Quando Érico terminou de falar, o silêncio tomou conta do ambiente e todos congelaram no lugar. Olívia arregalou os olhos, incrédula. Seus lábios entreabertos deixavam transparecer a surpresa enquanto ela encarava o pai como se ele tivesse acabado de dizer algo impensável. — O senhor... O senhor disse o quê? — Charles, com o peito subindo e descendo de forma descompassada, mantinha os olhos fixos no semblante firme e imponente de Érico. — Se você voltar agora, vai chegar em casa de madrugada, né? Se não tiver compromissos amanhã cedo, pode passar a noite aqui. — Érico falou com a voz baixa, enquanto ajeitava displicentemente os punhos da camisa e soltava uma leve tosse. Dessa vez, todos ouviram claramente. Olívia ouviu, Charles ouviu, e até mesmo quem estava nos fundos da casa teria ouvido. A avalanche de emoção atingiu Charles em cheio. O coração dele disparou de maneira quase dolorosa, e seus olhos ficaram húmidos, cheios de uma gratidão que ele não conseguiu esconder. Sua g
— Vivia... Você... Como entrou aqui? Quando foi que... Ele ainda estava meio confuso, mas o gesto automático de suas mãos já o fazia deslizar os dedos pela cintura dela, acariciando-a suavemente, sem pensar. Olívia levou a mão ao peito, respirando fundo, e o olhou com um biquinho nos lábios. — Nossa, que susto você me deu! Sabia que aquele olhar que você lançou agora há pouco... Parecia que ia me devorar viva? Foi assustador! — Desculpe, Vivia. É um reflexo que ficou dos meus tempos no exército. É algo que nunca consegui controlar completamente. Os olhos de Olívia imediatamente se encheram de ternura. Ela levantou a mão delicada e acariciou o rosto dele com cuidado, como quem tenta curar uma ferida invisível. Charles, tomado por um sentimento de culpa, segurou a mão dela e depositou um beijo suave na palma, mas não conseguiu esconder sua preocupação. — O que você está fazendo aqui, entrando assim? E se alguém te encontrar... — Entrando assim? Charles, essa é a minha cas
O escândalo da live de Hebe, apesar de todos os esforços da família Moura para abafá-lo, continuava a ferver na internet. A reputação de Gael já era péssima, e muita gente estava apenas esperando uma oportunidade para derrubá-lo, para vê-lo finalmente cair. O fato de a acusação vir de uma jovem praticamente desconhecida, mas herdeira da família Bastos, só aumentava o drama e o interesse público. A combinação de uma figura poderosa e uma vítima inesperada mantinha o assunto no topo dos trending topics. Quanto mais tempo o caso permanecesse em alta, mais difícil seria para Gael escapar do radar da polícia. Tiago, já desesperado, chegou ao ponto de engolir o orgulho e procurar pessoalmente o diretor-geral da polícia, tentando interceder pelo filho. Mas, como se o destino estivesse determinado a piorar as coisas, justo naquele momento uma notícia sobre Érico, o magnata mais temido do país, explodiu nas redes sociais. Na televisão do escritório, uma transmissão ao vivo interrompeu a
Charles parou de pentear os cabelos de Olívia por um instante e também olhou para a tela do celular. — Vivia, é um número que você conhece? — Não, não conheço. — Vai atender mesmo assim? — O homem franziu levemente as sobrancelhas, pensativo. Olívia não costumava atender ligações de números desconhecidos. Na verdade, raramente recebia chamadas de quem não estava registrado em seus contatos. Mas, dessa vez, um sentimento inexplicável tomou conta dela, como se, ao ignorar aquela ligação, pudesse estar perdendo algo importante. Ela respirou fundo e atendeu. — Alô? — Sua voz saiu calma e acolhedora. — A-alô... Do outro lado da linha, uma voz feminina, baixa e trêmula, respondeu. Era delicada, quase um sussurro, e, à primeira impressão, parecia muito com a de Hebe. Olívia trocou um olhar rápido com Charles. Ela pressionou o botão do viva-voz e, em seguida, ativou a gravação. — Com quem eu falo? — É... É a Olívia? — A voz continuava hesitante, quase tímida. — Sim, sou
