Ethan Carter
Acordei com dor.
Não aquela dor emocional e maldita que me atormentava há dias. Era física, concreta, ardente. A porra de uma pressão acumulada que parecia concentrada entre minhas pernas, lembrando cada centímetro do que não aconteceu na noite passada.
Virei na cama, com o rosto enterrado no travesseiro, e soltei um gemido abafado.
— Merda…
Os lençois estavam embolados na cintura, e o colchão ainda carregava o perfume adocicado de shampoo misturado com álcool. Senti o cheiro antes de abrir os olhos. E então eu olhei.
Helen dormindo.
Ethan CarterO silêncio da minha sala era uma benção e uma maldição. A cidade pulsava do lado de fora, mas aqui dentro tudo parecia contido, retesado, sufocado exatamente como me sinto agora.Sentei-me na cadeira de couro, encostei minha cabeça no encosto e fechei os olhos por um minuto.Helen…A imagem dela ainda estava cravada na minha retina, o corpo esbelto dela nu nos meus lençois, os cabelos bagunçados, os lábios entreabertos, a perna esticada inconscientemente, provocante como o inferno. Os seios a mostra e a porra da lembrança dela me provocando..Será que ela tinha noção do que t
O mundo girava.Helen acordou com um gemido baixo, sentindo o peso do próprio corpo afundar no colchão macio, enquanto a cabeça latejava como se tivesse uma bateria de escola de samba desfilando dentro do crânio. As pálpebras pesadas demoraram a se abrir, e quando o fizeram, a luz suave que entrava pelas frestas da cortina parecia um ataque direto à sua sobrevivência.Ela franziu o rosto, gemeu e se encolheu de novo.Tudo parecia uma névoa. Estava deitada em uma cama enorme, com lençóis escuros e o cheiro amadeirado familiar que fazia o coração dela dar um salto. Virou o rosto devagar e viu que o lado ao seu lado estava vazio. Nenhum sinal de Ethan. O céu estava claro naquela tarde de sexta-feira, mas o coração de Helen continuava carregado como um temporal prestes a cair. Depois de tudo o que havia acontecido, da briga na boate, do quase beijo, da provocação seguida de silêncio, ela ainda não sabia ao certo o que pensar sobre Ethan.A dor estava ali. Latejando. O orgulho ferido, o desejo misturado com mágoa. A noite anterior parecia um borrão de provocação e vulnerabilidade. Não podia negar que gostou de levar Ethan aos limites, gostou de provocá-lo, de ver o desejo evidente em cada parte do seu corpo, mas no fundo, gostaria que ele tivesse rompido as barreiras, isso só levava a crer que Ethan apenas a via como uma uma amiga querida. Amiga… Não era como uma amiga que Helen queria ser vista. Era como uma mulher que ardia de desejo por ele. Que gritava para permanecer em seus braços. Talvez tenha sido melhor assim, se tivesse se entregado a Ethan seria ainda mais difícil arrancá-lo de dentro do seu coração. O céu ainda estava cCapítulo 57 - O Fim Que Eu Escolhi
Helen sentiu o peito se contrair no instante em que seus olhos pousaram sobre a fotografia. O mundo ao seu redor silenciou, como se o próprio tempo a suspendesse naquele exato momento de agonia. O sorriso de Ethan na imagem, sua expressão relaxada ao lado de Miranda, a maneira como seus corpos pareciam confortáveis um com o outro… cada detalhe perfurava sua alma como estilhaços de vidro.Seu coração martelava dentro do peito, não de surpresa, mas de uma dor sufocante, excruciante. Porque, no fundo, ela sempre soube. Sempre soube que Ethan nunca a quis. Sempre soube que, se pudesse escolher, ele estaria ao lado de Miranda, vivendo o sonho dourado que nunca pôde ter. E agora, ele estava ali, mostrando ao mundo, sem qualquer pudor, que ainda a desejava.O contrato entre eles nunca envolveu amor, mas Helen o amava. Amava Ethan de uma forma que a destruía pouco a pouco, que sugava sua alma a cada dia. Nunca quis esse casamento, mas quando foi obrigada a aceitar, agarrou-se à esperança de q
