A luz da manhã entrava suave pelas frestas da cortina, tingindo o quarto com tons dourados e melancólicos. Helen despertou lentamente, como se seu corpo relutasse em abandonar o refúgio silencioso dos sonhos, porque lá, ao menos, o amor de Ethan era inteiro, e seu.Mas a realidade não oferecia conforto.Abrir os olhos significava lembrar. E, às vezes, recordar do que não se tem é mais cruel do que qualquer pesadelo.Lembrava-se da presença constante de Ethan naquela casa, mas também da ausência gritante que havia entre eles. Lembrava do toque educado, da distância disfarçada de convivência, dos olhares que não se encontravam.Ela era sua esposa…Mas era como se fosse invisível.Casada, sim, porém sozinha.Com o coração encolhido, abriu os olhos devagar, deixando que a claridade revelasse o cenário ao redor. Levou alguns segundos para perceber o que havia de diferente: estava em sua cama, mas não se lembrava de ter ido até ali.A última coisa que recordava era o sofá. Estava ali na noi
Dois Meses DepoisOs dois entraram no apartamento praticamente se arrastando, carregando uma quantidade absurda de materiais de trabalho. Ethan, que segurava três bolsas, sendo duas de Helen, largou tudo no sofá com um suspiro pesado e, sem cerimônia, se jogou ao lado.Helen parou na porta, observando a cena com os braços cruzados e um sorriso divertido nos lábios.— Ethan, você pode ir tomar um banho que eu vou preparar algo para comermos. — disse, se aproximando para pegar suas coisas.Ele ergueu a cabeça preguiçosamente, arqueando uma sobrancelha enquanto um meio sorriso surgia no canto da boca. — Sério, Helen? Como você ainda tem energia pra fazer qualquer coisa? — Ele fechou os olhos por um momento, jogando a cabeça para trás. — Foram doze horas de trabalho. Não, pior! Hoje foram quinze por causa daquela reunião inútil e interminável!Helen riu do drama exagerado.— Ah, claro, porque ficar sentado em uma sala ouvindo as mesmas informações repetidas mil vezes é uma tarefa absurda
Desejo: Vontade de Obter ou querer algo. Helen sentiu os ombros relaxarem assim que Ethan saiu de vista, mas seu coração? Seu coração continuava disparado, descompassado. Seu peito subia e descia em uma respiração errática, como se seu corpo estivesse tentando recuperar o controle que havia perdido segundos antes.A questão não era ver um homem seminu, era ver Ethan.Ethan, com seus músculos rígidos e definidos. Ethan, com a pele dourada ainda úmida pelo banho, exalando aquele perfume amadeirado que sempre a deixava inquieta. Ethan, com seu corpo absurdamente forte, tatuado e másculo, que fazia sua boca secar e sua pele arrepiar.Ela sentiu um calor subir por seu corpo, quente, sufocante, queimando-a por dentro. Desejo…Não era algo novo. Não era algo que surgiu naquele momento. Mas vê-lo daquela forma, tão natural, tão absurdamente sexy sem o menor esforço, apenas reacendeu algo que ela já tentava ignorar há muito tempo.Ela queria Ethan.Queria sentir aquele corpo sobre o dela, qu
Ethan encarava a tela do computador, mas as palavras nos relatórios não faziam sentido algum. Sua mente insistia em voltar para a noite anterior, para as palavras de Helen, para o tom tranquilo e indiferente com que ela havia dito aquilo."Se quiser se encontrar com ela, apenas seja discreto."Aquilo o incomodava de um jeito que ele não conseguia explicar. Ele deveria ter ficado aliviado, certo? Helen não estava impondo barreiras, não estava exigindo fidelidade, não estava com ciúmes, mas, por algum motivo, isso o irritava. Ele passou as mãos pelos cabelos, soltando um suspiro frustrado, quando a porta do escritório se abriu de repente.Liam entrou sem cerimônia, sua postura era a de sempre, descontraída como se nada no mundo pudesse o abalar. Ele encarou o amigo que parecia estar em outro lugar e suspirou fundo dizendo:— Pelo seu olhar perdido, aconteceu alguma coisa. Fechou a porta atrás de si e se jogou na poltrona à frente da mesa de Ethan. Encarou novamente o amigo, cruzando os