— Yasmin, hoje à noite eu e Charles vamos te buscar na frente do seu prédio. Pode ficar tranquila, não vamos deixar ninguém perceber. — Olívia disse com firmeza, enquanto sentia seu coração bater acelerado. — Eu não tenho medo de ser descoberta, só que esse é o único horário em que consigo sair. — Yasmin suspirou, com uma ponta de frustração em sua voz. — Estamos indo para garantir a sua segurança. — Charles falou, sua voz grave e o semblante sério. — É bem provável que a família Moura esteja monitorando seus movimentos. Se você sair de forma imprudente e eles perceberem, isso pode te colocar em perigo. Yasmin ficou momentaneamente em choque. — Olívia, quem é ele... — Yasmin, não precisa se assustar. É meu namorado, Charles. Ele está comigo. — Olívia ergueu o rosto com um sorriso leve, enquanto levantava a mão delicada. Charles, como um cavalheiro servindo sua rainha, inclinou-se com elegância, aproximando seu rosto perfeito até que seus narizes se tocassem. Olívia, ligeiram
As palavras apaixonadas de Charles deixaram Olívia com os olhos marejados. Sem pensar duas vezes, ela se inclinou e lhe deu um beijo estalado nos lábios. O humor do homem mudou instantaneamente. Com um sorriso satisfeito, ele segurou a cintura fina e macia dela com suas mãos grandes e, num movimento ágil, a levantou, girando-a no ar como se fosse a coisa mais simples do mundo. — Ah! Não! De repente, Olívia sentiu o corpo ficar frio. A toalha que estava enrolada em sua cintura escorregou sem que percebesse, voando para longe e deixando-a completamente exposta. Charles ficou imóvel por um momento, seus olhos se enchendo de desejo ao contemplar a visão arrebatadora diante dele. — Eu acho que está perfeito assim. — Ele sorriu de maneira maliciosa, inclinando-se para pegá-la no colo. Enquanto caminhava em direção ao quarto, seus lábios iam explorando cada centímetro da pele dela. — O que... O que você vai fazer? Eu acabei de sair do banho! — Olívia protestou, batendo de leve no pe
— O que você disse? A Yasmin foi levada pela Olívia e pelo Charles? No quarto, Jair estava em cima de Solange, a esposa que ele tratava com desprezo. Ele a pressionava contra a cama, arrancando sua camisola de forma agressiva, pronto para satisfazer seus próprios desejos. Desde que Diogo conseguiu ganhar influência e conquistou o favoritismo do pai, Jair vinha sentindo uma pressão insuportável. Para ele, a única forma de manter sua posição no clã Moura era garantir um herdeiro o mais rápido possível. Por isso, sempre que tinha forças, obrigava Solange a dormir com ele, como uma máquina de reprodução, tudo para gerar o primeiro neto da família. O patriarca da família valorizava acima de tudo a continuidade do sangue, e quanto mais netos, melhor. Jair sabia que, como primogênito, se tivesse o primeiro neto da família, reforçaria sua posição e ganharia mais poder contra Diogo. No entanto, quando ele estava prestes a consumar sua intenção, o toque urgente do celular interrompeu tud
— Eu já não te disse para não se meter nos meus assuntos? Não pergunte, não questione! E agora você tem a ousadia de sentir pena daquela garota insignificante? Está tentando me desafiar, Solange? Tudo o que faço é pelo bem da família Moura! O tapa de Jair foi tão violento que Solange sentiu a visão escurecer, enquanto um zumbido ensurdecedor preenchia seus ouvidos. Tremendo de medo, ela tentou conter o pânico e, balbuciando, tentou se justificar: — N-não é pena... É só que... Estou pensando no seu bem. Ter sangue nas mãos nunca é algo bom, Jair. Se a polícia começar a investigar e chegar até você... Mesmo que não encontrem provas diretas, isso pode manchar sua reputação. E se Diogo usar isso contra você? Ele pode aproveitar a oportunidade para abalar sua posição no grupo e no clã. Além disso... Por mais que você e Gael sejam próximos, não vale a pena sujar suas mãos por ele... As palavras dela fizeram Jair relaxar um pouco. Ele soltou uma risada fria, mas sua expressão continuava