Ela ainda deu uma sugestão:— Você também devia pedir para alguém organizar o processo. Eu só preciso seguir, não vai ter erro...— Karina.Ela não terminou a frase, sendo interrompida por Ademir.Olhou para o rosto impassível do homem, Karina engoliu em seco e perguntou:— Não pode ser assim?Ademir soltou uma risada fria, sua voz desdenhosa:— Você realmente precisa ser tão superficial? Será que até no casamento você vai precisar da ajuda de outra pessoa?Sua voz estava carregada de sarcasmo.Karina percebeu o tom e, por um momento, ficou em silêncio.Logo depois, rebateu:— Nós dois somos iguais.Ademir ficou em silêncio.— Sim, eu estou sendo superficial. — Karina o encarou e sorriu suavemente. — Mas você também não está sendo diferente. Não seja tão egoísta. Nós sabemos muito bem que, se não fosse pelo avô, esse casamento não existiria. Algo que ambos fazemos de má vontade, uma formalidade. Eu já aceitei, então vou colaborar com você. Só achei um pouco incômodo e sugeri algo. Se v
Sabendo que Karina ainda iria para as Ilhas Berlengas, Patrícia ficou muito preocupada:— Não dá para contar a verdade para o Ademir?Karina sorriu e balançou a cabeça:— É o meu filho... Ele não tem essa responsabilidade. Não precisa complicar a vida dele.— Karina. — Patrícia, cheia de preocupação, a abraçou, e lágrimas começaram a cair. — Se você se sentir mal, me ligue a qualquer momento!— Pode deixar....Às quatro horas, Ademir chegou para buscá-la.Karina estava pontualmente à porta do Hospital J. Quando o carro parou, ela mesma abriu a porta e se sentou.Assim que entrou no carro, não disse nada. Apenas se encostou no canto e fechou os olhos.Ademir virou-se para observá-la. Ela parecia sem energia.— Você está cansada?— Sim. — Karina assentiu rapidamente. — Eu sei que você tem muito trabalho e ainda precisa se preparar para os exames. Seu corpo não é qualquer um, será que não seria melhor você dar uma pausa no que está fazendo?Karina imediatamente abriu os olhos e responde
Acenou com a mão, sinalizando para o gerente sair primeiro. — Sr. Ademir, Sra. Barbosa, vocês podem conversar entre vocês. — O gerente, com sensatez, se retirou. Ademir ergueu o queixo e perguntou: — Além da Patrícia, você tem outros bons amigos? Eu me lembro, tem um amigo que não é da mesma clínica, mas trabalha no mesmo hospital, não é? Karina ficou em silêncio por um momento, então se deu conta, mas não acreditou muito no que estava ouvindo: — Você está tentando arranjar uma madrinha para mim? — Não deveria? — Ademir ergueu as sobrancelhas e falou. — Primeiro, você confirma a quantidade de madrinhas, e quanto aos padrinhos, eu posso cuidar... Antes que ele terminasse de falar, Karina riu. Negou com a cabeça e disse: — Eu já falei antes, não tenho madrinhas, não preciso delas. Para que precisaria de uma madrinha? A personalidade de Patrícia, se viesse, só iria fazer cair lágrimas. Ademir a observava, com a testa ligeiramente franzida. Na última vez, ela admi
— Não faça barulho! — Certo. — Karina assentiu calmamente. — Você é esposa do Ademir? — Sou. Karina admitiu, mas se questionava se tudo isso estava acontecendo por causa dele. De repente, se lembrou de que ele tinha inimigos, inimigos que exigiam sua vida. — Com quantos meses de gestação você está? Karina franziu a testa. Esse inimigo sabia muito sobre a vida dele, até mesmo sobre sua gravidez. — Quatro meses. Hoje, exatamente quatro meses. — Muito bem! A pessoa por trás dela sorriu satisfeito, levantou a mão e a estendeu em direção ao rosto de Karina. Na palma da mão, havia uma toalha. Quando ele se aproximou, Karina franziu o rosto. Como médica, ela era muito sensível aos cheiros, e naquela toalha havia um forte aroma de éter dietílico! No instante em que a toalha foi pressionada contra seu rosto, Karina prendeu a respiração, fechou os olhos e desmaiou. O homem a segurou imediatamente, rapidamente colando um pedaço de fita adesiva em sua boca, pegando
