Nadei para fora da caverna e como não avistei ninguém fui para a superfície, olhei ao redor para ver se não tinha ninguém de vigia e aparentemente tudo normal. Sai da água perto dos rochedos onde guardo meus vestidos, visto um e saí para a taverna onde talvez eu encontraria Tyler mais uma vez.
Ele estava lá bebendo em uma das mesas. Sua expressão era séria e distante como se refletisse bem o que deveria ou não fazer.
Me aproximei por traz tocando seu ombro com minha mão.
— Tyler. — ele me encara me olhando fazendo sinal para que eu me sente. E assim faço.
— eu te vi. — ele disse sem tirar os olhos de mim. Eu não sabia o por que mais aquelas palavras me deixaram preocupada. — eu te vi beijando aquele rapaz lá na praia ontem. Não só isso o que me deixou mais curioso foi o fato de você e ele não terem saído da água. — eu não acredito que isso ia ser descoberto assim tão fácil. Eu sequer sabia o que responder para ele.
— bom, saímos pelo outro lado. — digo
— por que eu sou o seu príncipe e você me deve respeito e devoção. E também porque se não soltar a moça você poderá ir para o calabouço sujo e escuro do castelo. É isso que você quer?Tyler pareceu pensar sobre o assunto começando a me soltar lentamente andando para o outro lado da mesa.— fez uma boa escolha marujo. — disse o príncipe me pegando em seus braços.— isso não vai ficar assim. — disse Tyler se dirigindo para o outro lado do bar onde tinha alguns baldes.— vamos alteza me tire logo daqui. — digo nervosa imaginando o que estaria por vir.— você está bem?— sim só me tire logo daqui. — digo vendo Tyler se aproximar ainda mais de nós e antes de chegar na carruagem ele lança o balde com água que nos molha por inteiro. Já consigo sentir o efeito da pérola diminuindo com a força da água.O que antes eram pernas agora se transformavam novamente em cauda. O príncipe vendo tudo aquilo me pega no colo e me coloca de
Os dois continuavam a duvidar de mim. Até chegarmos na beira do lago de águas transparentes que me lembravam o mar. Queria que existisse algum meio de sair dessa enrascada em que me meti.— vamos Tristan o que você está esperando jogue logo ela no lago. — o rei estava inquieto enquanto o jovem príncipe parecia quase hipnotizado com o nosso reflexo na água. E como ele não teve reação eu mesma pulei não tenho nada a perder mesmo.Ao entrar em contato com aquela água maravilhosa minhas pernas se transformam em uma linda cauda que ponho para fora na beira do lago comprovando ao rei que eu sou mesmo uma sereia.— quem mais viu ela assim? — disse o homem surpreendido com a minha verdadeira identidade revelada.— alguns marujos. — Tristan respondeu sem tirar os olhos de mim. Mergulho tentando encontrar alguma saída mas aparentemente o lago não tinha ligações com o mar. Mas esse lago é grande então talvez eu preciso v
— Não foi bem assim, eu só queria que você aprendesse de uma vez por todas que os humanos podem ser maus.— então o que faz aqui com eles? Por acaso Íris sabe que vossa alteza é um príncipe e pior vive na superfície como um qualquer? — a última parte saiu com o maior ódio e raiva possível fazendo ele esbravejar e sair de perto de mim. Finalmente pude respirar novamente. Ele não parecia nada feliz andando de um lado para o outro.— eu não sou um qualquer. E não, ela não sabe. Está vendo por que temos que te matar você causa problemas demais. — disse caminhando até mim.— ninguém vai matar ela. — uma voz conhecida adentrava a sala em que estávamos. Troy parecia surpreso em me ver e mais surpreso ainda em ver seu irmão tão perto assim de mim. Imaginei que ele fosse aparecer a qualquer momento já que é irmão de Tristam e consequentemente um príncipe como ele.Todos me enganando inclusive ele.Os dois se observavam em silêncio, olhares indecifráveis e
