Continua
— Eu sinto muito pela perda de vocês... — Hayden mantinha a voz baixa, mostrando uma empatia singular aos pais da sua última vítima, uma jovem de dezenove anos que foi brutalmente morta pelo namorado ciumento.Era algo um tanto triste e desmotivador para se ver, mas ele sabia que de certa forma necessário que alguém tivesse respeito pelo corpo dela, alguém que a tocasse de forma digna, alguém que desse aos pais um pouco de sua integridade.— Obrigado... muito obrigado! — A mulher choramingou.— Ela parece dormir, não parece? — O pai murmurou — nem parece que ele fez aquela monstruosidade com a nossa menina! Obrigado!— Não precisa agradecer... vou liberá-la em uma hora, Sidnei irá levá-los para a área de espera! — Sidnei era o ajudante do necrotério, ele era responsável por guiar os familiares por dentro do lugar, evitando que entrassem na hora errada ou no lugar errado.Hayden esperou que os três saíssem e voltou para dentro da sala, cobrindo novamente o rosto da menina e começando a
Era uma sensação estranha, o luto á tinha sido vivido por ele, o luto já tinha passado, já tinha sido sofrido, mas a verdade era que visitar aquele local de despedida era reconfortante de certa forma, uma conexão com quem se foi.Malik encostou a cabeça na janela fechada depois de passar o cinto por seu corpo, ele via a paisagem mudar à medida que o carro avançou, ele não pôde ao menos dizer quanto tempo estava no carro, era realmente um traço de sua personalidade desassociar de certa forma e ficar alheio ao redor.Samuel conhecia o amigo a muitos anos, sabia disso e por isso permaneceu quieto, apenas levando o carro para casa e sabendo que ele precisava de um apoio maior.Quando pararam em frente à casa de Samuel, os dois desceram em silêncio, quando Hayden viu o outro abrir a porta, Vanessa logo correu até o pai, abraçando suas pernas e sorrindo para ele.Vanessa era uma criança linda, seus olhos castanhos pareciam focados no pai e curiosos com o que tinha atrás dele, sorrindo ainda
O médico os encarou e viu os dois voltarem para a cozinha, se concentrando no garoto que agora jogava um boneco para que Kripton pudesse buscar.— O que foi, Nic?— Você é médico da cabeça, não é? — Perguntou de forma infantil.— Sou...— E do coração? — Dominic perguntou baixinho — eu queria que o Oliver estivesse aqui para brincar comigo! A gente era muito amigo e eu não falo dele porque meus pais choram...— Eles choram porque amavam o Oliver, amam ainda! Mas, se tiver saudades do seu irmão, pode falar com os seus pais! — Aconselhou.— Tio, acha que meus pais me amam? — Os olhinhos redondos estavam cheios de dúvidas e medo, como se não quisesse a resposta ao mesmo tempo que implorava por ela.— Como nunca amaram ninguém! Você é o filho deles, você é o amor da vida deles e não só eles te amam, como toda a família te quer muito bem e queremos te mostrar o quanto te amamos! — Aaron sorriu — assim como amam e sempre vão amar seu irmão... Dominic, eles têm dois filhos e nunca deixaram d
Quando o carro parou em frente à casa de Aaron, Dominic não soube se deveria ou não descer.Ele ficou encarando a casa, sentindo uma onda de sentimentos tão bagunçada que ele nem mesmo respondeu quando foi chamado pelos polícias que estranharam museu silêncio e paralisia repentina.— Dominic, está tudo bem? — um dos policiais perguntou, preocupado.Dominic piscou algumas vezes, tentando focar sua visão na porta da casa. Finalmente, ele assentiu levemente, respirando fundo antes de abrir a porta do carro e descer.— Obrigado pela carona — murmurou, sem olhar para trás.Ele caminhou lentamente até a porta de Aaron, seus passos pesados como se estivesse carregando o peso do mundo. Cada movimento parecia exigir um esforço monumental, mas ele continuou, determinado a chegar ao seu destino.Quando finalmente chegou, hesitou por um momento antes de bater na porta. O som ecoou na noite silenciosa, e Dominic podia ouvir seu próprio coração batendo forte em seus ouvidos. A porta se abriu e Aaron
