Provocada por Diogo, Tábata realmente saiu às pressas, exalando cheiro de álcool, e foi direto para Matear no meio da noite. Naquela noite, Érico estava em casa. Dimitri o ajudava a tomar os remédios prescritos, enquanto Maia media sua pressão arterial com a expressão carregada de preocupação. Nos últimos dias, Érico havia ficado tão irritado com Olívia que sua pressão quase chegara ao limite. Como presidente do poderoso Grupo Bastos, um dos homens mais influentes do país, ele se sentia impotente por não conseguir localizar sua própria filha. O tempo passou, e, enquanto os dias viravam noites, sua fúria inicial aos poucos deu lugar à preocupação. Agora, ele não pensava mais em punições ou repreensões, mas apenas no bem-estar de Olívia. A raiva fora substituída por medo e angústia. Ele havia interrogado incansavelmente Gilbert e Bernardo na esperança de descobrir alguma notícia sobre a filha, mas os dois mantinham o silêncio absoluto. Eles sabiam que o exagero nas reações de É
— Eu nunca vivi um único dia da minha vida por mim mesmo. Sempre foi pelos outros. Quero que os meus filhos, especialmente a Vivia... Que ela possa viver livre, sem as correntes que eu carreguei. Que tenha o direito de buscar a própria felicidade. — Disse Rebeca antes de morrer.A própria... Felicidade. “Rebeca, mas será que o que a nossa filha escolheu é mesmo a felicidade dela? O que eu devo fazer? Se você ainda pode me ouvir, se há algo que possa fazer, me dê uma resposta, me apareça em um sonho, me diga o que fazer.” Pensou Érico.O som de batidas na porta o tirou de suas divagações. Antes que ele pudesse responder, Aurora entrou sem cerimônia, com aquele jeito espalhafatoso de sempre, e anunciou em voz alta: — Érico, Maia, a Tábata, aquela desmiolada, está aqui na porta da frente fazendo um escândalo. Quer falar com você e com a Glória! Eu não deixei ela entrar, mas está lá fora berrando. E o cheiro de álcool tá tão forte que parece que ela nadou em uma barrica de cachaça!
Tábata já estava com as pernas bambas por causa da bebida. Naquele momento, tropeçou e caiu com tudo no chão, num tombo tão feio que a saia levantou, expondo mais do que deveria. A cena era tão ridícula quanto constrangedora. O mordomo, ao perceber o incidente, virou o rosto imediatamente, como se estivesse fugindo de algo que não deveria ver. Foi então que, do nada, uma torrente de líquido malcheiroso e amarelado despencou sobre Tábata, ensopando-a dos pés à cabeça. O som da água suja batendo em seu corpo ecoou pelo pátio. — Ai, meu Deus! — Gritou Tábata, levantando os braços encharcados e tentando entender o que estava acontecendo. O cheiro logo tomou conta do ar. Era um odor azedo e nauseante, tão forte que fez Tábata recuar e cheirar o próprio braço com cuidado. O resultado foi imediato: uma ânsia de vômito tomou conta dela, e ela quase colocou para fora tudo que tinha no estômago. — Que cheiro é esse? Que nojo! Quem foi que fez isso comigo? — Berrou, olhando para cima.
