— Ademir. — Não havia terminado de dizer duas palavras, e Vitória já estava correndo até ele, parando ao seu lado. De longe, parecia que eles eram o verdadeiro casal. — Sra. Barbosa. — Vitória, ofegante da corrida, sorria um pouco sem jeito. — Você veio assistir ao filme? Se soubesse que viria, teria reservado duas entradas para você... Antes que ela pudesse terminar, Karina agiu como se Vitória não estivesse ali, indo diretamente olhar para Patrícia. — Patrícia, vamos embora. — Está bem... Totalmente ignorada, Vitória ficou visivelmente constrangida, mas sorriu para Ademir. — Ademir, acho que sua esposa não está muito feliz. Será que eu disse algo errado? — Não. — Ademir franziu a testa e balançou a cabeça, ao mesmo tempo em que estendia a mão para segurar o pulso de Karina. Karina olhou para ele e, em tom de comando, disse: — Solte-me. Ademir, sem intenção de soltar, franziu ainda mais a testa. — Eu já terminei aqui. Vamos embora juntos. — É mesmo? — Karina
A voz de Karina estava ainda mais gelada. — Não, isso não é uma hipótese. Agora, posso te dizer com toda a clareza: eu não vou pedir desculpas! Jamais! Ela se soltou de Ademir com um movimento brusco e olhou para Patrícia. — Patrícia, vamos. — Já vou! Ademir ficou completamente paralisado por um instante. — Ademir, desculpe, foi culpa minha... — Não tem nada a ver com você. — Ademir franziu a testa e balançou a cabeça. — A Karina falou coisas indelicadas, e eu peço desculpas por ela. Hoje à noite, foi uma confusão. Eu estou indo agora! — Ademir! Sabendo que não conseguiria detê-lo, Vitória o viu se afastar. Seu rosto estava tomado por uma expressão de impotência, mas também havia algo mais, um traço de satisfação. Eles brigaram....No estacionamento, Ademir alcançou Karina e segurou seu pulso com firmeza. — Bruno, leve a Patrícia de volta. — Claro, Ademir. Karina foi puxada para o carro, e ela podia sentir claramente o desagrado dele. Agora, será que ele co
Ademir, sozinho, estava entediado. Pensando no que aconteceu na noite anterior, decidiu ir direto para o escritório, querendo fazer as pazes com Karina.Ele se aproximou dela pelas costas, se inclinando para abraçá-la:— Está lendo de novo? Esqueci de te perguntar antes, você se alimentou bem à noite?A proximidade fez Karina sentir o cheiro de perfume feminino, algo que não usava, mas que claramente vinha de Vitória.— Já comi, estava com a Patrícia. — Karina respondeu de maneira calma.Ela o afastou e continuou com a caneta na mão, lendo, de vez em quando escrevendo algo no livro.Essa resposta tão fria... Ele sabia que ela não estava feliz, mas Ademir não sabia mais o que fazer. Já disse tudo o que precisava, e algumas coisas, ele simplesmente não podia fazer, nem prometer que faria.— Já está tarde. — Ele tentou mais uma vez. — Acho que é hora de dormir.Karina ainda não o olhou:— Vai você, eu termino estas duas páginas e já vou para o quarto.Não houve mais palavras. Ademir a ob
Nas duas ruas próximas, os carros estavam completamente parados, sem conseguir se mover.— E agora, o que a gente faz? Tem gente machucada aqui, precisamos ir para o hospital! — Alguém gritou desesperado.O motorista correu até os passageiros, tentando acalmá-los:— Calma, pessoal, a polícia já está no local e a ambulância está a caminho.— Pois é, vamos esperar um pouco. Não é tão grave assim, o acidente lá na frente foi muito pior! — Outro falou, tentando aliviar a tensão.— Vamos esperar um pouco.Karina deu um sorriso amargo, pressionando a testa com a mão. Pelo visto, precisaria ser mais cuidadosa nas próximas vezes que saísse de casa.Felizmente, a polícia chegou logo em seguida, pedindo para que todos os passageiros descessem do ônibus.— Formem uma fila, por aqui, a ambulância está na esquina e vai levar vocês para o hospital.Todos desceram, se alinhando para entrar na ambulância.— Karina! No meio da confusão, Karina ouviu uma voz familiar.Se virou e, para sua surpresa, era
