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Então ele me tomou em seus braços firmes e fortes e me levou até a taverna que aparentemente não era muito longe do mar. Eu nunca tinha visto um lugar como aquele, todo feito de madeira com uma especie de colunas e o homem me colocou para sentar em um banco também de madeira. O lugar não estava tão cheio, em sua maioria só tinha homens que assoviavam sem parar e eu não sabia o porquê.

— fiquem quietos seus porcos. Vocês não sabem respeitar uma dama? — gritou o gentil homem que me trouxe, fazendo com que aquele barulho horrível parasse. Eu já estava ficando irritada e quase cantando e isso não iria ser bom.

— Tyler. — disse o homem que me trouxe se sentando do outro lado da mesa.

— Lavínia. — ele assim como todos os homens daquele lugar pareciam encantados demais com a minha presença pois não paravam de me olhar.

— lindo nome. Então a moça quer beber alguma coisa?

— me desculpe eu não bebo. Mas se tiver água eu aceito. — que coisa eu sai da água mas a água não saiu de mim. Ri com meus pensamentos fazendo o senhor Tyler rir também. Ele chamou o rapaz que estava atrás do balcão de madeira que logo trouxe minha água.

— então como você foi parar na praia ainda por cima sem roupas? — perguntou com suas sombrancelhas erguidas por me ver beber a água o mais rápido que eu podia. E como eu disse uma sereia pode sair da água mas a água não sai de uma sereia, e eu estava com uma sensação de pele seca por isso pedi mais água.

— acho que cai de um barco. Não me  lembro muito bem. — digo bebendo mais água.

— a senhorita parece estar com muita cede.

— e estou.

— me conte mais sobre você? —  Tyler parecia estar bastante curioso a meu respeito.

— quer dizer que a senhorita caiu do barco e acabou se perdendo na praia? — afirmei com a cabeça. — e suas roupas?

— isso eu já não sei te explicar. — digo olhando em volta vendo todos aqueles homens, alguns bem bonitos com tatuagens feitas a ferro quente, uma prática muito dolorida por sinal. Procurei por alguma mulher mas sem sucesso.

— o que a senhorita procura? 

— aqui não tem nenhuma mulher? — ele me olha rindo.

— tem sim.

— e onde estão elas?

— só vejo a que está bem na minha frente. — não sei por que mas aquele comentário fez minha pele queimar.

— sabe Lavínia esse é um estabelecimento onde só homens frequentam. Você só veio porque está comigo. — achei um tanto injusto da parte deles não aceitarem mulheres. Tentei sair da mesa mas minhas pernas ainda não me obedeciam totalmente me fazendo cambalear um pouco.

— o que está fazendo? Para onde você vai? — Tyler parecia bem preocupado comigo e olha que nem cantei.

— quero ver as mulheres, a cidade quero conhecer tudo deste lugar. — respondi cambaleando para a saída e ele veio para perto, para me apoiar.

— tem certeza que já está em condições para isso?

— tenho.

— e a sua família onde está? Você tem família não tem? — Tyler estava começando a ser invasivo. Claro que tenho família, mas acontece que ele não pode saber.

— claro que tenho. — respondo tentando caminhar para fora daquele lugar.

— e onde eles estão? — ele parou bem atrás de mim me fazendo parar também.

— olha, eu não sei. Quando cai daquele barco eu não tive muitas certezas de onde eu estava, tá legal. — acho que acabei chorando um pouco por ter que mentir tanto, o fazendo me abraçar. Era tão bom poder sentir o calor de um corpo que não estivesse molhado e que também era quente tive que me afastar de seu abraço. Ele me olhou confuso, mas não me fez mais perguntas, somente entrelaçou seu braço ao meu e começamos a caminhar.

— para onde estamos indo?

— ver a cidade. Não é isso que você quer?

— sim. — por um momento eu queria dar pulos de alegria, contudo lembrei o quanto os humanos podem ser estranhos. E se eles não gostarem de mim? E se eu não gostar deles? Muitas perguntas para tudo o que eu queria descobrir.

Andamos por uma estradinha de terra cheia de plantas e vegetação, tudo muito diferente dos tantos corais e barcos naufragados onde eu moro. Não demorou muito para chegarmos a um lugar bem bonito cheio de casas um tanto precárias mas habitáveis tal como aquele lugar de antes tudo era feito de pedras e madeira. 

— Tyler o que é aquele lugar grande ali? — aponto para uma das casas.

— é uma estalagem.

— e o que seria?

— nunca esteve em uma estalagem antes? — nego com a cabeça. — bom pois é onde algumas pessoas podem passar alguns dias, morar por um tempo desde que paguem certo. — nossa eles ainda tinham que pagar para morar todos juntos? Ainda bem que já tenho lar. Que ninguém pode saber.

— certo. E o que mais podemos conhecer neste lugar?

— não sei, ciano é um lugar tão belo que tudo é digno de conhecer. — disse me fazendo vibrar. Eu queria saber tudo.

Finalmente vi umas mulheres passando por nós, vestiam roupas longas e bem cobertas pareciam ter medo de mostrar seus braços ou seria por causa do sol? Enfim não sei ao certo. O lugar era cheio de casinhas de madeira outras feitas de pedras.

— quer conhecer o castelo de ciano? — Tyler pergunta.

— e o que seria um castelo?

— bom, você nunca viu um castelo? — nego e ele me olha um tanto divertido.

— um castelo é como se fosse uma casa bem grande onde moram os reis que governam este lugar. 

— interessante. O rei é aquele a quem todos respeitam?

— sim.

— quero sim conhecer o castelo.

— só que não podemos entrar. — disse baixo.

— Como assim? Por que?

— ordens do rei.

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