Diogo saiu com o rosto tenso, claramente tomado por vergonha e raiva. Aquelas palavras afiadas de Gabriel, sem um único palavrão, eram verdadeiros golpes certeiros. O homem sabia como humilhar alguém com classe. No fim, Diogo não viu outra escolha senão deixar o estojo e sair do hospital com Cauã. — Gabriel, por que você aceitou aquilo? Não precisamos de nada do Diogo! — Olívia estava visivelmente irritada, os olhos queimando de frustração. — E quem garante que isso é mesmo remédio e não veneno? — Eu garanto. — A expressão de Gabriel ficou séria de repente, algo raro para ele, cuja postura sempre fora despreocupada e irreverente. Sua mudança de atitude fez tanto Olívia quanto Charles ficarem em silêncio, atentos. — Eu posso analisar o conteúdo do remédio. Além disso, aquele Diogo pode ser muitas coisas, mas não é estúpido a ponto de aparecer aqui, na frente de todo mundo, com algo que pudesse matar o pai da mulher que ele diz amar. Ele não está tão fora da realidade assim. — Ga
Más notícias pesavam sobre o peito de Olívia como uma pedra de mil toneladas, esmagando-a repetidamente, como se quisessem perfurar seus ossos e pulmões. Cada palavra parecia um golpe cruel. — Vivia, não fica assim! — Charles a puxou para um abraço apertado, segurando-a com firmeza enquanto passava a mão pela sua nuca, pressionando o rosto corado dela contra seu peito. Ele falava com paciência e uma determinação inabalável. — Seu pai vai se recuperar! Hoje em dia, a medicina está muito avançada. Se aqui não der certo, eu vou com você levar seu pai para o exterior. Vamos aos melhores médicos do mundo, de país em país, até encontrarmos uma solução. Confia em mim... Tudo vai ficar bem. — Me desculpem... Vivia... — Maia, que até então mantinha uma postura forte, finalmente desabou. Ela fechou os olhos e deixou as lágrimas escorrerem pelo rosto. — Não culpem o Gabriel... Fui eu que pedi para ele não contar nada. Eu só queria poupar vocês do sofrimento, evitar que ficassem com medo... Pe
No momento em que a ligação foi atendida, Diogo endireitou a postura, sentando-se com a coluna ereta e uma expressão tensa. — Senhor... — Sr. Diogo, no horário do seu país já deve ser bem tarde, não? Ainda não foi descansar? Ao ouvir a voz de quem atendeu, Magnolia, o coração de Diogo apertou. Ele franziu o cenho, surpreso. — Olá, Srta. Magnolia. — Aqui no País M ainda é manhã. O senhor está na casa de Andrew e Fred, ocupado como sempre, e não pode atender sua ligação. — Magnolia respondeu com um tom que misturava desprezo e um sorriso malicioso. — Se tem algo a dizer, pode falar comigo. Eu transmito o recado. Diogo estreitou os olhos, apertando os dedos contra a palma da mão em um gesto de frustração contida. Ele passou anos seguindo o senhor, dedicando-se sem reservas, trabalhando como um cão fiel e leal. Mas, no fundo, ele sentia como se houvesse sempre uma barreira invisível entre eles, uma distância que ele nunca conseguia ultrapassar. Ele sequer tinha certeza se o sen
Aquele silêncio de Olívia, sua força teimosa e contida, sua forma de enfrentar tudo sem chorar ou reclamar, fazia o coração de Charles doer cada vez mais. Ele não sabia por quanto tempo mais suportaria vê-la assim, escondendo a dor de todos, mas carregando o peso como se fosse uma rocha esmagando sua alma. Ninguém sabia ao certo quanto tempo havia se passado quando Gabriel entrou apressado na sala, segurando o resultado da análise nas mãos. — Os resultados saíram. Todos se levantaram de uma vez, como se tivessem sido puxados por um mesmo fio invisível. Olívia foi a primeira a correr até ele, arrancando o papel de suas mãos. — Está tudo certo? — Ela perguntou, com os olhos fixos nos números e gráficos, a incredulidade estampada em cada traço de seu rosto. Gabriel assentiu com um olhar sério. — Inacreditável. O remédio que o Diogo trouxe não tem problema algum. Na verdade, é um medicamento recém-desenvolvido no País M, lançado este ano. É um remédio de última geração, direcio
