Tyler olhou preocupado para os lados.
— Lavínia, o que foi isso? você está bem? — ele me pergunta assustado com o estrondo de minha calda. Ele não sabia o que tinha causado a movimentação na água.
— estou. — respondi com metade do meu corpo fora dágua sem revelar minha cauda.
— a que bom. Achei ter visto um rabo enorme de peixe atrás de você. — disse Tyler sem tirar os olhos de trás de mim. Será que ele viu mesmo meu rabo?
— como assim, o que você viu? — minha voz saiu mais falha que o normal.
— achei ter visto um rabo de peixe bem perto de você. — disse nadando até mim, que estava um pouco mais longe dele, entrei em pânico.
O medo dele me descobrir me apavorou, desejei por um breve momento que ele visse pernas ali. Sorte a minha que a água não estava tão límpida quanto a do mar. Ele olhou a minha volta parecendo não notar nada de errado.
— te assustei? — ele pergunta confuso pelo que seus olhos e ouvidos presenciaram em uma breve confusão.
— acho que não. — o medo de ser descoberta sim. Agradeci intimamente por meu desejo ter sido atendido, Mesmo que por breves instantes. Ele saiu de perto de mim nadando para o meio, fiquei preocupada mas ele me pareceu um bom nadador.
Nadei com cuidado o acompanhando mais atrás. Ele parou de repente e um novo movimento voltou para terra firme. Ele é bem estranho.
— vamos Lavínia saia logo da água. — disse preocupado, só não entendi o motivo de tanto. E novamente fiquei apreensiva com a ideia de sair. Senti minhas pernas se formando lentamente enquanto eu saia da água. — mais rápido. — ele me apressava ainda mais.
— o que? Para que tanta pressa para sair da água? — ele encarou a água daquele lago lindo, quado voltei meu olhar para o lago algo parecia estranho, de dentro dele saiam uma fumaça branca e pequenas bolhas por todo ele.
— mas o que é isso? — perguntei surpresa.
— vais me dizer que nunca viu vapor de vulcão antes? — ele me pergunta e nego.
— pode me dizer?
— bom, esse não é só um lago qualquer sua água está sobre uma fenda vulcânica que depois de uma certa parte do dia em que o sol está mais forte a fenda se aquece e libera o seu calor lá de dentro, o que faz com que o lago todo fique quente. — explicou olhando cada cara que eu fazia, mesmo que não estivesse entendendo quase nada só que agora a água fervia e era impossível nadar.
— como pode?
— um dia muito antes de nós isso já foi um vulcão.
— e como você descobriu?
— muito tempo de observação. — disse caminhando para longe do mesmo. — só podemos nadar pela manhã ou noite.
— espera, onde você está indo? — ele olha para trás.
— preciso ir ver uns amigos na taverna. Quer vir comigo?
— claro. — caminhei atrás dele.
— sabe Lavínia, aquilo foi bem estranho. Pois por causa do calor, nessas águas não podem manter vidas aquáticas. — Tyler só me deixou ainda mais nervosa com o seu comentário. Tão nervosa que não vi um galho de árvore no chão e acabei tropeçando nele caindo no chão com tudo.
Tyler se viu tão preocupado em me ajudar que acabou caindo por cima de mim. E por um breve momento nossos olhares se encontraram, ele parecia em dúvida se me beijava ou não. Então, me inclinei mais um pouco e acabei o beijando acendendo cada canto do meu corpo em um calor que nunca achei que pudesse sentir algo assim. Aquele beijo durou alguns instantes até ele parecer lembrar o que estava acontecendo e sair de cima de mim.
— me desculpe. Eu só queria ajudar. — ele estava completamente envergonhado nem conseguia me olhar direito.
— não precisa se desculpar. A culpa foi minha, acabei caindo e bem... Eu gostei. — digo direto.
— Lavínia. Não me entenda mal é só que... — ele parecia escolher as palavras certas para dizer aquilo que estava refletindo em sua face.
— eu tenho alguém entende? — ele disse o que eu já previa, aquele plano estúpido e fútil iria acabar comigo.— tudo bem Tyler, não foi culpa sua. Minhas desculpas se te fiz passar por isso. Eu só quero que possamos continuar sendo amigos. — ele se surpreendeu com minhas palavras. Eu só não podia voltar com uma má notícia.
Sempre quis ser livre e quando finalmente posso, estrago. Me sinto um peixe sem água ressecado por se debater demais pela liberdade. E mais uma vez deixo que essa maré de sentimentos passe para que eu possa aproveitar o que ficar.
— claro. Agora vamos levante. Temos que ir a Taverna, se ainda quiser, é claro? — disse me estendendo sua mão, eu à seguro firme me levantando.
