— Você... — Karina estava tão chocada que nem conseguiu terminar a frase. Ficou apenas olhando para Lucas, atônita, questionando se aquele homem diante dela ainda era o mesmo. Lucas riu suavemente, mas seu sorriso carregava um amargor profundo: — Por que está me olhando assim? Será que ele não entendia? Ele estava tão estranho! Karina hesitou antes de perguntar: — Por que está fazendo isso? — Não há um porquê. — Rspondeu Lucas, com tranquilidade. — Essas coisas pertenciam à sua mãe. Ela já se foi, então devem ficar com vocês dois. Fazia sentido, de fato... Mas Karina não conseguia entender por que, anos atrás, ele se recusava a dar qualquer coisa. Agora agia com tanta generosidade, mas no passado... Ele a havia empurrado até o limite! Lucas compreendeu o que se passava no coração da filha e falou, com um tom cheio de culpa: — O que passou, não pode mais ser mudado. Isso tudo é seu por direito, aceite. Leve essas coisas com você. A parte que pertence a você e ao Ca
Ao se sentar no carro, Karina tomou a iniciativa de puxar conversa com ele:— Posso te fazer uma pergunta?— Claro, claro. — Ademir assentiu prontamente. — Que pergunta?— É que... — Karina apertou os lábios. — Transferência internacional... Em média, leva quantos dias para cair?Ele era um homem de negócios, esse tipo de assunto, ele com certeza deveria dominar.— De três a cinco dias. — Ademir respondeu sem pensar muito. — Claro que, em alguns casos, pode demorar mais. Se depois de sete dias ainda não tiver caído, aí tem que verificar o que houve.Só então Ademir devolveu a pergunta:— Por que você quer saber isso?Pelo que ele sabia, Karina não tinha nenhum motivo para fazer transferências internacionais.— Nada demais. — Karina balançou a cabeça. — Só curiosidade mesmo.Por dentro, porém, ela fazia cálculos silenciosos. De três a cinco dias... E hoje já era o quarto.E até agora, ela não tinha recebido nenhuma notícia do desconhecido.Talvez... Fosse melhor esperar mais um pouco?M
— Não é nada. — Karina enfim começou a reagir, soltando Ademir com um suspiro cansado. — Você comprou a água? Me dá... Estou meio exausta. Quanto antes terminar o exame, mais cedo a gente pode ir embora.— Só cansada?Ademir não conseguia esconder a preocupação. Karina parecia distante, como se algo pesado ocupasse seus pensamentos.Ele abriu a garrafa e a estendeu para ela.— Aqui.— Obrigada.O exame pré-natal durou ao todo cerca de uma hora. Quando voltaram para a Rua de Francisco Antônio, ainda não passava das quatro da tarde.Assim que o carro parou, Karina abriu a porta e desceu sem hesitar.— Karina, eu te levo até lá em cima!— Não precisa!Sem nem sequer olhar para trás, ela disparou prédio adentro.Quando ele saiu do carro e correu atrás, já era tarde, Karina havia subido de elevador.Ademir curvou os lábios num sorriso amargo. O quanto ela estava cansada dele?...Assim que entrou no apartamento e fechou a porta, Karina correu direto para o escritório.No momento em que empu
Era um vídeo de vigilância.O vídeo era muito curto, com apenas alguns segundos.Uma imagem não muito clara mostrava o homem entrando na sala... Era ele... Karina apertou o botão de pausa e a imagem se congelou. Não havia dúvidas, aquele era Ademir! Embora a qualidade da imagem fosse ruim, como Karina poderia não reconhecê-lo? Eles haviam compartilhado a relação mais íntima que uma pessoa poderia ter nesta vida! Agora, ao refletir... O homem daquela noite se parecia muito com ele. A mesma altura, a mesma força. Karina ficou chocada por não ter percebido antes! Então, isso significava que, no dia seguinte ao ocorrido, eles já haviam se encontrado novamente! Karina era a noiva que ele havia procurado... Ademir, o noivo que se recusava a assumir a responsabilidade, que não queria reconhecer o compromisso! E, no entanto, eles haviam se enredado até aquele momento! O destino realmente era surpreendente! Karina soltou uma risada irônica. Era ele, era realmente ele
Karina acreditava em si mesma. Porém, ela não conseguia acreditar em Ademir. Assim que ele soubesse, que tinham um filho, ele não a perdoaria! — Não, não... — Karina temia essa sensação e, instintivamente, balançou a cabeça. Karina não queria isso. Não era isso o que já havia decidido? Ela só queria saber quem era o pai do filho... Apenas isso. Agora, por ser Ademir, ela deveria aceitá-lo? — Mas, não é igual, não é a mesma coisa. Ademir sabia da existência daquela criança, e ele deveria ter o direito de saber, ele era o pai do filho! O que fazer? Por que tinha que ser ele? Além disso, quem era a pessoa desconhecia usando o modulador de voz? Como ela sabia a verdade? E por que, afinal, teve que revelar a verdade para ela? Ele estava atrás dela ou de Ademir? Seria inimigo? Ou aliado? Karina sentia uma dor de cabeça intensa, incapaz de tomar uma decisão. Ela permaneceu ali, imóvel, o vento frio do inverno a envolvia, mas ela mal sentia o frio. O inverno
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu