Por que Ademir estava bravo de novo? Karina pensou por um momento, talvez fosse porque ela havia chegado na hora errada. Porque, assim que ela chegou, a Vitória foi embora. Se ele estava de mau humor, ela conseguia entender. — Desculpa. — Karina pediu desculpas com sinceridade e perguntou suavemente. — Você quer comer algo agora? Perguntar isso ainda era necessário? Ademir estava quase explodindo de raiva por causa daquela mulher! Desde a noite anterior até agora, quanto tempo ele já estava com fome? Ademir, irritado, virou o rosto e disse: — Eu não vou comer, pode me deixar morrer de fome! Karina ficou sem palavras. Pelo visto, Ademir não estava gravemente ferido, mas parecia sem forças. Ela estendeu a mão, abriu a bolsa térmica e lentamente tirou as marmitas e os talheres. — Agora você só pode comer algo leve, a Wanessa fez um pouco de mingau para você. Karina colocou o mingau em uma tigela e a ofereceu para Ademir. Ele deu uma olhada, mas não se mexeu. Ka
O rosto de Ademir expressava uma raiva intensa, difícil de controlar. — Karina, você está se preparando para ir embora? Karina respondeu: — Sim, por quê? Ademir sentiu uma dor no peito de tanta raiva e soltou uma risada fria: — O marido sofre um acidente e está no hospital. Não é dever da esposa ficar ao lado dele, cuidando dele? Karina ficou em silêncio. Na teoria, ele não estava errado. Mas isso valia para casais normais, o que eles claramente não eram. Ela sentiu uma vontade enorme de lembrá-lo que quem deveria estar ao lado dele, cuidando dele, não era ela. Era Vitória. Ele sofreu o acidente por causa de Vitória, então era justo que ela ficasse ao seu lado! Seu marido, em plena madrugada, saiu de casa para encontrar a mulher que amava e acabou se envolvendo em um acidente. E, no final, quem tinha que cuidar dele era ela? Karina abriu a boca, mas no fim, não disse nada. Ricos sempre faziam o que bem entendiam! Ela se rendeu e acenou com a cabeça: — Se
Karina ficou surpresa por um momento. Ela estava no hospital, claro, para cuidar dele. Mas agora que ele parecia estar bem, não era necessário, certo? Karina sorriu levemente, sua voz suave: — Foi erro meu. O que você precisa que eu faça agora? — Venha aqui. — Ademir lançou-lhe um olhar, a voz rouca e grave. Karina se aproximou, e Ademir, com a voz ainda mais baixa e rouca, disse: — Eu quero tomar banho. — De jeito nenhum. — Sem hesitar por um segundo, sua resposta foi imediata, fruto do hábito profissional. Karina logo explicou. — Não pode molhar o ferimento. Ademir esboçou um sorriso, os lábios se contraindo: — Eu quero tomar banho. Se não tomar, vou me sentir mal. E se eu me sentir mal, o ferimento não vai cicatrizar! — Ele se recostou, abrindo as mãos em rendição, continuando. — Faça como achar melhor. Karina ficou sem palavras. Ele estava fazendo birra? — Tomar banho está fora de questão. — Controlando a irritação crescente, ela respondeu calmamente. — No
Karina se aproximou e perguntou ao Ademir:— Você ainda precisa de algo?Ademir estava bastante contrariado por ela tê-lo deixado sozinho antes. Seu rosto se fechou, e ele a ignorou.— Então, vou ler um livro. — Karina hesitou um pouco e apontou para a cama de acompanhante ao lado.Ela não se atreveu a ir imediatamente, esperando a aprovação de Ademir.Ao ouvir aquilo, Ademir não conseguiu evitar soltar uma risada fria:— Se quer ir, vá. Precisa me perguntar?Ela o deixou sob os cuidados dos enfermeiros, e agora vinha perguntar a ele?— Tudo bem. — Karina ignorou o tom sarcástico dele, esboçou um leve sorriso e correu para ler.O olhar de Ademir a seguiu, mas havia uma sensação inexplicável de desconforto.Não era esse tipo de companhia que ele queria!Ele havia sofrido um acidente de carro e estava ferido. Ela não deveria estar cuidando dele, demonstrando carinho e priorizando suas necessidades?Ademir estava extremamente irritado. Se virou de costas para ela e tentou dormir.Mas simp
