O escândalo da live de Hebe, apesar de todos os esforços da família Moura para abafá-lo, continuava a ferver na internet. A reputação de Gael já era péssima, e muita gente estava apenas esperando uma oportunidade para derrubá-lo, para vê-lo finalmente cair. O fato de a acusação vir de uma jovem praticamente desconhecida, mas herdeira da família Bastos, só aumentava o drama e o interesse público. A combinação de uma figura poderosa e uma vítima inesperada mantinha o assunto no topo dos trending topics. Quanto mais tempo o caso permanecesse em alta, mais difícil seria para Gael escapar do radar da polícia. Tiago, já desesperado, chegou ao ponto de engolir o orgulho e procurar pessoalmente o diretor-geral da polícia, tentando interceder pelo filho. Mas, como se o destino estivesse determinado a piorar as coisas, justo naquele momento uma notícia sobre Érico, o magnata mais temido do país, explodiu nas redes sociais. Na televisão do escritório, uma transmissão ao vivo interrompeu a
Charles parou de pentear os cabelos de Olívia por um instante e também olhou para a tela do celular. — Vivia, é um número que você conhece? — Não, não conheço. — Vai atender mesmo assim? — O homem franziu levemente as sobrancelhas, pensativo. Olívia não costumava atender ligações de números desconhecidos. Na verdade, raramente recebia chamadas de quem não estava registrado em seus contatos. Mas, dessa vez, um sentimento inexplicável tomou conta dela, como se, ao ignorar aquela ligação, pudesse estar perdendo algo importante. Ela respirou fundo e atendeu. — Alô? — Sua voz saiu calma e acolhedora. — A-alô... Do outro lado da linha, uma voz feminina, baixa e trêmula, respondeu. Era delicada, quase um sussurro, e, à primeira impressão, parecia muito com a de Hebe. Olívia trocou um olhar rápido com Charles. Ela pressionou o botão do viva-voz e, em seguida, ativou a gravação. — Com quem eu falo? — É... É a Olívia? — A voz continuava hesitante, quase tímida. — Sim, sou
— Yasmin, hoje à noite eu e Charles vamos te buscar na frente do seu prédio. Pode ficar tranquila, não vamos deixar ninguém perceber. — Olívia disse com firmeza, enquanto sentia seu coração bater acelerado. — Eu não tenho medo de ser descoberta, só que esse é o único horário em que consigo sair. — Yasmin suspirou, com uma ponta de frustração em sua voz. — Estamos indo para garantir a sua segurança. — Charles falou, sua voz grave e o semblante sério. — É bem provável que a família Moura esteja monitorando seus movimentos. Se você sair de forma imprudente e eles perceberem, isso pode te colocar em perigo. Yasmin ficou momentaneamente em choque. — Olívia, quem é ele... — Yasmin, não precisa se assustar. É meu namorado, Charles. Ele está comigo. — Olívia ergueu o rosto com um sorriso leve, enquanto levantava a mão delicada. Charles, como um cavalheiro servindo sua rainha, inclinou-se com elegância, aproximando seu rosto perfeito até que seus narizes se tocassem. Olívia, ligeiram
As palavras apaixonadas de Charles deixaram Olívia com os olhos marejados. Sem pensar duas vezes, ela se inclinou e lhe deu um beijo estalado nos lábios. O humor do homem mudou instantaneamente. Com um sorriso satisfeito, ele segurou a cintura fina e macia dela com suas mãos grandes e, num movimento ágil, a levantou, girando-a no ar como se fosse a coisa mais simples do mundo. — Ah! Não! De repente, Olívia sentiu o corpo ficar frio. A toalha que estava enrolada em sua cintura escorregou sem que percebesse, voando para longe e deixando-a completamente exposta. Charles ficou imóvel por um momento, seus olhos se enchendo de desejo ao contemplar a visão arrebatadora diante dele. — Eu acho que está perfeito assim. — Ele sorriu de maneira maliciosa, inclinando-se para pegá-la no colo. Enquanto caminhava em direção ao quarto, seus lábios iam explorando cada centímetro da pele dela. — O que... O que você vai fazer? Eu acabei de sair do banho! — Olívia protestou, batendo de leve no pe
