AthosSair para um simples jantar com o meu irmão se tornou um sonho desde a tragédia que nos acometeu. Logo que ele saiu do hospital e descobriu a sua real condição, Artêmis desistiu de se socializar e passou a viver dentro do seu quarto, saindo de lá apenas quando eu saía de casa. No entanto, as rodas da sua cadeira nunca conheceram outro piso além do mármore branco da nossa casa. Tê-lo bem aqui sentado na minha frente parece surreal. Contudo, o nosso entrosamento nunca mais foi o mesmo. Não existe mais cumplicidade entre nós, nem risos e tão pouco alegrias. Como agora que ele parece me analisar como se ele fosse a porra de um psicanalista e eu o seu paciente.— E então? — Ele indaga depois de algum tempo e eu não sei o que falar. Quer dizer, eu lhe prometi uma conversa entre irmãos, mas exatamente agora a minha mente está vazia.— Macarronada com almôndegas? Você sempre gostou desse prato. — É sério, Athos vai enrolá-lo com essa pergunta estúpida?— Isso já faz muito tempo, Athos.
Olívia— Athos! — Puxo o fôlego quando ele finalmente deixa a minha boca para beijar a lateral do meu pescoço. No ato, me permito fechar os meus olhos e viajar nas sensações que os seus beijos me causam. Ardência, tremor, calor, afobação e... Deus, eu preciso fazê-lo parar. A minha consciência cobra pela minha sanidade. — Athos, Athos por favor, precisamos parar!— Não, não faça isso comigo, Olívia, por favor! — A sofreguidão em sua voz em conjunto com seus beijos e as leves sugadas na minha pele por um mísero segundo querem me lançar fora de órbita. Mas se eu permitir que isso aconteça, será um caminho sem volta.— Nós não podemos! — digo o fazendo parar e inebriado, os seus olhos se fixam nos meus. No entanto, tento sair do seu colo, porém, as suas mãos seguram firmes nos meus quadris impedindo-me de sair.— Por que não? — Ele interpele e céus, Athos Mazza parece um cãozinho faminto e abandonado no mundo. Balbucio algumas vezes, ainda tentando recuperar o meu fôlego z.— Porque eu s
OlíviaNa manhã seguinte...— Minha nossa senhora, que coisa mais linda é essa?! — Victória fala assim que entro na cozinha chamando a atenção de Anne, que está dando papinha para os bebês. Ambas me olham com curiosidade da cabeça aos pés e eu começo a me arrepender de caprichar tanto no meu visual.— O que houve com você? — Anne inquire ficando de pé.— Eu... exagerei, não é?— Exagerou? Meus Deus, garota você está arrasando! — Respiro fundo me sentindo incomodada— Tudo isso é para aquela perdição do Senhor Duran? — Minha amiga inquire e eu reviro os olhos.— Não. Na verdade, não é para ninguém em especial. Só quero me sentir bem comigo mesma — minto.— Sério? Não é o que parece.— Ok, acho que vou tirar isso tudo antes que eu...— Nada disso, mocinha! Você está linda e é isso que importa.— Tem certeza?— Você vai chamar a atenção dos homens daquele escritório inteiro, pode apostar. — Suspiro para o seu comentário e decido me desviar dessa conversa um pouco para dar a devida atençã
Athos— Ok, vamos para os tópicos dessa reunião — digo para uma equipe de advogados que circundam a mesa retangular da sala de reuniões e logo um a um começa a falar sobre os seus avanços e as dificuldades com suas respectivas audiências. No entanto, vez ou outra me pego verificando o relógio no meu pulso. Já passa das oito e meia e ela ainda não chegou. — E quanto ao caso do desfalque da fábrica de laticínios? — questiono usando o meu habitual tom profissional. Ok, estou lutando para manter o meu foco aqui e agora, mesmo depois de uma noite em claro com a perturbadora imagem de Olívia entrando naquele carro, mas está difícil. O Tim do elevador anuncia a chegada de alguém e o meu coração dispara por antecipação, porém, ele logo perde o seu ritmo quando vejo o zelador passar pelas portas metálicas. — Muito bem, estou orgulhoso de vocês e espero que continuem assim. Já podem voltar para os seus trabalhos. — Encerro a reunião e volto para a minha sala. Bo entanto, não demora para a porta
