Maia lançou um olhar significativo, enquanto segurava o braço de Érico com delicadeza. — Érico, já está tarde. Vá descansar. … Nesses últimos dias, Olívia, temendo que Érico descobrisse seu endereço em Yexnard, evitava voltar para casa. Também não queria chamar atenção ficando em hotéis, então acabou ficando com Charles no apartamento de Benjamin e Samara. Para Samara, aquilo era como ganhar na loteria. Ela sempre adorou Olívia e, por conta da distância, sentia muita falta dela. Agora que finalmente podia passar mais tempo com ela, parecia uma sombra, grudada o dia inteiro. Essa dinâmica, porém, não agradava muito a Charles. Ele só conseguia um momento a sós com Olívia à noite, quando finalmente iam para o quarto. E, nesses momentos, ele parecia um homem obstinado, determinado a recuperar cada segundo perdido do dia. Todas as noites, ele a provocava até que ela implorasse por trégua, rendida e exausta sob o corpo dele. Era como se estivesse decidido a compensar, com muito afin
Chegou, enfim, o dia da coletiva de imprensa. Às cinco da tarde, jornalistas de todas as partes já haviam se reunido no maior salão do hotel, ajustando suas câmeras, testando ângulos e organizando seus equipamentos enquanto aguardavam a chegada de Tábata. — Pensei que seria o Tiago ou o Jair a dar as caras, mas mandaram a Tábata. Essa mulher tem coragem mesmo, hein? O marido preso, e ainda consegue dormir à noite e arranjar forças pra fazer coletiva? — Coragem? Que nada! Os homens da família Moura são espertos. Jogaram a Tábata como escudo. Ela vai ser o alvo das balas. — Realmente, essa gente de família rica não tem um pingo de humanidade. Tábata está numa situação lastimável. — Lastimável? — Outro jornalista comentou, com uma risadinha sarcástica. — O Cláudio embolsou milhões em propina. Acha mesmo que ela não viu nada disso? Que parte desse dinheiro não acabou no bolso dela? O tempo passou, e logo o relógio marcou sete horas. Tábata entrou no palco com passos hesitantes
A família Moura havia criado seu próprio inferno, povoado por demônios cruéis! — Não... Não é verdade! Não é verdade! — Tábata gritou, com o rosto vermelho até o pescoço, quase em um estado de histeria. — Essa gravação é falsa! É tudo mentira! Eu nem conheço essa tal de Ana! Quem está falando aí não sou eu! Alguém armou contra mim! — Armou contra você? Então, por favor, explique isso aqui. — O repórter ergueu novamente o celular, com um sorriso frio. Mas, antes que pudesse mostrar o que tinha na tela, uma onda de notificações tomou conta do salão. Os celulares de todos os jornalistas começaram a vibrar ou tocar ao mesmo tempo. Em poucos segundos, a atenção geral se voltou para os aparelhos. Na tela, uma nova manchete bombástica explodiu no Twitter: um vídeo clandestino mostrando Tábata em uma reunião privada com a tal “Ana”. Nas imagens, ela entregava um pacote de dinheiro para a mulher, que claramente era a mesma mencionada no áudio. Embora fosse evidente que o vídeo havia s
— E então, o que o senhor vai me dar de recompensa? — Recompensa? Não é parte do seu trabalho como meu secretário? — Charles respondeu, com a voz arrastada, num tom de preguiça que lembrava um leão satisfeito depois de um banquete. Dante, que já estava vermelho como um tomate, começou a imaginar coisas, sentindo o rosto queimar ainda mais. — Bem... A Sra. Marques já me deu uma recompensa. O senhor não acha que, como homem dela, deveria fazer o mesmo? Não tem medo de ela dizer que o senhor é... Econômico demais? Charles estreitou os olhos, com um sorriso frio. — Você está me ameaçando? — De jeito nenhum, senhor! Eu jamais faria isso! — Dante imediatamente se endireitou, a postura rígida, enquanto gotas de suor começavam a escorrer por sua testa. — Faz tempo que você não tira uma folga, né? Vou te dar férias, com mais dez dias extras. Vá para onde quiser e aproveite. — Ah, senhor, eu sou solteiro, sem ninguém pra dividir a vida... O senhor pode até me dar licença-maternida
