Karina não estava brincando.Ela raramente assistia a programas de variedades, mas depois de alguns minutos, achou o programa bastante divertido. Deitada no sofá, ela até soltou algumas risadas.Ademir, por outro lado, não estava prestando atenção na televisão. Seus olhos estavam fixos nela. Curioso, ele perguntou:— Esse programa é engraçado?Karina, ainda olhando para a tela, respondeu distraidamente:— Sim, é bem interessante. Acho que a Vitória se encaixa bem nesse tipo de programa.Dizendo isso, ela se virou para olhar o homem:— Ela parece ter talento para ser uma estrela. Ouvi dizer que ela tem muitos fãs.— Parece que sim. — Ademir respondeu de maneira indiferente.Ela estava falando de Vitória com tanta calma, sem brigar, sem levantar a voz. O que estava acontecendo? Será que ela não sentia ciúmes? Por quê? Seria porque... Porque ela não gostava dele?Esses pensamentos tomaram conta da mente de Ademir, e sua raiva aumentou subitamente.— Troque de canal! — Ademir rosnou, a
Ela se mexeu um pouco, tirando suavemente o braço do homem que estava sobre sua cintura.Ademir franziu o cenho e abriu os olhos.Assustada, Karina perguntou:— O que houve? Você machucou o ferimento?Eles estavam tão próximos que era possível que tivessem tocado na ferida.— Talvez... — Ademir respondeu, ainda com as sobrancelhas franzidas e uma expressão de dor no rosto.— Deixa eu ver! — Karina ficou ainda mais nervosa.Ela estendeu a mão, pronta para abrir os botões da roupa hospitalar dele, mas sua mão foi segurada.No segundo seguinte, ele a puxou para seus braços.Karina ficou surpresa por um instante e disse:— Deixa eu ver o ferimento...— Karina. — O rosto de Ademir estava encostado no pescoço dela, e sua voz era grave. — Se o meu ferimento abrir, você vai ficar com pena?O coração de Karina começou a bater mais rápido.Ela já imaginava que o ferimento dele estava bem.Mas... Por que ele estava perguntando aquilo? Qual era o sentido disso?Karina lentamente o afastou com um s
Karina abriu a porta e saiu correndo.— Karina. — A voz de Ademir soou atrás dela. Seu tom frio, carregado de raiva. — Pare aí.Karina hesitou por um breve instante, mas não se virou. Parou por apenas um segundo, depois saiu decidida, fechando a porta com firmeza.— Que absurdo!A expressão esculpida e elegante de Ademir estava cheia de fúria. Será que ela estava determinada a enlouquecê-lo?— Ademir... — Vitória, que estava ao lado, tinha o rosto pálido.Com um tom de tristeza, ela disse:— Me desculpe, a culpa é toda minha. Eu não deveria ter vindo. Será que a Sra. Barbosa não entendeu mal? Posso ir falar com ela e explicar?— Não precisa. — Ademir franziu a testa e balançou a cabeça. — Não há necessidade disso.Explicar para quê? Explicações só eram necessárias quando havia ciúmes, e Karina claramente não se importava com aquilo. Desde o início era assim, e agora, nada havia mudado.Talvez, no fundo, ela até esperasse que algo acontecesse entre ele e a Vitória.— Então... — Vitória
Essa era uma das características de Ademir.— Karina... — Patrícia murmurou, desolada. — Me desculpa. Eu sou tão inútil, não consigo te ajudar em nada.— Pronto, chega de choro. — Karina sorriu e, pegando um lenço de papel, enxugou as lágrimas de Patrícia. Ela então disse. — Agora que você sabe de tudo, fale com o Simão com calma. Não deixe que ele aja impulsivamente e faça alguma besteira.— Fique tranquila, eu sei. — Patrícia ainda sentia um calafrio ao se lembrar do que Simão tinha feito da última vez. — Vou cuidar para que ele não faça nada precipitado. — E, abraçando Karina mais uma vez, acrescentou. — Você também me prometa que, no futuro, não vai enfrentar as coisas sozinha.— Tudo bem, eu prometo. — Depois de muito esforço, Karina finalmente conseguiu acalmar Patrícia. Então, sugeriu. — Vamos almoçar juntas?Patrícia a olhou, surpresa:— Você tem tempo? Não precisa ficar com o Ademir?— Não preciso. — Karina pensou em Vitória. Talvez fosse melhor voltar um pouco mais tarde, dar
