Era óbvio que Karina sabia que aquelas palavras eram ditas por pura irritação. Ela não entendia o que passava pela cabeça dele e, sinceramente, não tinha vontade de adivinhar. No entanto, precisava fazer de tudo para agradá-lo. Afinal, a última coisa que queria era passar o dia inteiro encarando uma cara mal-humorada.Karina olhou para ele, sorrindo suavemente: — Você não pode ficar sem comer. Vai acabar ficando doente. Vou ver na cozinha se encontro algo para te dar.Dizendo isso, ela foi para a cozinha. Logo voltou. — Tem mingau, caldo de galinha e alguns acompanhamentos. Vou esquentar para você, tá?Ademir estava meio recostado na cabeceira da cama, ainda com uma expressão irritada, e respondeu com descontentamento: — Já estou enjoado disso, não quero comer!"Mal comeu duas refeições e já está enjoado? Nobres são realmente diferentes", pensou Karina, sem poder evitar um toque de ironia em sua mente. Então, perguntou: — E o que você quer comer?— Quer que eu pense nisso? —
Ademir pegou o garfo devagar e, sem conseguir evitar, comentou: — Você podia ter colocado algum tempero para dar um pouco de cor a esse macarrão. E, só cozinhou o macarrão? Não colocou verduras? Nem um ovo?— Tem, tem sim! — Karina respondeu, com os olhos brilhando ao ouvir a pergunta, apontando para a tigela. — Tá tudo embaixo, eu fritei o ovo.Ademir riu e disse: — Então sua comida não está tão ruim assim. Mas deveria ter colocado essas coisas por cima.Ele usou o garfo para pegar o que estava no fundo da tigela. Apareceram as verduras... E o ovo frito, completamente queimado.Ademir ficou surpreso, pensando se o ovo tinha passado do ponto. — Não fritei direito. — Karina confessou em voz baixa. — O ovo ficou um pouco queimado, mas a outra parte está boa. Você pode virar e comer o outro lado...Antes que ela terminasse de falar, Ademir não conseguiu se segurar e caiu na gargalhada.— Do que está rindo? — As bochechas de Karina ficaram quentes de vergonha. — Pare de rir! O que é
Às três horas, Karina voltou ao quarto do hospital. Tinha marcado para medir as roupas às quatro e ainda precisava de um tempo para chegar lá. O horário em que voltou não era nem cedo, nem tarde, era o ideal. No entanto, o quarto estava extremamente silencioso. — Ademir? — Karina olhou ao redor e percebeu que ele não estava no quarto. Logo eles teriam que sair para tirar as medidas. Onde ele havia ido? Karina pegou o celular e ligou para Ademir, querendo saber para onde ele tinha ido. Naquele momento, Ademir estava no quarto de Vitória. Comparada a ele, os ferimentos de Vitória eram bem mais leves. Hoje, ela já podia receber alta. Antes de sair do hospital, Vitória passou por uma série de exames. Assim que terminou, ligou para Ademir, pedindo para ele ir até lá. — É isso... — Vitória terminou de falar, seus olhos ainda vermelhos de tanto chorar. O rosto bonito de Ademir não mostrava expressão alguma. Depois de um longo silêncio, ele finalmente olhou para Vitória
— Vitória... — Eunice olhou para a filha, pela primeira vez demonstrando uma pontada de incerteza. — Isso vai dar certo? Você nem está realmente grávida. E se descobrirem no futuro, o que faremos? Vitória soltou uma risada fria e respondeu: — O futuro é problema para o futuro. Pelo menos agora, ele não pode mais me abandonar, não é? — Sim. — Eunice concordou com um leve aceno, mordendo os lábios com determinação. — Foi a Karina que te forçou a isso! Cheia de angústia, Eunice segurou com força a mão da filha: — Eu estou aqui, vou te ajudar. Aquela vadia nunca vai tomar o seu lugar, isso é impossível! — Mãe... — Vitória, com uma expressão complexa, se aconchegou no colo de Eunice. — Eu não tinha outra escolha... Eu realmente gosto do Ademir. Não era apenas pelo dinheiro e poder dele. O mais importante era quem ele era como pessoa. Neste ponto, Vitória já não conseguia mais deixá-lo. Na vida dela, Ademir era o único homem que ela desejava! ... Ao sair do quarto, Ad
