O jantar das duas felizes duplas de namorados foi na casa do vovô Haroldo. O ambiente estava repleto de risadas e alegria, um clima de harmonia que aquecia o coração de todos. Após a refeição, quando os empregados já haviam limpado a mesa, Benjamin se levantou e, diante dos convidados mais importantes, fez um sinal para Stéphanie. Ela prontamente abriu uma mala que havia trazido e começou a retirar uma pilha de documentos organizados. Em seguida, os dispôs com cuidado sobre a mesa redonda, preenchendo todo o espaço disponível com contratos, escrituras e registros de propriedades. E aquilo era apenas a ponta do iceberg. Só a quantidade de papéis relacionados a imóveis no país já foi suficiente para fazer Olívia arregalar os olhos e soltar um impressionado: — Uau! — Não precisa ficar com inveja. — Charles sussurrou, apertando os dedos dela sob a mesa, enquanto um sorriso discreto se formava em seus lábios. — Tudo o que ele tem, eu também tenho. E o meu não é menor que o dele. —
Haroldo segurou a expressão, mas não conseguiu conter os olhos marejados de emoção. Ele parecia enxergar ali o reflexo de si mesmo na juventude, e o coração se encheu de alegria ao saber que sua neta havia encontrado um bom marido. …No caminho de volta, Benjamin não cabia em si de tanta felicidade. Depois de beber algumas cervejas com Charles, ele abraçava sua noiva, cantava animado e pedia beijos sem parar. Enquanto dirigia, Stéphanie mantinha o semblante tranquilo e o olhar fixo no retrovisor, mas por dentro estava radiante, quase explodindo de felicidade. — Hmmm... Benjamin, espera aí! — Samara tentava afastar as mãos dele, rindo enquanto sentia cócegas, empurrando com dificuldade o peito firme do noivo. O pescoço longo e delicado de Samara já estava marcado por beijos que deixaram rastros visíveis, e isso fez o coração de Benjamin disparar. Ele a apertou pela cintura com ainda mais força, os movimentos carregados de desejo. — O que foi? Não quer que eu te beije? — N-nã
— Meu pai já entrou na fase de risco... Como eu posso não me desesperar? — Olívia sentiu o suor frio escorrer pelas costas, enquanto um formigamento tomava metade de sua cabeça. — Por que vocês não me ligaram na hora? Meu pai doente desse jeito, e eu, como filha, longe dele? Charles percebeu o brilho úmido nos olhos dela e rapidamente segurou suas mãos trêmulas, envolvendo-as com firmeza em suas palmas quentes. Não importava o quanto ela costumasse zombar ou se mostrar indiferente em relação a Érico, ele sabia perfeitamente o quanto ela se importava com o pai nos momentos cruciais. Gilbert fitou os olhos vermelhos da irmã e suspirou, resignado: — Foi o papai que não deixou a gente te avisar. Olívia sentiu uma pontada no peito. — Papai... — Murmurou ela, com a voz embargada. — Quando ele passou mal, ainda pediu ao Dimitri que não nos avisasse, especialmente a você. — Gilbert tentou manter o tom o mais neutro possível. — Papai sabe que você está sempre ocupada, sempre cansa
— O que o Jacarias aprontou agora? — Olívia perguntou com um tom frio, os olhos brilhando como um poço profundo e sombrio. Charles percebeu que o tal Jacarias, sendo um membro secundário do Grupo Bastos e o único irmão de Érico, parecia ser tudo menos um homem tranquilo e obediente. Ele sempre havia pensado que a família Bastos era o exemplo perfeito de união e harmonia, mas agora via que até mesmo ali existia uma ovelha negra. — O Jacarias, para ganhar mais dinheiro, fez investimentos em opções de acúmulo. Com a instabilidade recente na bolsa do País M, ele perdeu tudo. — Gilbert franziu levemente o cenho e balançou a cabeça. — No início, ele ainda tinha como se recuperar se tivesse desistido a tempo, mas, sabe-se lá de onde veio a ideia absurda, ele acreditou que o governo do País M interviria para salvar o mercado. Com isso, ele continuou comprando mais opções de acúmulo. Como não tinha capital suficiente, decidiu desviar dinheiro da empresa. — O Jacarias é um idiota complet
