Acenou com a mão, sinalizando para o gerente sair primeiro. — Sr. Ademir, Sra. Barbosa, vocês podem conversar entre vocês. — O gerente, com sensatez, se retirou. Ademir ergueu o queixo e perguntou: — Além da Patrícia, você tem outros bons amigos? Eu me lembro, tem um amigo que não é da mesma clínica, mas trabalha no mesmo hospital, não é? Karina ficou em silêncio por um momento, então se deu conta, mas não acreditou muito no que estava ouvindo: — Você está tentando arranjar uma madrinha para mim? — Não deveria? — Ademir ergueu as sobrancelhas e falou. — Primeiro, você confirma a quantidade de madrinhas, e quanto aos padrinhos, eu posso cuidar... Antes que ele terminasse de falar, Karina riu. Negou com a cabeça e disse: — Eu já falei antes, não tenho madrinhas, não preciso delas. Para que precisaria de uma madrinha? A personalidade de Patrícia, se viesse, só iria fazer cair lágrimas. Ademir a observava, com a testa ligeiramente franzida. Na última vez, ela admi
— Não faça barulho! — Certo. — Karina assentiu calmamente. — Você é esposa do Ademir? — Sou. Karina admitiu, mas se questionava se tudo isso estava acontecendo por causa dele. De repente, se lembrou de que ele tinha inimigos, inimigos que exigiam sua vida. — Com quantos meses de gestação você está? Karina franziu a testa. Esse inimigo sabia muito sobre a vida dele, até mesmo sobre sua gravidez. — Quatro meses. Hoje, exatamente quatro meses. — Muito bem! A pessoa por trás dela sorriu satisfeito, levantou a mão e a estendeu em direção ao rosto de Karina. Na palma da mão, havia uma toalha. Quando ele se aproximou, Karina franziu o rosto. Como médica, ela era muito sensível aos cheiros, e naquela toalha havia um forte aroma de éter dietílico! No instante em que a toalha foi pressionada contra seu rosto, Karina prendeu a respiração, fechou os olhos e desmaiou. O homem a segurou imediatamente, rapidamente colando um pedaço de fita adesiva em sua boca, pegando
As pessoas começaram a comentar, e logo o local se encheu de barulho. O homem que estava com Karina ficou paralisado. O que estava acontecendo? A mulher não tinha inalado o éter dietílico e desmaiado? Como ela conseguiu saltar do carro? O éter dietílico não surtiu efeito nela? — Vá buscar ajuda! Alguém se aproximou e ajudou Karina a se levantar, perguntando: — Como você está? E o homem que a sequestrou, onde está? Ademir estava correndo na direção deles. De longe, ele já percebeu a confusão e, imediatamente, avistou Karina no chão! Os seguranças do hotel logo receberam a notícia e correram para o local: — Sr. Ademir! Ademir olhou para eles com um olhar gélido: — O que estão esperando? Não vão prender esse homem? — Sim, Sr. Ademir! — Não deixe ele escapar! O homem, vendo a situação, tentou fugir imediatamente. Mas, sozinho, como poderia correr mais rápido do que os seguranças? — Pare aí! Ademir não se importou com nada disso e correu até Karina. E
Quando chegou ao quarto, Otávio ainda não estava descansando. Ao ver Ademir, Otávio ficou surpreso e disse: — A essa hora, você não deveria estar nas Ilhas Berlengas com a Karina? — A Karina já dormiu. — Ao falar de Karina, a expressão de Ademir se suavizou de repente. — Eu volto para ficar com ela em breve. — Você veio me procurar por algum motivo? — Vovô, a Karina quase foi sequestrada. — Ademir falou diretamente. — Se não fosse pela inteligência dela, ela já teria sido levada. — O quê? Algo assim aconteceu! — Otávio franziu a testa, os olhos se estreitaram. — Eles têm coragem, não têm limites! Fazem qualquer coisa! Ao ouvir essas palavras, Ademir teve quase certeza de que o incidente com Vitória da última vez não foi causado pelo seu avô. — Vovô, por que admitiu o que aconteceu com a Vitória? Você sabe de algo? Otávio ficou paralisado, com uma expressão muito complexa. O que ele deveria dizer? Seu único neto, as feridas que ele sofreu desde criança, ele não que
