— Rival? — Olívia apoiou o rosto na mão esquerda enquanto, com a direita, pegava uma blueberry e a colocava na boca de Charles. — Você? Rival? Que novidade é essa? Charles soltou uma risada fria. — Benjamin, você cerca a Samara como se estivesse em prisão domiciliar. Ela só vê você e sua secretária o dia inteiro. Nem sequer tem uma vida social normal. Rival de onde? Sonhou com isso, foi? — Pois é isso mesmo! — Benjamin bateu com força na mesa, a voz saindo quase esganiçada de tão nervoso. Ele se lembrou da noite anterior, quando, em seus braços, Samara murmurou o nome "Vasco". Ela sonhou com outro homem! Benjamin sentiu o coração se partir em mil pedaços, como vidro estilhaçado pelo chão. — Não me diga que você tá falando... Do meu irmão Vasco? — Olívia lançou-lhe um olhar gélido, cruzando os braços. Charles ficou confuso, incapaz de conectar os pontos com o nome de Vasco. Benjamin arregalou os olhos, encarando Olívia com uma expressão de admiração. — Vivia... Como vo
— Nem brinca... Jato é coisa boa, mas prefiro ter vida pra sentar e voltar inteiro depois! — Disse Dante com medo.— Ah, Chad, pega leve. Todo mundo aqui sabe que o Dante é leal a você até os ossos. Vai fazer show por causa de um jato? — Olívia arqueou uma sobrancelha enquanto seus dedos delicados traçavam a linha afiada do maxilar de Charles. Sua voz saiu baixinha, mas carregada de provocação, e o olhar altivo era digno de uma rainha. — No seu aniversário, eu te dou um. Melhor que o do Diogo, claro. Que tal? Putz! Oferecer um jato particular como presente... Só mesmo a herdeira número um de Matear para fazer isso parecer tão casual. Charles piscou os olhos, surpreso, e segurou a mão dela com firmeza, o semblante sério. — Vivia, eu sou seu homem, mas não sou um playboy sustentado por mulher. Se for pra ganhar presente, quem tem que dar sou eu. — Ai, Charles, que besteira. A gente não separa o que é meu e o que é seu. Um troco qualquer, que diferença faz? O tom despreocupado
— Nossos homens estavam levando vantagem! — Stéphanie explodiu, a voz carregada de fúria. — Só que ninguém esperava que Mateo tivesse reforços! Aqueles caras lutam como profissionais, todos armados até os dentes, e não estavam só defendendo. Eles queriam exterminar nossos homens! Já foi uma sorte eles terem conseguido voltar vivos! Benjamin, tomado pela raiva e frustração, socou a mesa com força. Seus nós dos dedos estalaram com um som seco e ameaçador. Não bastava não terem capturado Mateo, ainda quase perderam todos os seus homens. Para Benjamin, que sempre prezava pela vitória e odiava falhas, aquilo era como ter o orgulho pisoteado e esmagado no chão. — Benjamin... O que foi? Quem te deixou assim? A voz suave e sonolenta fez todos na sala se virarem ao mesmo tempo em direção à escada. Samara estava ali, encostada no corrimão, o rosto ainda meio sonolento. Vestia uma camisola branca amassada, com alças finas, e segurava contra o peito o ursinho de pelúcia que Olívia lhe der
Olívia abaixou o olhar, silenciosa, com uma sombra de melancolia que lhe pesava no rosto. Charles percebeu a tristeza dela e segurou sua mão gentilmente, acariciando-a na palma. — Vivia, eu sei... Você se preocupa com a Samara. Mas olha só: agora ela tem o Benjamin. Ele ama, protege e cuida dela. Benjamin tem força, poder e capacidade suficientes para garantir a felicidade dela. — Eu sei disso... Na verdade, eu até agradeço a ele. Mas não era por Benjamin ter aceitado Samara que ela era grata. O que tocava Olívia era o fato de Benjamin enxergar a beleza e a pureza da garota, como se ela fosse uma joia rara. Era por ele ter paciência e dedicação para cuidar de Samara que Olívia sentia esse reconhecimento silencioso. Passaram-se alguns minutos até Benjamin voltar para a sala. Ele parecia ainda mais cansado, com olheiras ainda mais fundas. — Benjamin, você está exausto. — Charles suspirou profundamente. — Eu amo a Samara. Tudo o que faço por ela, faço porque quero. Não tem ca
— Vivia, o que foi que você pensou? — Charles perguntou, preocupado, enquanto a observava com atenção. Benjamin e Stéphanie também tinham seus olhos fixos no rosto de Olívia, esperando por uma resposta. — Dante acertou em cheio. Com a personalidade venenosa do Diogo, ele certamente encontraria uma forma de eliminar o Mateo sem deixar rastros! E... Ele já está preparando isso há tempos. Só que o instrumento principal do crime só chegou agora! Benjamin e os outros ainda pareciam confusos, mas Charles, sempre rápido, ligou os pontos e entendeu imediatamente. — Você está dizendo que o "instrumento do crime" é aquele jato particular? Olívia assentiu vigorosamente, o olhar carregado de urgência. — Exatamente. Em terra, o Diogo teria dificuldades para agir sem chamar atenção, mas no ar... No ar, ele pode fazer o que quiser! E assim que o avião cruzar a fronteira, não importa o quanto tenhamos influência, não conseguiremos interceptá-lo. Ele terá liberdade total para agir! Era um
Olívia e Charles decidiram naquela noite que era hora de voltar para o seu ninho de amor. Na hora da despedida, Samara se jogou nos braços de Olívia, chorando copiosamente. Seus dedos apertavam com força o tecido do vestido preto de Olívia, deixando-o todo amassado, enquanto lágrimas encharcavam a frente da roupa. Parecia que nunca mais se veriam. Olívia passou um bom tempo tentando consolar a amiga, prometendo que viria visitá-la com frequência. Antes de sair, ainda deu um aviso sério a Benjamin: — Não adianta só viver para as preocupações do Grupo Júnior. Arranje tempo para levar Samara para passear. Não a deixe se tornar uma ave engaiolada, incapaz de aproveitar a liberdade e a felicidade. Benjamin jurou de mãos juntas, como se estivesse assinando um contrato, enquanto abraçava Samara, que ainda soluçava como uma criança. Ele ficou parado à porta, observando o casal partir com os olhos marejados. O carro percorreu alguns quilômetros antes que Olívia, enfim, não conseguisse
Os dias de preocupação contínua deixaram Hebe à beira de um colapso. Sua voz estava embargada de tanto chorar: — Eu e mamãe tentamos de tudo... A família Vieira também procurou ajuda, mas simplesmente não conseguimos tirar o Breno da prisão... — O quê? E só agora você me conta isso? — Olívia exclamou, aflita. — Vivia, calma. Não assuste a Hebe. Charles apertou levemente a mão dela, sua voz grave e serena tentando apaziguar as emoções da mulher: — Diga para a Hebe não se desesperar. Peça que ela conte tudo com calma. Olívia respirou fundo, tentando controlar a culpa que a consumia. — Desculpa, Hebe... Fui dura com você agora. Não chore, me explique tudo direitinho. Quero saber quem foi o desgraçado que teve a audácia de mexer com alguém meu! Eu vou acabar com ele! Mesmo com a urgência da situação, Charles teve que segurar o riso ao ouvir as palavras cheias de fúria da mulher. — Foi... Foi gente da família Moura... — Hebe respondeu entre soluços. — Eu acho... Acho que f
Olívia arregalou os olhos, encarando o perfil frio e impecável de Charles, atônita. Do outro lado da linha, o silêncio tomou conta, interrompido apenas pelos suaves soluços de Hebe. — O que foi? Uma me olha assim e a outra fica muda? — Charles sorriu de leve, estendendo a mão para apertar de leve o rosto de Olívia. — Será que nenhuma de vocês duas pode confiar em mim por um instante? — N-não é isso... — Hebe foi a primeira a responder, sua voz baixa e cheia de gratidão. — Charles, obrigada por ajudar o Breno... De verdade, obrigada. — Não precisa agradecer. Somos uma família. Depois de acalmar Hebe, Charles encerrou a ligação e imediatamente ordenou a Dante: — Dê meia-volta. Vamos para a delegacia. Dante obedeceu sem hesitar, girando o volante com firmeza. — Chad, o que você pretende fazer? — Olívia perguntou, preocupada, enquanto observava o semblante calmo e inabalável do homem ao seu lado. — Não importa o que seja necessário, o importante é tirarmos o Breno de lá.