Lavínia
Não via a hora de me tornar humana queria ver alguns daqueles lindos homens que chegavam em uma das muitas embarcações um tanto velhas que sempre atracavam no pequeno porto de ciano. Aquela parecia diferente os homens eram mais jovens e bonitos não pareciam em nada com os velhos que vinham para o vilarejo. Mas para isso preciso da permissão de íris, ela é uma boa pessoa mas não quer me deixar sair para conversar com seres normais. Ela acha que eles tem medo da gente. E também com essa cauda azul enorme já era de se esperar. Olho com apenas metade da minha cabeça fora dágua acho que não deu para perceberem que os vigio, um dos homens olha em minha direção e acabo voltando para as profundezas do oceano.
Íris já havia alertado não só a mim como também à todas as sereias e tritões dos mares que era proibido se exibir tanto para os navegantes quanto para os cidadãos do reino de ciano.
Nado para chegar a um dos lugares preferidos de Íris e como de costume lá estava ela penteando seus longos cabelos negros que cobriam seus seios, cercada de sereias de certo estavam bajulando ela para obter alguma coisa, talvez isso também fosse o que eu iria fazer. Ela era a mais poderosa de todos nós. Tinha poderes ainda desconhecidos por ela, que não esitaria nem um pouco em usar se preciso fosse.
Me sento próximo a ela em uma das rochas, ainda penteando seus cabelos com um olho no espelho e outro em mim.
- e então Lavínia o que você quer? - ela me pergunta como se já soubesse do que se tratava.
- por enquanto nada. Só vim te ver mesmo, por que é preciso querer algo para poder lhe ver? - ela me olha com um sorriso contido no canto de sua boca.
- de certa forma ou é para me bajular ou pedir alguma coisa. Se for peça logo enquanto ainda estou de bom humor. - era bom eu pedir logo mesmo eu e ninguém ali queria ver a linda íris brava ou aquele mar iria ficar mais turbulento que redemoinho dágua. Busquei coragem até da ponta da minha calda.
- quero ir ver os marujos que chegaram hoje cedo na cidade de ciano. - digo de uma vez já esperando uma de suas reações negativas.
- tudo bem. - essa foi uma resposta positiva por essa eu não esperava então me contive.
- sério?
- sim. Hoje estou feliz Tristan veio me ver. - disse baixando o espelho e olhando diretamente para mim. Tristan era o quase noivo dela e sempre que tinha tempo, vinha à ver.
- só tem um problema. - digo com a cabeça baixa.
- e qual seria? - ergueu minha cabeça com sua mão.
- minha calda. Não temos pés como os humanos lembra?
- ah mas isso é fácil de resolver. - disse me entregando uma pérola branca.
- como isso vai me ajudar?
- é uma pérola encantada que vai lhes dar pernas como os humanos assim que estiver em terra firme. Mas cuidado o seu encanto só dura por um dia. - fiquei tão feliz que quase não intendi seu aviso de cuidado. Peguei a pérola e a prendi em um pequeno colar de conchas que carrego preso em meu pescoço. Dei um abraço em íris e pulei naquelas águas límpidas que chamávamos de lar, nadando o mais rápido possível até a praia.
- o que pensa que está fazendo? - sou surpreendida por Troy o irmão mais novo de Tristan que me seguia e eu não queria que ele soubesse minhas intenções.
- não estou fazendo nada. - tentei tirar seu foco de mim mas sem sucesso.
- claro que está ou não estaria nadando tão rápido.
- tudo bem você me pegou estou me exercitando. - eu queria tanto ver as pessoas de verdade e ele fica me segurando com essa conversa.
- posso ir com você?
- não sei, a íris me pediu para buscar uma raiz para ela! - ele me olha com seus lindos olhos verdes e seu cabelo brilhante pela água.
- tudo bem pode ir então. - disse um tanto triste mas ainda com seu melhor sorriso no rosto. Espero que ele entenda que não é culpa dele isso é minha culpa quero descobrir coisas novas ver gente de verdade pois acho que é como ela falou que os humanos podem ter medo de nossas formas naturais.
Vi que Troy já havia se afastado, então decidi ir para praia. Verifiquei se a pérola estava no colar e ainda estava, sai atrás de um dos barcos a magia da pérola parecia estar ganhando vida logo senti minha calda se transformando em pernas lindas cujas quais eu não tinha domínio nenhum sai do mar quase cambaleando e ainda por cima eu estava nua. Cai na areia um tanto frustada.
- não imaginei que ter pernas daria tanto trabalho. - digo para mim mesma, e para minha surpresa sou ouvida por um homem que me olha maliciosamente com um sorriso no rosto. Acho que o fato de estar nua o atraí mais que o canto de qualquer sereia.
