Se ela tivesse hesitado por mais um segundo, seria como um animal preso, à mercê de quem quisesse abatê-la!Nesse momento, uma risada sombria e sinistra ecoou na escuridão.— Tristão! Aparece logo, seu covarde! — Olívia gritou, os olhos atentos, o corpo tenso.Desde pequena, ela havia sido treinada por Gilbert e Bernardo, e sua audição era aguçada. Em um instante, ela identificou de onde vinha a voz. Com as mãos firmes no revólver, atirou em direção à sombra que mal se distinguia no breu.O suor já encharcava o corpo de Olívia, e seus ombros tremiam levemente. O tiroteio intenso de segundos atrás a deixou sem perceber que seu pente estava vazio.Ela rapidamente tentou alcançar a arma sob a cintura, mas só então se deu conta de que seu carregador de reserva havia desaparecido!O pânico tomou conta dela. Olhando ao redor, viu o carregador caído a poucos metros de distância, provavelmente perdido quando ela rolou no chão para evitar a armadilha.Assim que fez menção de ir pegá-lo, dois ti
Olívia usou toda a sua força para abraçá-lo, chorando desesperada ao seu ouvido, chamando o nome dele repetidas vezes.Mas, para ela, aquele que sempre a respondera, Charles, agora não conseguia mais lhe dar nenhuma resposta.— Vivia! Charles!— Vivia! Estou aqui! Vivia!— Chad! Cheguei!Foi nesse momento que Gilbert, Bernardo e Benjamin finalmente os alcançaram.Gilbert disparou dois tiros certeiros: o primeiro estourou a rótula de Tristão, e o segundo atingiu seu braço, fazendo a besta cair no chão enquanto ele gritava de dor.Mesmo assim, Tristão não desistiu. Como um cão, ele tentou rastejar para pegar sua arma e revidar.Bernardo, com reflexos rápidos, se adiantou. Seus olhos faiscavam de raiva enquanto ele pisava com força na mão de Tristão. Num movimento brusco, ele retorceu o calcanhar, esmagando os ossos do adversário.— Aaaah! — O grito de Tristão cortou a noite silenciosa e sombria, e o som dos ossos se partindo fez todos estremecerem. Aquela mão, que havia causado tantos ma
Benjamin levou Charles para a capital de País T o mais rápido possível, direto para o hospital mais renomado da cidade.A situação de Charles era crítica: ferido gravemente e com uma grande perda de sangue, sua vida estava por um fio.Benjamin, que quase nunca chorava, sentiu uma lágrima escorrer involuntariamente ao ver o amigo pálido, frágil, sendo empurrado em uma maca pelos corredores até a sala de emergência. Ele rapidamente enxugou os olhos, tentando se recompor.— Sr. Benjamin. — Uma voz clara e firme veio de trás. Benjamin hesitou um pouco antes de se virar, confuso.— Você é o...Ele tinha uma vaga lembrança do homem à sua frente. Era o mesmo que Olívia havia levado como acompanhante para o coquetel no hotel do Grupo Marques.— Pode me chamar de Dr. Gabriel. — Antes mesmo que terminasse de falar, Gabriel, vestido com um jaleco cirúrgico, já passava por Benjamin com passos rápidos. Ao cruzar por ele, disse com serenidade. — Deixe o ferimento do seu amigo comigo. Eu cuido disso
Ela ainda estava viva, mas sua alma parecia já ter partido para o lado de Charles, deixando apenas um vazio naquela bela casca que antes era seu corpo.Gilbert suspirou profundamente, abriu o primeiro botão da camisa e, com as duas mãos, tirou de dentro do colarinho um pequeno crucifixo de prata que usava há anos.— Quando o Charles acordar, dê isso a ele. — Disse ele, colocando a corrente na palma da mão de Olívia e fechando seus dedos ao redor do objeto.— Irmão, isso... Isso é... — Olívia, com os olhos arregalados de surpresa, mal conseguia acreditar.— Essa corrente não vale muito dinheiro, mas tem um significado especial para mim. Eu a uso há mais de dez anos. Durante esse tempo, sempre que estive em perigo ou enfrentei grandes problemas, ela parecia me proteger de alguma forma, me ajudando a escapar das piores situações. — Gilbert esboçou um sorriso amargo, mas seus olhos brilhavam com uma força intensa. — Agora, não há mais nada que eu possa fazer. Tudo depende do destino, da fo