Maia lançou um olhar significativo, enquanto segurava o braço de Érico com delicadeza. — Érico, já está tarde. Vá descansar. … Nesses últimos dias, Olívia, temendo que Érico descobrisse seu endereço em Yexnard, evitava voltar para casa. Também não queria chamar atenção ficando em hotéis, então acabou ficando com Charles no apartamento de Benjamin e Samara. Para Samara, aquilo era como ganhar na loteria. Ela sempre adorou Olívia e, por conta da distância, sentia muita falta dela. Agora que finalmente podia passar mais tempo com ela, parecia uma sombra, grudada o dia inteiro. Essa dinâmica, porém, não agradava muito a Charles. Ele só conseguia um momento a sós com Olívia à noite, quando finalmente iam para o quarto. E, nesses momentos, ele parecia um homem obstinado, determinado a recuperar cada segundo perdido do dia. Todas as noites, ele a provocava até que ela implorasse por trégua, rendida e exausta sob o corpo dele. Era como se estivesse decidido a compensar, com muito afin
Chegou, enfim, o dia da coletiva de imprensa. Às cinco da tarde, jornalistas de todas as partes já haviam se reunido no maior salão do hotel, ajustando suas câmeras, testando ângulos e organizando seus equipamentos enquanto aguardavam a chegada de Tábata. — Pensei que seria o Tiago ou o Jair a dar as caras, mas mandaram a Tábata. Essa mulher tem coragem mesmo, hein? O marido preso, e ainda consegue dormir à noite e arranjar forças pra fazer coletiva? — Coragem? Que nada! Os homens da família Moura são espertos. Jogaram a Tábata como escudo. Ela vai ser o alvo das balas. — Realmente, essa gente de família rica não tem um pingo de humanidade. Tábata está numa situação lastimável. — Lastimável? — Outro jornalista comentou, com uma risadinha sarcástica. — O Cláudio embolsou milhões em propina. Acha mesmo que ela não viu nada disso? Que parte desse dinheiro não acabou no bolso dela? O tempo passou, e logo o relógio marcou sete horas. Tábata entrou no palco com passos hesitantes
A família Moura havia criado seu próprio inferno, povoado por demônios cruéis! — Não... Não é verdade! Não é verdade! — Tábata gritou, com o rosto vermelho até o pescoço, quase em um estado de histeria. — Essa gravação é falsa! É tudo mentira! Eu nem conheço essa tal de Ana! Quem está falando aí não sou eu! Alguém armou contra mim! — Armou contra você? Então, por favor, explique isso aqui. — O repórter ergueu novamente o celular, com um sorriso frio. Mas, antes que pudesse mostrar o que tinha na tela, uma onda de notificações tomou conta do salão. Os celulares de todos os jornalistas começaram a vibrar ou tocar ao mesmo tempo. Em poucos segundos, a atenção geral se voltou para os aparelhos. Na tela, uma nova manchete bombástica explodiu no Twitter: um vídeo clandestino mostrando Tábata em uma reunião privada com a tal “Ana”. Nas imagens, ela entregava um pacote de dinheiro para a mulher, que claramente era a mesma mencionada no áudio. Embora fosse evidente que o vídeo havia s
— E então, o que o senhor vai me dar de recompensa? — Recompensa? Não é parte do seu trabalho como meu secretário? — Charles respondeu, com a voz arrastada, num tom de preguiça que lembrava um leão satisfeito depois de um banquete. Dante, que já estava vermelho como um tomate, começou a imaginar coisas, sentindo o rosto queimar ainda mais. — Bem... A Sra. Marques já me deu uma recompensa. O senhor não acha que, como homem dela, deveria fazer o mesmo? Não tem medo de ela dizer que o senhor é... Econômico demais? Charles estreitou os olhos, com um sorriso frio. — Você está me ameaçando? — De jeito nenhum, senhor! Eu jamais faria isso! — Dante imediatamente se endireitou, a postura rígida, enquanto gotas de suor começavam a escorrer por sua testa. — Faz tempo que você não tira uma folga, né? Vou te dar férias, com mais dez dias extras. Vá para onde quiser e aproveite. — Ah, senhor, eu sou solteiro, sem ninguém pra dividir a vida... O senhor pode até me dar licença-maternida
Naquela noite, na mansão.Dois casais apaixonados estavam sentados na sala de estar, atentos à tela da televisão, que permanecia fixa no canal de notícias. Alguns minutos depois, o telejornal começou. O destaque do dia era o programa mais aguardado por todos: Tábata foi presa! Durante a transmissão, reprisaram mais uma vez a cena cômica de Tábata sendo levada pela polícia. Era tão ridículo que continuava sendo impossível não rir ao assistir. — Ei? Esse policial bonitão me parece tão familiar... Acho que já o vi em algum lugar... — Samara murmurou, pressionando o dedo indicador contra o queixo. De repente, seus olhos brilharam com uma lembrança. — Ah, lembrei! Foi na festa de aniversário da dona Glória! Ele estava sentado ao meu lado e até conversou comigo... Antes que pudesse terminar a frase, Benjamin a interrompeu com um olhar sombrio. Ele não resistiu e segurou seu queixo delicado, cobrindo seus lábios rosados com um beijo dominador e ardente, carregado de uma pitada de ciúm