Hebe pegou o celular com mãos trêmulas, os lábios pressionados até ficarem brancos. Colocou o aparelho contra a orelha, que estava tão quente quanto o rosto corado. — P-papai... — Hebe, sua live virou um furacão. O mundo está de cabeça para baixo por sua causa. Mas, olha, você foi esperta, hein? Escolheu logo um hotel da família, estrategicamente perfeito: fácil para avançar ou recuar. Essa esperteza toda foi influência da sua irmã, não foi? — Zombou Érico com um tom meio irônico, mas divertido. — N-não... Não foi... — Balbuciou Hebe, completamente sem jeito, a vergonha evidente em sua voz. — Papai, desculpa... Tudo isso foi culpa minha, só minha. Não brigue com a minha irmã, por favor... — E aí? Depois de soltar tudo e fazer tanto barulho, está se sentindo mais leve? — A pergunta inesperada de Érico pegou Hebe de surpresa. — Hã? — Ela ficou sem reação, os olhos piscando rápido. — Eu sei que aquela história te machucou profundamente. Você nunca conseguiu superar. Sua mãe, t
A live de Hebe causou um verdadeiro terremoto! Gael, que havia sido libertado sob fiança por falta de provas, já estava começando a se sentir seguro. A família Moura, com sua influência, havia conseguido desviar a atenção pública ao vazar escândalos envolvendo dois grandes nomes da mídia. A situação parecia controlada, e o caso abafado. Mas quem poderia imaginar que Hebe, a pessoa que todos esperavam que engolisse o choro e ficasse na sua, resolveria fazer exatamente o oposto? Em vez de se esconder, ela se posicionou publicamente, falando não só por si, mas também por todas as vítimas. E, como se isso não bastasse, o fez com a força de uma acusação direta, expondo Gael e os crimes que ele cometeu. Em uma única noite, a família Moura foi novamente empurrada para o olho do furacão, sob o escrutínio público. Para Gael, que mal havia começado a respirar aliviado, essa reviravolta era um desastre. Mesmo que as provas contra ele ainda fossem insuficientes, a nova exposição fez com qu
— Polícia? Aqueles cães desgraçados vieram atrás de mim de novo? — Gael sentiu o sangue gelar ao lembrar dos dias miseráveis que havia passado no centro de detenção. A comida intragável, o cheiro insuportável e a humilhação constante eram coisas que ele jamais queria experimentar de novo. Apavorado, ele quase gritou. — Pai! Jair! Vocês precisam dar um jeito de barrar esses caras! Eu não posso voltar para aquele inferno! Tiago franziu o rosto, sombrio, enquanto andava de um lado para o outro, claramente inquieto. — Gael, não se desespere. — Jair aproximou-se e deu leves tapas no ombro trêmulo do irmão. — Eu mandei gente monitorar de perto aquelas duas garotas. Elas ainda não entraram em contato com a polícia, o que significa que não pretendem testemunhar contra você por enquanto. Enquanto elas não se manifestarem, podemos transformar um grande problema em algo insignificante. Ele fez uma pausa, lançando um olhar calculista ao irmão mais novo. — A live de Hebe ontem gerou muita a
— O café da delegacia pode até ser ruim, mas não mata ninguém. Já as coisas da sua casa... Bom, eu não arriscaria. Vai que corro o risco de acabar com o estômago corroído, pulmões sujos ou, pior ainda, com o coração tão podre quanto o de vocês. Aí, realmente, não valeria a pena. — Vasco sorriu de canto, rebatendo com frieza o sarcasmo de Jair. — Vasco! O caso do meu filho já foi encerrado, e foi a polícia de vocês que o liberou! Agora você volta aqui para quê, afinal? — Tiago estava sem paciência para joguinhos. Seu rosto estava vermelho de raiva enquanto gritava. — Você não tem provas suficientes para levar o Gael! Não vou deixar que você consiga o que quer! A família Moura não é saco de pancada da família Bastos! E só estou mantendo a compostura por respeito aos anos de relação entre as nossas famílias e por você ser filho do Érico. Mas não abuse da sorte! Filho do Érico? A revelação caiu como uma bomba na sala. Os dois policiais que acompanhavam Vasco arregalaram os olhos, ten
