— O que você perdeu? — Karina também ficou curiosa. — O isqueiro. — Ademir fez um gesto com a mão. — Aquele isqueiro que eu sempre uso. Karina fez uma leve lembrança e perguntou: — Será que não ficou em casa? Ela se lembrava de tê-lo visto na noite anterior, na sala de estudos. — Não. — Sem encontrar nos bolsos, Ademir desistiu de procurar, franzindo a testa e balançando a cabeça. — Quando saí da empresa, ainda usei esse isqueiro. Era claro que ele gostava muito daquele isqueiro. Ele continuou: — Esse isqueiro foi um presente de aniversário que meu avô me deu, há um ano. Presentes de aniversário, especialmente os dados por alguém tão importante, seriam uma perda grande. — E se ficou no carro? — Karina também parou de comer e guardou a caixa de pastéis de nata. — Vamos dar uma olhada no carro. — Certo. Os dois entraram no carro e procuraram cuidadosamente. Mas, infelizmente, não encontraram o isqueiro. Ademir soltou um suspiro e pegou Karina, que ainda estava
A coisa mais complicada, sem dúvida, era escolher um presente de aniversário. O que seria adequado para dar de presente? O que Ademir poderia estar precisando? Um carro, talvez? Ou um relógio? Mas ele já tinha tudo isso, e ela, sinceramente, não podia se dar ao luxo de comprar algo assim. Embora, depois do casamento, Ademir tivesse lhe dado novamente seu cartão de crédito adicional, ainda assim, usar o dinheiro dele para comprar um presente para ele não parecia certo. De repente, Karina teve uma ideia: um isqueiro. Ele tinha perdido um recentemente, e um isqueiro novo seria um presente adequado. Além disso, mesmo que fosse de uma marca famosa, o preço não seria tão alto. Se fizesse um esforço, talvez ela conseguisse comprar. Mas, depois de pensar um pouco mais, ela começou a duvidar dessa ideia. O isqueiro que ele perdeu havia sido um presente de Otávio, e aquele isqueiro tinha um significado especial. Será que um simples isqueiro novo conseguiria substituir o valor senti
Ademir ficou em silêncio por um momento, deu um sorriso e disse: — Você tem medo de que eu faça algo de errado? Não pense besteira. Vou voltar, claro que vou. Ele já estava casado, e não podia simplesmente deixar de voltar para casa à noite. Por mais tarde que fosse, ele sempre voltaria para dormir ao lado da esposa. Karina se sentiu um pouco culpada e falou: — Então, vou desligar o telefone. — Tá, boa noite. Após desligar, Karina ficou pensando. Ela não estava vigiando ele, nem preocupada com o que ele poderia estar fazendo de errado. A questão era que, naquele momento, ela sentia uma intuição, uma sensação estranha de que algo estava prestes a acontecer. Seria por causa da gravidez, que a fazia pensar demais? Ela esperava que fosse só paranoia dela. ... Feira da Ladra. O carro de luxo preto parou na esquina. Aquele lugar ficava na parte antiga da cidade, onde as ruas eram estreitas e não permitiam a entrada de veículos. Júlio abriu a porta do carro: — Ademir
Com um sorriso frio, ele deu um olhar significativo na direção da porta e disse:— Nossos homens vão te levar até a delegacia. Afinal, isso não é seu!A expressão do homem mudou instantaneamente, e ele engoliu em seco.— Vocês... Como sabem que isso não é meu?— Fale logo! — Júlio gritou de repente, com raiva. — Não perca mais tempo com essas perguntas sem importância!— Falar, eu falo! — O homem estava completamente amedrontado. Ele era apenas um homem de meia-idade comum, mas nem Júlio havia usado de força ainda e ele já estava com medo. — Fui eu que roubei!Roubou? Ademir e Júlio se entreolharam. Realmente não era dele! Ou seja, não poderia ser de um familiar ou amigo dele também. Sem precisar de uma ordem de Ademir, Júlio voltou a perguntar:— De quem você roubou?Ademir estava muito tenso, prendendo a respiração enquanto aguardava pela resposta.— Isso... — O homem balançou a cabeça, confuso. — Não sei de quem é...— Ainda se atreve a mentir pra mim?— Não, não! — O homem ba
