Nas duas ruas próximas, os carros estavam completamente parados, sem conseguir se mover.— E agora, o que a gente faz? Tem gente machucada aqui, precisamos ir para o hospital! — Alguém gritou desesperado.O motorista correu até os passageiros, tentando acalmá-los:— Calma, pessoal, a polícia já está no local e a ambulância está a caminho.— Pois é, vamos esperar um pouco. Não é tão grave assim, o acidente lá na frente foi muito pior! — Outro falou, tentando aliviar a tensão.— Vamos esperar um pouco.Karina deu um sorriso amargo, pressionando a testa com a mão. Pelo visto, precisaria ser mais cuidadosa nas próximas vezes que saísse de casa.Felizmente, a polícia chegou logo em seguida, pedindo para que todos os passageiros descessem do ônibus.— Formem uma fila, por aqui, a ambulância está na esquina e vai levar vocês para o hospital.Todos desceram, se alinhando para entrar na ambulância.— Karina! No meio da confusão, Karina ouviu uma voz familiar.Se virou e, para sua surpresa, era
Através do telefone, a cada palavra, a ansiedade de Ademir só aumentava.Karina, envolvida em um acidente de carro, ele deveria estar preocupado, mas, em vez disso, ela tinha o poder de deixá-lo assim, tão perturbado! "Se você está sem tempo, não precisava vir me ver".Era como se ele, para ela, fosse alguém que não se importava com a vida da esposa e do filho.Ele riu com raiva, a indignação transbordando em suas palavras:— Se não é para ir te ver, por que me ligou?Karina ficou sem reação. A pergunta o pegou de surpresa. Após um breve silêncio, ela respondeu, hesitante:— Eu estava com medo de que, quando você voltasse, não me encontrasse e ficasse perguntando por mim.Ademir soltou uma risada fria, sem som. A Sra. Barbosa desapareceu, e era claro que ele perguntaria! Mas, na visão dela, era só por isso?Neste momento, a ira de Ademir atingiu o auge.— Karina, você está fazendo isso de propósito, não está? Está me irritando por causa do que aconteceu ontem!Karina, confusa, não ent
Karina ficou um pouco surpresa. O Ademir já tinha chegado? Tão rápido assim?Túlio também ouviu e, com a bolsa de remédios na mão, se levantou. Ele disse:— O Sr. Ademir chegou, então eu vou indo.— Hoje, obrigada... — Karina assentiu levemente.Ela o observou guardar a bolsa de remédios atrás de si, como se não quisesse que ela visse. Ela então decidiu fingir que não se importava, mas ainda assim falou mais uma vez:— Túlio, cuide bem de si. A saúde é muito importante.— Eu sei. — Túlio sorriu suavemente, segurando o impulso de acariciar a cabeça dela. — Eu vou indo, até logo.— Até logo.Quando Ademir entrou, foi justo no momento em que Túlio estava saindo.— Sr. Ademir. — Túlio acenou levemente com a cabeça e disse. — Houve um acidente na estrada, passei por lá e acabei me deparando com isso.Ele explicou, de maneira simples, o motivo de sua presença ali.— Eu vou indo, até logo. — Sem mais palavras, Túlio se afastou, contornou Ademir e saiu.Ademir, com uma expressão séria, foi at
— Karina! — Ademir ficou completamente enfurecido, seus olhos imediatamente se tornaram vermelhos. — Você quer morrer?— O que foi? — Nos olhos de Karina, não havia sequer vestígios de medo. — Você pode ver a Vitória, mas eu não posso ver o Túlio?— Sim! — A voz de Ademir se elevou, cheia de poder. — Algumas coisas eu posso, mas você não pode!Num instante, o ar ficou completamente silencioso. Karina ficou paralisada, sua mente e seu coração ficaram em branco de repente... Ele podia, ela não podia.Sem dizer uma palavra, Karina puxou o cobertor, se levantou da cama, seu corpo inteiro tremendo de raiva. Pegou sua bolsa que estava sobre a cadeira e foi direto para a porta.— Karina, pra onde você vai? — Bruno, aflito, se colocou à frente dela.— Deixe ela ir! — Antes que Karina pudesse falar qualquer coisa, Ademir bradou, furioso. — Se ela quer ir, que vá! Mulher que não está mais comigo, para que ficar aqui? Deixe ela ir encontrar o Túlio dela, que seja!Karina soltou uma risada amarga
