— Você não está me dizendo que ficou com medo, está? — Magnolia soltou uma risada sarcástica. — O que você fez no País F, até eu sei de cor e salteado. Agora, é só encontrar algumas pessoas para sacrificar em nome de uma causa grandiosa, algo que será lembrado para sempre. Não me diga que está hesitando? O olhar sombrio de Diogo cravou-se direto no rosto dela, onde um misto de sarcasmo e desprezo dançava livremente. Essa mulher não tinha absolutamente nada de Vivia. Vivia era a luz em sua vida sombria, a única chama que iluminava o abismo gelado em que vivia. Ela era sua borboleta delicada, seu anjo. Magnolia, por outro lado, não passava de uma ferramenta fria e calculista, um objeto bonito e eficiente que o "senhor" havia encontrado, moldado para obedecer sem questionar. — Magnolia, não fale assim. — A voz do homem atrás da cortina era calma, quase gentil, mas carregada de uma autoridade que não podia ser ignorada. — Afinal, vidas humanas estão em jogo. É natural que o Sr. Dio
— Srta. Bruna, há quanto tempo. Continua deslumbrante como sempre. — O homem lançou um olhar tranquilo para o rosto de Bruna, sereno como a luz da lua, enquanto sorria com leveza. — Agradeço o elogio, senhor. — Bruna respondeu com os cílios abaixados, a voz equilibrada, sem humildade ou arrogância. — Não é à toa que o Sr. Diogo passou anos moldando você. Tão delicada, serena e elegante. Às vezes, penso que você é Olívia. Você é, sem dúvida, o substituto mais perfeito que já vi. Bruna permaneceu impassível, mas seus olhos se tornaram densos como tempestades silenciosas. A palavra "substituto" fez com que todos os elogios anteriores do homem soassem como pura ironia. Diogo ignorou a provocação e abriu o pequeno baú que trouxera. Com cuidado, revelou o objeto que estava dentro. — Este é um vaso de porcelana com pintura em esmalte e design vazado, adquirido em um leilão no País Y. Um pequeno presente, espero que goste. Magnolia arqueou uma sobrancelha com leve surpresa. Ela
Ela refletiu sobre sua vida. Sem dúvida, houve momentos de glória. Mas, para cada passo que dava rumo ao topo, alguém precisava servir de degrau. Sempre havia alguém que pagava o preço por sua vaidade. Camila foi a primeira pessoa que ela matou. Quem diria que essa mulher, morta há vinte anos, acabaria sendo sua ruína? Na verdade, ela já havia se arrependido. Camila não precisava ter morrido. E se ela tivesse continuado viva? O que isso mudaria? Nada. Mas, naquela época, era como se estivesse enfeitiçada. O ódio por Camila a consumia, e, embriagada pelo amor de Felipe, acreditava ser intocável. Sentia-se acima de tudo e de todos, como se o mundo estivesse ao alcance de suas mãos, protegida por ele. No fim, o amor de Felipe por ela não passava de uma miragem ridícula. Tânia agarrou os cabelos com força, arrancando mechas inteiras de fios grisalhos. A dor a trouxe de volta à realidade. Enfim, ela enxergava com clareza o quão egoísta e frio ele era. Felipe nunca a amou. Mas
Diante da pergunta devastadora da filha, Tânia sentiu seu coração estremecer de dor. Ela odiava Charles, mas não podia negar que ele sempre tratou Samara muito bem. Melhor do que ela mesma, sua própria mãe, foi capaz de fazer. Pensando bem, talvez Charles não fosse tão desprezível assim. Mas e daí? A esposa de Felipe só podia ser uma. Camila, sua rival, foi uma escolha de Felipe, não dela. Tânia ficou em silêncio por um longo tempo, até finalmente murmurar: — Naquela época, eu já estava grávida de sua irmã. Eu só queria conquistar um lugar para mim... Queria garantir uma vida melhor para minha filha, para o futuro dela... — E você conseguiu! — Samara retrucou, a voz embargada pela emoção. — Papai te aceitou, você conseguiu o que queria! Mas por que, então? Por que você precisou matar a mãe do meu irmão? Samara respirou fundo, tentando conter as lágrimas que enchiam seus olhos. — Meu irmão nunca me tratou mal por ser sua filha. Ele nunca me desprezou, nunca foi frio comi
