A enfermeira folheou rapidamente os registros em suas mãos e disse:— Ele provavelmente não foi levado para o hospital. Anotei todos os que foram transferidos para lá!Isso significava que Ademir ainda devia estar ali, no local.— Obrigada! — Karina fechou as mãos, apreensiva, e perguntou. — Posso dar uma olhada nas ambulâncias? Meu amigo pode estar em uma delas.— Pode, sim. — A enfermeira assentiu. — Mas, por favor, só dê uma olhada rápida. Não interrompa o atendimento.— Entendido! Muito obrigada!O ambiente estava pesado; além do barulho incessante, o som de soluços e lamentos preenchia o ar, aprofundando o sentimento de tristeza ao redor. Karina sentia o coração apertado enquanto verificava cada ambulância, uma por uma.Mas, estranhamente, Ademir não estava em nenhuma delas. Será que houve um erro nos registros? Ou será que ele já foi levado ao hospital?Ao seu lado, uma jovem acompanhava uma mulher de meia-idade, provavelmente sua mãe. Ambas tinham os olhos marejados, mas a mu
O coração de Karina doía tanto que ela mal conseguia respirar.Ela não conseguia entender... Como alguém que estava ao seu lado durante o dia podia estar morto agora? O que ele disse naquele momento? Ele disse que queria levá-la de volta ao hotel primeiro, mas ela recusou. Se ela soubesse que seria a última vez que se veriam, jamais teria recusado... Assim, poderia ter dito mais algumas palavras para ele.— Não, não...Karina chorava em silêncio, balançando a cabeça. Só algumas palavras a mais... Como se isso fosse o suficiente. Ele ainda era tão jovem, tinha uma vida inteira pela frente, ainda não havia vivido tanto. E seu avô... O avô o tinha como sua própria vida. Como ele poderia aceitar a morte do único neto?Tudo isso era por causa dela! Se não fosse por ela, ele nunca teria vindo para o País G...— Como você pôde ser tão tolo? — Karina sussurrava entre lágrimas. — Por que você veio? Já não temos mais nenhuma ligação. Eu não sou sua responsabilidade...As lágrimas escorriam,
Muita dúvida e choque. O que estava acontecendo? Karina estava ajoelhada no chão. Quem era a pessoa deitada à sua frente? Por que chorava diante dele, chamando seu nome? Não seria...? Em menos de um segundo, ele entendeu o motivo. Karina pensava que a pessoa deitada era ele. Ele conseguia ouvir com clareza o próprio coração batendo! Karina soube do atentado e, ao vir procurá-lo, acabou confundindo alguém com ele, por algum motivo. Agora, ela chorava achando que ele estava morto. Sim! Era exatamente isso que estava acontecendo! Ademir sabia que não deveria se alegrar, mas não conseguia esconder a felicidade que explodia em seu peito! Se esforçando para manter a calma, ele caminhou lentamente até ela. Chamou seu nome em voz baixa: — Karina. Karina ouviu e, de repente, paralisou, olhando para o corpo coberto com um lençol branco sobre o carro. Estaria tão desolada a ponto de ter uma alucinação? Ela realmente ouviu Ademir chamando seu nome? Vendo ela ali,
Karina, claro, não havia desmaiado apenas por causa do beijo. No hospital, após os exames, o médico explicou: — A oscilação emocional foi muito intensa. Como a gravidez já deixa o corpo mais frágil, sua esposa ficou exausta de tanto chorar. — Obrigado, doutor. No quarto, Karina estava recebendo medicação intravenosa. Ademir permaneceu ao seu lado em silêncio, sem querer incomodá-la. Karina gostava dele. O quanto? Ele não sabia ao certo. Mas sabia que não era uma mera afeição. Ninguém choraria assim por alguém de quem não gostasse nem um pouco. — Karina. — Ademir segurou suavemente sua mão. — Você gosta de mim, mesmo que seja só um pouco, não é? A porta do quarto se abriu lentamente. Era Júlio. — O que foi? — Ademir. — Disse Júlio — Enzo saiu da sala de cirurgia. Não houve maiores complicações com a perna dele. Vai querer dar uma olhada? Ademir havia pedido para ser informado assim que Enzo terminasse a cirurgia. Embora Júlio não quisesse interromper aquele
Karina soltou as malas, tomou um banho rápido e se deitou na cama. Suspirou aliviada; nada era tão confortável quanto sua própria cama. Com os olhos fechados, se deixou levar pelo sono, mas em seu último instante de consciência, ainda se perguntava: afinal, o que motivava Lucas? ... Na casa da família Costa. Lucas voltou exausto para casa. Eunice percebeu algo estranho em seu comportamento e perguntou diretamente: — Seja sincero, onde você andou nesses últimos dias longe da Cidade J? Sair do país não era algo que pudesse ser mantido em segredo. Em outras épocas, Lucas teria respondido com paciência, mas ultimamente seu humor estava bem mais instável. Ele respondeu com impaciência: — Claro que fui trabalhar! Se eu não trabalhasse, de onde você acha que viria o dinheiro que usa para viver todos esses anos? O tom irritado de Lucas deixou Eunice furiosa. Ela o segurou, impedindo ele de sair, e retrucou: — Pois bem, Lucas! Agora tem coragem de me responder desse jeit
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu