Adriana MirandaDesde que saímos do Brasil me sinto mais segura. Tenho acompanhado a gravidez da Camila mais de perto e vejo o quanto a minha ela está feliz. São meses de paz e sossego.Camila se adaptou ao seu novo lar, mas sente falta dos amigos, mas nada se compara ao fato de deitar a minha cabeça no travesseiro e dormir sabendo que estamos bem. Que tudo vai se resolver.Sorrio ao ver o casal feliz passar pela sala ao beijos indo em direção do corredor. As risadinhas felizes são contagiantes. Depois que os dois somem pelo corredor, decido ir para o meu quarto e tomar um banho rápido.Enquanto a água do chuveiro cai sobre o meu corpo penso nos meus compromissos da semana. Pois é, aqui eu voltei a trabalhar no que eu mais gosto. Ações sociais.Tenho visitado algumas comunidades pequenas, e com ajuda de alguns bons amigos médicos e advogados temos ajudado muita gente e estou muito satisfeita com a minha vida de agora.Termino o banho e envolvo o meu corpo em um roupão branco, in
Adriana Becker É agora. Penso sentindo uma espécie de frenesi percorrendo o meu corpo. Uma mistura estranha de tremedeira com energia que me deixa em alerta.Calma, Adriana! Você consegue fazer isso. Digo para mim mesma.Vinte minutos depois, estou segurando a minha pequena mala e olhando ao meu redor no grande salão do aeroporto. O meu celular volta a tocar e o nome Alice brilha na tela.Respiro fundo e atendo a ligação._ Já estou aqui. _ Digo em um tom seco._ Ótimo! Adoro quando você é obediente. Estou indo te buscar. Não fale com ninguém, não estrague tudo Adriana.Dito isto, a ligação é encerrada.Cinco minutos. Foi o tempo de Renan levou para chegar até o aeroporto. O que me leva a pensar que ele não está distante daqui. Ele me olha com frieza dos pés a cabeça e com um sorriso dissimulado se aproxima de mim, me puxando para um abraço.Congelo imediatamente.Se ele sentir a pistola, aí sim estaremos ferradas. Me desvencilho do seu abraço e o encaro rudemente._ Vamos
Adriana Becker _ Podemos tentar a janela. Eu ergo você ou você me ergue e saímos em busca de ajuda._ Digo.Alice parece se animar com a ideia._ Eu te ajudo a chegar até a janela. Estou fraca demais para correr e pedir ajuda _ sugere.De repente não sei se isso é uma boa ideia. Alice parece muito fraca e desestabilizada e isso é preocupante, mas não temos outra saída._ Ótimo. Quando estiver do lado de fora, posso tentar tirar você daqui e..._ Não, Adriana. Só, corra e peça ajuda. Se eu for com você, vou te atrasar.Respiro fundo e assinto.Seguimos até a janela. Alice faz um calço com as mãos e com um impulso consigo ver o lado de fora. Pelo menos as árvores. É o que a minha visão alcança.Faço força tentando subir, mas não dá. Não é o suficiente._ Não dá pra alcançar. Tem que ser algo mais alto. _ Resmungo. Então desço e nos entre olhamos.Droga, essa era a nossa única chance!_ Suba nos meus ombros. _ Alice diz de repente.Com um esforço sobrenatural, Alice me ajuda
Lucca—Não, Lucca! Ficou louco, a cabana está em chamas e nós não temos o equipamento pra isso. — Rafa diz segurando firme o meu braço.tento me soltar. Preciso salvá-la!— Olhe para mim, cara. Você não sabe se Alice está ali dentro. — Insiste. Com desespero na alma e os olhos em lágrimas eu o encaro determinado.— Ela está lá. Eu sinto que ela está lá, Rafa. Me solta, caralho! — Rosno me soltando do seu agarre e corro em direção da entrada.As chamas parecem zombar de mim. A cada vez que eu avanço em direção da entrada da casa, elas parecem ainda maiores e mais aterrorizantes. Mais uma vez os rapazes me seguram e me arrastam para longe dali.— Você não vai entrar ali, porra! Não vou assistir o meu amigo se matar! — Gil diz irritado.Pense, Lucca! Pense logo em algo, porra!— Outra entrada! — Digo evasivo. — Procurem outra entrada! — Peço exasperado.Os homens se espalham rapidamente. A cabana é bem pequena, então a ação precisa ser muito rápida.— Aqui Lucca! — Rafa grita da lateral
