O jantar passou de forma surpreendentemente tranquila. Érico e Olívia tinham um entendimento silencioso, uma espécie de trégua não declarada. Nenhum dos dois tocou em assuntos que poderiam estragar o momento. — Pô, que sacanagem é essa?! Vocês tavam comendo sozinhos? Que falta de consideração! — A voz de Vasco ecoou pela casa. Ele estava vagando pelos cômodos, entediado e com fome, até que, ao ver a mesa cheia de comida, correu e se jogou na cadeira com um estrondo. — Vivia, isso não se faz! Uma mesa cheia dessas e nem me chamou! Só porque eu como muito não quer dizer que vou devorar tudo, né? Nem sou pior que o Pietro comendo! Érico e Olívia trocaram olhares e, quase ao mesmo tempo, responderam: — Eita, esquecemos de você. …Depois do jantar, Érico se preparou para ir embora. Olívia ficou parada nos degraus da entrada, observando o pai e Dimitri se afastarem. Charles, por outro lado, fez questão de acompanhá-los até o carro, sem demonstrar qualquer descuido. Pouco antes
— Qualquer coisa, eu aguento. Mas aquela frase... Vivia dizer que eu nunca soube o que a mãe dela realmente queria... — Érico fechou os olhos devagar. Sob a luz suave, os cílios longos e úmidos carregavam um peso de tristeza. — Isso me partiu o coração. Nesse mundo imundo, quem mais poderia entendê-la além de mim? — Sr. Érico, a Srta. Olívia ainda é jovem, impulsiva. Muitas coisas do passado ela não viveu, não sabe. — Dimitri suspirou profundamente. — Quando chegar o momento certo, e ela conhecer tudo sobre a Sra. Rebeca, tenho certeza de que entenderá o quanto o senhor sempre se dedicou. …Depois de se despedir de Érico, Stéphanie subiu com Samara para o quarto, enquanto Olívia, Charles e Vasco ficaram na sala, discutindo assuntos importantes. — Vivia, juro por tudo que é sagrado, eu não fui o dedo-duro! — Vasco ergueu a mão, com convicção. — Eu sei. Meus irmãos jamais fariam algo tão baixo. Nem mesmo o Arthur, que é o mais contra o Chad, chegaria ao ponto de usar nosso pai pa
Uma frase tão casual de Vasco e, de repente, o clima ficou tenso, como um campo prestes a explodir. Os olhos de Benjamin se estreitaram imediatamente, e ele ficou em alerta, os músculos tensos, como se algo o tivesse atingido em cheio. “Por que diabos ele está me chamando assim? Quanto tempo eu fiquei fora? O que aconteceu aqui?” — Vasco? Você ainda tá aqui? No meio do impasse, os passos de Olívia e Charles ecoaram no corredor. Os dois apareceram para ver o que estava acontecendo, atraídos pelo barulho. Olívia, sempre perspicaz, percebeu de imediato o clima estranho entre os dois homens. Seus olhos, atentos e ligeiramente desconfiados, analisaram a cena. — Ah, essa porta... Eu tava com dificuldade de abrir, mas ainda bem que Benjamin chegou na hora pra me ajudar. — Vasco se virou para a irmã com um sorriso tranquilo, como se nada tivesse acontecido. — Já tô indo, Vivia. Quando eu terminar essa correria toda, vou te levar pra dar uma volta. Você precisa sair mais, parar de ficar
Benjamin engoliu seco, o pomo de Adão subindo e descendo com força, enquanto o desejo queimava dentro dele. Ele já sabia exatamente como iria mimar Samara naquela noite, e as posições... Bem, essas já estavam todas planejadas.— Tarado! — Olívia mordeu o lábio vermelho e, sem hesitar, deu-lhe uma cotovelada certeira nas costelas.Os três voltaram para a sala e se sentaram. Samara, naquele momento, havia adormecido no sofá, enquanto assistia à televisão. Stéphanie cuidou de ajeitá-la antes de descer e trazer suco para os demais.Ela lançou um olhar para Benjamin, hesitante em falar algo. Afinal, não era o momento certo para fazer qualquer relato.— Eu fui até minha casa. — Benjamin baixou os olhos, mexendo o copo de suco e falando em um tom baixo, cheio de culpa. — Chad, Vivia, preciso pedir desculpas antes de qualquer coisa. O meu avô conseguiu tirar a Dalila da prisão.Ao ouvir aquele nome, os olhos de Charles brilharam com uma frieza cortante.— Ela cometeu erros absurdos, ninguém