Karina não estava brincando.Ela raramente assistia a programas de variedades, mas depois de alguns minutos, achou o programa bastante divertido. Deitada no sofá, ela até soltou algumas risadas.Ademir, por outro lado, não estava prestando atenção na televisão. Seus olhos estavam fixos nela. Curioso, ele perguntou:— Esse programa é engraçado?Karina, ainda olhando para a tela, respondeu distraidamente:— Sim, é bem interessante. Acho que a Vitória se encaixa bem nesse tipo de programa.Dizendo isso, ela se virou para olhar o homem:— Ela parece ter talento para ser uma estrela. Ouvi dizer que ela tem muitos fãs.— Parece que sim. — Ademir respondeu de maneira indiferente.Ela estava falando de Vitória com tanta calma, sem brigar, sem levantar a voz. O que estava acontecendo? Será que ela não sentia ciúmes? Por quê? Seria porque... Porque ela não gostava dele?Esses pensamentos tomaram conta da mente de Ademir, e sua raiva aumentou subitamente.— Troque de canal! — Ademir rosnou, a
Ela se mexeu um pouco, tirando suavemente o braço do homem que estava sobre sua cintura.Ademir franziu o cenho e abriu os olhos.Assustada, Karina perguntou:— O que houve? Você machucou o ferimento?Eles estavam tão próximos que era possível que tivessem tocado na ferida.— Talvez... — Ademir respondeu, ainda com as sobrancelhas franzidas e uma expressão de dor no rosto.— Deixa eu ver! — Karina ficou ainda mais nervosa.Ela estendeu a mão, pronta para abrir os botões da roupa hospitalar dele, mas sua mão foi segurada.No segundo seguinte, ele a puxou para seus braços.Karina ficou surpresa por um instante e disse:— Deixa eu ver o ferimento...— Karina. — O rosto de Ademir estava encostado no pescoço dela, e sua voz era grave. — Se o meu ferimento abrir, você vai ficar com pena?O coração de Karina começou a bater mais rápido.Ela já imaginava que o ferimento dele estava bem.Mas... Por que ele estava perguntando aquilo? Qual era o sentido disso?Karina lentamente o afastou com um s
Karina abriu a porta e saiu correndo.— Karina. — A voz de Ademir soou atrás dela. Seu tom frio, carregado de raiva. — Pare aí.Karina hesitou por um breve instante, mas não se virou. Parou por apenas um segundo, depois saiu decidida, fechando a porta com firmeza.— Que absurdo!A expressão esculpida e elegante de Ademir estava cheia de fúria. Será que ela estava determinada a enlouquecê-lo?— Ademir... — Vitória, que estava ao lado, tinha o rosto pálido.Com um tom de tristeza, ela disse:— Me desculpe, a culpa é toda minha. Eu não deveria ter vindo. Será que a Sra. Barbosa não entendeu mal? Posso ir falar com ela e explicar?— Não precisa. — Ademir franziu a testa e balançou a cabeça. — Não há necessidade disso.Explicar para quê? Explicações só eram necessárias quando havia ciúmes, e Karina claramente não se importava com aquilo. Desde o início era assim, e agora, nada havia mudado.Talvez, no fundo, ela até esperasse que algo acontecesse entre ele e a Vitória.— Então... — Vitória
Essa era uma das características de Ademir.— Karina... — Patrícia murmurou, desolada. — Me desculpa. Eu sou tão inútil, não consigo te ajudar em nada.— Pronto, chega de choro. — Karina sorriu e, pegando um lenço de papel, enxugou as lágrimas de Patrícia. Ela então disse. — Agora que você sabe de tudo, fale com o Simão com calma. Não deixe que ele aja impulsivamente e faça alguma besteira.— Fique tranquila, eu sei. — Patrícia ainda sentia um calafrio ao se lembrar do que Simão tinha feito da última vez. — Vou cuidar para que ele não faça nada precipitado. — E, abraçando Karina mais uma vez, acrescentou. — Você também me prometa que, no futuro, não vai enfrentar as coisas sozinha.— Tudo bem, eu prometo. — Depois de muito esforço, Karina finalmente conseguiu acalmar Patrícia. Então, sugeriu. — Vamos almoçar juntas?Patrícia a olhou, surpresa:— Você tem tempo? Não precisa ficar com o Ademir?— Não preciso. — Karina pensou em Vitória. Talvez fosse melhor voltar um pouco mais tarde, dar