Ele me abraça forte. Eu não intendi bem o motivo. Contudo acho que não está tudo perdido.
Seguimos pelo caminho até a taverna onde parecia estar havendo uma revolta por parte dos marujos. Tyler correu para ver o que estava acontecendo e eu o segui.
Assim que entrei no lugar não pude deixar de notar o corpo de um homem que parecia sem vida, pelo menos eu não sentia mais vida, em cima de uma das mesas. Os marujos estavam muito barulhentos. Homens gritando " ele está morto não há mais nada o que se fazer" outros permaneciam sentados imersos em seus pensamentos bebendo sua bebida. O dono não parecia ligar continuando atrás do balcão servindo a quem chegava.
— o que está acontecendo aqui? — Tyler gritou atraindo o silêncio e a atenção deles.
— mais um naufrágio. — disse um dos marujos perto do corpo.
— como assim? Onde foi? — Tyler parecia preocupado. Talvez isso não fosse comum.
— o mar estava calmo, mas de repente começou a ficar turbulento e o nosso barco acabou colidindo com alguns rochedos. — um dos homens dizia inconformado.
— e vocês ouviram alguma coisa? — Tyler continuou como se soubesse de algo.
— sussuros. Um canto grave. Não dava para ouvir direito pela turbulência. — como assim um canto grave? Minha cabeça já começava a pensar coisas estranhas.
— vocês sabem das lendas. Não sabem?
Como assim que lendas. Será que ele sabia de alguma coisa?— sabem que é proibido ir para aquele lado dos rochedos. Sabem que aqueles lugares são perigosos.— isso são lendas. Crendices. — disse um marujo dando um gole em sua bebida.— podem não ser. Sabem de alguns relatos? eu se e posso contar. Abrir os olhos de vocês para o que pode estar bem a nossa frente. — Tyler soava seguro e misterioso como se soubesse mesmo, ou estava contando apenas mais uma história de pescador.Todos os marujos se mostraram mais do que interessados em ouvir o que Tyler tinha a dizer.— essa é só mais uma das lendas de Ciano. Ou não. Acreditem no que quiser. Conta a lenda que uma sereia a mais bonita de todas, um dia se apaixonou por um humano mero mortal, mas foi rejeitada por ele, e para se vingar cantou o mais melodioso som que ao ouvir o homem entrou em transe e sua embarcação colidiu com alguns rochedos e naufragou. Tal como nosso amigo morto alí. — Tyler ap
Troy ainda estava a espera de uma resposta minha. Mas o silêncio tomou conta de mim. Eu não sabia explicar aquele sentimento assim de uma hora para outra. E mesmo tendo em mente aquela proposta absurda e boba de íris, ainda sim aquele beijo despertou algo em mim. Logo em mim que sempre me mantive longe de tritões por terem fama de serem sentimentalistas demais. Isso não era verdade para todos, alguns podiam ser extremamente frios e eu fugia de todos sem exceção.Troy me olhou parecendo angustiado, se virando para ir.— só não desiste de mim. — digo antes dele ir. E não olhar mais para mim. Ele deve ter entendido que eu estava mais perdida do que uma gota no meio do oceano.Nado para o lugar preferido de íris. No meio do caminho Gim me acompanha, Gim era um tanto lenta mas para uma tartaruga grande e verde, ela conseguia muito bem me acompanhar. Não demora muito e já estamos nós sentando nos rochedos que Iris tanto ama.Para ela aquele
— eu não sei Li, tudo parece tão distante de mim e ao mesmo tempo tão perto. Primeiro a proposta absurda de Íris, depois Tyler finamente me beija mas diz que é comprometido. E você sabe que odeio estragar o amor dos outros.— isso só complica. — diz Celly, atraindo o olhar de reprovação de Li.— Celly, deixa ela desabafar. — Li fez sinal para que eu continuasse.— e agora, Troy me beija despertando todo um sentimento que eu nem sabia que existia. — suspiro pesadamente em uma mistura de ansiedade e não saber o que fazer.— é como eu disse, você só se complica. — disse Celly alisando meu cabelo, ela repetia esse gesto sempre que achava que alguém estava muito encrencado ou em dúvida com sigo mesmo. E a dúvida de não saber o que fazer me ardia inteira.— calma Lavínia, tudo ira se acertar. Sabe como você mesma disse Tyler é comprometido, não tem porque continuar com isso. E Troy bom ele não tem ninguém, e se te beijou é porque não tem ninguém...<