As pessoas começaram a comentar, e logo o local se encheu de barulho. O homem que estava com Karina ficou paralisado. O que estava acontecendo? A mulher não tinha inalado o éter dietílico e desmaiado? Como ela conseguiu saltar do carro? O éter dietílico não surtiu efeito nela? — Vá buscar ajuda! Alguém se aproximou e ajudou Karina a se levantar, perguntando: — Como você está? E o homem que a sequestrou, onde está? Ademir estava correndo na direção deles. De longe, ele já percebeu a confusão e, imediatamente, avistou Karina no chão! Os seguranças do hotel logo receberam a notícia e correram para o local: — Sr. Ademir! Ademir olhou para eles com um olhar gélido: — O que estão esperando? Não vão prender esse homem? — Sim, Sr. Ademir! — Não deixe ele escapar! O homem, vendo a situação, tentou fugir imediatamente. Mas, sozinho, como poderia correr mais rápido do que os seguranças? — Pare aí! Ademir não se importou com nada disso e correu até Karina. E
Quando chegou ao quarto, Otávio ainda não estava descansando. Ao ver Ademir, Otávio ficou surpreso e disse: — A essa hora, você não deveria estar nas Ilhas Berlengas com a Karina? — A Karina já dormiu. — Ao falar de Karina, a expressão de Ademir se suavizou de repente. — Eu volto para ficar com ela em breve. — Você veio me procurar por algum motivo? — Vovô, a Karina quase foi sequestrada. — Ademir falou diretamente. — Se não fosse pela inteligência dela, ela já teria sido levada. — O quê? Algo assim aconteceu! — Otávio franziu a testa, os olhos se estreitaram. — Eles têm coragem, não têm limites! Fazem qualquer coisa! Ao ouvir essas palavras, Ademir teve quase certeza de que o incidente com Vitória da última vez não foi causado pelo seu avô. — Vovô, por que admitiu o que aconteceu com a Vitória? Você sabe de algo? Otávio ficou paralisado, com uma expressão muito complexa. O que ele deveria dizer? Seu único neto, as feridas que ele sofreu desde criança, ele não que
Ao deixar o hospital, Ademir se apressou em retornar para Berlengas. Durante todo o caminho, ele não disse uma palavra. Mas Bruno podia sentir que Ademir estava imensamente triste... Ademir guardava uma dor que não conseguia expressar. Fechou os olhos, e em sua mente surgiram lembranças da infância, quando seu pai o abandonou.Ele se lembrava do pai partindo de carro, deixando a Mansão da família Barbosa para trás. Na época, ainda criança, ele correu atrás, chorando e gritando:— Papai, por favor, não vá!Mas o pai não olhou para trás e foi embora sem hesitar. Logo depois, sua mãe também se foi... Mais tarde, Ademir tentou encontrar o pai, mas, em um inverno frio, o pai mandou que os empregados o expulsassem, se recusando a vê-lo. Embora fossem de sangue, o pai lhe demonstrava uma frieza que superava até a de um estranho.Era uma frieza que parecia congelar todo o sangue em suas veias.Depois de tantos anos, Ademir sentia novamente essa mesma sensação. Frio, um frio intenso. El
No dia seguinte, Karina acordou tarde. O sol já havia nascido, e ao olhar para o relógio, viu que já eram dez horas. Embora tivesse dormido bastante na noite anterior, como poderia ter dormido tanto assim? Se apressou a se lavar e arrumar, e ao sair, viu Ademir conversando com Júlio sobre alguns assuntos. Ao vê-la, ele apontou para a mesa de café e disse, de forma natural: — Vá comer alguma coisa, me espere um pouco, logo vai terminar. — Tá bom. — Karina respondeu com um aceno de cabeça, se sentindo um pouco envergonhada. Apesar de ter acordado tarde, ele ainda disse para que ela o esperasse. Quando terminou de comer, Ademir havia finalizado suas tarefas e, ao se aproximar, franziu a testa com um sorriso. — A Wanessa disse que você tem comido mais ultimamente, parece que é verdade. Comendo bem ontem à noite e hoje de manhã. Karina, com um pedaço de pão doce recheado a vapor na boca, perguntou: — Quando voltamos? Podemos ir agora? — Não temos pressa. — Ademir lhe ofereceu um