Capítulo 04 - Lua de Fel 

A ilha privada onde ficariam hospedados era um verdadeiro paraíso. A areia branca contrastava com o azul cristalino do mar e o sol brilhava intensamente sobre eles, como se o mundo conspirasse para que aquela lua de mel fosse perfeita.

Mas o clima entre eles era frio como gelo.

Quando chegaram à casa luxuosa reservada para a estadia, Helen observou o ambiente com interesse genuíno. Cada detalhe parecia cuidadosamente planejado para proporcionar conforto e elegância.

— Escolha o quarto que preferir. — Ethan disse de forma indiferente, caminhando diretamente para o escritório.

Helen sentiu o peito apertar. Se ele pensava que ela se afastaria, estava muito enganado.

— Nós somos casados, Ethan. Acho que não precisamos de quartos separados.

Ele parou, com os ombros tensos. Depois, virou-se para encará-la, com os olhos faiscando com irritação.

— Não me provoque, Helen. Você pode ter o meu nome, mas nada além disso.

— Eu não estou pedindo nada. Apenas que você pare de agir como se eu fosse sua inimiga. — Helen respondeu, mantendo o tom suave. — Não sei o que você ouviu sobre mim, mas eu não estou aqui para destruir sua vida.

— Claro, você está apenas aqui para garantir que eu não perca minha posição como CEO. Que alma generosa você tem. — Ele rebateu, com a voz carregada de sarcasmo.

— Acredite no que quiser, Ethan. — Helen deu de ombros, mas seus olhos não desviaram dos dele. — Eu sei a verdade e é o suficiente para mim.

Ethan a encarou por um longo momento, como se tentasse decifrá-la. Mas, no final, ele apenas balançou a cabeça e entrou no escritório, fechando a porta atrás de si com força.

Helen permaneceu onde estava, sentindo seu coração bater forte.

Se Ethan queria guerra, ela lhe daria. Mas seria uma guerra de gentileza, paciência e compreensão. Porque, por mais difícil que fosse, Helen estava determinada a provar que ele estava errado sobre ela.

✲ ✲ ✲

Nos dias seguintes, Helen fez de tudo para criar um clima pacífico. Estava sempre gentil, prestativa e disposta a tentar alguma aproximação. Preparou o café da manhã algumas vezes, se ofereceu para acompanhá-lo em passeios pela praia, até sugeriu atividades mais divertidas.

Ethan recusou todas as tentativas. Preferia passar os dias trancado no escritório, mergulhado em negócios e ignorando deliberadamente a presença dela.

Mas Helen não se deixava abalar. Ela sabia que ele estava testando sua paciência, tentando quebrá-la para que desistisse de tudo. Mas ela não desistiria, não tão facilmente.

Naquela noite, decidiu preparar um jantar especial. Cozinhou sozinha, se dedicando a cada detalhe, desde a decoração da mesa até o prato principal. Quando finalmente estava tudo pronto, foi até o escritório e bateu na porta.

— O que foi agora? — A voz de Ethan soou ríspida do outro lado.

— Apenas venha jantar comigo. É só isso que eu peço. — Helen respondeu, mantendo a voz suave.

Houve um longo silêncio antes de a porta finalmente se abrir.

Ethan apareceu na soleira, olhando-a com cautela.

— Você não desiste, não é?

Helen sorriu com suavidade.

— Não. Porque eu acredito que você é muito mais do que esse homem frio e distante que quer me afastar.

Ele a encarou com intensidade, como se tentasse descobrir as intenções ocultas por trás das palavras dela. Mas Helen não desviou o olhar.

— Tudo bem. — Ele finalmente cedeu. — Vamos jantar.

Helen abriu um sorriso genuíno. Aquilo era um pequeno avanço, mas ainda assim, era uma vitória.

A mesa estava impecável. A luz suave das velas criava uma atmosfera acolhedora e íntima, refletindo delicadamente sobre os pratos de porcelana branca e os talheres de prata. Helen havia preparado tudo com cuidado e carinho, como se o jantar fosse uma oportunidade real de mostrar a Ethan que ela não era a vilã que ele pensava.

Quando ele finalmente apareceu, vestindo uma camisa social preta que destacava seus ombros largos, Helen sentiu o coração disparar.

— Você fez tudo isso sozinha? — Ele perguntou, com o tom sem emoção, mas os olhos analisando cada detalhe com cautela.

— Fiz sim. Achei que seria bom jantarmos juntos, como um casal normal. — Helen respondeu, tentando sorrir.

Ethan soltou um riso curto, amargo.

— Normal? Não há nada de normal nisso, Helen. Nós dois sabemos o que realmente somos.

— E o que somos, Ethan? — Ela questionou, mantendo a voz firme.