Ao deixar o hospital, Ademir se apressou em retornar para Berlengas. Durante todo o caminho, ele não disse uma palavra. Mas Bruno podia sentir que Ademir estava imensamente triste... Ademir guardava uma dor que não conseguia expressar. Fechou os olhos, e em sua mente surgiram lembranças da infância, quando seu pai o abandonou.Ele se lembrava do pai partindo de carro, deixando a Mansão da família Barbosa para trás. Na época, ainda criança, ele correu atrás, chorando e gritando:— Papai, por favor, não vá!Mas o pai não olhou para trás e foi embora sem hesitar. Logo depois, sua mãe também se foi... Mais tarde, Ademir tentou encontrar o pai, mas, em um inverno frio, o pai mandou que os empregados o expulsassem, se recusando a vê-lo. Embora fossem de sangue, o pai lhe demonstrava uma frieza que superava até a de um estranho.Era uma frieza que parecia congelar todo o sangue em suas veias.Depois de tantos anos, Ademir sentia novamente essa mesma sensação. Frio, um frio intenso. El
No dia seguinte, Karina acordou tarde. O sol já havia nascido, e ao olhar para o relógio, viu que já eram dez horas. Embora tivesse dormido bastante na noite anterior, como poderia ter dormido tanto assim? Se apressou a se lavar e arrumar, e ao sair, viu Ademir conversando com Júlio sobre alguns assuntos. Ao vê-la, ele apontou para a mesa de café e disse, de forma natural: — Vá comer alguma coisa, me espere um pouco, logo vai terminar. — Tá bom. — Karina respondeu com um aceno de cabeça, se sentindo um pouco envergonhada. Apesar de ter acordado tarde, ele ainda disse para que ela o esperasse. Quando terminou de comer, Ademir havia finalizado suas tarefas e, ao se aproximar, franziu a testa com um sorriso. — A Wanessa disse que você tem comido mais ultimamente, parece que é verdade. Comendo bem ontem à noite e hoje de manhã. Karina, com um pedaço de pão doce recheado a vapor na boca, perguntou: — Quando voltamos? Podemos ir agora? — Não temos pressa. — Ademir lhe ofereceu um
— Você está com sede? — Ademir imediatamente estendeu o copo térmico para ela. — Beba um pouco de água.— Obrigada. — Karina pegou o copo e, com as mãos, abriu a tampa, bebendo pequenos goles.— Já estamos chegando na cidade. Para onde te levo? — Preciso ir ao Hospital J.Ademir franziu a testa e perguntou:— Você ainda vai trabalhar hoje?— Não. — Karina balançou a cabeça. — Só preciso entregar a documentação que já está pronta.— Entendi. — Ademir relaxou um pouco e pediu ao motorista que os levasse direto para o Hospital J, deixando ela na ala cirúrgica.— Vou te esperar aqui. — Tá bom. Karina subiu, organizou os documentos e logo terminou. Quando desceu de elevador, ao sair, se deparou com Ademir esperando por ela à porta. Ao redor dele, um pequeno grupo de pessoas estava quieto, observando ele com atenção. Ele tinha uma presença impressionante, com um charme que fazia a maioria das pessoas prenderem a respiração. Era do tipo de pessoa que raramente se via na vida real.Até alg
Depois de deixar Karina e Patrícia na loja de vestidos de noiva, Ademir teve que ir embora. Ele estava muito ocupado. Principalmente nos últimos tempos, pois o casamento e muitos compromissos de trabalho estavam se sobrepondo, exigindo que ele cumprisse tudo com antecedência. A gerente da loja levou Patrícia para medir o tamanho do vestido. Ademir ficou parado, olhando para Karina, com uma das mãos no bolso da calça do terno, e disse: — E quanto ao Catarino, você vai acompanhá-lo até lá ou prefere que alguém vá buscá-lo? O menino só precisa de um traje formal, o que basta é medir o tamanho. Karina ficou parada, surpresa. Ele ainda planejava que Catarino participasse do casamento? Percebendo a expressão dela, com as sobrancelhas franzidas, Ademir continuou: — Eu vou mandar alguém acompanhar ele durante todo o evento. O Catarino é bem comportado, não vai dar trabalho. Como poderia faltar, sendo o único irmão da noiva? Ele era a única família de Karina. — Além disso,