— Se o sangue ficar muito tempo, vai ser mais difícil de limpar. Então vou lavar agora e depois deixo a Bianca terminar na máquina. Assim fica tudo certo. Charles, sem que ela percebesse, havia aparecido com uma bacia grande e um banquinho pequeno. Ele estava sentado, com as pernas longas dobradas de forma um tanto desajeitada, esfregando as roupas de cama com dedicação. A imagem era curiosa: aquele homem alto, imponente, agora parecia desconfortavelmente encolhido, mas ao mesmo tempo tão focado no que fazia que o resultado era quase cômico. — Charles, você... Você sabe lavar roupa? — Olívia arregalou os olhos, surpresa. — Sempre soube. — Charles respondeu com um sorriso tranquilo, enquanto esfregava o tecido com destreza e, em poucos movimentos, já tinha removido as manchas de sangue. — O que você acha? Quando eu estava na academia militar, quem lavava minhas roupas? Você acha que eles designavam uma empregada só para isso? Olívia, ao vê-lo tão habilidoso e natural, não resi
— Diogo conseguiu subir ao poder assim tão facilmente... Que raiva! — Olívia exclamou, irritada, enquanto dava um gole grande no chá de gengibre quente. O líquido queimou sua língua, e ela começou a soprar e resmungar, com uma expressão que era, no mínimo, engraçada.Charles, com o olhar repleto de ternura, estendeu a mão para afagar os cabelos dela.— Parece fácil, mas sabemos muito bem o quanto ele trabalhou nos bastidores, usando táticas sujas, pisando nos ossos de outras pessoas para chegar onde está hoje.Olívia estreitou os olhos ao encará-lo, enquanto segurava a caneca com as duas mãos.— Pelo jeito que você fala, até parece que está admirando o esforço do Diogo.Charles sorriu de canto, balançando a cabeça.— Não é admiração. Eu só fico impressionado com o quão cruel ele pode ser.— Ele já eliminou os três irmãos da família Moura e conseguiu o cargo de presidente que tanto queria. E agora? O que ele vai fazer? Só de pensar nisso, sinto que vou entrar na menopausa de tanta raiva
Gilbert olhou para Gabriel com uma expressão impassível, mas, por dentro, uma onda de emoções o tomou de assalto. Desde a noite passada? Ele não havia dormido, permanecendo ali, parado do lado de fora da porta do quarto, apenas para vê-lo? Ao voltar à realidade, Gilbert sentiu seus dedos se curvarem levemente ao lado do corpo, como se segurassem algo que não podia escapar. — Querido, eu fiz algo errado? Disse alguma coisa que te magoou? Por favor, me diga, está bem? — Gabriel não suportava mais a frieza e o silêncio de Gilbert, e sua voz tremia de ansiedade enquanto ele se aproximava, tentando agarrar a mão dele. Mas Gilbert deu um passo brusco para trás, esquivando-se. Gabriel sentiu o vazio de suas mãos e uma onda de frio subiu pela sua espinha, espalhando-se por todo o corpo. — Querido... — Ele murmurou, confuso. — Sr. Gabriel. Os olhos de Gabriel tremeram. — O quê? Como você me chamou? — Sr. Gabriel. — Repetiu Gilbert, com uma voz ainda mais fria, como se voltasse
Olívia ficou com a mão suspensa no ar, seus olhos brilhantes se estreitando por um instante. Diante do sarcasmo de Fábio, ela realmente se sentiu irritada, mas, talvez por estar imersa no amor, sua paciência parecia maior do que antes. O incômodo foi rapidamente sufocado. Mas, se Olívia conseguia se conter, Charles não tinha a mesma disposição. Ele segurou a mão dela com firmeza, puxando-a para perto e envolvendo seus ombros com o braço. Seus olhos, que lançaram um brilho cortante, encararam Fábio sem hesitação. — Então é isso que vocês chamam de "princípio da familiar Souza". Eu achei que fosse apenas arrogância e falta de educação. Fábio franziu o cenho, sua expressão endurecendo. — O que você disse? — Ouviu muito bem. — Charles falou com uma calma gélida, sua presença dominando o ambiente como uma montanha de gelo. — Não me importo com as relações entre suas famílias, mas conheço minha Vivia. Ela é educada, gentil e nunca se desentende com ninguém sem motivo. Se você foi