— Estranhos. — Ele disparou, com os olhos frios como gelo. — Estranhos presos em um contrato ridículo que você orquestrou para me afastar da única mulher que eu realmente amo.

Helen piscou, atordoada. A acusação a atingiu como um soco.

— O que você está dizendo?

Ethan se recostou na cadeira, com os olhos queimando de desprezo.

— Miranda me alertou sobre você. Me disse que você era manipuladora, invejosa, que sempre quis ter tudo o que era dela. E quer saber? Ela estava absolutamente certa.

Helen sentiu o sangue gelar nas veias.

— Ethan, eu nunca quis roubar nada de Miranda. 

— Não minta para mim, Helen! — Ele rosnou, batendo a mão sobre a mesa, fazendo os pratos tremerem. — Você sempre a odiou. Sempre quis ser como ela, ter o que ela tinha. E agora conseguiu, não é? Conseguiu destruir a única coisa boa que eu tinha na minha vida.

— Ethan, você está sendo injusto… — Helen tentou argumentar, mas sua voz soava fraca.

— Injusto? — Ele riu, uma risada fria e cruel. — Você roubou de mim a felicidade que eu poderia ter ao lado da mulher que eu realmente amo. Me forçou a viver essa mentira com você. E por quê? Por causa do seu maldito egoísmo! Porque você não consegue aceitar que ninguém nunca vai te amar!

Aquelas palavras eram como facas cravadas em seu peito. Mas Helen se recusou a desmoronar ali, diante dele.

— Eu nunca quis te machucar. — Sua voz saiu baixa, mas determinada. — Eu só quis te proteger, Ethan.

— Proteger? — Ele cuspiu as palavras com nojo. — Deixe de ser hipócrita, Helen. Você fez isso para me prender. Para finalmente conseguir aquilo que você sempre quis, mesmo sabendo que eu nunca poderia te dar.

— E o que é que você acha que eu sempre quis? — Helen o desafiou, com os olhos ardendo de mágoa.

— Eu. — Ethan respondeu, com a voz dura e impiedosa. — Você sempre quis me ter, mesmo sabendo que eu nunca seria seu. Você é patética, Helen. Desesperada e patética. E quer saber o que é mais engraçado? Mesmo que eu esteja preso a você por esse contrato maldito, nunca vou te amar.

Ela piscou, tentando manter a postura firme.

— Ethan, eu nunca quis te prender. Eu só…

— Não me venha com essa! — Ele interrompeu, levantando-se bruscamente da cadeira. — Miranda me disse o que você era capaz de fazer para conseguir o que quer. Disse que você sempre invejou tudo o que era dela. Que você sempre quis ser ela. E agora você conseguiu, não é? Se tornou uma sombra patética da mulher que eu realmente amo.

A dor era insuportável. Cada palavra dele parecia arrancar pedaços de sua alma. Mas Helen se recusava a ceder.

— Você está enganado. — Disse, com a voz vacilando. — Eu nunca quis ser Miranda. Eu nunca quis roubar nada dela. Eu só queria… eu só queria que você me visse. Que você me enxergasse.

Ethan soltou uma risada cruel.

— Enxergar você? Para quê? Para perceber o quão desprezível você é? Eu nunca vou te amar, Helen. Nunca. E quanto mais você tenta, mais patética você se torna.

Helen cerrou os punhos, lutando contra as lágrimas que ardiam em seus olhos.

— Eu vou te provar que você está errado. — Disse com firmeza, sem desviar o olhar. — Vou te mostrar que eu não sou a pessoa horrível que você acredita.

— Não me faça rir. — Ele retrucou com desdém. — Nada que você faça vai mudar o que eu sinto por Miranda. Nada!

Ethan saiu da sala, deixando Helen sozinha em meio ao jantar que ela havia preparado com tanto carinho.

Ela se manteve de pé, imóvel, com os punhos cerrados sobre a mesa. A dor era real, intensa, mas algo dentro dela se recusava a desistir.

Já no quarto, Helen finalmente deixou as lágrimas caírem. Chorou em silêncio, os ombros tremiam enquanto enterrava o rosto no travesseiro.

As palavras cruéis de Ethan ecoavam em sua mente como um eco interminável. Mas, por mais que doesse ouvir aquilo, ela se recusava a desistir.

Sim, Ethan a odiava agora. Ele acreditava que ela era manipuladora, invejosa e desesperada. Mas Helen estava determinada a provar que ele estava errado.

Ela não desistiria. Não enquanto existisse uma chance de fazê-lo enxergar a verdade.

Se Ethan pensava que ela era fraca, estava muito enganado.

Helen Bennett não era alguém que desistia facilmente.

E, por mais que as palavras dele a tivessem ferido profundamente, ela se ergueria. Lutaria para mostrar a ele que o que ela sentia era verdadeiro.

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