— Vitória, foi o Yago quem sugeriu que eu ligasse para você. Você ainda está filmando o filme dele, e no futuro vai depender dele para muitas coisas! — Nadia não se preocupou em moderar suas palavras. Sabia que Ademir provavelmente já tinha ouvido tudo, então decidiu ser direta. — Sr. Ademir, foi você quem trouxe a Vitória para o filme do Yago, e você sabe muito bem como esse ambiente valoriza o status das pessoas. Todos aqui estão dizendo que, agora que você se casou, a Vitória já não tem mais apoio. Hoje, com a estreia do filme do Yago, ele quer que você participe, provavelmente para testar você. Se você não for...A tensão na voz de Nadia era clara, como se estivesse suplicando. Ela continuou com urgência: — Se você não for, isso vai deixar claro que a Vitória já não tem mais posição aqui!— Já chega! — Vitória, do outro lado da linha, tentou arrancar o celular das mãos de Nadia. — Você já terminou de falar?Nadia, indiferente ao gesto de Vitória, seguiu falando sem hesitação: —
— Vamos ver como as coisas se desenrolam. Talvez nem seja necessário usar o líquido nutritivo. — Tudo bem. — Dra. Coelho respondeu, parecendo um pouco mais tranquila. — Já conversaram sobre isso? Então vou prescrever três doses do líquido nutritivo. Comecem com essas e vejam como se saem. — Obrigada. — Dra. Coelho continuou a organizar os papéis enquanto falava. — Na próxima vez, traga o Sr. Ademir também. Não pense que o bebê não percebe nada só porque está na barriga. Quando os pais têm uma boa relação, o bebê cresce melhor. — Sim, pode deixar. — Karina sorriu e assentiu. Ela pensou consigo mesma que, ao voltar para casa naquela noite, contaria tudo ao Ademir. Da próxima vez, provavelmente iriam juntos. Depois de terminar a consulta, ainda era cedo. Karina teve uma ideia: — Patrícia, que tal a gente ir comer fora? Hoje estou com vontade de comer hot-pot. — Claro. — Patrícia concordou animada. — Depois do jantar, podemos ainda ver um filme. — Então está decidido! A
— O quê? É o Ademir? — Patrícia perguntou, surpresa. — Este filme foi ele quem financiou? Foi por isso que ele não te acompanhou ao exame? — Talvez. — Karina respondeu de forma vaga. Ela praticamente não sabia nada sobre os assuntos de trabalho dele. Ele havia dito que tinha algo para resolver hoje, provavelmente relacionado a esse filme. Mas logo, a realidade a fez entender o que estava acontecendo. Pois, atrás de Ademir, estava Vitória. Patrícia, com uma reação imediata, olhou para Karina, como se procurando alguma explicação. — Vitória? Esse filme tem ela no elenco? — Não sei. Karina manteve um sorriso congelado nos lábios. Ela havia escolhido o filme sem se preocupar com os atores. Então, por que o Ademir estava ali hoje? — Espera aí, vou procurar... — Patrícia pegou o celular e começou a buscar informações. Entre os nomes dos atores, Vitória não estava mencionada, mas havia uma seção intitulada "apresentação especial". — Apresentação especial? — Patrícia fr
— Ademir. — Não havia terminado de dizer duas palavras, e Vitória já estava correndo até ele, parando ao seu lado. De longe, parecia que eles eram o verdadeiro casal. — Sra. Barbosa. — Vitória, ofegante da corrida, sorria um pouco sem jeito. — Você veio assistir ao filme? Se soubesse que viria, teria reservado duas entradas para você... Antes que ela pudesse terminar, Karina agiu como se Vitória não estivesse ali, indo diretamente olhar para Patrícia. — Patrícia, vamos embora. — Está bem... Totalmente ignorada, Vitória ficou visivelmente constrangida, mas sorriu para Ademir. — Ademir, acho que sua esposa não está muito feliz. Será que eu disse algo errado? — Não. — Ademir franziu a testa e balançou a cabeça, ao mesmo tempo em que estendia a mão para segurar o pulso de Karina. Karina olhou para ele e, em tom de comando, disse: — Solte-me. Ademir, sem intenção de soltar, franziu ainda mais a testa. — Eu já terminei aqui. Vamos embora juntos. — É mesmo? — Karina