- moça por que você está nua deitada em meio a praia debaixo deste sol quente? Tome meu casaco. - perguntou me estendendo uma peça de pano que o mesmo chamou de casaco. Achei curioso mas como o mesmo me ajudou a colocar não me incomodei, só de não ter mais os seus lindos olhos queimando em minha pele já era um alívio.
- e então a senhorita não me respondeu? - ele parecia confuso e eu mais ainda.
- acho que me perdi. - criei uma desculpa nada agradável pois eu odiava mentir, era preciso pois nenhum cidadão de ciano ou de qualquer outro lugar iria acreditar que eu era uma sereia.
- mas assim nua no meio da praia? - disse coçando a cabeça. E eu confirmei com a minha. Acho que vi Troy mais ao longe no meio do mar ele que não ouse se mostrar não quero que ele estrague tudo ou este homem aparentemente jovem e bonito iria se juntar a tantos outros e nos caçar. Sorte nossa que eles não sabem nadar.
- vamos eu vou te levar a taverna onde meus amigos estão. - disse me ajudando a levantar no entanto meus passos ainda não eram firmes eu não tinha domínio algum sobre as minhas próprias pernas.
- a moça não consegue andar?
- não.
Então ele me tomou em seus braços firmes e fortes e me levou até a taverna que aparentemente não era muito longe do mar. Eu nunca tinha visto um lugar como aquele, todo feito de madeira com uma especie de colunas e o homem me colocou para sentar em um banco também de madeira. O lugar não estava tão cheio, em sua maioria só tinha homens que assoviavam sem parar e eu não sabia o porquê.— fiquem quietos seus porcos. Vocês não sabem respeitar uma dama? — gritou o gentil homem que me trouxe, fazendo com que aquele barulho horrível parasse. Eu já estava ficando irritada e quase cantando e isso não iria ser bom.— Tyler. — disse o homem que me trouxe se sentando do outro lado da mesa.— Lavínia. — ele assim como todos os homens daquele lugar pareciam encantados demais com a minha presença pois não paravam de me olhar.— lindo nome. Então a moça quer beber alguma coisa?— me desculpe eu não bebo. Mas se tiver água eu aceito. — que coisa eu sai da água mas a ág
Eu queria conhecer o castelo e entrar para ver como é lá dentro mas como Tyler disse que não poderíamos entrar. Não fazia sentido conhecer um lugar e não poder se estar nele. Então só o vimos de longe uma enorme construção feita de pedras e colunas grandiosas muito bonito por sinal mas um tanto estranho.Tyler também me levou para ver um lago de águas verdes com uma cachoeira maravilhosa que ficava atrás do castelo. Tive muita vontade de nadar mas lembrei que o encanto da pérola poderia quebrar e eu não queria virar peixe alí na cachoeira ainda mais na frente de Tyler.Ainda não sei nada sobre você? — digo fazendo Tyler me olhar com um riso divertido.— bom não tem muito o que saber sobre mim. — disse envergonhado.— eu gostaria de saber mais sobre você, já que fez tanta questão de saber sobre mim. — ele parecia bastante nervoso vez ou outra coçava a cabeça.— bom não tem muito o que dizer sobre mim. Sou navegante, pescador e aldeão daqui de
Com mais essa de que tenho que conquistar o Tyler isso poderia se tornar em um pequeno grande transtorno. Pois ele me tratou bem, mais isso não quer dizer que ele gosta de mim, como Íris e Tristan querem.— bom íris para isso você vai ter que me dar mais pérolas.— eu sei. — disse me dando uma pulseira cheia delas.— acho que isso dará para alguns dias.— mas e quando ele estiver apaixonado o que faremos?— o que você fará. Isso Tristan não me disse, mas você pode descobrir. — Íris estava indiferente parecia não se importar com o que aconteceria com Tyler e comigo. E principalmente o que Troy faria se soubesse desse plano nada bom.Ela me olha mais uma vez começando a cantar sua música preferida que aprendeu com sua mãe, que infelizmente não está mais aqui para ver ela sendo seduzida e fazendo as vontades de um peixe como Tristan.Vindos mar do ma