Era óbvio que Karina sabia que aquelas palavras eram ditas por pura irritação. Ela não entendia o que passava pela cabeça dele e, sinceramente, não tinha vontade de adivinhar. No entanto, precisava fazer de tudo para agradá-lo. Afinal, a última coisa que queria era passar o dia inteiro encarando uma cara mal-humorada.Karina olhou para ele, sorrindo suavemente: — Você não pode ficar sem comer. Vai acabar ficando doente. Vou ver na cozinha se encontro algo para te dar.Dizendo isso, ela foi para a cozinha. Logo voltou. — Tem mingau, caldo de galinha e alguns acompanhamentos. Vou esquentar para você, tá?Ademir estava meio recostado na cabeceira da cama, ainda com uma expressão irritada, e respondeu com descontentamento: — Já estou enjoado disso, não quero comer!"Mal comeu duas refeições e já está enjoado? Nobres são realmente diferentes", pensou Karina, sem poder evitar um toque de ironia em sua mente. Então, perguntou: — E o que você quer comer?— Quer que eu pense nisso? —
Ademir pegou o garfo devagar e, sem conseguir evitar, comentou: — Você podia ter colocado algum tempero para dar um pouco de cor a esse macarrão. E, só cozinhou o macarrão? Não colocou verduras? Nem um ovo?— Tem, tem sim! — Karina respondeu, com os olhos brilhando ao ouvir a pergunta, apontando para a tigela. — Tá tudo embaixo, eu fritei o ovo.Ademir riu e disse: — Então sua comida não está tão ruim assim. Mas deveria ter colocado essas coisas por cima.Ele usou o garfo para pegar o que estava no fundo da tigela. Apareceram as verduras... E o ovo frito, completamente queimado.Ademir ficou surpreso, pensando se o ovo tinha passado do ponto. — Não fritei direito. — Karina confessou em voz baixa. — O ovo ficou um pouco queimado, mas a outra parte está boa. Você pode virar e comer o outro lado...Antes que ela terminasse de falar, Ademir não conseguiu se segurar e caiu na gargalhada.— Do que está rindo? — As bochechas de Karina ficaram quentes de vergonha. — Pare de rir! O que é
Às três horas, Karina voltou ao quarto do hospital. Tinha marcado para medir as roupas às quatro e ainda precisava de um tempo para chegar lá. O horário em que voltou não era nem cedo, nem tarde, era o ideal. No entanto, o quarto estava extremamente silencioso. — Ademir? — Karina olhou ao redor e percebeu que ele não estava no quarto. Logo eles teriam que sair para tirar as medidas. Onde ele havia ido? Karina pegou o celular e ligou para Ademir, querendo saber para onde ele tinha ido. Naquele momento, Ademir estava no quarto de Vitória. Comparada a ele, os ferimentos de Vitória eram bem mais leves. Hoje, ela já podia receber alta. Antes de sair do hospital, Vitória passou por uma série de exames. Assim que terminou, ligou para Ademir, pedindo para ele ir até lá. — É isso... — Vitória terminou de falar, seus olhos ainda vermelhos de tanto chorar. O rosto bonito de Ademir não mostrava expressão alguma. Depois de um longo silêncio, ele finalmente olhou para Vitória
— Vitória... — Eunice olhou para a filha, pela primeira vez demonstrando uma pontada de incerteza. — Isso vai dar certo? Você nem está realmente grávida. E se descobrirem no futuro, o que faremos? Vitória soltou uma risada fria e respondeu: — O futuro é problema para o futuro. Pelo menos agora, ele não pode mais me abandonar, não é? — Sim. — Eunice concordou com um leve aceno, mordendo os lábios com determinação. — Foi a Karina que te forçou a isso! Cheia de angústia, Eunice segurou com força a mão da filha: — Eu estou aqui, vou te ajudar. Aquela vadia nunca vai tomar o seu lugar, isso é impossível! — Mãe... — Vitória, com uma expressão complexa, se aconchegou no colo de Eunice. — Eu não tinha outra escolha... Eu realmente gosto do Ademir. Não era apenas pelo dinheiro e poder dele. O mais importante era quem ele era como pessoa. Neste ponto, Vitória já não conseguia mais deixá-lo. Na vida dela, Ademir era o único homem que ela desejava! ... Ao sair do quarto, Ad