A voz de Karina estava ainda mais gelada. — Não, isso não é uma hipótese. Agora, posso te dizer com toda a clareza: eu não vou pedir desculpas! Jamais! Ela se soltou de Ademir com um movimento brusco e olhou para Patrícia. — Patrícia, vamos. — Já vou! Ademir ficou completamente paralisado por um instante. — Ademir, desculpe, foi culpa minha... — Não tem nada a ver com você. — Ademir franziu a testa e balançou a cabeça. — A Karina falou coisas indelicadas, e eu peço desculpas por ela. Hoje à noite, foi uma confusão. Eu estou indo agora! — Ademir! Sabendo que não conseguiria detê-lo, Vitória o viu se afastar. Seu rosto estava tomado por uma expressão de impotência, mas também havia algo mais, um traço de satisfação. Eles brigaram....No estacionamento, Ademir alcançou Karina e segurou seu pulso com firmeza. — Bruno, leve a Patrícia de volta. — Claro, Ademir. Karina foi puxada para o carro, e ela podia sentir claramente o desagrado dele. Agora, será que ele co
Ademir, sozinho, estava entediado. Pensando no que aconteceu na noite anterior, decidiu ir direto para o escritório, querendo fazer as pazes com Karina.Ele se aproximou dela pelas costas, se inclinando para abraçá-la:— Está lendo de novo? Esqueci de te perguntar antes, você se alimentou bem à noite?A proximidade fez Karina sentir o cheiro de perfume feminino, algo que não usava, mas que claramente vinha de Vitória.— Já comi, estava com a Patrícia. — Karina respondeu de maneira calma.Ela o afastou e continuou com a caneta na mão, lendo, de vez em quando escrevendo algo no livro.Essa resposta tão fria... Ele sabia que ela não estava feliz, mas Ademir não sabia mais o que fazer. Já disse tudo o que precisava, e algumas coisas, ele simplesmente não podia fazer, nem prometer que faria.— Já está tarde. — Ele tentou mais uma vez. — Acho que é hora de dormir.Karina ainda não o olhou:— Vai você, eu termino estas duas páginas e já vou para o quarto.Não houve mais palavras. Ademir a ob
Nas duas ruas próximas, os carros estavam completamente parados, sem conseguir se mover.— E agora, o que a gente faz? Tem gente machucada aqui, precisamos ir para o hospital! — Alguém gritou desesperado.O motorista correu até os passageiros, tentando acalmá-los:— Calma, pessoal, a polícia já está no local e a ambulância está a caminho.— Pois é, vamos esperar um pouco. Não é tão grave assim, o acidente lá na frente foi muito pior! — Outro falou, tentando aliviar a tensão.— Vamos esperar um pouco.Karina deu um sorriso amargo, pressionando a testa com a mão. Pelo visto, precisaria ser mais cuidadosa nas próximas vezes que saísse de casa.Felizmente, a polícia chegou logo em seguida, pedindo para que todos os passageiros descessem do ônibus.— Formem uma fila, por aqui, a ambulância está na esquina e vai levar vocês para o hospital.Todos desceram, se alinhando para entrar na ambulância.— Karina! No meio da confusão, Karina ouviu uma voz familiar.Se virou e, para sua surpresa, era
Através do telefone, a cada palavra, a ansiedade de Ademir só aumentava.Karina, envolvida em um acidente de carro, ele deveria estar preocupado, mas, em vez disso, ela tinha o poder de deixá-lo assim, tão perturbado! "Se você está sem tempo, não precisava vir me ver".Era como se ele, para ela, fosse alguém que não se importava com a vida da esposa e do filho.Ele riu com raiva, a indignação transbordando em suas palavras:— Se não é para ir te ver, por que me ligou?Karina ficou sem reação. A pergunta o pegou de surpresa. Após um breve silêncio, ela respondeu, hesitante:— Eu estava com medo de que, quando você voltasse, não me encontrasse e ficasse perguntando por mim.Ademir soltou uma risada fria, sem som. A Sra. Barbosa desapareceu, e era claro que ele perguntaria! Mas, na visão dela, era só por isso?Neste momento, a ira de Ademir atingiu o auge.— Karina, você está fazendo isso de propósito, não está? Está me irritando por causa do que aconteceu ontem!Karina, confusa, não ent