Acabei fazendo uma respiração boca a boca, não sabia muito bem o porque disso mas já vi um marujo trazer uma menina de volta a vida fazendo isso.Tyler parecia não querer acordar o que só aumentou ainda mais a minha preocupação. Fiz de novo e de novo até que ele tornou a vida tossindo água para fora de sua boca.- até que em fim você acordou pensei que iria morrer. - não contenho minha alegria e o abraço.- calma, me deixe respirar. - ele me olha confuso abrindo a boca com espanto.- o céus você está despida de novo. - afirmou fechando os olhos. Ao meu ver eu só queria salvar a vida dele e aquilo me parecia normal não sei por que ele acha isso estranho a ponto de me entregar novamente uma de suas camisas. - pegue se vista por favor. - ele me entrega e eu a visto cobrindo meu corpo que ao meu ver era normal não precisava de tantos panos.- você está bem o que aconteceu? - ele ainda cobre os olhos com as mãos acho que o sol estava bem quente mesm
Tyler olhou preocupado para os lados.— Lavínia, o que foi isso? você está bem? — ele me pergunta assustado com o estrondo de minha calda. Ele não sabia o que tinha causado a movimentação na água.— estou. — respondi com metade do meu corpo fora dágua sem revelar minha cauda.— a que bom. Achei ter visto um rabo enorme de peixe atrás de você. — disse Tyler sem tirar os olhos de trás de mim. Será que ele viu mesmo meu rabo?— como assim, o que você viu? — minha voz saiu mais falha que o normal.— achei ter visto um rabo de peixe bem perto de você. — disse nadando até mim, que estava um pouco mais longe dele, entrei em pânico.O medo dele me descobrir me apavorou, desejei por um breve momento que ele visse pernas ali. Sorte a minha que a água não estava tão límpida quanto a do mar. Ele olhou a minha volta parecendo não notar nada de errado.— te assustei? — ele pergunta confuso pelo que seus olhos e ouvidos presenciaram em uma brev
Como assim que lendas. Será que ele sabia de alguma coisa?— sabem que é proibido ir para aquele lado dos rochedos. Sabem que aqueles lugares são perigosos.— isso são lendas. Crendices. — disse um marujo dando um gole em sua bebida.— podem não ser. Sabem de alguns relatos? eu se e posso contar. Abrir os olhos de vocês para o que pode estar bem a nossa frente. — Tyler soava seguro e misterioso como se soubesse mesmo, ou estava contando apenas mais uma história de pescador.Todos os marujos se mostraram mais do que interessados em ouvir o que Tyler tinha a dizer.— essa é só mais uma das lendas de Ciano. Ou não. Acreditem no que quiser. Conta a lenda que uma sereia a mais bonita de todas, um dia se apaixonou por um humano mero mortal, mas foi rejeitada por ele, e para se vingar cantou o mais melodioso som que ao ouvir o homem entrou em transe e sua embarcação colidiu com alguns rochedos e naufragou. Tal como nosso amigo morto alí. — Tyler ap
Troy ainda estava a espera de uma resposta minha. Mas o silêncio tomou conta de mim. Eu não sabia explicar aquele sentimento assim de uma hora para outra. E mesmo tendo em mente aquela proposta absurda e boba de íris, ainda sim aquele beijo despertou algo em mim. Logo em mim que sempre me mantive longe de tritões por terem fama de serem sentimentalistas demais. Isso não era verdade para todos, alguns podiam ser extremamente frios e eu fugia de todos sem exceção.Troy me olhou parecendo angustiado, se virando para ir.— só não desiste de mim. — digo antes dele ir. E não olhar mais para mim. Ele deve ter entendido que eu estava mais perdida do que uma gota no meio do oceano.Nado para o lugar preferido de íris. No meio do caminho Gim me acompanha, Gim era um tanto lenta mas para uma tartaruga grande e verde, ela conseguia muito bem me acompanhar. Não demora muito e já estamos nós sentando nos rochedos que Iris tanto ama.Para ela aquele
— eu não sei Li, tudo parece tão distante de mim e ao mesmo tempo tão perto. Primeiro a proposta absurda de Íris, depois Tyler finamente me beija mas diz que é comprometido. E você sabe que odeio estragar o amor dos outros.— isso só complica. — diz Celly, atraindo o olhar de reprovação de Li.— Celly, deixa ela desabafar. — Li fez sinal para que eu continuasse.— e agora, Troy me beija despertando todo um sentimento que eu nem sabia que existia. — suspiro pesadamente em uma mistura de ansiedade e não saber o que fazer.— é como eu disse, você só se complica. — disse Celly alisando meu cabelo, ela repetia esse gesto sempre que achava que alguém estava muito encrencado ou em dúvida com sigo mesmo. E a dúvida de não saber o que fazer me ardia inteira.— calma Lavínia, tudo ira se acertar. Sabe como você mesma disse Tyler é comprometido, não tem porque continuar com isso. E Troy bom ele não tem ninguém, e se te beijou é porque não tem ninguém...<