A aula experimental tinha apenas quarenta e cinco minutos e logo chegou ao fim. Durante a aula, Karina esteve concentrada. No entanto, assim que terminou, sua mente ficou vazia, e ela não se sentiu muito bem. Incapaz de se controlar, pegou o celular e abriu a foto que Vitória havia lhe enviado. Com os olhos semiabertos, sorriu levemente. Se não fosse por aquela foto, quase teria acreditado no que Ademir disse na noite anterior. Ademir lhe pediu para que eles levassem uma vida juntos de maneira tranquila. Mas, naquelas circunstâncias, como isso seria possível? Karina segurava o celular, sem saber quanto tempo ficou parada na porta da sala de aula, até que alguém a chamou.— Karina? — Era Bruno.Ademir havia ordenado que ele a buscasse, e ao vê-la demorando tanto para sair, Bruno ficou preocupado, imaginando se algo havia acontecido.— Já terminou a aula? Podemos ir embora?— Sim. — Karina guardou o celular e acenou com a cabeça. — Vamos.Quando chegaram de volta ao quarto do hosp
Mas ela não tinha nada para fazer hoje.Karina se encostou em seu peito, a voz ligeiramente baixa: — Está bem.Depois, eles se lavaram e tomaram café da manhã. O médico veio para fazer um exame, e a enfermeira realizou os tratamentos. Tudo correu bem até as três da tarde.Antes de saírem, Karina verificou o ferimento de Ademir, e estava tudo em ordem. Para garantir a segurança, ela decidiu trocar o curativo.O motorista os levou até a loja de vestidos de noiva. Era uma famosa loja de noivas na Cidade J, onde um mestre francês fazia os vestidos. Na loja, os funcionários apenas recebiam os clientes e realizavam o atendimento básico. O mestre precisava dividir seu tempo entre a França e a Cidade J, ficando apenas quinze dias por mês na cidade.Hoje, Ademir e Karina estavam apenas lá para tirar medidas e escolher os modelos. O mestre não estava presente. O gerente da loja os atendeu pessoalmente.— Sr. Ademir, Sra. Barbosa, por favor, entrem. As medidas do homem e da mulher precisam ser
— Sra. Barbosa? — O gerente entrou com os croquis de design nas mãos, surpreso ao ver que Karina parecia estar prestes a sair. — Trouxe os desenhos. Se sente, vou lhe apresentar os modelos.— Não precisa. — Karina balançou a cabeça suavemente, respondendo em tom indiferente. — Tenho algo para fazer, preciso ir agora.— O quê? — O gerente ficou atordoado.Como isso seria possível? A Sra. Barbosa era uma cliente de grande importância para a loja, e queria sair sem nem sequer olhar os modelos? Se o dono soubesse disso, ela certamente perderia o emprego.— Sra. Barbosa, será que fizemos algo errado? Eu gostaria de pedir desculpas formalmente... — O gerente, confuso, pensou que tinham cometido algum erro.— Não é isso. — Karina não tinha a intenção de culpar o gerente.No entanto, ao sair assim, sabia que ele poderia enfrentar problemas. Mas, sinceramente, ela não tinha disposição alguma para olhar os croquis naquele momento.Pensando por um instante, Karina sugeriu: — Que tal você escolh
[Tem certeza de que não vamos impedir?] Vitória abaixou a cabeça, sorrindo discretamente. Ela digitou uma resposta rápida para Nadia: [Não vamos impedir. Se lembre, essa história de os jornalistas tirarem fotos não tem nada a ver com a gente.]Logo, Nadia respondeu: [Fique tranquila, entendi.]Guardando o celular, Vitória se recostou na cadeira, se sentindo extremamente relaxada e satisfeita.Ao chegarem à Mansão dos Costa, Ademir ainda carregava Vitória nos braços ao descer do carro. Ao entrar na casa, ele a levou diretamente para o quarto no segundo andar.Eunice os acompanhava de perto: — Sr. Ademir, me deixe ajudar.— Não precisa. — Ademir balançou a cabeça, colocando Vitória com cuidado na cama e puxando o cobertor para cobri-la com atenção. — Tia, pode ir preparar os bolinhos de arroz. A Vitória ainda não comeu nada.— Claro! — Eunice assentiu rapidamente, mas hesitou antes de sair. Com alguma incerteza, perguntou: — Sr. Ademir, você disse que pediu um tempo para a Vitó