A luz suave do luar entrava pela janela, enquanto um perfume intoxicante preenchia o ar do quarto. Os músculos da cintura estreita de Charles estavam tensos, e seus olhos, carregados de um desejo intenso e ardente, fitavam a mulher que estava sentada sobre ele. A ternura em seu olhar era tão densa e envolvente que parecia capaz de despedaçar a serenidade daquela noite. — Eu... Eu nunca fiz isso antes. Se eu não for bem, não fique decepcionado, tá? — A voz de Olívia era tímida, enquanto suas mãos delicadas pressionavam o peito firme de Charles, e ela mordia os lábios rosados, sem graça. Charles segurava as pernas finas e macias dela com as mãos grandes, tentando controlar o excesso de entusiasmo. Seus dedos, embora contidos, deixaram marcas avermelhadas na pele sensível dela. Ele nunca imaginou que a “recompensa” de que ela falara seria experimentar uma nova posição na cama. Apesar de já terem feito amor inúmeras vezes, nas quais ele sempre tomava a iniciativa, usando cada gra
— Mandou bem. — Olívia deu um beijo estalado na bochecha dele, deixando um sorriso satisfeito em seus lábios. Charles, sentindo-se recompensado mais uma vez, estreitou os olhos, relaxado. — Tem mais uma coisa. A família Moura já começou a se mexer. — Ah, é? Como assim? — Olívia imediatamente se animou. — Estão planejando uma coletiva de imprensa para “esclarecer” o que aconteceu no evento. — Esclarecer? — Ela soltou uma risada curta, enquanto desenhava um coração no peito dele com a ponta do dedo. — Eu chamaria de “se livrar da culpa”. — O Cláudio caiu. Não só perderam um dos principais peões que eles vinham cultivando há anos, como agora estão todos paranoicos, com medo de que as autoridades comecem a investigar o resto da família. — Os olhos de Charles brilharam com uma frieza cortante. — Para mostrarem “boa vontade”, vão fazer isso o mais rápido possível. Aposto que a coletiva será nos próximos dois dias. — Hmph. Não que o Cláudio, um corrupto de marca maior, não mereç
Pietro tinha provas sólidas e irrefutáveis em mãos. Assim que Cláudio cruzou as portas da promotoria, ficou claro que ele jamais voltaria a ver a luz do dia. Tábata, que sempre fora arrogante e mandona, agora se via completamente sozinha. Ninguém estava disposto a ajudá-la; todos a evitavam como se ela fosse uma praga. A única coisa que lhe restava era obedecer às ordens do pai e do irmão: realizar uma coletiva de imprensa, pedir desculpas publicamente diante de toda a nação e ser usada como ferramenta para limpar a imagem da família Moura. Fora isso, ela não tinha saída. Mas, por que uma humilhação dessas tinha que recair justamente sobre ela, uma mulher? Os homens da família Moura, seus próprios parentes de sangue, esconderam-se como covardes, deixando que ela fosse jogada aos leões. Na hora do aperto, preferiram se acovardar e colocá-la na linha de frente. Como podiam ser tão desprezíveis? A coletiva estava marcada para dois dias depois, mas, para Tábata, cada minuto parec
Provocada por Diogo, Tábata realmente saiu às pressas, exalando cheiro de álcool, e foi direto para Matear no meio da noite. Naquela noite, Érico estava em casa. Dimitri o ajudava a tomar os remédios prescritos, enquanto Maia media sua pressão arterial com a expressão carregada de preocupação. Nos últimos dias, Érico havia ficado tão irritado com Olívia que sua pressão quase chegara ao limite. Como presidente do poderoso Grupo Bastos, um dos homens mais influentes do país, ele se sentia impotente por não conseguir localizar sua própria filha. O tempo passou, e, enquanto os dias viravam noites, sua fúria inicial aos poucos deu lugar à preocupação. Agora, ele não pensava mais em punições ou repreensões, mas apenas no bem-estar de Olívia. A raiva fora substituída por medo e angústia. Ele havia interrogado incansavelmente Gilbert e Bernardo na esperança de descobrir alguma notícia sobre a filha, mas os dois mantinham o silêncio absoluto. Eles sabiam que o exagero nas reações de É
— Eu nunca vivi um único dia da minha vida por mim mesmo. Sempre foi pelos outros. Quero que os meus filhos, especialmente a Vivia... Que ela possa viver livre, sem as correntes que eu carreguei. Que tenha o direito de buscar a própria felicidade. — Disse Rebeca antes de morrer.A própria... Felicidade. “Rebeca, mas será que o que a nossa filha escolheu é mesmo a felicidade dela? O que eu devo fazer? Se você ainda pode me ouvir, se há algo que possa fazer, me dê uma resposta, me apareça em um sonho, me diga o que fazer.” Pensou Érico.O som de batidas na porta o tirou de suas divagações. Antes que ele pudesse responder, Aurora entrou sem cerimônia, com aquele jeito espalhafatoso de sempre, e anunciou em voz alta: — Érico, Maia, a Tábata, aquela desmiolada, está aqui na porta da frente fazendo um escândalo. Quer falar com você e com a Glória! Eu não deixei ela entrar, mas está lá fora berrando. E o cheiro de álcool tá tão forte que parece que ela nadou em uma barrica de cachaça!
