa e transportado por um caminhão para outra
Meu coração acreditou na promessa, o apertei ainda mais contra meu corpo, sentindo seus dedos deslizarem pelos meus cabelos. Inconscientemente o choro voltou, dolorido, sussurrado, medroso. David não disse nada, só me manteve ali, protegendo-me de algo que nem ele mesmo sabia o que era. Passaram segundos, minutos, nem sei, até nos encararmos.— Quer dar uma volta? — ele inquiriu. — E se você quiser me contar o que aconteceu, tudo bem.Aquiesci, sentindo a confusão que devia estar no meu rosto.— Preciso de cinco minutos.— Ok. Não vou a lugar nenhum.— Obrigada! — Meu coração agradeceu um pouco mais brando. Esforcei-me em deixar um singelo sorriso antes de correr para dentro, espiei mamãe antes de ir para o meu quarto, graças a Deus ela dormia tranquilamente. Substituí meu pijama por uma calça legging e um moletom grande que passava do bumbum, calcei meu Converse, fiz um coque desgrenhado no cabelo e peguei meu celular. Quando pisei na calçada, Dav
O aroma delicioso que planava no ar quase me fez flutuar na direção dos carros assim que nos pusemos para fora, mesmo de longe identifiquei uma diversidade culinária para todos os paladares. Novamente muito íntimo, o executivo capturou a minha mão e me conduzindo entre os veículos até escolhermos um para comer.— Esse hot dog ao molho é bem grande para uma garota fitness que correu pela manhã — ele comentou sacana ao me ver abocanhar meu dog duplo.Mastiguei, contendo um sorriso.— Primeiro: não sou fitness. Segundo: eu não almocei, então estou morrendo de fome. E olha quem fala, pensei que o senhor CMO mantinha uma alimentação regrada.Ele estreitou os olhos.— Adoro um bom fast food, não nego.— Eu também.— Mas, sim, tenho uma alimentação regrada. Uma rotina de treinos diários, mesmo com as viagens…Era visível o resultado de todo cuidado, ele era gostoso pra caralho.Limpei a garganta, minha libido não me dava trégua
— Está pronta? — perguntou Orion.— Não.Ele gargalhou debochado.— Para de rir, Orion. — Dei um tapa leve em seu ombro. — É sério, estou muito nervosa.— Aurora, está tudo certo, lembre-se, eu revisei. As informações estão corretas e você ainda adicionou comentários importantes. Relaxa, vai lá e entrega. — Tranquilizou-me enquanto apontava para a porta, olhei na direção, temendo o calabouço torturante.— Ok, eu vou…, mas tem que ser agora?— Sim. Vai, agora! — ele ordenou, depois sorriu, fazendo uma figa como sinal de sorte.Assenti e fiz o sinal da cruz antes de trilhar o trajeto até a entrada.Segunda-feira era o dia mais tumultuado no andar do Marketing, entrega de resultado e novas estratégias de vendas tomavam o cérebro da equipe, e aquele início de semana não foi diferente. Todos queriam de alguma forma mostrar serviço para o CMO que, segundo Raica — que fez questão de apurar alguns fatos —, só vinha ao Brasil uma vez por ano.Tá legal, a notícia não caiu tão bem e o café perde
— Eu topo — Orion disse animado. — Você vai, Aurora?— Não tenho certeza, mas até o final do dia aviso se eu for.— Certo. Vamos trabalhar, Aurora. Senão o Orion vai dar aquela bronca educada de sempre.— Espera, Aurora, me faz companhia num café?Franzi o cenho um pouco confusa, pois Orion me olhava meio molenga, sei lá.— Eu acabei de tomar e…— Só um? — insistiu, sorridente. — Pode ir na frente, Raica.— Opa, até mais. — Raica curvou os lábios, meio atônita e saiu. Ele fixou seus olhos em mim e os achei intensos demais para o meu gosto.— Café então? — Improvisei.— Deixa que eu sirvo você. — Manuseou a cafeteira com agilidade e eu respirei fundo. Que porra de sensação esquisita era aquela que fluía na copa? — Como foi com a Ellen?— Normal. — Dei de ombros. — Entreguei e saí sem considerações! Ela não permitiu.— Sei que está tudo certo — declarou. — Com açúcar?— Não, puro. — Ele movimentou a têmpora e me entregou a xícara. — Aurora, você… é talentosa…Num gesto inesperado, ele l