O que seria aquilo?Karina não conseguiu enxergar claramente, e o pequeno objeto rolou para debaixo do armário.Ela se agachou para pegar.— O que está fazendo? — A voz masculina, grave e cheia de sono, soou com desagrado, interrompendo ela.Karina levantou a cabeça e respondeu:— Algo caiu, só quero pegar.Ademir franziu a testa com irritação:— Não conhece o próprio corpo? Se curvar para pegar algo... Isso é coisa que uma mulher grávida deve fazer?Karina franziu a testa, dizendo:— Não acho que isso seja um problema.Ademir deu dois passos à frente.— Quando algo acontecer, vai ser tarde demais para chorar! — Ele segurou a mão dela. — Deve ser a minha abotoadura, a governanta vai recolher depois, ela pega para você.— Está bem. — Ele estava se preocupando com ela, então Karina não insistiu. Concordou com um gesto e completou. — Hoje estou com pressa, não vou almoçar com você. Nos vemos à noite.Ademir franziu a testa, insatisfeito:— Tão cedo?— É... — Os olhos de Karina brilharam p
Quando chegaram à entrada da fábrica, Patrícia já estava esperando.— Aqui! O carro parou em frente a Patrícia, e Karina saiu do veículo. Tirando um desenho do bolso, ela perguntou:— Você pode dar uma olhada e ver se é viável?— Claro.Enquanto caminhavam, conversavam. Patrícia abriu o desenho, analisou e acenou com a cabeça:— Não vejo problemas, acho que dá para fazer. E esses materiais, todos estão disponíveis.— Que bom.Enquanto elas conversavam, Bruno, discretamente, olhou para o que estava sendo discutido. Não conseguiu entender os detalhes do esboço, mas a imagem final estava clara.Parecia ser um isqueiro.Ele não pôde evitar abrir os olhos, surpreso. Karina não estaria realmente planejando fazer um isqueiro com as próprias mãos, estaria?Logo ele descobriu que sua suposição estava certa.Patrícia levou Karina para dentro da fábrica e a conduziu até o estúdio do pai.— Já falei com o meu pai, você pode usar o que precisar.As duas se concentraram no desenho. Karina estava o
Ademir não disse uma palavra, permanecendo em silêncio por um longo tempo.Após alguns momentos, ele falou:— Eu mesmo vou lá.Independentemente de ser ou não a pequena borboleta, ele precisava ir pessoalmente para confirmar.Ele tocou na aliança de casamento que usava na mão esquerda.Se fosse ela, finalmente resolveria uma preocupação que carregava há anos.Se não fosse, então ele desistiria de vez e não a procuraria mais....De acordo com o local que Júlio recebeu, estava em uma área turística no lado oeste da Cidade J. O lugar combinado era uma cafeteria. Como se tratava de uma área turística, havia uma grande circulação de pessoas. Parecia que a outra parte estava bastante cautelosa, pois, sem saber quem seria exatamente, escolheu esse local.— Ademir. — Júlio se sentou em um lugar no saguão e falou. — Ela disse que, se não fosse em um salão reservado, seria aqui mesmo.— Tudo bem. — Ademir assentiu, sem objeções. — Quando ela chega?Júlio se sentou e pegou o celular:— Vou man
— Não se preocupe. — Júlio falou sem a necessidade de um pedido de Ademir. — Não posso deixar que você saia prejudicada.Esse valor, para Ademir, não significava nada.Nadia virou os olhos, pensando rapidamente:— Sr. Ademir, posso perguntar por que o senhor comprou esse grampo de cabelo?Ademir não respondeu de imediato e se levantou:— Isso não é da sua conta. Receba a compensação e fique tranquila.Ademir deu um passo, prestes a ir embora.— Espere! — Nadia chamou ele apressada. — Sr. Ademir, por favor, espere!Ademir parou, franzindo levemente a testa:— Há mais alguma coisa?— Sim. — Nadia assentiu rapidamente. — Ainda não terminei. Esse grampo de cabelo, embora tenha caído nas minhas mãos, não é meu.Ademir se deteve, olhando para ela.Com uma calma quase inquietante, ele perguntou:— Então, de quem é esse grampo de borboleta?— Sr. Ademir. — Nadia sorriu com um toque de resignação. — Ora, o que mais poderia estar na minha necessaire, se não minhas coisas ou as coisas das celebri