“A noite estava fria, e uma neblina densa envolvia a pequena cidade de Elmwood. As luzes dos postes piscavam, lançando sombras dançantes nas calçadas vazias. Dentro da mansão Thornfield, um silêncio inquietante dominava os corredores, quebrado apenas pelo ocasional rangido do assoalho antigo.No escritório, o relógio de pêndulo marcava exatamente meia-noite. Senhor Harrison, o patriarca da família, estava sentado em sua poltrona de couro, lendo um antigo manuscrito à luz trêmula de uma lamparina. O fogo na lareira crepitava suavemente, proporcionando um calor reconfortante no ambiente.De repente, a porta do escritório abriu-se silenciosamente, e uma figura encapuzada entrou, movendo-se com a graça furtiva de um predador. O som dos passos era quase inaudível, abafado pelo tapete espesso que cobria o chão. Harrison, absorto em sua leitura, não percebeu a presença intrusa.O intruso aproximou-se lentamente, segurando uma lâmina reluzente que refletia as chamas da lareira. Cada passo era
— Eu sinto muito pela perda de vocês... — Hayden mantinha a voz baixa, mostrando uma empatia singular aos pais da sua última vítima, uma jovem de dezenove anos que foi brutalmente morta pelo namorado ciumento.Era algo um tanto triste e desmotivador para se ver, mas ele sabia que de certa forma necessário que alguém tivesse respeito pelo corpo dela, alguém que a tocasse de forma digna, alguém que desse aos pais um pouco de sua integridade.— Obrigado... muito obrigado! — A mulher choramingou.— Ela parece dormir, não parece? — O pai murmurou — nem parece que ele fez aquela monstruosidade com a nossa menina! Obrigado!— Não precisa agradecer... vou liberá-la em uma hora, Sidnei irá levá-los para a área de espera! — Sidnei era o ajudante do necrotério, ele era responsável por guiar os familiares por dentro do lugar, evitando que entrassem na hora errada ou no lugar errado.Hayden esperou que os três saíssem e voltou para dentro da sala, cobrindo novamente o rosto da menina e começando a
Era uma sensação estranha, o luto á tinha sido vivido por ele, o luto já tinha passado, já tinha sido sofrido, mas a verdade era que visitar aquele local de despedida era reconfortante de certa forma, uma conexão com quem se foi.Malik encostou a cabeça na janela fechada depois de passar o cinto por seu corpo, ele via a paisagem mudar à medida que o carro avançou, ele não pôde ao menos dizer quanto tempo estava no carro, era realmente um traço de sua personalidade desassociar de certa forma e ficar alheio ao redor.Samuel conhecia o amigo a muitos anos, sabia disso e por isso permaneceu quieto, apenas levando o carro para casa e sabendo que ele precisava de um apoio maior.Quando pararam em frente à casa de Samuel, os dois desceram em silêncio, quando Hayden viu o outro abrir a porta, Vanessa logo correu até o pai, abraçando suas pernas e sorrindo para ele.Vanessa era uma criança linda, seus olhos castanhos pareciam focados no pai e curiosos com o que tinha atrás dele, sorrindo ainda
O médico os encarou e viu os dois voltarem para a cozinha, se concentrando no garoto que agora jogava um boneco para que Kripton pudesse buscar.— O que foi, Nic?— Você é médico da cabeça, não é? — Perguntou de forma infantil.— Sou...— E do coração? — Dominic perguntou baixinho — eu queria que o Oliver estivesse aqui para brincar comigo! A gente era muito amigo e eu não falo dele porque meus pais choram...— Eles choram porque amavam o Oliver, amam ainda! Mas, se tiver saudades do seu irmão, pode falar com os seus pais! — Aconselhou.— Tio, acha que meus pais me amam? — Os olhinhos redondos estavam cheios de dúvidas e medo, como se não quisesse a resposta ao mesmo tempo que implorava por ela.— Como nunca amaram ninguém! Você é o filho deles, você é o amor da vida deles e não só eles te amam, como toda a família te quer muito bem e queremos te mostrar o quanto te amamos! — Aaron sorriu — assim como amam e sempre vão amar seu irmão... Dominic, eles têm dois filhos e nunca deixaram d
Quando o carro parou em frente à casa de Aaron, Dominic não soube se deveria ou não descer.Ele ficou encarando a casa, sentindo uma onda de sentimentos tão bagunçada que ele nem mesmo respondeu quando foi chamado pelos polícias que estranharam museu silêncio e paralisia repentina.— Dominic, está tudo bem? — um dos policiais perguntou, preocupado.Dominic piscou algumas vezes, tentando focar sua visão na porta da casa. Finalmente, ele assentiu levemente, respirando fundo antes de abrir a porta do carro e descer.— Obrigado pela carona — murmurou, sem olhar para trás.Ele caminhou lentamente até a porta de Aaron, seus passos pesados como se estivesse carregando o peso do mundo. Cada movimento parecia exigir um esforço monumental, mas ele continuou, determinado a chegar ao seu destino.Quando finalmente chegou, hesitou por um momento antes de bater na porta. O som ecoou na noite silenciosa, e Dominic podia ouvir seu próprio coração batendo forte em seus ouvidos. A porta se abriu e Aaron
Aos poucos, Dominic abriu os olhos e encarou o rosto de Aaron. O médico ainda dormia e o escritor tirou alguns minutos para observar o outro, vendo com perfeição seus traços tão únicos, suas pálpebras descansando suavemente sobre os olhos, criando uma expressão serena. O médico parecia estar em sono profundo, o mais novo não sabia que horas eram, sentia uma leve dor de cabeça, mas não parecia ser de ressaca e sim por ter dormido pouco.Ele se levantou e procurou o celular, vendo que ainda eram cinco da manhã, ele saiu do quarto e caminhou até a cozinha, não ligou as luzes ou fez algum barulho, mas ficou extremamente surpreso quando viu a luz do cômodo acesa e Darío parado ali, bebendo cerveja.— Oi... — Dominic murmurou vendo o outro lhe encarar — não sabia que estava aqui...— Hum...Dominic não insistiu em algum diálogo, apenas pegou uma garrafinha de água e começou a caminhar de volta ao quarto, mas parou quando ouviu a voz do policial.— O que você quer? — Darío questionou e Domin
Dominic acordou quando mãozinhas pequenas cutucaram seu rosto.— Oi! — O garotinho falou sorrindo, segurando uma coberta pequena e azul.— Oi... — Dominic tentou acordar de verdade — quem é você?— Eu sou o Dominic! Você é o marido do meu padrinho? — Dominic se sentou, notando que estava sozinho na cama.— Não... sou um amigo dele! — O escritor respondeu se espreguiçando, logo depois pegando o menino e colocando-o sentado na cama.— Qual o seu nome?— Dominic também! — Sorriu — quantos anos você tem?— Oito! Vou fazer nove! — Sorriu — você que deu o Kripton para o meu tio?— Foi sim... gostou dele?— Gostei! O outro cachorrinho é seu? — Os olhinhos dele tinham uma curiosidade genuína.— É... gostou deles? — O escritor estava amando aquele menino.— Muito! Me dá um? — Pediu com uma expectativa infantil.— Seus pais deixam? — Antes do menino responder, James apareceu no quarto, vendo a situação.— Desculpa... ele entrou sem eu ver! — O policial se desculpou.— Sem problema! Posso dar um
Dominic se sentiu verdadeiramente triste quando viu o estado que Malik estava!As olheiras eram evidentes, o cansaço físico também transparecia por seus olhos, por seus ombros curvados, por inúmeros motivos e com certeza o escritor engoliu seco ao ter aquele olhar tristonho em sua direção.— Você veio.... — Hayden murmurou sorrindo um tanto cansado.— Você me chamou! — Dominic sorriu entrando na casa e deixando o cachorro no chão.— Um cachorro? — O médico perguntou vendo o animal começar a correr pela casa.— Achei ele ontem! Ainda não tenho um nome!— Por que não deixou na casa do Huang? — O tom de voz que Hayden usou fez Dominic se virar de uma só vez, olhando o mais velho que parecia sério demais.— Porque ele é meu! — Respondeu como se fosse óbvio.— Entendi... já comeu alguma coisa? — Começou a caminhar em direção a cozinha.— Não... acabei de acordar na verdade! — Respondeu seguindo-o.O silêncio foi quase instantâneo, ninguém disse mais nada, apenas ficaram quietos e Malik pr