— Sr. Benjamin, fique tranquilo, a Samara está bem. Benjamin soltou um suspiro de alívio. — E então? Stéphanie fez uma pausa, a voz ficando séria e fria: — Acabei de receber a notícia. A Srta. Dalila foi levada de volta a Yexnard por ordem do Sr. Osvaldo. — O quê? — Os olhos de Benjamin se arregalaram, e a raiva subiu como um incêndio descontrolado. — Como você deixou isso acontecer? Não era para ela estar sendo vigiada? Stéphanie soava profundamente arrependida ao responder: — Nossos agentes não saíram de perto dela por um segundo. Estava tudo sob controle, mas, de repente, ela teve uma parada cardíaca! Nossa equipe ficou com medo de que algo grave acontecesse e a levou imediatamente para o hospital. — Dalila sempre foi saudável, nunca teve problemas no coração! Como pode ter tido uma parada cardíaca? — Eu também achei estranho. — Stéphanie respondeu, com uma mistura de indignação e frustração. — Assim que o incidente aconteceu, ordenei que a informação fosse mantida
Benjamin estava tão furioso que chegou a sentir os dentes doerem de tanto apertar os maxilares. A morte de seu pai era a maior ferida de sua vida, aquela que nunca cicatrizaria. Só de pensar no nome dele, seu peito parecia ser rasgado por dentro. E agora, seu avô estava usando a memória de seu pai, a maior vulnerabilidade dele, como uma arma para manipulá-lo e proteger a maldita Dalila. Isso não era apenas inaceitável, era um insulto à memória de seu pai. — Você sabia que sua mãe desmaiou no instante em que soube que Lila foi levada para a sala de emergência? — Osvaldo continuou, a voz firme e severa. — Ainda bem que os empregados conseguiram segurá-la a tempo. Se ela tivesse batido com a cabeça no chão, talvez você não tivesse mais mãe agora! Benjamin, eu entendo que você tenha laços próximos com Charles e Olívia, mas nunca se esqueça de onde você veio. Você é parte da nossa família e, mais importante ainda, está prestes a se tornar o presidente do Grupo Júnior, meu sucessor. Nest
— Sua família toda está lá dentro com o Sr. Érico... — E daí? Eu preciso mesmo me meter no meio dessa confusão toda? Vou ganhar mais dinheiro se eu entrar lá? — Bernardo inclinou a cabeça, os olhos brilhantes e maliciosos enquanto exibia aquele sorriso típico de quem não leva nada a sério. Charles observou atentamente a expressão despreocupada, mas ele conhecia Bernardo o suficiente para perceber a verdade por trás da fachada. O leve rubor nos cantos dos olhos do rapaz entregava sua preocupação com Érico, por mais que ele tentasse disfarçar. De repente, uma voz apressada cortou o silêncio: — Bernardo! Arthur apareceu no corredor, ainda de uniforme militar. Ele parecia ter corrido sem parar desde sua chegada de Cidade A, o rosto cansado e os olhos vermelhos de preocupação. — Arthur! — Bernardo abriu um sorriso raro e caminhou rapidamente para encontrá-lo. — Como está o papai? — Arthur, sempre tão firme e determinado, parecia outra pessoa. Sua voz carregava uma cautela inco
Ele respeitava todos os outros irmãos de Vivia, mas com Bernardo era diferente. Ele sentia uma afinidade especial, como se fossem amigos de longa data que só agora haviam se reencontrado. — Ah, meu Deus! Meu irmão! Meu querido irmão! O som de passos apressados ecoou pelo corredor. Na frente do grupo vinha ninguém menos que Jacarias, o irmão mais novo de Érico, com uma expressão que misturava desespero e drama. Atrás dele, seguia uma fileira de acionistas de alto escalão do Grupo Bastos, todos com olhares curiosos e solenes. Assim que Charles e Bernardo perceberam a chegada do grupo, os dois homens trocaram olhares, e suas expressões ficaram sombrias. Érico mal havia despertado, e Jacarias já estava ali, o que deixava evidente que ele tinha informantes no hospital, monitorando cada movimento e notícia. Sua chegada, carregada de pessoas importantes, não era um gesto de preocupação, mas sim uma tentativa de espalhar a notícia da doença de Érico, desestabilizando o ambiente e pres