Enzo e Bruno já haviam trabalhado como investigadores especiais, e a intuição deles dificilmente falhava.Ademir franziu as sobrancelhas. País G? Quem exatamente estava o seguindo, tentando prejudicá-lo repetidas vezes?E agora, o que essa pessoa pretendia?— Ademir... — De repente, Karina se moveu um pouco.— Chega! Ademir se assustou e, em um sussurro, fez um sinal para Enzo parar, balançando a cabeça lentamente. O significado era claro: não deviam continuar falando.— Certo. — Enzo entendeu e fechou a boca.No banco de trás, Karina apenas ajustou a posição e continuou imóvel, sem realmente acordar. Ademir soltou um suspiro de alívio, grato por não tê-la despertado. Além disso, ele mesmo não compreendia por completo a confusão em que estava envolvido e, por isso, preferia que ela não soubesse de nada.Contudo, será que Karina se preocuparia?Encostada no canto, Karina fez de tudo para parecer que dormia. Na verdade, ela estava acordada o tempo todo.Cada palavra dita por eles ecoo
A atmosfera aos poucos se tornava densa.Ao entrarem na área urbana, Enzo perguntou:— Ademir, levamos a Karina para casa primeiro?Precisava mesmo perguntar?— Não precisa. — Mas Karina já havia despertado e recusou o plano deles. — Vamos direto para o hotel de vocês, não precisa fazer um desvio. Além disso, preciso ir ao hospital.Lucas ainda estava internado, e ela não podia deixá-lo de lado. Além do mais, queria contar-lhe sobre o Instituto do País de Gales.Ademir franziu a testa, claramente desaprovando.— Karina...— Você prometeu. — Karina sabia o que ele queria dizer e o interrompeu, encarando ele com firmeza, os grandes olhos fixos nos dele. — A viagem ao Instituto do País de Gales já terminou.Era hora de se separarem.Naquele instante, Ademir sentiu uma amargura profunda em seu peito. Com dificuldade, ele murmurou:— Está bem, eu prometo.E então, deu uma ordem a Enzo:— Pare na próxima esquina.— Sim, senhor, Ademir.Em pouco tempo, chegaram ao cruzamento, e Enzo encostou
Karina pegou o celular rapidamente e ligou para Ademir. Como temia, ele não atendeu. Imediatamente, tentou Júlio, mas o resultado foi o mesmo; Júlio também não atendeu. Sua expressão se tornou cada vez mais tensa...Karina mordeu o dedo, começando a acreditar que algo havia acontecido com eles. Caso contrário, jamais ignorariam suas ligações. O que fazer?Seus telefonemas não obtinham resposta, e permanecer ali, alimentando o medo e a ansiedade, não fazia sentido. Sem mais hesitar, pegou a bolsa e saiu às pressas em direção ao Hotel Mavis.No caminho, seu coração permanecia aflito, e, ao chegar ao local, essa angústia só se intensificou. O hotel estava em um verdadeiro caos: o fogo se alastrava, densas nuvens de fumaça se erguiam, e o ambiente era preenchido pelo som ensurdecedor das pessoas, das sirenes dos bombeiros e das ambulâncias.Karina tentou manter a calma e, mais uma vez, discou para Ademir. Ainda assim, não obteve resposta. Frustrada, abaixou o celular, tomada por uma a
A enfermeira folheou rapidamente os registros em suas mãos e disse:— Ele provavelmente não foi levado para o hospital. Anotei todos os que foram transferidos para lá!Isso significava que Ademir ainda devia estar ali, no local.— Obrigada! — Karina fechou as mãos, apreensiva, e perguntou. — Posso dar uma olhada nas ambulâncias? Meu amigo pode estar em uma delas.— Pode, sim. — A enfermeira assentiu. — Mas, por favor, só dê uma olhada rápida. Não interrompa o atendimento.— Entendido! Muito obrigada!O ambiente estava pesado; além do barulho incessante, o som de soluços e lamentos preenchia o ar, aprofundando o sentimento de tristeza ao redor. Karina sentia o coração apertado enquanto verificava cada ambulância, uma por uma.Mas, estranhamente, Ademir não estava em nenhuma delas. Será que houve um erro nos registros? Ou será que ele já foi levado ao hospital?Ao seu lado, uma jovem acompanhava uma mulher de meia-idade, provavelmente sua mãe. Ambas tinham os olhos marejados, mas a mu