Olívia e Bernardo ficaram um pouco confusos. Pelo tom de Gilbert, parecia que ele estava um pouco irritado. Será que ele estava defendendo Gabriel?Benjamin, como neto mais velho de Osvaldo, sempre teve uma vida confortável e nunca precisou se preocupar em ler as entrelinhas. Mas, mesmo com sua falta de tato, ele percebeu que o olhar frio de Gilbert carregava um traço de irritação. Rindo sem graça, ele disse:— Eu... Eu só estava perguntando. Se você o trouxe, com certeza ele é um médico de primeira. Foi só um comentário bobo, não precisava me preocupar.— Benjamin, o Dr. Gabriel é ainda melhor que eu. Não se preocupe, ele vai ter sucesso na cirurgia. — Olívia tentou tranquilizá-lo, mas sua voz começou a falhar, os olhos já vermelhos de emoção. — Quando o Chad superar essa situação, ainda precisaremos muito da ajuda dele. Ele também é especialista em neurologia, então poderá ajudar com as sequelas que o Chad pode ter...Conforme falava, sua voz foi diminuindo, até se tornar um sussurro
O delegado pigarreou e, em um inglês razoavelmente fluente, disse:— Aconselho vocês a entregarem o refém imediatamente, entregarem suas armas e nos acompanharem para uma investigação. Caso contrário, tomaremos medidas severas. As leis do nosso país são rígidas, e as consequências serão sérias demais para vocês suportarem!— Rígidas? Você está fazendo piada, né? — Olívia soltou uma risada sarcástica.O delegado a analisou de cima a baixo, soltando um sorriso frio e provocador:— Você é realmente corajosa, mocinha, mas não tem medo de apodrecer na prisão, não?Tristão, que ouvia a conversa do lado de fora, esboçou um sorriso de satisfação.— Sorrindo? Sorrindo do quê, seu desgraçado! — Bernardo arregalou os olhos e, sem pensar duas vezes, desferiu um soco no rosto de Tristão, fazendo com que ele começasse a sangrar pelo nariz instantaneamente.— Quem vai apodrecer na prisão deveria ser o seu precioso “refém”, esse criminoso desprezível. — Olívia falou com os olhos cheios de ódio, brilha
Todos estavam com os nervos à flor da pele.— Quem diabos é esse agora? — Benjamin franziu a testa, rangendo os dentes de frustração.Ele odiava o fato de que ele e Charles haviam saído com tanta pressa, sem trazer gente suficiente. A quantidade de homens era insuficiente para intimidar aquele delegado esnobe! Um simples delegado? Se fosse em Yexnard, até o prefeito teria que tratá-lo com respeito!— Você já é grandinho, mas age como um pintinho assustado. Qualquer coisa que acontece, já fica nervoso. — Bernardo lançou um olhar de desprezo para Benjamin, o cigarro balançando levemente entre seus lábios, enquanto ele mantinha uma pose relaxada. No entanto, a mão que segurava a arma estava tensa como uma corda esticada. — Não importa quem chegou, se é um ou vários. Eu dou conta de todos.— É, você tem razão. — Benjamin concordou com um aceno de cabeça, mas de repente percebeu o comentário e, irritado, franziu as sobrancelhas. — Porra! Quem você tá chamando de pintinho assustado? O pinti
— Irmã... Irmã! — Olívia gritou no momento em que viu Laís, com os olhos marejados de emoção.Gilbert e Bernardo também ficaram boquiabertos.— Laís?— Vivia! — Laís olhou para seus irmãos, os olhos cheios de lágrimas, com a voz trêmula de emoção. — Gilbert, Bernardo!— Meu Deus! — A princesa levou a mão à boca, surpresa ao ver a cena. — Querida, eles são seus familiares? Não acredito! Agora entendo por que você insistiu tanto em me trazer aqui para conhecê-los! Nossa, estou tão feliz que você tenha encontrado sua família aqui no meu país!A animação exagerada da princesa e seu tom um tanto afetado indicavam um certo excesso de teatralidade.— Eu já havia dito várias vezes que queria levá-la a Matear, para você conhecer minha família, mas nunca imaginei que seria dessa forma e tão de repente que você conheceria meus irmãos e minha irmã. Até eu estou surpresa.Laís respirou fundo, controlando suas emoções, e caminhou com elegância em direção aos familiares.Quando passou pelo delegado,