— Tia. A sala ficou mergulhada em um silêncio sufocante. Maia apertou os dentes, encarando o rosto de Fábio, que exibia um sorriso zombeteiro e cruel. Ela sabia que ele ainda a chamava de “tia” não por respeito ou consideração, mas para preservar a própria imagem, para não parecer tão brutal e desalmado diante dos outros. — O avô sabe o que Gabriel fez. Ele está tão furioso que não come nem bebe há dois dias, deitado em sua cama. Você pode imaginar o quanto ele está decepcionado. — O olhar de Fábio era cortante como lâminas de gelo. — A última vez que o vi tão irritado assim foi quando você decidiu, contra tudo e todos, seguir o Sr. Érico, mesmo sabendo que ele já tinha uma esposa legítima. Você ignorou sua própria dignidade e a honra da nossa família para ser amante dele. A palavra “amante”, carregada de desprezo, saiu da boca de Fábio como um punhal. Ele a usou sem hesitação contra sua própria tia. O rosto de Maia ficou pálido, mas ela não demonstrou fraqueza. Mesmo não s
Fábio parou no meio do caminho, com aquela expressão de impaciência voltando a tomar conta de seu rosto. Olívia soltou a mão de Charles e, sem hesitar, caminhou com determinação até ele. No segundo seguinte, ela ergueu seu braço delicado com força e, com os olhos brilhando de fúria, desferiu dois tapas estrondosos no rosto daquele homem mimado e arrogante! Todos ficaram absolutamente chocados. Inclusive Charles! Não só os outros, mas o próprio Fábio ficou atordoado no instante em que os tapas estalaram em seu rosto. Por um momento, ele congelou, incapaz de processar o que acabara de acontecer. Foi só quando sentiu a dor ardente nas bochechas marcadas por dedos, o zunido nos ouvidos e o gosto de sangue no canto dos lábios que finalmente percebeu que havia sido esbofeteado. — Olívia! — Ele gritou, cobrindo o rosto com a mão enquanto seus olhos brilhavam de vergonha e ódio. Ele estava prestes a explodir. Charles, com passos largos e firmes, chegou ao lado da mulher. Sua forte
Gabriel olhou para Olívia uma última vez, com um olhar profundo e cheio de significados. Sem se virar novamente, ele atravessou os portões da Villa Werland e partiu. Ao mesmo tempo, no andar de cima, onde ninguém prestava atenção, Gilbert estava parado junto à grade do corrimão. Seu corpo alto e imponente permanecia rígido, enquanto suas mãos, agarradas ao metal frio, mostravam veias saltadas de tanto esforço. Ele observava o vulto de Gabriel se afastando, e a dor que apertava seu peito parecia se espalhar silenciosamente por todo o seu ser. Do lado de fora, assim que cruzou o portão, Fábio não conseguiu mais conter a raiva. Ele cuspiu com força no chão, expelindo uma mistura de saliva e sangue. A intensidade dos tapas de Olívia havia deixado sua marca, tanto no corpo quanto no orgulho. Gabriel viu a cena e não conseguiu evitar. Um sorriso discreto surgiu no canto de seus lábios. Mas Fábio, atento, percebeu e o encarou com ódio, os dentes cerrados de tanta fúria. — Ria, Gabri
Depois de acalmarem Maia, Olívia e Charles voltaram para o quarto. Assim que trancaram a porta, Olívia abriu os lábios para dizer algo, mas antes que pudesse pronunciar uma palavra, os braços longos de Charles envolveram sua cintura delicada, e seus lábios trêmulos e ansiosos capturaram os dela em um beijo profundo. Os olhos dela, surpresos, se arregalaram por um instante, mas logo se fecharam lentamente. Seus braços subiram, envolvendo o pescoço dele, enquanto ela se deixava levar, como se fosse uma pluma macia em seus braços fortes. Para ele, no entanto, ela parecia algo precioso e frágil, como se pudesse desaparecer de repente. Ele a segurava com tanto cuidado que parecia temer perdê-la para o ar. O beijo era quente, intenso, uma mistura de desejo e devoção. A respiração ofegante dele se misturava aos suspiros delicados dela, preenchendo o ar que parecia ficar cada vez mais denso. Olívia podia sentir o calor que emanava do corpo dele, até mesmo através da camisa. Os lábios, a