— e Íris já sabe disso? — pergunta Celly.— Não.— melhor contar logo.— contar o que? — Diz Íris surgindo na caverna nos assustando um pouco. Não esperava ter que confrontá-la tão cedo. — vamos digam o que vão contar e para quem? — ela perguntava séria.— que a Lavínia salvou uma das nossas hoje de uma rede de pesca. — diz Celly tentando a distrair do assunto principal.— se é isso o mar inteiro já sabe, e também que os marujos estão pensando que fomos nós que matamos um pobre homem. Dias atrás eles nem sabiam da nossa existência e hoje estão a nossa procura. — Íris olhava em minha direção como se soubesse de tudo. — não vais me dizer que tem alguma coisa a ver com isso? — ela me questiona parecendo lembrar de algo.Fiquei nervosa só de lembrar de todas aquelas vozes insuportáveis gritando "morte a sereia". Tento me desviar desses pensamentos procurando minha melhor resposta pa
— me desculpe se te assustei. — Troy mantinha seus olhos presos em mim. — é que você parecia muito assustada em seu sonho que decidi te acordar.— calma, ninguém me seguiu até aqui. — disse olhando para os lados, notando meus pulsos machucados.— quem te fez isso? — disse segurando meus pulsos.— o que você está fazendo aqui? — acho que fui grossa. A presença dele aqui representava um grande risco para nós, para mim.— você ainda não me respondeu. Quem fez isso com você? — disse sem tirar seus olhos brilhantes dos meus pulsos queimados pelas amarras em meu sonho.— eu não sei. Acho que foi só um sonho.— sonhos não deixam marcas deste tipo. — ele me olha furioso. — eu vou matar quem fez isso com você.— seu irmão estava no sonho pode começar por ele se quiser. — nem que eu explicasse mil vezes ele entenderia que o maldito sonho foi apenas uma das versões do que pode ou não acontecer.— olha me desculpe. Nunca imaginei que ele iri
TristanDepois que descobriram a existência de sereias em Ciano, esse reino ficou insuportável. Só se fala na morte dela e como vamos pega-la.No castelo, no reino e em toda parte só se fala na maldita existência de sereias. Eu não odeio minha espécie, mas odeio o maldito momento em que me deixei encantar por Lavínia e seu jeito doce. Era claro para mim em todas as vezes que à vi de longe que ela faria algo para nós prejudicar, eu só não sabia onde e como isso aconteceria.Reconheço que sou culpado por isso, afinal fui eu quem incentivou Íris à fazer com que ela conhecesse o humano mais de perto. Humanos são seres odiosos. Mentem, manipulam, te usam e ainda te matam.E ela terá apenas isso, a morte.Pois o humano já demonstrou que quer ver ela morta. Logo ele o mais estranho dos humanos, para mim está mais do que claro que ele esconde alguma co
LavíniaFaltava pouco para chegar, mesmo com todo o medo e dor do lugar eu já conseguia sentir a paz e uma luz me invadindo aos poucos. Abrir os olhos e ver as enormes colunas de corais erguidas alí era um alívio para os olhos.- Troy, pode abrir os olhos. Acho que chegamos. - digo sacudindo seus ombros, ainda sem conseguir parar de olhar para o maravilhoso santuário de corais a nossa frente.- o que?- conseguimos.Ele ainda parecia imerso em seus próprios devaneios e pesadelos do escuro. Parecia um transe que só foi quebrado quando ele finalmente se deu conta de onde estávamos. Soltou minha mão e espalmou sua testa, queria ter certeza que não era um sonho.E não era. O santuário estava bem alí e não era um truque ou uma ilusão. Não sei exatamente o que aconteceu em seu sonho mas seu semblante estava abatido. Ele me olha
Quando Lil explicou todo o plano Troy e eu ficamos relutantes em concordar mas aparentemente não tinha outro jeito. Era morrer ou morrer já que em todo aquele mar não havia um lugar seguro sequer, e em terra firme não iriamos aguentar muito tempo sem as pérolas.Confesso que meu coração estava a ponto de partir mas eu seguiria em frente com o plano.— tem certeza que é isso mesmo que vai fazer? Sabe que não precisa se arriscar tanto!Troy estava realmente muito preocupado comigo mas eu não via outra solução já que não fui acolhida pelo santuário. Lil tinha razão ficar alí era muito mais perigoso do que imaginei.— eu não preciso. E não posso viver fugindo, uma hora vão me encontrar.— só não precisa ser agora. — disse alisando meu rosto.Depois que Lil explicou o que faríamos ela nos expulsou do santuário sem que precisassemos atravessar a parede de sombras novamente. E agora estamos os dois em algum lugar no meio do grande mar de Cian