Tábata já estava com as pernas bambas por causa da bebida. Naquele momento, tropeçou e caiu com tudo no chão, num tombo tão feio que a saia levantou, expondo mais do que deveria. A cena era tão ridícula quanto constrangedora. O mordomo, ao perceber o incidente, virou o rosto imediatamente, como se estivesse fugindo de algo que não deveria ver. Foi então que, do nada, uma torrente de líquido malcheiroso e amarelado despencou sobre Tábata, ensopando-a dos pés à cabeça. O som da água suja batendo em seu corpo ecoou pelo pátio. — Ai, meu Deus! — Gritou Tábata, levantando os braços encharcados e tentando entender o que estava acontecendo. O cheiro logo tomou conta do ar. Era um odor azedo e nauseante, tão forte que fez Tábata recuar e cheirar o próprio braço com cuidado. O resultado foi imediato: uma ânsia de vômito tomou conta dela, e ela quase colocou para fora tudo que tinha no estômago. — Que cheiro é esse? Que nojo! Quem foi que fez isso comigo? — Berrou, olhando para cima.
Maia lançou um olhar significativo, enquanto segurava o braço de Érico com delicadeza. — Érico, já está tarde. Vá descansar. … Nesses últimos dias, Olívia, temendo que Érico descobrisse seu endereço em Yexnard, evitava voltar para casa. Também não queria chamar atenção ficando em hotéis, então acabou ficando com Charles no apartamento de Benjamin e Samara. Para Samara, aquilo era como ganhar na loteria. Ela sempre adorou Olívia e, por conta da distância, sentia muita falta dela. Agora que finalmente podia passar mais tempo com ela, parecia uma sombra, grudada o dia inteiro. Essa dinâmica, porém, não agradava muito a Charles. Ele só conseguia um momento a sós com Olívia à noite, quando finalmente iam para o quarto. E, nesses momentos, ele parecia um homem obstinado, determinado a recuperar cada segundo perdido do dia. Todas as noites, ele a provocava até que ela implorasse por trégua, rendida e exausta sob o corpo dele. Era como se estivesse decidido a compensar, com muito afin
Chegou, enfim, o dia da coletiva de imprensa. Às cinco da tarde, jornalistas de todas as partes já haviam se reunido no maior salão do hotel, ajustando suas câmeras, testando ângulos e organizando seus equipamentos enquanto aguardavam a chegada de Tábata. — Pensei que seria o Tiago ou o Jair a dar as caras, mas mandaram a Tábata. Essa mulher tem coragem mesmo, hein? O marido preso, e ainda consegue dormir à noite e arranjar forças pra fazer coletiva? — Coragem? Que nada! Os homens da família Moura são espertos. Jogaram a Tábata como escudo. Ela vai ser o alvo das balas. — Realmente, essa gente de família rica não tem um pingo de humanidade. Tábata está numa situação lastimável. — Lastimável? — Outro jornalista comentou, com uma risadinha sarcástica. — O Cláudio embolsou milhões em propina. Acha mesmo que ela não viu nada disso? Que parte desse dinheiro não acabou no bolso dela? O tempo passou, e logo o relógio marcou sete horas. Tábata entrou no palco com passos hesitantes