LuccaNo hospital, os procedimentos de praxe me irritam. Como assim não posso acompanhá-la? Está para nascer o caralho do médico que vai me impedir de vê-los cuidando do que é meu.— Senhor? O senhor lá dentro só iria atrapalhar os médicos… — Devo ter lançado um olhar assassino para a enfermeira que se cala imediatamente.— Eu vou entrar na porra da sala e nada, e nem ninguém vai me impedir! — rujo tão rude que não me reconheço. A mulher de estatura baixa engole em seco e se afasta. Eu bufo indo para dentro da sala.Alice já está sem o colete protetor no seu pescoço. Os médicos abrem uma brecha em seus olhos e os verifica com uma lanterninha. O sangue é recolhido em um pequeno recipiente para um exame. Eles aferem a sua pressão e se olham cumplices.— Ela está bem! — Escuto o médico dizer. — Quero que ponham um soro para hidratar e a mantenham no oxigênio para limpar os pulmões. Depois a levem para o quarto.Escuto as palavras do médico e não consigo frear o sorriso e as lágrimas que
LuccaJá é final de tarde quando o quarto finalmente fica quieto e vazio. Eu me sento na cadeira do lado da sua cama e seguro a sua mão depositando um beijo cálido ali. Inclino a minha cabeça e fecho os meus olhos sentindo o peso do cansaço sobre os meus ombros... Não demora e ouço um grito de desespero no quarto. Eu abro os olhos e vejo Alice chorando e sentada na cama.Um pesadelo. Penso e a puxo para os meus braços.—Já passou, Foguetinho! Já passou! — sibilo com voz calma próximo ao seu ouvido.Alice se afasta dos meus braços e toca o meu rosto com as pontas dos seus dedos. É como se não acreditasse que estou aqui ao seu lado. O toque me faz fechar os olhos e apreciar o contato matando a maldita saudade que me consome. Ela começa a chorar e em um impulso protetor, a tiro da cama e a carrego nos meus braços.— Me diz que não é um sonho? — Pede. O desespero, o choro, essa súplica. Tudo o que ela reflete agora oprime o meu coração. Ele precisa pagar. Penso possuído por uma vontade in
AliceMomentos durante o cativeiro...Abro os meus olhos sentindo uma dor lancinante em minha cabeça. Tento me lembrar o que aconteceu e logo as imagens do Renan Backer dentro do meu apartamento se projeta na minha frente. As palavras frias... Os puxões de cabelos... A arma em minha cabeça... Com um gemido dolorido tento me levantar e ver aonde estou. Não sei... Parece um porão escuro. Na parede em um canto bem alto há uma pequena janela de vidro, mas não consigo ver nada lá fora, tão pouco aqui dentro.— SOCORRO!!!— Grito na esperança de alguém me escutar. — TEM ALGUÉM AÍ?! — Repito o ato pelo menos umas três vezes.Não ouço nada. Solto um suspiro frustrado. Como eu pude ser tão burra???O tempo todo Téo e o Lucca estavam certos... A cadeia não segurou Renan por muito tempo. Filho da puta! Xingo mentalmente. Tateio o lugar na semiescuridão do cômodo procurando um interruptor ou alguma porta, qualquer coisa que me dê uma luz de onde estou ou uma saída. Encontro o trinco da porta. Eu o
AliceDeus, o que eu faço? Como vou sair dessa agora?Mais uma noite se aproxima e eu já me sinto sem forças. A minha garganta seca começa a arranhar e estou faminta. A falta de água e alimentação me deixa fraca e trêmula.—Lucca? — O chamo no meu delírio. Sem que eu perceba as lágrimas rolam por meu rosto. Sinto a sua falta. Tenho saudades da minha família e o pior, é que eu não sei se vou voltar a vê-los.… Não desista, Alice. …Você vai conseguir. Escuto a voz do Lucca dentro do cômodo escuro e abro os meus olhos, o encontrando do outro lado, bem perto da porta. Rapidamente me sento no colchão e com a respiração eufórica, lhe estendo a mão em uma súplica silenciosa.— Lucca? — O chamo esperançosa. As lágrimas caem em torrente.… Não desista, Alice! Ele repete até sumir na minha frente.— Não, por favor, não vai! — suplico em pranto.***Abro os meus olhos e percebo que o dia já raiou. Foi só um sonho.Não.A porta se abre a Renan passa por ela. E me forço a levantar e me sento