Naquela noite, na mansão.Dois casais apaixonados estavam sentados na sala de estar, atentos à tela da televisão, que permanecia fixa no canal de notícias. Alguns minutos depois, o telejornal começou. O destaque do dia era o programa mais aguardado por todos: Tábata foi presa! Durante a transmissão, reprisaram mais uma vez a cena cômica de Tábata sendo levada pela polícia. Era tão ridículo que continuava sendo impossível não rir ao assistir. — Ei? Esse policial bonitão me parece tão familiar... Acho que já o vi em algum lugar... — Samara murmurou, pressionando o dedo indicador contra o queixo. De repente, seus olhos brilharam com uma lembrança. — Ah, lembrei! Foi na festa de aniversário da dona Glória! Ele estava sentado ao meu lado e até conversou comigo... Antes que pudesse terminar a frase, Benjamin a interrompeu com um olhar sombrio. Ele não resistiu e segurou seu queixo delicado, cobrindo seus lábios rosados com um beijo dominador e ardente, carregado de uma pitada de ciúm
— Tiago, nesse momento, deu entrada no hospital. Pode até não estar realmente doente, mas, no mínimo, está tentando se esconder da confusão. — Disse Olívia.Charles concordou com um aceno de cabeça. — Assim que o Ministério Público der início às investigações e convocar Tiago, ele vai alegar problemas de saúde para evitar qualquer interrogatório. — Porra... Que velho filho da puta! — Benjamin rosnou entre os dentes, com um olhar cheio de indignação. — Benjamin, o que é uma... "Orgia"? — Samara perguntou, piscando os olhos grandes e inocentes, como se realmente não tivesse ideia do que estava falando. A garota sabia exatamente como pegar no ponto certo. Deixou os três calados por um instante. Benjamin pigarreou, tentando esconder o constrangimento, e apertou suavemente a bochecha de Samara. — Cof cof... Depois, no quarto, com a porta fechada, eu te explico direitinho. A transmissão do jornal chegou ao fim. Os escândalos da família Moura ocuparam um bom tempo do noticiário
Olívia segurou o braço forte de Charles, erguendo as sobrancelhas com confiança. — Contanto que não façamos nenhum movimento agora, mantendo tudo quieto, Diogo vai perder a paciência. Ele vai acabar encontrando uma maneira de lidar com o Gael. …No dia seguinte, a bolsa abriu, e as ações do Grupo Moura despencaram, quase atingindo o limite de queda. Era o tipo de cenário que fazia qualquer acionista sentir um aperto no peito. O caso de Tábata e do marido continuava repercutindo, arrastando junto a reputação da família Moura para o fundo do poço. A confiança no grupo estava tão abalada que o clima dentro da empresa era de total instabilidade. No terceiro dia, Tiago continuava alegando problemas de saúde e seguia internado. Enquanto isso, Jair, o presidente do grupo, foi convocado pelo Ministério Público. No quarto dia, Érico foi cercado pela imprensa durante uma reunião. Era inevitável que perguntassem a ele sobre a situação da família Moura: — Sr. Érico, ouvimos dizer que o
Tábata, com o rosto contorcido de ódio, não conseguia desviar os olhos da expressão fria e calculista de Diogo. — Me ajudar? — Ela riu, uma risada amarga e cheia de rancor. — Eles são monstros, mas você não é? Ah, claro... Você não é um monstro comum. Você é uma cobra! Frio, traiçoeiro e infinitamente mais cruel! Diogo não demonstrou qualquer sinal de irritação. Pelo contrário, o sorriso em seu rosto apenas se ampliou, carregado de sarcasmo. — Eu nunca me considerei um exemplo de virtude, irmã. Mas, veja bem, até mesmo os animais mais desprezíveis têm algum instinto de proteger os seus. Eu, por outro lado, sempre tive dificuldade em ser tão duro com meu próprio sangue. É por isso que estou aqui, para estender uma mão amiga. E, convenhamos, quem mais veio te visitar? Quem mais se lembrou de você neste buraco imundo? Você ainda acredita que faz parte da família Moura? Vendo que Tábata continuava a resistir à sua proposta, Diogo decidiu dar o golpe final. — Pense bem, irmã. Você