Vitória não conseguia desviar os olhos de Ademir, e em seu olhar, havia uma ternura profunda.— Ademir, você também está com dificuldade em me deixar, não está? — Perguntou ela, com a voz cheia de sentimento.Ademir não respondeu imediatamente, ficando em silêncio por um momento. Ele segurou o pulso dela, mas logo o soltou, afastando sua mão com firmeza.Neste instante, Vitória sentiu uma onda de decepção, e sua expressão mudou imediatamente:— Ademir? — Chamou ela, com uma pontada de incerteza na voz.Ele olhou para ela, com um único pensamento, e finalmente disse, com um tom resoluto:— Vitória, eu me casei.Não importava o que havia acontecido antes, ele agora tinha uma responsabilidade com o casamento, com sua esposa, e isso exigia sua lealdade.Vitória, de repente, cobriu o rosto com as mãos, e uma onda de tristeza tomou conta dela, fazendo ela chorar em silêncio.Ademir a observava com pesar, mas havia algo que ele precisava dizer, sem alternativas:— A partir de agora, suas ques
Ela achou estranho. Ele não queria a Vitória? Como ele conseguia agir assim, na sua frente, parecendo tão cheio de carinho, ainda por cima com o comportamento de um marido exemplar? Será que realmente existia alguém no mundo capaz de gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? Karina sentia que não seria capaz disso. E não queria mais perguntar. Ficar falando sobre isso não tinha mais sentido.— Espere um pouco. — Karina disse, rendida. — Deixa eu terminar essa página. — Tudo bem. — Ademir olhou para o livro dela. Restavam poucas linhas. — Eu espero, não estou com pressa. Ele se levantou e começou a folhear os livros na estante.Karina terminou de ler as últimas linhas e foi até ele: — Terminei. Ademir fechou o livro rapidamente e, ao colocá-lo de volta na estante, algo caiu das páginas. Olhou com mais atenção e viu que era um marcador de livro. — O que é isso? — Karina se agachou instintivamente para pegar. — Não. — Ademir a impediu, lançando-lhe um olhar. — Sua barriga est
— Espere um momento... — Karina levantou a mão, parou de rir quando se divertiu o suficiente, e então olhou para ele com seriedade. — Já pensou no que faria se ela voltasse?— O quê? — Ademir ficou confuso por um instante, depois balançou a cabeça, rindo baixinho. — Impossível, ela não vai voltar.— Não é certo. — Karina esticou o dedo e o colocou no peito dele. — Sr. Ademir, quantos anos você tem? Ainda não chegou aos trinta, certo? E essa pequena borboleta, deve ser ainda mais jovem. Uma vida inteira pela frente. Como sabe que ela não vai voltar?Ademir foi ficando sério, franzindo a testa.— Eu estava só brincando... — Karina movia o dedo em círculos no peito dele. — Mas e se ela voltar? Como você vai ficar?Agora, ele estava preso entre Vitória e ela, parecia sempre indeciso sobre o que fazer.Pensou um pouco e disse:— Embora eu nunca tenha a conhecido, sinto que, somando a Vitória e eu, não somos páreas para ela. Se ela voltar, o mais difícil vai ser como lidar conosco, não é? A
— Karina? — Você realmente não desiste, né? — Karina ignorou a atitude dele. — Não pode forçar a compra do meu fígado, então vai fingir comigo? Você acha que, dando uma casa, dando dinheiro, eu vou me derreter e oferecer meu fígado por vontade própria? — Não, eu não pensei assim... — Cala a boca! Karina se levantou de repente. Como havia muita gente ao redor, ela não gritou alto, mas seus olhos estavam vermelhos, quase transbordando de raiva. Ela se esforçou para controlar suas emoções, tentando não deixar que perdesse o controle. — Suas palavras, eu não acredito nem um pouco. Quer que eu te doe meu fígado? Pode esquecer, isso é absolutamente impossível! Karina colocou a mão na barriga. Como a barriga ainda não era muito grande e ela usava um vestido largo, não era fácil perceber que estava grávida. Mas, ao alisar a saia do vestido, a barriguinha arredondada ficou visível. Lucas ficou extremamente chocado. — Isso, Karina, você... Karina soltou uma risada fria.
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu
Karina entendeu, mas casamento não era algo trivial, e ela hesitou, balançando a cabeça.— Não é necessário, né? Tente convencer o Sr. Otávio...Antes de terminar a frase, foi interrompida.Ademir, com a expressão inalterada e o tom de voz tranquilo, disse:— Como condição, vou te compensar financeiramente.Compensação financeira? Karina ficou surpresa e não conseguiu recusar. Seu irmão ainda estava esperando pelo dinheiro do tratamento. Ela tinha procurado a família Barbosa exatamente por causa do dinheiro.Percebendo sua hesitação, Ademir acrescentou:— Basta você concordar, e quanto você precisar, eu darei.Karina ficou em silêncio por alguns segundos, depois assentiu:— Está bem, eu concordo.Ademir baixou os olhos, escondendo a frieza e o desprezo.“Uma mulher que vende seu casamento por dinheiro é realmente barata. Tudo bem, assim será fácil se divorciar depois.”— Vou preparar o contrato. Amanhã de manhã, leve seus documentos e nos encontraremos no cartório!— Certo.Na manhã se