Aos poucos, Dominic abriu os olhos e encarou o rosto de Aaron. O médico ainda dormia e o escritor tirou alguns minutos para observar o outro, vendo com perfeição seus traços tão únicos, suas pálpebras descansando suavemente sobre os olhos, criando uma expressão serena. O médico parecia estar em sono profundo, o mais novo não sabia que horas eram, sentia uma leve dor de cabeça, mas não parecia ser de ressaca e sim por ter dormido pouco.Ele se levantou e procurou o celular, vendo que ainda eram cinco da manhã, ele saiu do quarto e caminhou até a cozinha, não ligou as luzes ou fez algum barulho, mas ficou extremamente surpreso quando viu a luz do cômodo acesa e Darío parado ali, bebendo cerveja.— Oi... — Dominic murmurou vendo o outro lhe encarar — não sabia que estava aqui...— Hum...Dominic não insistiu em algum diálogo, apenas pegou uma garrafinha de água e começou a caminhar de volta ao quarto, mas parou quando ouviu a voz do policial.— O que você quer? — Darío questionou e Domin
Dominic acordou quando mãozinhas pequenas cutucaram seu rosto.— Oi! — O garotinho falou sorrindo, segurando uma coberta pequena e azul.— Oi... — Dominic tentou acordar de verdade — quem é você?— Eu sou o Dominic! Você é o marido do meu padrinho? — Dominic se sentou, notando que estava sozinho na cama.— Não... sou um amigo dele! — O escritor respondeu se espreguiçando, logo depois pegando o menino e colocando-o sentado na cama.— Qual o seu nome?— Dominic também! — Sorriu — quantos anos você tem?— Oito! Vou fazer nove! — Sorriu — você que deu o Kripton para o meu tio?— Foi sim... gostou dele?— Gostei! O outro cachorrinho é seu? — Os olhinhos dele tinham uma curiosidade genuína.— É... gostou deles? — O escritor estava amando aquele menino.— Muito! Me dá um? — Pediu com uma expectativa infantil.— Seus pais deixam? — Antes do menino responder, James apareceu no quarto, vendo a situação.— Desculpa... ele entrou sem eu ver! — O policial se desculpou.— Sem problema! Posso dar um
Dominic se sentiu verdadeiramente triste quando viu o estado que Malik estava!As olheiras eram evidentes, o cansaço físico também transparecia por seus olhos, por seus ombros curvados, por inúmeros motivos e com certeza o escritor engoliu seco ao ter aquele olhar tristonho em sua direção.— Você veio.... — Hayden murmurou sorrindo um tanto cansado.— Você me chamou! — Dominic sorriu entrando na casa e deixando o cachorro no chão.— Um cachorro? — O médico perguntou vendo o animal começar a correr pela casa.— Achei ele ontem! Ainda não tenho um nome!— Por que não deixou na casa do Huang? — O tom de voz que Hayden usou fez Dominic se virar de uma só vez, olhando o mais velho que parecia sério demais.— Porque ele é meu! — Respondeu como se fosse óbvio.— Entendi... já comeu alguma coisa? — Começou a caminhar em direção a cozinha.— Não... acabei de acordar na verdade! — Respondeu seguindo-o.O silêncio foi quase instantâneo, ninguém disse mais nada, apenas ficaram quietos e Malik pr
Dominic chegou na casa de Simon com os olhos cheios de lágrimas, sabendo que não tinha um lugar certo para ir, com a morte do imitador, ele poderia voltar para a sua casa, mas, ainda sim ele sentia um certo medo tomar conta de si.Quando Thayla abriu a porta, a mulher entendeu com apenas um olhar que o amigo não estava bem, deixou que ele entrasse e logo chamou o primo, Simon se apressou em começar a consolar o outro, ambos tentando entender o que o escritor balbuciava.— Dominic, o que aconteceu? — Simon perguntou com voz calma, colocando a mão no ombro do amigo.— Eu estraguei tudo, Simon. Estou cansado disso tudo. — Dominic falou com a voz embargada, tentando controlar as lágrimas.Thayla trouxe um copo d'água e entregou a Dominic, sentando-se ao lado dele. Ela sabia que ele precisava de apoio, mesmo que não pudesse resolver tudo de imediato.— Você não estragou nada, Dominic. Está passando por um momento difícil. O que aconteceu?Dominic contou a eles sobre como Malik reagiu ao se