O coração de Karina doía tanto que ela mal conseguia respirar.Ela não conseguia entender... Como alguém que estava ao seu lado durante o dia podia estar morto agora? O que ele disse naquele momento? Ele disse que queria levá-la de volta ao hotel primeiro, mas ela recusou. Se ela soubesse que seria a última vez que se veriam, jamais teria recusado... Assim, poderia ter dito mais algumas palavras para ele.— Não, não...Karina chorava em silêncio, balançando a cabeça. Só algumas palavras a mais... Como se isso fosse o suficiente. Ele ainda era tão jovem, tinha uma vida inteira pela frente, ainda não havia vivido tanto. E seu avô... O avô o tinha como sua própria vida. Como ele poderia aceitar a morte do único neto?Tudo isso era por causa dela! Se não fosse por ela, ele nunca teria vindo para o País G...— Como você pôde ser tão tolo? — Karina sussurrava entre lágrimas. — Por que você veio? Já não temos mais nenhuma ligação. Eu não sou sua responsabilidade...As lágrimas escorriam,
Muita dúvida e choque. O que estava acontecendo? Karina estava ajoelhada no chão. Quem era a pessoa deitada à sua frente? Por que chorava diante dele, chamando seu nome? Não seria...? Em menos de um segundo, ele entendeu o motivo. Karina pensava que a pessoa deitada era ele. Ele conseguia ouvir com clareza o próprio coração batendo! Karina soube do atentado e, ao vir procurá-lo, acabou confundindo alguém com ele, por algum motivo. Agora, ela chorava achando que ele estava morto. Sim! Era exatamente isso que estava acontecendo! Ademir sabia que não deveria se alegrar, mas não conseguia esconder a felicidade que explodia em seu peito! Se esforçando para manter a calma, ele caminhou lentamente até ela. Chamou seu nome em voz baixa: — Karina. Karina ouviu e, de repente, paralisou, olhando para o corpo coberto com um lençol branco sobre o carro. Estaria tão desolada a ponto de ter uma alucinação? Ela realmente ouviu Ademir chamando seu nome? Vendo ela ali,
Karina, claro, não havia desmaiado apenas por causa do beijo. No hospital, após os exames, o médico explicou: — A oscilação emocional foi muito intensa. Como a gravidez já deixa o corpo mais frágil, sua esposa ficou exausta de tanto chorar. — Obrigado, doutor. No quarto, Karina estava recebendo medicação intravenosa. Ademir permaneceu ao seu lado em silêncio, sem querer incomodá-la. Karina gostava dele. O quanto? Ele não sabia ao certo. Mas sabia que não era uma mera afeição. Ninguém choraria assim por alguém de quem não gostasse nem um pouco. — Karina. — Ademir segurou suavemente sua mão. — Você gosta de mim, mesmo que seja só um pouco, não é? A porta do quarto se abriu lentamente. Era Júlio. — O que foi? — Ademir. — Disse Júlio — Enzo saiu da sala de cirurgia. Não houve maiores complicações com a perna dele. Vai querer dar uma olhada? Ademir havia pedido para ser informado assim que Enzo terminasse a cirurgia. Embora Júlio não quisesse interromper aquele
Karina soltou as malas, tomou um banho rápido e se deitou na cama. Suspirou aliviada; nada era tão confortável quanto sua própria cama. Com os olhos fechados, se deixou levar pelo sono, mas em seu último instante de consciência, ainda se perguntava: afinal, o que motivava Lucas? ... Na casa da família Costa. Lucas voltou exausto para casa. Eunice percebeu algo estranho em seu comportamento e perguntou diretamente: — Seja sincero, onde você andou nesses últimos dias longe da Cidade J? Sair do país não era algo que pudesse ser mantido em segredo. Em outras épocas, Lucas teria respondido com paciência, mas ultimamente seu humor estava bem mais instável. Ele respondeu com impaciência: — Claro que fui trabalhar! Se eu não trabalhasse, de onde você acha que viria o dinheiro que usa para viver todos esses anos? O tom irritado de Lucas deixou Eunice furiosa. Ela o segurou, impedindo ele de sair, e retrucou: — Pois bem, Lucas! Agora tem coragem de me responder desse jeit