Ao ouvir Karina mencionar o ocorrido na noite anterior, Ademir ficou sem palavras. Não havia o que contestar, ele sabia que havia agido errado. Com um movimento suave, Ademir a envolveu nos braços e a levantou. Karina ficou paralisada: — O que você está fazendo? — Eu errei. — Ademir não tinha mais a raiva de antes; sua voz estava incrivelmente suave. — Vamos ao hospital agora fazer um exame completo. Você ainda precisa de uma infusão de nutrientes, não é? Enquanto falava, ele a conduzia para fora. ... Chegaram ao hospital. Hoje não era o dia da consulta, mas como Karina havia passado por um acidente de carro, Ademir não se sentia tranquilo e insistiu para que ela passasse por uma bateria de exames. Quando os resultados chegaram, Ademir finalmente entendeu o motivo de Karina precisar da infusão de nutrientes. A enfermeira aplicou a injeção e Karina se deitou, enquanto Ademir ficava ao seu lado, vigiando ela. Depois de muito refletir, Ademir finalmente falou: —
— Eu vou sair para fumar, volto logo. — Tudo bem. Karina não sabia o porquê, mas ao olhar para a silhueta de Ademir se afastando, sentiu que ele parecia muito triste. Seria porque ela não tinha contado a ele que o bebê estava abaixo do peso? Mas... Esse não era o filho dele, afinal. ... Do lado de fora, Ademir segurava o cigarro enquanto ouvia Júlio falar. Por causa do acidente, ele ainda estava inquieto. Não confiava totalmente no ocorrido, então pediu para Júlio investigar mais a fundo. — Ademir, à primeira vista, parece um acidente, mas se você ainda não está tranquilo, podemos mandar investigar mais a fundo. — Sim, preste atenção nisso. — Pode deixar, Ademir. Não era que Ademir fosse excessivamente cauteloso, mas o fato de Karina ter estado no carro durante o acidente era uma coincidência alarmante. Na última vez, quando tentaram sequestrá-la e não conseguiram, era óbvio que eles ainda tinham intenção de agir. O que não fariam, afinal, no País G? — Ah, A
No dia seguinte, Ademir acordou mais cedo que Karina, como de costume. Quando ela desceu as escadas, ouviu ele conversando com Wanessa:— Daqui em diante, Wanessa, por favor, prepare algumas refeições extras para a Karina durante o dia. As porções não precisam ser grandes, mas importantes. A Dra. Coelho pediu que ela se alimente assim para garantir que a carne chegue até o bebê. O bebê está menor do que o esperado, a nutrição intravenosa é apenas uma medida paliativa, o essencial mesmo é o cuidado da mãe.— Entendido.Wanessa sabia o quanto a situação da criança na família Barbosa era séria e não ousava desconsiderar os cuidados.— Pode deixar, Sr. Ademir. Eu me lembro de tudo.— Agradeço, Wanessa. — Ademir se virou e viu Karina. Então, ele aproveitou para dar mais umas instruções. — Na hospital, preste atenção na sua alimentação. E se lembre, sempre leve o Bruno quando sair.— Está bem. — Karina respondeu com uma expressão obediente. Ela não era do tipo que não entendia as coisas ou
— De certa forma, sim. — Karina sorriu, não negando.A enfermeira, ao ouvir isso, não conseguiu se conter e falou mais:— Como você é cirurgiã, sabe como é, né? No caso de um parente com esse problema, sem o transplante de fígado, cada tratamento só gasta dinheiro e ainda agrava o estado físico. O que importa é quanto tempo ele vai aguentar.— Obrigada. — Karina devolveu o prontuário à enfermeira. — Por favor, cuide bem dele.— Pode deixar, Dra. Costa. Fique tranquila.Ao sair do hospital, Karina se sentiu ainda mais preocupada. Não havia mais alternativas viáveis. Será que ela e o Catarino realmente teriam que doar um fígado? Ela não queria isso.Só de pensar em tudo o que Lucas fez com ela e seu irmão ao longo dos anos, a raiva se espalhou dentro dela. Como poderia ela se dispor a doar um fígado para ele? Era impensável.À tarde, começou a chover.Ainda não eram nem cinco horas quando Karina recebeu uma ligação de Ademir.— Estou quase chegando no Hospital J, ainda é cedo, podemos pa