O telefone de Helen tocou logo pela manhã, interrompendo o silêncio tranquilo de seu apartamento. Sua voz suave atendeu o chamado, mas o tom firme e urgente de seu pai do outro lado da linha a deixou em alerta.— Helen, preciso que venha à empresa agora. É urgente.Ela conhecia bem aquela voz fria e autoritária, mas o que a diferenciava de todos os outros era sua capacidade de enfrentar o pai sem abaixar a cabeça. Sempre o fez com elegância e gentileza, porque essa era a sua essência: uma mulher doce, generosa, mas forte.Vestiu-se com um conjunto elegante, mas simples, composto por uma blusa creme delicada e uma saia lápis que moldava seu corpo de maneira sutil. Os cabelos dourados e ondulados caíam livremente sobre os ombros, e os olhos azuis brilhavam com uma mistura de apreensão e determinação. Helen era a mulher que sempre sorria para os outros, sempre buscava o melhor nas pessoas, mesmo quando o mundo parecia desmoronar ao seu redor.Enquanto caminhava para o prédio de vidro imp
O elevador desceu lentamente, cada segundo fazendo o peito de Helen apertar mais. Mas ela se recusava a demonstrar fragilidade. Sempre foi uma mulher determinada, forte, disposta a enfrentar qualquer coisa para alcançar seus objetivos. E agora, não seria diferente.Helen repetia para si mesma: É só um contrato, só negócios. Mas, no fundo, aquilo era muito mais. Era sua chance de provar que Ethan estava errado. Que ela não era apenas uma mulher frágil apaixonada por ele. Que ela era muito mais do que a garota previsível que ele sempre viu.O amor que sentia por Ethan era algo que ela havia aceitado muito tempo atrás. Uma chama persistente que não se apagava, mesmo diante da frieza dele. Mas Helen jamais imploraria por afeto. Ela não se humilharia por um homem, por mais que o amasse.Quando as portas do elevador se abriram, ela inspirou fundo e caminhou com passos firmes até a sala de reuniões. Ethan já estava lá, sentado, com a expressão carrancuda, o olhar glacial e os ombros rígidos
A igreja estava impecável, um verdadeiro cenário de sonho. Lustres imponentes lançavam sua luz dourada sobre o altar, onde flores brancas decoravam cada canto, simbolizando pureza e renascimento. O som delicado dos violinos preenchia o ambiente, criando a atmosfera perfeita para um casamento digno de contos de fadas.Mas para Helen, aquilo era um teste. Um desafio que ela estava disposta a enfrentar. Não fugiria, não se lamentaria. Iria provar para Ethan que ele estava errado.Cada passo pelo tapete vermelho era dado com firmeza. Não era medo que a movia, era convicção. Convicção de que estava ali por escolha própria, de que amava Ethan e não se deixaria intimidar pela frieza dele.O braço firme do pai a conduzia em direção ao altar. Ela o segurava com força, não para se apoiar, mas para manter o controle absoluto sobre si mesma.E então, lá estava ele: Ethan Carter.Impecável. Inalcançável. Indiferente.O terno preto de corte perfeito moldava seu corpo com uma elegância quase cruel.
A ilha privada onde ficariam hospedados era um verdadeiro paraíso. A areia branca contrastava com o azul cristalino do mar e o sol brilhava intensamente sobre eles, como se o mundo conspirasse para que aquela lua de mel fosse perfeita.Mas o clima entre eles era frio como gelo.Quando chegaram à casa luxuosa reservada para a estadia, Helen observou o ambiente com interesse genuíno. Cada detalhe parecia cuidadosamente planejado para proporcionar conforto e elegância.— Escolha o quarto que preferir. — Ethan disse de forma indiferente, caminhando diretamente para o escritório.Helen sentiu o peito apertar. Se ele pensava que ela se afastaria, estava muito enganado.— Nós somos casados, Ethan. Acho que não precisamos de quartos separados.Ele parou, com os ombros tensos. Depois, virou-se para encará-la, com os olhos faiscando com irritação.— Não me provoque, Helen. Você pode ter o meu nome, mas nada além disso.— Eu não estou pedindo nada. Apenas que você pare de agir como se eu fosse s