— Meu tio sempre foi um sujeito esperto, daqueles que sabiam como agradar. Ele defendia o papai diante do vovô, e de madrugada ainda se esgueirava até o quarto de papai para levar comida escondida para ele. Além disso, ajudava a copiar as passagens da Bíblia. Ele imitava tão bem a caligrafia dos outros que chegou a escrever dezenas de páginas sem que o vovô desconfiasse. Mas, em algum momento, o tio mudou. Parece que o poder e a ambição realmente podem enfeitiçar e transformar o coração das pessoas. O olhar de Olívia continuava frio e determinado. — Mas, mesmo assim, o papai nunca o deixou na mão. Nunca foi injusto com ele. Enquanto ele, por interesse próprio, prejudicava o Grupo Bastos, será que ele pensou no papai? Ele só enxerga o glamour e os privilégios de ser presidente, mas não faz ideia do quão difícil é manter esse império. Essa questão, se o papai consegue perdoá-lo, eu não consigo! Não vou deixar isso passar! Charles e Gilbert trocaram olhares cheios de significado. El
Bernardo apareceu com olheiras fundas, os olhos injetados de raiva enquanto rangia os dentes. — Você roncou como se fosse um trovão de tempestade! Tá tentando me matar ou o quê? Logo atrás dele, Pietro surgiu abraçado ao travesseiro, soltando um bocejo tão grande que mal dava para entender o que ele dizia, mas isso não o impediu de retrucar: — E você acha que dorme quietinho, é? Se eu ronco, você range os dentes! Quem casar com você vai se arrepender antes do primeiro mês... Vai sair correndo! — Pietro! Bernardo! — Olívia ficou com os olhos marejados, emocionada de ver os irmãos ali. Um arrependimento instantâneo tomou conta dela por ter reclamado deles mais cedo. Como podia ter dito aquilo? Eles sempre estavam ao lado da família quando era necessário. Os filhos da família Bastos sempre foram assim: fortes, unidos e presentes. — Vivia! — Pietro e Bernardo, de repente, esqueceram completamente o cansaço e correram em direção a ela. — Pietro veio no mesmo dia. E o Bernardo f
Os Bastos estavam sérios, seus olhares frios e vigilantes, como se uma tempestade estivesse prestes a cair. Olívia encarava Diogo com um olhar afiado como lâminas, enquanto ele caminhava lentamente em sua direção. A sensação de vê-lo novamente parecia um sonho distante, ou melhor, um pesadelo. Ela jamais imaginou que o amigo de infância, seu antigo "malditinho", como brincava ao chamá-lo, acabaria se tornando o inimigo mais temível de sua vida. O rosto de Diogo estava calmo, mas sua expressão era enigmática. À medida que ele se aproximava, não demonstrava nenhuma falsidade, apenas um sorriso aparentemente limpo e gentil. — Vivia, é um prazer te rever. Estou realmente feliz por isso. Os olhos de Charles escureceram no instante em que ouviu aquelas palavras. Ele imediatamente envolveu a cintura de Olívia com o braço, puxando-a para perto de si. Seu gesto protetor era claro: ele se tornava uma verdadeira barreira intransponível entre ela e Diogo. Deixar Diogo, aquela víbora, ent
Diogo saiu com o rosto tenso, claramente tomado por vergonha e raiva. Aquelas palavras afiadas de Gabriel, sem um único palavrão, eram verdadeiros golpes certeiros. O homem sabia como humilhar alguém com classe. No fim, Diogo não viu outra escolha senão deixar o estojo e sair do hospital com Cauã. — Gabriel, por que você aceitou aquilo? Não precisamos de nada do Diogo! — Olívia estava visivelmente irritada, os olhos queimando de frustração. — E quem garante que isso é mesmo remédio e não veneno? — Eu garanto. — A expressão de Gabriel ficou séria de repente, algo raro para ele, cuja postura sempre fora despreocupada e irreverente. Sua mudança de atitude fez tanto Olívia quanto Charles ficarem em silêncio, atentos. — Eu posso analisar o conteúdo do remédio. Além disso, aquele Diogo pode ser muitas coisas, mas não é estúpido a ponto de aparecer aqui, na frente de todo mundo, com algo que pudesse matar o pai da mulher que ele diz amar. Ele não está tão fora da realidade assim. — Ga