Ao sair da penitenciária, Benjamin manteve Samara firmemente em seus braços. A presença dele a envolvia, quente e protetora, mas, mesmo assim, ela tremia levemente contra o peito do homem. — Amor... — Benjamin umedeceu os lábios, hesitante. Queria dizer algo para confortá-la, mas nenhuma frase parecia apropriada. Não poderia soltar um “da próxima vez” ou, pior, “meus pêsames”, não é? — Benjamin. — Samara abaixou a cabeça, os olhos vermelhos e úmidos, com lágrimas ainda presas aos cílios. — Obrigada... Obrigada por me deixar vê-la pela última vez. Foi suficiente, realmente foi suficiente... Eu não vou mais te pedir nada. — Amor! Que conversa é essa? — Benjamin perdeu a calma, descendo de repente sobre um joelho diante dela. Suas grandes mãos envolveram as pequenas e frias mãos de Samara, enquanto seus olhos ansiosos buscavam os dela, molhados e tristes. — Como assim você não vai me pedir mais nada? O que você quer que eu faça, então? Sem você, por que eu lutaria por poder? Para qu
Desde que Tânia foi condenada à morte e humilhada publicamente por Felipe no tribunal, Chica sentiu que o pouco de status que ainda tinha na família havia desmoronado. A última gota de afeição que seu pai guardava por ela, um reflexo distante da infância, também havia se quebrado. Sempre dependente de Tânia, Chica vivia como um parasita, alimentando-se do dinheiro que não era dela. Para ela, dinheiro nunca teve valor real, era apenas algo que se gastava sem pensar. Mas agora, com Tânia fora de cena, ela sentia o impacto. Todos os bens de Tânia haviam sido confiscados pelas autoridades, e a maior parte do dinheiro que Chica guardava estava em nome da mãe. De um dia para o outro, ela voltou à estaca zero. Restavam apenas duas propriedades particulares que Felipe havia dado a ela, dois carros de luxo e três milhões de reais que ainda estavam em sua conta. Só isso. Para alguém como Chica, acostumada a gastar como se o mundo fosse acabar, essa situação era insuportável. A escassez d
Chica ouviu aquelas palavras e, com os olhos girando cheios de desespero, se levantou do chão cambaleando. — Você... Você vai voltar? Quando? Vai voltar para se vingar do Benjamin? Dalila respondeu rangendo os dentes, o ódio evidente em sua voz: — Ele me fez passar pelo inferno, acha que eu vou deixar barato? Desde que ele me humilhou naquele evento, na frente de Olívia, Charles e toda a alta sociedade de Yexnard, me dando três tapas na cara, não existe mais nada entre nós. Não somos irmãos... Somos inimigos! — Isso mesmo! O Benjamin foi longe demais! Ele nem casou com Samara ainda, e já virou as costas para a própria irmã e até renegou a mãe! Se os dois realmente terminarem juntos, você e sua mãe não terão mais espaço para respirar! — Chica fungou, tentando conter as lágrimas, enquanto usava cada palavra para jogar lenha na fogueira e envenenar o ódio de Dalila. Dalila, porém, soltou uma risada fria, desmascarando-a sem dó: — Não se faça de boazinha, Chica. Você só quer qu
Charles não pôde deixar de se sentir tocado. Com uma mão firme, deu dois tapinhas no ombro do amigo. — Arranje um tempo e traga a Samara lá pra casa. Peço para a Vivia conversar com ela, dar um pouco de conforto. Ela sempre escuta a Vivia. Além disso, andei aprendendo umas receitas novas. Vocês dois vêm, aproveitam a companhia dela e ainda provam minha comida. Benjamin sacudiu os ombros largos, claramente desconfiado. — Você está me convidando para jantar ou quer que eu e Samara sirvamos de cobaias? Já não basta você me fazer sofrer, quer arrastar a Samara junto? Isso não pesa na sua consciência, não? — Não é só pra isso. Quero que você veja como eu cuido da Vivia. — Charles respondeu, com um sorriso tranquilo, mas firme. — Se você aprender, sua relação com a Samara só vai ficar melhor. Amar alguém de verdade não é só passar tempo com ela. É também fazer coisas que você nunca fez antes, aprender tudo o que for necessário por ela. É se dedicar, se reinventar. Enquanto dizia is