— Não faça barulho! — Certo. — Karina assentiu calmamente. — Você é esposa do Ademir? — Sou. Karina admitiu, mas se questionava se tudo isso estava acontecendo por causa dele. De repente, se lembrou de que ele tinha inimigos, inimigos que exigiam sua vida. — Com quantos meses de gestação você está? Karina franziu a testa. Esse inimigo sabia muito sobre a vida dele, até mesmo sobre sua gravidez. — Quatro meses. Hoje, exatamente quatro meses. — Muito bem! A pessoa por trás dela sorriu satisfeito, levantou a mão e a estendeu em direção ao rosto de Karina. Na palma da mão, havia uma toalha. Quando ele se aproximou, Karina franziu o rosto. Como médica, ela era muito sensível aos cheiros, e naquela toalha havia um forte aroma de éter dietílico! No instante em que a toalha foi pressionada contra seu rosto, Karina prendeu a respiração, fechou os olhos e desmaiou. O homem a segurou imediatamente, rapidamente colando um pedaço de fita adesiva em sua boca, pegando
As pessoas começaram a comentar, e logo o local se encheu de barulho. O homem que estava com Karina ficou paralisado. O que estava acontecendo? A mulher não tinha inalado o éter dietílico e desmaiado? Como ela conseguiu saltar do carro? O éter dietílico não surtiu efeito nela? — Vá buscar ajuda! Alguém se aproximou e ajudou Karina a se levantar, perguntando: — Como você está? E o homem que a sequestrou, onde está? Ademir estava correndo na direção deles. De longe, ele já percebeu a confusão e, imediatamente, avistou Karina no chão! Os seguranças do hotel logo receberam a notícia e correram para o local: — Sr. Ademir! Ademir olhou para eles com um olhar gélido: — O que estão esperando? Não vão prender esse homem? — Sim, Sr. Ademir! — Não deixe ele escapar! O homem, vendo a situação, tentou fugir imediatamente. Mas, sozinho, como poderia correr mais rápido do que os seguranças? — Pare aí! Ademir não se importou com nada disso e correu até Karina. E
Quando chegou ao quarto, Otávio ainda não estava descansando. Ao ver Ademir, Otávio ficou surpreso e disse: — A essa hora, você não deveria estar nas Ilhas Berlengas com a Karina? — A Karina já dormiu. — Ao falar de Karina, a expressão de Ademir se suavizou de repente. — Eu volto para ficar com ela em breve. — Você veio me procurar por algum motivo? — Vovô, a Karina quase foi sequestrada. — Ademir falou diretamente. — Se não fosse pela inteligência dela, ela já teria sido levada. — O quê? Algo assim aconteceu! — Otávio franziu a testa, os olhos se estreitaram. — Eles têm coragem, não têm limites! Fazem qualquer coisa! Ao ouvir essas palavras, Ademir teve quase certeza de que o incidente com Vitória da última vez não foi causado pelo seu avô. — Vovô, por que admitiu o que aconteceu com a Vitória? Você sabe de algo? Otávio ficou paralisado, com uma expressão muito complexa. O que ele deveria dizer? Seu único neto, as feridas que ele sofreu desde criança, ele não que
Ao deixar o hospital, Ademir se apressou em retornar para Berlengas. Durante todo o caminho, ele não disse uma palavra. Mas Bruno podia sentir que Ademir estava imensamente triste... Ademir guardava uma dor que não conseguia expressar. Fechou os olhos, e em sua mente surgiram lembranças da infância, quando seu pai o abandonou.Ele se lembrava do pai partindo de carro, deixando a Mansão da família Barbosa para trás. Na época, ainda criança, ele correu atrás, chorando e gritando:— Papai, por favor, não vá!Mas o pai não olhou para trás e foi embora sem hesitar. Logo depois, sua mãe também se foi... Mais tarde, Ademir tentou encontrar o pai, mas, em um inverno frio, o pai mandou que os empregados o expulsassem, se recusando a vê-lo. Embora fossem de sangue, o pai lhe demonstrava uma frieza que superava até a de um estranho.Era uma frieza que parecia congelar todo o sangue em suas veias.Depois de tantos anos, Ademir sentia novamente essa mesma sensação. Frio, um frio intenso. El