Nadei para fora da caverna e como não avistei ninguém fui para a superfície, olhei ao redor para ver se não tinha ninguém de vigia e aparentemente tudo normal. Sai da água perto dos rochedos onde guardo meus vestidos, visto um e saí para a taverna onde talvez eu encontraria Tyler mais uma vez.Ele estava lá bebendo em uma das mesas. Sua expressão era séria e distante como se refletisse bem o que deveria ou não fazer.Me aproximei por traz tocando seu ombro com minha mão.— Tyler. — ele me encara me olhando fazendo sinal para que eu me sente. E assim faço.— eu te vi. — ele disse sem tirar os olhos de mim. Eu não sabia o por que mais aquelas palavras me deixaram preocupada. — eu te vi beijando aquele rapaz lá na praia ontem. Não só isso o que me deixou mais curioso foi o fato de você e ele não terem saído da água. — eu não acredito que isso ia ser descoberto assim tão fácil. Eu sequer sabia o que responder para ele.— bom, saímos pelo outro lado. — digo
— por que eu sou o seu príncipe e você me deve respeito e devoção. E também porque se não soltar a moça você poderá ir para o calabouço sujo e escuro do castelo. É isso que você quer?Tyler pareceu pensar sobre o assunto começando a me soltar lentamente andando para o outro lado da mesa.— fez uma boa escolha marujo. — disse o príncipe me pegando em seus braços.— isso não vai ficar assim. — disse Tyler se dirigindo para o outro lado do bar onde tinha alguns baldes.— vamos alteza me tire logo daqui. — digo nervosa imaginando o que estaria por vir.— você está bem?— sim só me tire logo daqui. — digo vendo Tyler se aproximar ainda mais de nós e antes de chegar na carruagem ele lança o balde com água que nos molha por inteiro. Já consigo sentir o efeito da pérola diminuindo com a força da água.O que antes eram pernas agora se transformavam novamente em cauda. O príncipe vendo tudo aquilo me pega no colo e me coloca de
Os dois continuavam a duvidar de mim. Até chegarmos na beira do lago de águas transparentes que me lembravam o mar. Queria que existisse algum meio de sair dessa enrascada em que me meti.— vamos Tristan o que você está esperando jogue logo ela no lago. — o rei estava inquieto enquanto o jovem príncipe parecia quase hipnotizado com o nosso reflexo na água. E como ele não teve reação eu mesma pulei não tenho nada a perder mesmo.Ao entrar em contato com aquela água maravilhosa minhas pernas se transformam em uma linda cauda que ponho para fora na beira do lago comprovando ao rei que eu sou mesmo uma sereia.— quem mais viu ela assim? — disse o homem surpreendido com a minha verdadeira identidade revelada.— alguns marujos. — Tristan respondeu sem tirar os olhos de mim. Mergulho tentando encontrar alguma saída mas aparentemente o lago não tinha ligações com o mar. Mas esse lago é grande então talvez eu preciso v
— Não foi bem assim, eu só queria que você aprendesse de uma vez por todas que os humanos podem ser maus.— então o que faz aqui com eles? Por acaso Íris sabe que vossa alteza é um príncipe e pior vive na superfície como um qualquer? — a última parte saiu com o maior ódio e raiva possível fazendo ele esbravejar e sair de perto de mim. Finalmente pude respirar novamente. Ele não parecia nada feliz andando de um lado para o outro.— eu não sou um qualquer. E não, ela não sabe. Está vendo por que temos que te matar você causa problemas demais. — disse caminhando até mim.— ninguém vai matar ela. — uma voz conhecida adentrava a sala em que estávamos. Troy parecia surpreso em me ver e mais surpreso ainda em ver seu irmão tão perto assim de mim. Imaginei que ele fosse aparecer a qualquer momento já que é irmão de Tristam e consequentemente um príncipe como ele.Todos me enganando inclusive ele.Os dois se observavam em silêncio, olhares indecifráveis e
— e Íris já sabe disso? — pergunta Celly.— Não.— melhor contar logo.— contar o que? — Diz Íris surgindo na caverna nos assustando um pouco. Não esperava ter que confrontá-la tão cedo. — vamos digam o que vão contar e para quem? — ela perguntava séria.— que a Lavínia salvou uma das nossas hoje de uma rede de pesca. — diz Celly tentando a distrair do assunto principal.— se é isso o mar inteiro já sabe, e também que os marujos estão pensando que fomos nós que matamos um pobre homem. Dias atrás eles nem sabiam da nossa existência e hoje estão a nossa procura. — Íris olhava em minha direção como se soubesse de tudo. — não vais me dizer que tem alguma coisa a ver com isso? — ela me questiona parecendo lembrar de algo.Fiquei nervosa só de lembrar de todas aquelas vozes insuportáveis gritando "morte a sereia". Tento me desviar desses pensamentos procurando minha melhor resposta pa