Através do telefone, a cada palavra, a ansiedade de Ademir só aumentava.Karina, envolvida em um acidente de carro, ele deveria estar preocupado, mas, em vez disso, ela tinha o poder de deixá-lo assim, tão perturbado! "Se você está sem tempo, não precisava vir me ver".Era como se ele, para ela, fosse alguém que não se importava com a vida da esposa e do filho.Ele riu com raiva, a indignação transbordando em suas palavras:— Se não é para ir te ver, por que me ligou?Karina ficou sem reação. A pergunta o pegou de surpresa. Após um breve silêncio, ela respondeu, hesitante:— Eu estava com medo de que, quando você voltasse, não me encontrasse e ficasse perguntando por mim.Ademir soltou uma risada fria, sem som. A Sra. Barbosa desapareceu, e era claro que ele perguntaria! Mas, na visão dela, era só por isso?Neste momento, a ira de Ademir atingiu o auge.— Karina, você está fazendo isso de propósito, não está? Está me irritando por causa do que aconteceu ontem!Karina, confusa, não ent
Karina ficou um pouco surpresa. O Ademir já tinha chegado? Tão rápido assim?Túlio também ouviu e, com a bolsa de remédios na mão, se levantou. Ele disse:— O Sr. Ademir chegou, então eu vou indo.— Hoje, obrigada... — Karina assentiu levemente.Ela o observou guardar a bolsa de remédios atrás de si, como se não quisesse que ela visse. Ela então decidiu fingir que não se importava, mas ainda assim falou mais uma vez:— Túlio, cuide bem de si. A saúde é muito importante.— Eu sei. — Túlio sorriu suavemente, segurando o impulso de acariciar a cabeça dela. — Eu vou indo, até logo.— Até logo.Quando Ademir entrou, foi justo no momento em que Túlio estava saindo.— Sr. Ademir. — Túlio acenou levemente com a cabeça e disse. — Houve um acidente na estrada, passei por lá e acabei me deparando com isso.Ele explicou, de maneira simples, o motivo de sua presença ali.— Eu vou indo, até logo. — Sem mais palavras, Túlio se afastou, contornou Ademir e saiu.Ademir, com uma expressão séria, foi at
— Karina! — Ademir ficou completamente enfurecido, seus olhos imediatamente se tornaram vermelhos. — Você quer morrer?— O que foi? — Nos olhos de Karina, não havia sequer vestígios de medo. — Você pode ver a Vitória, mas eu não posso ver o Túlio?— Sim! — A voz de Ademir se elevou, cheia de poder. — Algumas coisas eu posso, mas você não pode!Num instante, o ar ficou completamente silencioso. Karina ficou paralisada, sua mente e seu coração ficaram em branco de repente... Ele podia, ela não podia.Sem dizer uma palavra, Karina puxou o cobertor, se levantou da cama, seu corpo inteiro tremendo de raiva. Pegou sua bolsa que estava sobre a cadeira e foi direto para a porta.— Karina, pra onde você vai? — Bruno, aflito, se colocou à frente dela.— Deixe ela ir! — Antes que Karina pudesse falar qualquer coisa, Ademir bradou, furioso. — Se ela quer ir, que vá! Mulher que não está mais comigo, para que ficar aqui? Deixe ela ir encontrar o Túlio dela, que seja!Karina soltou uma risada amarga
Ao ouvir Karina mencionar o ocorrido na noite anterior, Ademir ficou sem palavras. Não havia o que contestar, ele sabia que havia agido errado. Com um movimento suave, Ademir a envolveu nos braços e a levantou. Karina ficou paralisada: — O que você está fazendo? — Eu errei. — Ademir não tinha mais a raiva de antes; sua voz estava incrivelmente suave. — Vamos ao hospital agora fazer um exame completo. Você ainda precisa de uma infusão de nutrientes, não é? Enquanto falava, ele a conduzia para fora. ... Chegaram ao hospital. Hoje não era o dia da consulta, mas como Karina havia passado por um acidente de carro, Ademir não se sentia tranquilo e insistiu para que ela passasse por uma bateria de exames. Quando os resultados chegaram, Ademir finalmente entendeu o motivo de Karina precisar da infusão de nutrientes. A enfermeira aplicou a injeção e Karina se deitou, enquanto Ademir ficava ao seu lado, vigiando ela. Depois de muito refletir, Ademir finalmente falou: —