Karina ficou um pouco surpresa. O Ademir já tinha chegado? Tão rápido assim?Túlio também ouviu e, com a bolsa de remédios na mão, se levantou. Ele disse:— O Sr. Ademir chegou, então eu vou indo.— Hoje, obrigada... — Karina assentiu levemente.Ela o observou guardar a bolsa de remédios atrás de si, como se não quisesse que ela visse. Ela então decidiu fingir que não se importava, mas ainda assim falou mais uma vez:— Túlio, cuide bem de si. A saúde é muito importante.— Eu sei. — Túlio sorriu suavemente, segurando o impulso de acariciar a cabeça dela. — Eu vou indo, até logo.— Até logo.Quando Ademir entrou, foi justo no momento em que Túlio estava saindo.— Sr. Ademir. — Túlio acenou levemente com a cabeça e disse. — Houve um acidente na estrada, passei por lá e acabei me deparando com isso.Ele explicou, de maneira simples, o motivo de sua presença ali.— Eu vou indo, até logo. — Sem mais palavras, Túlio se afastou, contornou Ademir e saiu.Ademir, com uma expressão séria, foi at
— Karina! — Ademir ficou completamente enfurecido, seus olhos imediatamente se tornaram vermelhos. — Você quer morrer?— O que foi? — Nos olhos de Karina, não havia sequer vestígios de medo. — Você pode ver a Vitória, mas eu não posso ver o Túlio?— Sim! — A voz de Ademir se elevou, cheia de poder. — Algumas coisas eu posso, mas você não pode!Num instante, o ar ficou completamente silencioso. Karina ficou paralisada, sua mente e seu coração ficaram em branco de repente... Ele podia, ela não podia.Sem dizer uma palavra, Karina puxou o cobertor, se levantou da cama, seu corpo inteiro tremendo de raiva. Pegou sua bolsa que estava sobre a cadeira e foi direto para a porta.— Karina, pra onde você vai? — Bruno, aflito, se colocou à frente dela.— Deixe ela ir! — Antes que Karina pudesse falar qualquer coisa, Ademir bradou, furioso. — Se ela quer ir, que vá! Mulher que não está mais comigo, para que ficar aqui? Deixe ela ir encontrar o Túlio dela, que seja!Karina soltou uma risada amarga
Ao ouvir Karina mencionar o ocorrido na noite anterior, Ademir ficou sem palavras. Não havia o que contestar, ele sabia que havia agido errado. Com um movimento suave, Ademir a envolveu nos braços e a levantou. Karina ficou paralisada: — O que você está fazendo? — Eu errei. — Ademir não tinha mais a raiva de antes; sua voz estava incrivelmente suave. — Vamos ao hospital agora fazer um exame completo. Você ainda precisa de uma infusão de nutrientes, não é? Enquanto falava, ele a conduzia para fora. ... Chegaram ao hospital. Hoje não era o dia da consulta, mas como Karina havia passado por um acidente de carro, Ademir não se sentia tranquilo e insistiu para que ela passasse por uma bateria de exames. Quando os resultados chegaram, Ademir finalmente entendeu o motivo de Karina precisar da infusão de nutrientes. A enfermeira aplicou a injeção e Karina se deitou, enquanto Ademir ficava ao seu lado, vigiando ela. Depois de muito refletir, Ademir finalmente falou: —
— Eu vou sair para fumar, volto logo. — Tudo bem. Karina não sabia o porquê, mas ao olhar para a silhueta de Ademir se afastando, sentiu que ele parecia muito triste. Seria porque ela não tinha contado a ele que o bebê estava abaixo do peso? Mas... Esse não era o filho dele, afinal. ... Do lado de fora, Ademir segurava o cigarro enquanto ouvia Júlio falar. Por causa do acidente, ele ainda estava inquieto. Não confiava totalmente no ocorrido, então pediu para Júlio investigar mais a fundo. — Ademir, à primeira vista, parece um acidente, mas se você ainda não está tranquilo, podemos mandar investigar mais a fundo. — Sim, preste atenção nisso. — Pode deixar, Ademir. Não era que Ademir fosse excessivamente cauteloso, mas o fato de Karina ter estado no carro durante o acidente era uma coincidência alarmante. Na última vez, quando tentaram sequestrá-la e não conseguiram, era óbvio que eles ainda tinham intenção de agir. O que não fariam, afinal, no País G? — Ah, A
