Com mais essa de que tenho que conquistar o Tyler isso poderia se tornar em um pequeno grande transtorno. Pois ele me tratou bem, mais isso não quer dizer que ele gosta de mim, como Íris e Tristan querem.

— bom íris para isso você vai ter que me dar mais pérolas.

— eu sei. — disse me dando uma pulseira cheia delas.

— acho que isso dará para alguns dias.

— mas e quando ele estiver apaixonado o que faremos?

— o que você fará. Isso Tristan não me disse, mas você pode descobrir. — Íris estava indiferente parecia não se importar com o que aconteceria com Tyler e comigo. E principalmente o que Troy faria se soubesse desse plano nada bom. 

Ela me olha mais uma vez começando a cantar sua música preferida que aprendeu com sua mãe, que infelizmente não está mais aqui para ver ela sendo seduzida e fazendo as vontades de um peixe como Tristan.

Vindos  mar do mais profundo

Saídos do submundo

Aqui estamos

Aqui ficamos

Este é o nosso mundo.

Se quiser aqui conhecer

Ouvir ou perecer

Se for navegante

Um sono berrante

No mar vai padecer.

No escuro ou no clarão

O mar é nosso irmão

É nossa alegria o sol que nós guia

É nosso amor então.

É nossa alegria o sol que nós guia

É o nosso amor então.

É nossa alegria o sol que nós guia

É o nosso amor então.

Aos poucos algumas sereias já estavam alí para ouvir a linda voz de Íris, que cantava ainda com mais delicadeza e suavidade.

Aproveitei que estavam distraídos com ela e fui ver o movimento nas docas. Eu sempre ouvi os marujos falando que sereias eram seres traiçoeiros cantavam e os atraiam para o fundo do mar. Alguns contavam até que os marujos eram devorados ou usados como  escravos. Mas nunca vi Íris ou qualquer outra sereia desse mar fazendo isso. As vezes cantamos e isso não quer dizer que sejamos seres do mal como dizem. Acho que eles se deslumbram com o nosso canto perdem a direção de seus barcos e batem nos rochedos. Ciano é um lugar lindo como diz Tyler, mas seus perigos também fazem muita gente cair.

Assim como eu que iria cair pela minha própria raça. Pela mão daquela que me segurou. E por um motivo bem fútil.

O mar não estava tão agitado quanto os marujos sentiam, seus barcos não paravam quietos balançando de um lado para o outro. Alguém com certeza não estava tão feliz e satisfeito assim.

Tyler estava lá com outros homens carregando algumas caixas de madeira, não ousei me aproximar mais pelo menos não hoje, não agora. Todo aquele plano de íris e Tristan confundiram muito a minha mente, eles não pensaram em mim ou em quem quer que fosse.

Agora já era tarde, se eu desistir alguém ou todos podem sofrer com isso. Maldita vontade de descobrir mais sobre essa raça esse mundo ou esse reino. Maldita minha existência confusa.

Voltei para o fundo antes que me vissem... Voltando para a caverna  que chamávamos carinhosamente de Sereias noturnas pois só íamos para dormir, algumas eram compartilhadas outras não. A minha era compartilhada apenas com outras duas sereias Liana que tinha a cor do cabelo em vermelho e uma calda prateada e Celly sua calda era azul tal como a minha e cabelos loiros. Liana era a mais falante falávamos sobre tudo. E Celly era a mais estranha ela sempre comia nossos semelhantes os peixes pequenos enquanto eu e Li tínhamos uma alimentação a base de plantas, algas marinhas e alguns corais.

— ela está comendo peixes de novo? — pergunto a Li que confirma fazendo uma cara de nojo.

— mas e você não vai comer nada? Estou te notando um tanto abatida. — Li sabia bem ler todos os sentimentos que as pessoas manifestavam perto dela, acho que era um de seus poderes como sereia.

— não. E são apenas as circunstâncias de um desejo meu.

— que acabou indo por outro caminho não é?

— sim. Mas isso não vem ao caso agora.

— vai esperar tudo dar errado para me contar?

— isso escuta ela, que essa daí sabe das coisas. — Celly gritou mais ao fundo já se preparando para dormir.

— a íris quer que eu faça uma coisa para ela. — digo sem ânimo.

— seja o que for você pode resolver. Faça o que tem que fazer ou só escute o seu coração. — disse me abraçando, e por um breve momento que nossas caldas se tocaram eu pude sentir sua força e certeza em mim. Aquilo poderia não ser o melhor que eu iria fazer, ainda sim eu faria pela minha vontade de conhecimento. Eu realizaria ou pelo menos iria tentar realizar o desejo de Íris.

Dormi e acordei com a mesma sensação estranha de que algo não estava certo. Mas tentei não ficar pensando muito nisso.  Quando me levantei as meninas já tinha saido. Então o que me restava era sair um pouco para distrair minha cabeça, indo nadar.

O mar estava calmo, os peixes nadavam com calma e tranquilidade, passei perto de algumas embarcações antigas mas espera havia uma nova talvez tivesse afundado a pouco tempo pois não me lembro de ter a visto por aqui antes. Me aproximei mais um pouco para ver se tinha algum humano, e para minha surpresa só havia um deles, aquele que tive o prazer de conhecer e saber que ele não era tão ruim assim. Tyler estava lá no fundo dentro da cabine de madeira, então eu abri a porta com um pouco de dificuldade e tirei ele de lá o levando para a praia. Verifiquei se as pérolas estavam comigo e estavam. Aos poucos a minha calda ia perdendo a forma de peixe ganhando um ar de pernas mostrando minha nudez, não me importo afinal a vida de Tyler era mais importante no momento.

Verifiquei se ele ainda estava vivo e por sorte ainda tinha batimentos dentro de sí. Eu não sabia muito o que fazer, mas se não fizesse ele morreria bem diante de mim.