No dia seguinte, Karina acordou tarde. O sol já havia nascido, e ao olhar para o relógio, viu que já eram dez horas. Embora tivesse dormido bastante na noite anterior, como poderia ter dormido tanto assim? Se apressou a se lavar e arrumar, e ao sair, viu Ademir conversando com Júlio sobre alguns assuntos. Ao vê-la, ele apontou para a mesa de café e disse, de forma natural: — Vá comer alguma coisa, me espere um pouco, logo vai terminar. — Tá bom. — Karina respondeu com um aceno de cabeça, se sentindo um pouco envergonhada. Apesar de ter acordado tarde, ele ainda disse para que ela o esperasse. Quando terminou de comer, Ademir havia finalizado suas tarefas e, ao se aproximar, franziu a testa com um sorriso. — A Wanessa disse que você tem comido mais ultimamente, parece que é verdade. Comendo bem ontem à noite e hoje de manhã. Karina, com um pedaço de pão doce recheado a vapor na boca, perguntou: — Quando voltamos? Podemos ir agora? — Não temos pressa. — Ademir lhe ofereceu um
— Você está com sede? — Ademir imediatamente estendeu o copo térmico para ela. — Beba um pouco de água.— Obrigada. — Karina pegou o copo e, com as mãos, abriu a tampa, bebendo pequenos goles.— Já estamos chegando na cidade. Para onde te levo? — Preciso ir ao Hospital J.Ademir franziu a testa e perguntou:— Você ainda vai trabalhar hoje?— Não. — Karina balançou a cabeça. — Só preciso entregar a documentação que já está pronta.— Entendi. — Ademir relaxou um pouco e pediu ao motorista que os levasse direto para o Hospital J, deixando ela na ala cirúrgica.— Vou te esperar aqui. — Tá bom. Karina subiu, organizou os documentos e logo terminou. Quando desceu de elevador, ao sair, se deparou com Ademir esperando por ela à porta. Ao redor dele, um pequeno grupo de pessoas estava quieto, observando ele com atenção. Ele tinha uma presença impressionante, com um charme que fazia a maioria das pessoas prenderem a respiração. Era do tipo de pessoa que raramente se via na vida real.Até alg
Depois de deixar Karina e Patrícia na loja de vestidos de noiva, Ademir teve que ir embora. Ele estava muito ocupado. Principalmente nos últimos tempos, pois o casamento e muitos compromissos de trabalho estavam se sobrepondo, exigindo que ele cumprisse tudo com antecedência. A gerente da loja levou Patrícia para medir o tamanho do vestido. Ademir ficou parado, olhando para Karina, com uma das mãos no bolso da calça do terno, e disse: — E quanto ao Catarino, você vai acompanhá-lo até lá ou prefere que alguém vá buscá-lo? O menino só precisa de um traje formal, o que basta é medir o tamanho. Karina ficou parada, surpresa. Ele ainda planejava que Catarino participasse do casamento? Percebendo a expressão dela, com as sobrancelhas franzidas, Ademir continuou: — Eu vou mandar alguém acompanhar ele durante todo o evento. O Catarino é bem comportado, não vai dar trabalho. Como poderia faltar, sendo o único irmão da noiva? Ele era a única família de Karina. — Além disso,
Ademir se sentiu profundamente irritado. Ele havia organizado para que ela tivesse cuidados médicos adequados, e ainda assim, lá estava ela. Como podiam ser tão irresponsáveis? Ele olhou para Nadia com um olhar acusador e disse: — Como você está cuidando dela? Não sabia que ela ainda estava com a saúde frágil? — Sr. Ademir... Vitória, com os olhos marejados, tentou interromper. — Não tem a ver com ela. — Ela falou suavemente. — Fui eu quem quis sair. Quando tenho algo para fazer, não fico pensando nas coisas erradas. Essas palavras fizeram Ademir sentir um peso enorme no coração. Ele se sentiu culpado por tudo o que havia acontecido com ela. Ele assentiu levemente e falou: — Então, tudo bem, mas não se esforce demais. — Pode deixar, eu sei. — Você vai embora agora? Vitória sorriu levemente. — Sim, já estou indo. Como o destino as levava na mesma direção, seguiram juntas. ... Na porta da loja de vestidos. — Todo mundo na cidade sabe o quanto Ademir gosta