No dia seguinte, Ademir acordou mais cedo que Karina, como de costume. Quando ela desceu as escadas, ouviu ele conversando com Wanessa:— Daqui em diante, Wanessa, por favor, prepare algumas refeições extras para a Karina durante o dia. As porções não precisam ser grandes, mas importantes. A Dra. Coelho pediu que ela se alimente assim para garantir que a carne chegue até o bebê. O bebê está menor do que o esperado, a nutrição intravenosa é apenas uma medida paliativa, o essencial mesmo é o cuidado da mãe.— Entendido.Wanessa sabia o quanto a situação da criança na família Barbosa era séria e não ousava desconsiderar os cuidados.— Pode deixar, Sr. Ademir. Eu me lembro de tudo.— Agradeço, Wanessa. — Ademir se virou e viu Karina. Então, ele aproveitou para dar mais umas instruções. — Na hospital, preste atenção na sua alimentação. E se lembre, sempre leve o Bruno quando sair.— Está bem. — Karina respondeu com uma expressão obediente. Ela não era do tipo que não entendia as coisas ou
— De certa forma, sim. — Karina sorriu, não negando.A enfermeira, ao ouvir isso, não conseguiu se conter e falou mais:— Como você é cirurgiã, sabe como é, né? No caso de um parente com esse problema, sem o transplante de fígado, cada tratamento só gasta dinheiro e ainda agrava o estado físico. O que importa é quanto tempo ele vai aguentar.— Obrigada. — Karina devolveu o prontuário à enfermeira. — Por favor, cuide bem dele.— Pode deixar, Dra. Costa. Fique tranquila.Ao sair do hospital, Karina se sentiu ainda mais preocupada. Não havia mais alternativas viáveis. Será que ela e o Catarino realmente teriam que doar um fígado? Ela não queria isso.Só de pensar em tudo o que Lucas fez com ela e seu irmão ao longo dos anos, a raiva se espalhou dentro dela. Como poderia ela se dispor a doar um fígado para ele? Era impensável.À tarde, começou a chover.Ainda não eram nem cinco horas quando Karina recebeu uma ligação de Ademir.— Estou quase chegando no Hospital J, ainda é cedo, podemos pa
Vitória não conseguia desviar os olhos de Ademir, e em seu olhar, havia uma ternura profunda.— Ademir, você também está com dificuldade em me deixar, não está? — Perguntou ela, com a voz cheia de sentimento.Ademir não respondeu imediatamente, ficando em silêncio por um momento. Ele segurou o pulso dela, mas logo o soltou, afastando sua mão com firmeza.Neste instante, Vitória sentiu uma onda de decepção, e sua expressão mudou imediatamente:— Ademir? — Chamou ela, com uma pontada de incerteza na voz.Ele olhou para ela, com um único pensamento, e finalmente disse, com um tom resoluto:— Vitória, eu me casei.Não importava o que havia acontecido antes, ele agora tinha uma responsabilidade com o casamento, com sua esposa, e isso exigia sua lealdade.Vitória, de repente, cobriu o rosto com as mãos, e uma onda de tristeza tomou conta dela, fazendo ela chorar em silêncio.Ademir a observava com pesar, mas havia algo que ele precisava dizer, sem alternativas:— A partir de agora, suas ques
Ela achou estranho. Ele não queria a Vitória? Como ele conseguia agir assim, na sua frente, parecendo tão cheio de carinho, ainda por cima com o comportamento de um marido exemplar? Será que realmente existia alguém no mundo capaz de gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? Karina sentia que não seria capaz disso. E não queria mais perguntar. Ficar falando sobre isso não tinha mais sentido.— Espere um pouco. — Karina disse, rendida. — Deixa eu terminar essa página. — Tudo bem. — Ademir olhou para o livro dela. Restavam poucas linhas. — Eu espero, não estou com pressa. Ele se levantou e começou a folhear os livros na estante.Karina terminou de ler as últimas linhas e foi até ele: — Terminei. Ademir fechou o livro rapidamente e, ao colocá-lo de volta na estante, algo caiu das páginas. Olhou com mais atenção e viu que era um marcador de livro. — O que é isso? — Karina se agachou instintivamente para pegar. — Não. — Ademir a impediu, lançando-lhe um olhar. — Sua barriga est