AliceAlgumas horas depois…Após algumas horas de sono, almoço com a minha família e retorno para o meu quarto e fico lá sozinha praticamente a tarde inteira. Os meus pensamentos estão silenciosos, mas as palavras de Lucca ainda gritam nos meus ouvidos. E ainda, tive o disparate de ignorar as mensagens e ligações de Jean Pierre.Algumas batidas leves na porta me fazem olhar na mesma direção e sorrio pela primeira vez desde que abri os meus olhos nas primeiras horas do dia.— Olá! — Mila literalmente cantarola seu cumprimento, ergue uma garrafa de vinho e caro e duas taças.Só você para salvar o resto do meu dia. Penso, indo ao seu encontro para abraçá-la. Um gole, dois, boas risadas. Uma taça, depois outra e mais outra. Mais risadas e eu estou leve como uma pluma.— Preciso te contar uma coisa — digo.Por quê?Porque fico falante demais quando estou descontraída demais.— Fala. Sou toda ouvidos.— Eu passei a noite com o Lucca. Mila quase se engasga com o vinho.— Porra! — Ela grunhe
AliceImediatamente largo a taça em cima do criado mudo e tento abraçá-la. Deus, eu queria tanto poder arrancar essa dor de dentro dela. Queria poder confortá-la como ela sempre faz comigo, porém, Mila faz um gesto de mãos me impedindo de sair do meu lugar e no ato, ela faz um não com a cabeça para mim.— Eu preciso terminar. — Ela se força a erguer os seus olhos molhados para encarar os meus. — Eu… preciso falar com você sobre isso… por favor.Apenas faço um sim para ela com a cabeça e enquanto ela fala, não contenho as minhas lágrimas também.— Foram doze anos de silêncio, A. Doze malditos anos de abuso.— Por Deus, Mila! Por que não contou tudo para a sua mãe? Por que não contou para alguém? — Em resposta, ela me lança um olhar cheio de raiva.— Ele sempre fazia questão me lembrar: se contar, eu mato você e a sua mãe.— Mas que filho da puta desgraçado! — rosno, sentindo as minhas carnes se tremerem.Pensar que o pai de Camila é um homem muito poderoso me deixa insana. Ele é senador
AliceQuase dois anos depois...Abro os meus olhos quando escuto o som do despertador ecoar pelo quarto e atordoada, pulo imediatamente da cama, e vou direto para o banheiro. Tomo um banho demorado e ponho um vestido rosa bebê floral, de um tecido macio e solto da cintura para baixo. Calço uma rasteirinha e corro para pegar minha mochila, e alguns livros que estão sobre a escrivaninha ao lado da cama. No entanto, os meus livros vão ao chão antes que eu consiga pegá-los e confusa, olho para o homem em pé no centro da minha sala. Ele está de costas para mim e olhando pela janela.— Lucca? — falo em estado de perplexidade. — Em silêncio, ele se vira para mim. Está sério demais e seus olhos parecem tristes. Engulo em seco e largo a mochila em cima do sofá para ir cautelosa ao seu encontro. — O que está fazendo aqui? — pergunto tão baixo que não sei se ele ouviu realmente.Ele não diz nada, apenas dá alguns passos na minha direção e me puxa para os seus braços, beijando-me inesperadamente.