— Você está bem? — Ellen perguntou e se acomodou na cadeira da frente, me mantendo sob aqueles olhos que mais pareciam o oceano.— Sim, por que, pareço doente? — falei irritado. Porque estava irritado, muito irritado. — Os contratos — referi-me aos papéis em sua mão, esse era o motivo dela entrar na minha sala, os malditos contratos.— Ok! — Entregou os papéis. — Quer almoçar?— Não — respondi, avaliando a papelada. — Pode ir, assim que finalizar a leitura, assino e envio a você.— Tudo bem, chefe. — Ela avançou alguns passos para a porta, mas voltou-se para mim. — David, olhe para mim. — Soltei uma lufada de ar e olhei impaciente. — Quer conversar?— Não, quero ficar sozinho.Ela uniu as sobrancelhas, mas não insistiu.— Tudo bem, estou saindo.Ellen deixou a sala e eu voltei para os contratos, os malditos contratos, fiz o possível para me concentrar na papelada, contudo, nada me conectou, estava navegando em outros mares. Car
Caros leitores,Preparem-se para mergulhar em uma das minhas criações mais intensas e envolventes até hoje. Se você aprecia um romance ardente, de pegar fogo, linguajar improprio e um put@ desejo de querer se enfiar dentro dessa história, significa que chegou no lugar certo.Um beijo da sua autora, Darlla VI ♡XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXCom as vozes de Aurora Baker:— Chegamos! — disse minha mãe com empolgação, assim que estacionou em frente ao prédio azul.— Sim, chegamos — murmurei e virei para olhar através do vidro o prédio todo espelhado do lado de fora, calculei rapidamente quantos andares poderia ter o edifício luxuoso, talvez uns trinta, já que, mesmo me esforçando, ficou impossível ver seu topo.— Calma, bebê da mamãe, vai dar tudo certo.— Sim, vai. — Inspirei e joguei as costas para trás, ao encontro do banco. — Meu primeiro dia de estágio — lembrei num fio de voz o motivo célebre de eu estar ali.Dona Ana leu cada sinal que meu corpo transm
— Oi… — respondi confusa, tentando reconhecê-lo.— Você não se lembra de mim? Sou eu, Lucca! Estreitei os olhos, buscando seu rosto na memória. Não, não lembro!— Eu… — Tentei disfarçar a resposta que piscava na minha mente.— No dia da entrevista, no prédio da seleção, nos falamos brevemente na sala de espera — ele esclareceu. E eu quase gargalhei, pois realmente foi breve esse primeiro contato. Não lembro desse cara e sou péssima em memorizar fisionomia.Droga!— Claro! Como sou distraída. — Sorri, mentindo descaradamente.— Como vai?— Ansioso! Você não?Pude sentir sua empolgação, assim que ele colou as palmas das mãos e as esfregou freneticamente.— Sim, estou muito ansiosa.— Estou sentado bem ali. — Ele apontou para a primeira fileira. — Quer me fazer companhia?Condenei o lugar, primeira fileira não estava nos meus planos, geralmente quem se senta nos primeiros assentos é obrigado a expor suas opiniões, e francamente, pretendia me manter invisível tempo suficiente para não com
Assim que entramos, inalei o cheiro divino de carne e a fome movimentou o meu estômago, seguimos em fila para o fundo da hamburgueria lotada, sendo difícil não apreciar cada detalhe, uma decoração retrô dos anos oitenta compunha cada pedacinho do lugar… SENSACIONAL!Como assim, morava em São Paulo, passeei diversas vezes pelo centro e nunca havia entrado ali? Aurora, sua distraída!Deixei a turma continuar e parei para olhar as fotos de um chinês abraçado a alguns artistas, o dono do lugar parecia ser importante.— Nossa, que lugar legal! — exclamei e me juntei ao grupo, admirada com tudo.Raica escolheu um cantinho bem ao fundo, onde não havia uma concentração muito grande de pessoas famintas.— Vocês já são muito bem-vindos! — sucateou um baixinho de olhos puxados e bandeja embaixo do braço. — Chill, Chill, vai rolar aquela porção de fritas grátis? — Raica esperta, tentou descaradamente.Chill fingiu se espantar, mas saquei que estava acostumado com o pedido.— Já querem falir o Chi