Helen andava pelo shopping ao lado de Zoe, sentindo-se mais leve do que esperava. Aceitar o convite da cunhada para um dia de compras foi a melhor decisão que havia tomado. Precisava de distração. Precisava esquecer os olhos intensos de Ethan sobre ela na noite anterior e, principalmente, precisava esquecer a proposta absurda que tinha feito. Mas Zoe, claro, não deixaria isso passar despercebido.— Me explica de novo, porque eu devo ter ouvido errado. — Zoe parou no meio do corredor do shopping, cruzando os braços e encarando Helen como uma mãe prestes a dar uma bronca.Helen suspirou fundo e respondeu:— Eu só… eu só quero que ele seja feliz, Zoe.— Ah, claro, e qual foi sua brilhante solução? Sugerir que ele se encontrasse com aquela vagab… com aquela mulher?!Helen apertou os olhos e massageou as têmporas.— Eu só pensei que, se ele sente falta dela, eu não deveria ser um obstáculo. Nosso casamento é um acordo, lembra?Zoe bufou, pegando Helen pelo braço e puxando-a para dentro de
Ethan entrou em casa ajeitando a gravata e sentindo o cansaço do dia pesar sobre seus ombros. Ele passou pela sala e imediatamente notou a bolsa de Helen sobre a mesa, ela já tinha chegado.Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Era estranho como, ultimamente, chegar em casa e saber que Helen estava ali o fazia se sentir… confortável.Sem perder tempo, ele subiu as escadas em direção ao seu quarto para tomar um banho e se trocar para o jantar na casa de seus pais. Já estava abrindo a porta quando um grito agudo e desesperado ecoou pela casa.— AHHHH, MEU DEUS!O coração de Ethan disparou, era Helen.<
Ethan CarterEntrei no meu quarto e fechei a porta atrás de mim, soltando um suspiro pesado. Enquanto tirava a gravata, meus olhos azuis encaravam fixos o meu próprio reflexo no espelho. A imagem de Helen sobre mim ainda pulsava em minha mente, teimosa, insistente e irritante.— O que diabos estava acontecendo ?Meu coração ainda estava batendo mais rápido do que deveria. Joguei o paletó sobre a poltrona do meu quarto, e passei as mãos pelos cabelos, tentando dissipar a sensação que ainda queimava minha pele.— Helen… — sussurrei.A mulher que, há poucos minutos, estava so
O carro deslizou suavemente pela estrada, Helen estava sentada no banco do passageiro, com os braços cruzados e um olhar desconfiado no rosto, porque Ethan não parava de sorrir. E um Ethan sorridente nunca era um bom sinal.— Tá rindo do quê? — perguntou, estreitando os olhos.Ethan lançou um olhar rápido para ela, segurando um riso travesso e disse:— Só estava pensando em como agora eu sei o seu ponto fraco.— O quê? — Helen franziu a testa confusa. Ethan fingiu um suspiro dramático e disse: — Ah, minha querida esposa, você está nas minhas mãos agora.Helen piscou, confusa.— Do que você tá falando, Ethan?Ele então virou a cabeça para encará-la, seus olhos azuis brilhavam como os de um garotinho prestes a fazer estripulia.— Eu descobri que você tem medo de baratas!Helen revirou os olhos.— Sério? Você ainda está pensando nisso?— Ah, mas é claro! — Ele riu, balançando a cabeça. — Isso é um tesouro precioso! A partir de agora, todas as vezes que eu quiser alguma coisa, vou usar