Gael, mesmo amparado por alguém, estava tão assustado que suas pernas pareciam feitas de gelatina. Seu corpo mole praticamente desabou nos braços que o seguravam. Jair lançou um olhar furioso para Vasco, pronto para abrir a boca e disparar sua indignação, mas foi interrompido pela voz calma de Diogo, que, como sempre, escolheu o momento exato para intervir: — Gael, é melhor você ir com o capitão Vasco. Você não tem nada a temer, certo? É só colaborar com a investigação. Vai acabar rápido, e depois disso, nós iremos te buscar. Gael virou-se lentamente para Diogo, os olhos ardendo de raiva, com as olheiras escuras destacando seu rosto pálido. Ele sabia exatamente o que estava acontecendo. Esse desgraçado de sangue frio estava aproveitando a situação para afundá-lo ainda mais. Sem dar tempo para que Gael reagisse, Diogo inclinou-se em direção a Tiago e sussurrou: — Pai, o Vasco não está errado. Se o Gael não colaborar, vai parecer que ele tem culpa no cartório. Nesse caso, o Vas
Aurora, ao ver que algumas pessoas estavam atacando Hebe na internet, não pensou duas vezes. Criou um perfil falso e foi para o campo de batalha, enfrentando os haters com unhas e dentes. Não satisfeita, entrou em contato com Vinícius e pediu que ele mobilizasse os rapazes para entrarem na live e defenderem Hebe. O resultado foi explosivo. Centenas de mensagens em defesa de Hebe inundaram os comentários. Mas, no fim, a maioria dos perfis acabou banida, tamanha a intensidade do contra-ataque. Enquanto isso, dentro da Villa Werland, parecia que nenhuma tempestade de fora era capaz de abalar a paz que reinava ali. Olívia observava a cena à sua frente: a família reunida, unida como há muito tempo não via. O calor e a compreensão entre eles despertaram algo nela. Seus olhos se encheram de lágrimas silenciosas. Desde a morte de sua mãe, ela nunca mais havia sentido que aquele lugar era sua casa. Por mais dolorosos que tivessem sido seus dias vagando pelo mundo, seu único pensamento s
Quando Érico terminou de falar, o silêncio tomou conta do ambiente e todos congelaram no lugar. Olívia arregalou os olhos, incrédula. Seus lábios entreabertos deixavam transparecer a surpresa enquanto ela encarava o pai como se ele tivesse acabado de dizer algo impensável. — O senhor... O senhor disse o quê? — Charles, com o peito subindo e descendo de forma descompassada, mantinha os olhos fixos no semblante firme e imponente de Érico. — Se você voltar agora, vai chegar em casa de madrugada, né? Se não tiver compromissos amanhã cedo, pode passar a noite aqui. — Érico falou com a voz baixa, enquanto ajeitava displicentemente os punhos da camisa e soltava uma leve tosse. Dessa vez, todos ouviram claramente. Olívia ouviu, Charles ouviu, e até mesmo quem estava nos fundos da casa teria ouvido. A avalanche de emoção atingiu Charles em cheio. O coração dele disparou de maneira quase dolorosa, e seus olhos ficaram húmidos, cheios de uma gratidão que ele não conseguiu esconder. Sua g
— Vivia... Você... Como entrou aqui? Quando foi que... Ele ainda estava meio confuso, mas o gesto automático de suas mãos já o fazia deslizar os dedos pela cintura dela, acariciando-a suavemente, sem pensar. Olívia levou a mão ao peito, respirando fundo, e o olhou com um biquinho nos lábios. — Nossa, que susto você me deu! Sabia que aquele olhar que você lançou agora há pouco... Parecia que ia me devorar viva? Foi assustador! — Desculpe, Vivia. É um reflexo que ficou dos meus tempos no exército. É algo que nunca consegui controlar completamente. Os olhos de Olívia imediatamente se encheram de ternura. Ela levantou a mão delicada e acariciou o rosto dele com cuidado, como quem tenta curar uma ferida invisível. Charles, tomado por um sentimento de culpa, segurou a mão dela e depositou um beijo suave na palma, mas não conseguiu esconder sua preocupação. — O que você está fazendo aqui, entrando assim? E se alguém te encontrar... — Entrando assim? Charles, essa é a minha cas