— O que você disse? A Yasmin foi levada pela Olívia e pelo Charles? No quarto, Jair estava em cima de Solange, a esposa que ele tratava com desprezo. Ele a pressionava contra a cama, arrancando sua camisola de forma agressiva, pronto para satisfazer seus próprios desejos. Desde que Diogo conseguiu ganhar influência e conquistou o favoritismo do pai, Jair vinha sentindo uma pressão insuportável. Para ele, a única forma de manter sua posição no clã Moura era garantir um herdeiro o mais rápido possível. Por isso, sempre que tinha forças, obrigava Solange a dormir com ele, como uma máquina de reprodução, tudo para gerar o primeiro neto da família. O patriarca da família valorizava acima de tudo a continuidade do sangue, e quanto mais netos, melhor. Jair sabia que, como primogênito, se tivesse o primeiro neto da família, reforçaria sua posição e ganharia mais poder contra Diogo. No entanto, quando ele estava prestes a consumar sua intenção, o toque urgente do celular interrompeu tud
— Eu já não te disse para não se meter nos meus assuntos? Não pergunte, não questione! E agora você tem a ousadia de sentir pena daquela garota insignificante? Está tentando me desafiar, Solange? Tudo o que faço é pelo bem da família Moura! O tapa de Jair foi tão violento que Solange sentiu a visão escurecer, enquanto um zumbido ensurdecedor preenchia seus ouvidos. Tremendo de medo, ela tentou conter o pânico e, balbuciando, tentou se justificar: — N-não é pena... É só que... Estou pensando no seu bem. Ter sangue nas mãos nunca é algo bom, Jair. Se a polícia começar a investigar e chegar até você... Mesmo que não encontrem provas diretas, isso pode manchar sua reputação. E se Diogo usar isso contra você? Ele pode aproveitar a oportunidade para abalar sua posição no grupo e no clã. Além disso... Por mais que você e Gael sejam próximos, não vale a pena sujar suas mãos por ele... As palavras dela fizeram Jair relaxar um pouco. Ele soltou uma risada fria, mas sua expressão continuava
Ela não questionou os motivos de Yasmin, nem queria pressioná-la de forma alguma. — Eu só... Só não esperava... Que vocês fossem tão... Tão bons comigo... — Yasmin disse, com os olhos inchados de tanto chorar, a voz falhando entre os soluços. — Eu sei... Eu sei que é porque eu... Sou a testemunha contra o Gael... Mas... Mesmo assim... Obrigada... Obrigada por me respeitarem... O rosto molhado pelas lágrimas, as palavras trêmulas e fragmentadas, tudo nela parecia carregar uma dor insuportável. Olívia e Charles sentiram um nó sufocante na garganta, como se mãos invisíveis os estivessem estrangulando. Dante, por sua vez, franziu as sobrancelhas, enquanto lutava para conter o turbilhão de emoções que ameaçava transbordar. A revolta dentro dele era quase palpável. Yasmin, com apenas 17 anos, já carregava cicatrizes tão profundas que pareciam impossíveis de se curar. Tudo isso por culpa de Gael. Ele pensava, amargamente: “Se ele não for para o inferno, quem irá?” — Yasmin, não é por
Antes de conhecê-la, Dante achava que aquela garota de origem humilde só queria buscar proteção de Charles e Olívia. Mas, ao ouvir aquelas palavras tão sinceras e cheias de clareza, ele se sentiu pequeno, mesquinho, como se sua visão limitada do mundo fosse um reflexo de sua própria mediocridade. Comparado à inteligência e à lucidez de Yasmin, ele parecia insignificante e raso. — Pensar assim... É admirável, Yasmin. — Olívia, com os olhos marejados, abraçou-a novamente. — No futuro, quando tudo isso passar, quero te apresentar à minha irmã. Tenho certeza de que vocês duas se darão muito bem. …Naquela noite, Yasmin contou, sem esconder nenhum detalhe, todo o horror que havia vivido nas mãos de Gael. Ela começou a relatar sua história. O pai havia morrido cedo, deixando a mãe sozinha para sustentá-la. Para garantir que Yasmin pudesse continuar estudando, sua mãe assumiu três empregos ao mesmo tempo, trabalhando quase todas as madrugadas. Às vezes, de tanto esforço, chegava a ter