LuccaAbrir os olhos todas as manhãs e encontrar o rosto de Samantha é frustrante e ao mesmo tempo desolador. Os meses passaram lentos, quase se arrastando como se quisesse me atormentar, lembrando-me sempre a mesma cena que acabou comigo: Alice passando pela porta do flat e me dizendo adeus.Adeus, eu nem tive a chance de lhe dizer o mesmo, mas decidi fazer exatamente o que ela me pediu e segui em frente. Pelo menos o meu corpo seguiu, porque a minha alma ficou trancado naquele flat luxuoso de frente para a praia.— Bom dia! — Desperto com a voz rouca de Samantha e é como se as minhas lembranças se desligassem como uma tela de TV, dando lugar a sua imagem.Suspiro audível.— Bom dia, Sam! — Penso em sair da cama, mas ela é rápida e monta em mim, fitando-me com olhos vibrantes e sorridentes, e completamente nua.— Posso saber aonde você vai? — Ela me beija calidamente na boca.O que há de errado comigo? Tem uma mulher linda, sexy e estonteante em cima de mim, insinuando um maravilhoso
Lucca— Não sei o que você fez com ela, cara, mas se a fizer chorar mais uma vez eu vou arrebentar essa sua a cara de play boy. — Uno as sobrancelhas em confusão.— Do que você está falando isso, Dilan? — pergunto calmamente.— Você sabe, não se faça de idiota. — Dito isso, ele se levanta e sai da sala. Aturdido, encosto-me na cadeira de couro e largo a caneta sobre os papéis.Samantha. Penso, levando as mãos para os meus cabelos e espalho os fios com a mesma agitação que existe dentro de mim. Não acredito que a fiz chorar. Merda, tenho agido como um cretino com ela e essa merda se acaba hoje. Penso determinado. Termino de fazer o relatório e saio da sala a sua procura. Dentro da minha cabeça se passa mil ideias e todas elas vão além do que eu acredito.— Se está procurando a Samantha, ela saiu com o Dilan. — Joe avisa saindo do alojamento com uma mochila nas costas. Apenas assinto e saio calado. Tomo um banho rápido e decido ir para um barzinho aonde sempre vou com a rapaziada quando
Lucca— O cara ficou fascinado pela médica da emergência móvel. — Tomás comenta fazendo graça. Apenas me concentro em esvaziar a minha garrafa e me aproximo do balcão para pedir outra.— Alice e o Jean estão se dando bem. — Escuto Camila falar para o seu namorado e inevitavelmente fecho a minha mão em punho, segurando um grunhido.— E por que não se dariam bem? São três anos vivendo juntos. — O garçom de entrega a cerveja, porém, antes de me afastar, ainda consigo escutar a conversa do casal.— Acho que vai sair casamento desses dois. Quer apostar? — Ela diz e eu perco o meu foco.Alice vai se casar.Bufo irritado e bebo metade da minha bebida.Como eu sou idiota!É claro que ela nunca ficaria comigo. A nossa diferença de idade é gritante e provavelmente o tal Jean deve ter a mesma idade, pensamentos e gostos. Ele tem tudo a ver com ela. Irritado com meus pensamentos respiro fundo e termino a minha cerveja. Pego o meu celular e ligo para Sam.— Onde você está? — Ela inquire assim que
Lucca— Isso, Sam, goze para mim!Rosno, segurando firme nos cabelos, trazendo o seu corpo para junto do meu e aperto a sua cintura, mantendo-a presa a mim, enquanto dou tudo de mim com força e com ritmo, me derramando inteiro dentro dela. Sem forças, caímos no colchão macio, com o meu corpo sobre o seu.Não vou mentir, essa mulher é muito boa de cama. Ela sabe me saciar como ninguém… ou como um certo alguém.Porra, Lucca, você está transando com a sua noiva, na noite do seu noivado. Não é hora para fazer comparações. Me repreendo. Solto um grunhido e me deixo cair do seu lado na cama. Sam se aproxima e começa a dar beijos minúsculos na minha pele suada como sempre faz. No entanto, me esquivo e ela me lança um olhar especulativo.— Eu vou tomar um banho— falo, me afastando sem olhá-la realmente e fecho a porta atrás de mim. Um claro aviso de que quero ficar sozinho.No chuveiro, tento não pensar em nada e esvaziar a minha mente de tudo. O banho é demorado, mais do que eu pensei que se
AliceTrinta dias depois…“Senhores passageiros, por favor apertem seus cintos de segurança. Iremos aterrissar em vinte minutos.”A voz da comissária de bordo provoca uma agitação dentro de mim, tamanha a minha ansiedade de finalmente voltar para casa. Portanto, me ajeito em cima da poltrona e ponho o cinto de segurança conforme as instruções e nervosa, olha pela pequena e redonda janela de vidro transparente.Respiro fundo.… Ele a pediu em casamento em uma boate lotada e diante de todos os colegas do corpo de bombeiros.Já tem trinta dias que Camila me contou essa novidade e desde então todo o meu mundo está bagunçado. Como ele pôde fazer isso comigo? Custava nada ficar brincando de casinha com ela até que eu voltasse para o Brasil?— A culpa é toda sua, Alice — murmuro uma acusação para mim mesma e inconformada, bufo baixinho.…— Alice, pense bem, querida! — Jean Pierre insistiu pacientemente. — Querida, você ainda tem dois meses de aula pela frente. A entrega do diploma e tudo ma