Olívia— Você me prometeu que ele não estaria em casa — ralho em um tom de confidência para ter certeza de apenas o Artêmis me escutou e sentindo-me um tanto chateada com essa situação.— Me desculpe por isso, Olívia! O meu irmão idiota tende a fazer o que quer e quando quer. Eu tinha certeza de que ficaria no escritório o dia todo com sempre faz, mas não se preocupe, ele não vai te aborrecer. — Suspiro audivelmente.— Não sei, acho melhor eu ir para casa, Artêmis.— Nada disso, você é a minha convidada e ele pode se retirar se quiser. — Me pego sorrindo, mas acho que é de nervoso mesmo.— Você não existe, Artêmis. — Meu amigo abre um sorriso que me lembrar com perfeição o sorriso do meu chefe e para desviar os meus pensamentos de tal observação, resolvo mudar o rumo dessa conversa, e claro, mudar essa atmosfera melancólica que eu odeio.— Vamos, prove do penne ao molho branco. É o meu prato preferido.— Hum, parece gostoso!— Acredite, é o melhor dessa região. — E graças a Deus mante
AthosEstou me despedaçando. Tudo dentro de mim está em ruínas agora. Falar sobre o meu passado com o meu presente é mais do que a minha própria destruição, é o meu exílio e eu sei que quando chegar no final dessa conversa, ela irá embora de vez. Portanto, não ouso olhá-la nos olhos. Não quero encontrar o seu julgamento neles e menos ainda a minha condenação. Ela sente muito, mas estou tão acostumado com toda essa lama me sufocando que já não sinto mais nada....— Nossa mãe lhe ofereceu uma quantia, Athos. — Meu irmão disse quando lhe devolvi o celular. Contudo, o fitei com tanto ódio e com tanto rancor. A minha garganta se fechou de um jeito que a respiração passava por ela com dificuldade. — E ela aceitou o acordo. Quinhentos mil dólares mais as passagens para fora do país e uma cobertura para morar. — Completou. — Saia daqui! — ordenei, mas ele continuou lá parado me olhando. Eu queria gritar com alguém, quebrar alguma coisa e Deus se ele ficasse ali na minha frente eu não hesita
Athos— Obrigada, Athos, você pode ir se quiser. — Ela diz deixando um beijo rápido na minha boca. Contudo, não consigo me contentar tão pouco e antes que ela consiga se afastar de mim, seguro no seu braço e a puxo para beijar-lhe como deveria ser. Cheio de intensidade e quando afasto-me só um pouco, encosto a minha testa na sua contendo a minha necessidade de estar com ela. — Tchau! — Ela sussurra meio ofegante e eu me forço a me despedir dela. Observa-la sair do meu carro e caminha alguns poucos centímetros para longe de mim me deixa inseguro, completamente ansioso e eu não penso duas vezes em sair do veículo para ir atrás dela.— Olívia? — A chamo sentindo-me um menino necessitado dos seus cuidados e atenção, e o simples fato de ela olhar para trás acalma tudo dentro de mim. — Eu vou com você... se você não se importar, claro. — O seu sorriso me dá a carta branca que eu precisava.— Você tem certeza?— Tenho certeza.— E a reunião? — Dou de ombros.— Ela pode esperar. — Aproximo-me
Athos— Você disse que não acredita no amor, Athos. — A voz de Olívia me traz de volta a essa doce, porém, agoniante realidade. — Então olhe para o que você fez, Athos Mazza. Eles são a versão mais pura do amor verdadeiro. — Ela sibila parando do meu lado e logo sinto a sua mão afagar as minhas costas. Ao ouvir as suas palavras choro feito um menino, completamente rendido a um sentimento devastador. Algo que eu não sentia a tanto tempo. Portanto, sem forças ajoelho-me na lateral cama e mesmo com os meus olhos embaçados continuo a fitá-los com a imagem mais surpreendente que eu já tive na minha vida.— São meus filhos, Olívia — confirmo entre soluços. — Meus! — digo com uma posse palpável.— Sim, eles são seus. — Por um minuto paro e respiro fundo, muito fundo mesmo e tento me conter. Sinto que algo se partiu aqui dentro do meu peito. Quebrou-se em mil pedaços e quando tudo começa a girar ao um redor seguro firme na grade de proteção do berço e logo tudo dentro de mim começa a se aquec