Diogo estava simplesmente deslumbrante, exalando masculinidade e uma tensão sexual irresistível. Cauã não conseguia entender como Olívia podia ser tão cega. Que tipo de olhar ela tinha para não enxergar um homem tão impecável como Diogo? Foi então que o alvo distante começou a se mover lentamente em direção a eles. Quando chegou mais perto, Cauã percebeu, chocado, que no centro do alvo estava colada uma foto... de Charles! E, sem hesitar, Diogo disparou três tiros seguidos. Cada um deles acertou em cheio a cabeça do homem na foto. — Impressionante, Sr. Diogo! O senhor é um verdadeiro mestre, nunca erra um tiro! — Exclamou Cauã, aplaudindo e enchendo-o de elogios. — Uma pena. — Diogo recolheu a arma, abrindo levemente os lábios. — Pena? — Pena que seja apenas uma foto, e não o próprio Charles. — Ele nem sequer olhou para Cauã enquanto tirava um lenço branco do bolso de sua calça social e começou a limpar a arma com precisão. — O que você tem para me dizer? — Sr. Diogo, r
Diogo ficou paralisado, o rosto petrificado em uma expressão rígida. Érico não havia mencionado seu nome, mas Diogo sentiu como se cada palavra dita fosse uma lâmina direcionada exclusivamente a ele. A raiva fervilhava em seu peito, queimando seu rosto pálido de indignação. — Sr. Érico, tudo o que Charles está fazendo agora não passa de um espetáculo para agradar e enganar Vivia. — Diogo apertou os punhos com força, o desejo de destruir Charles ainda vivo dentro dele. — Se ele realmente amasse Vivia, como pode ter passado três anos casado com ela, convivendo diariamente, sem se apaixonar por uma mulher tão bela e extraordinária? Não, ele a abandonou cruelmente no final. Isso prova que o que ele sentia por ela nunca foi verdadeiro! Isso nunca foi amor! — Nunca foi amor? — Érico arqueou uma sobrancelha, curioso. — O senhor já parou para pensar em quando Charles começou a demonstrar interesse por Vivia? Não foi logo depois do divórcio, quando ele descobriu que a mulher que ele des
Érico lançou um olhar desconfiado para Dimitri. — Pelo visto, você tem uma boa impressão de Charles? Dimitri permaneceu calmo, como sempre. — O senhor está enganado. Eu só estou analisando os fatos. A Srta. Olívia foi alguém que vi crescer, e eu também me preocupo com ela. Desejo, de coração, que ela encontre o homem certo para se casar. — Ah, claro! E você acha que elogiar Charles indiretamente não deixa isso bem claro? — Érico retrucou, com sarcasmo evidente. Dimitri preferiu não responder, optando pelo silêncio. De repente, Érico parou bruscamente, os olhos fixos na janela à sua frente. Dimitri, intrigado, seguiu seu olhar. Daquele ângulo, era possível ver a entrada da Villa Werland. Lá fora, Diogo, furioso, jogava no chão a caixa de doces que havia trazido para Olívia. Como se isso não bastasse, ele ainda a chutou duas vezes, esmagando os doces até que não restasse nada além de uma mistura disforme no chão. — Humpf! — Érico soltou uma risada de desprezo. — Pelo vist
Vivia era o amor da sua vida. Como ele poderia suportar destruí-la...— E então, já decidiu o que vai fazer? — A voz do homem, preguiçosa, carregava uma ameaça velada. — Senhor, me dê mais uma chance. A última. — A aura sombria que emanava de Diogo era sufocante, como a de um demônio agarrado à beira do inferno, lutando desesperadamente para escapar. — O seu laboratório... Não está desenvolvendo uma droga capaz de causar paralisia cardíaca instantânea? Eu preciso de uma dose. — Hmm? Para que você quer isso? — O homem riu, um tom de escárnio evidente. — Não vai me dizer que pretende usar essa droga em si mesmo? Você realmente é audacioso. Não acha que já enfiou agulhas suficientes no próprio corpo ao longo desses anos? E, só para constar, essa droga ainda está longe de ser segura. Não passou pelos testes clínicos. O risco é enorme. — Eu sei. Mas essa é minha última cartada. Vou apostar tudo. — Os olhos de Diogo estavam vermelhos, inchados de tanto sangue acumulado, e sua sanidade