Ethan Carter
Entrei no meu quarto e fechei a porta atrás de mim, soltando um suspiro pesado. Enquanto tirava a gravata, meus olhos azuis encaravam fixos o meu próprio reflexo no espelho. A imagem de Helen sobre mim ainda pulsava em minha mente, teimosa, insistente e irritante.
— O que diabos estava acontecendo ?
Meu coração ainda estava batendo mais rápido do que deveria. Joguei o paletó sobre a poltrona do meu quarto, e passei as mãos pelos cabelos, tentando dissipar a sensação que ainda queimava minha pele.
— Helen… — sussurrei.
A mulher que, há poucos minutos, estava so
O carro deslizou suavemente pela estrada, Helen estava sentada no banco do passageiro, com os braços cruzados e um olhar desconfiado no rosto, porque Ethan não parava de sorrir. E um Ethan sorridente nunca era um bom sinal.— Tá rindo do quê? — perguntou, estreitando os olhos.Ethan lançou um olhar rápido para ela, segurando um riso travesso e disse:— Só estava pensando em como agora eu sei o seu ponto fraco.— O quê? — Helen franziu a testa confusa. Ethan fingiu um suspiro dramático e disse: — Ah, minha querida esposa, você está nas minhas mãos agora.Helen piscou, confusa.— Do que você tá falando, Ethan?Ele então virou a cabeça para encará-la, seus olhos azuis brilhavam como os de um garotinho prestes a fazer estripulia.— Eu descobri que você tem medo de baratas!Helen revirou os olhos.— Sério? Você ainda está pensando nisso?— Ah, mas é claro! — Ele riu, balançando a cabeça. — Isso é um tesouro precioso! A partir de agora, todas as vezes que eu quiser alguma coisa, vou usar
Ethan estava nervoso porque no último jantar em família, ele havia esquecido de levar Helen, e sua mãe deu um verdadeiro sermão nele. Mas, agora, as coisas estavam diferentes entre eles e Ethan estava procurando fazer tudo certo dessa vez. — Acha que vai dar tudo certo nesse jantar? — perguntou hesitante ainda parado na porta de entrada. Helen sorriu e segurou a mão do esposo como se lhe passasse confiança e disse:— Sim.Ethan desviou o olhar para ela e perguntou:— Como pode ter tanta certeza? — Porque você dessa vez não me esqueceu em casa, e vai entrar comigo. Porque você agora está falando comigo e estamos nos dando bem. Então minha sogra, a maravilhosa dona Amélia, não fará nada nesse rostinho bonito. — Em um ato espontâneo, além de ter falado o que não queria de fato, ela levou uma mão ao rosto do loiro fazendo um carinho delicado ali.Ethan, no primeiro momento, fechou os olhos apreciando o toque, mas assim que os abriu, percebeu o que aconteceu. Ele ficou sem jeito e se af
O jantar na casa dos Carter sempre foi um evento cheio de conversas, risadas e, claro, pequenas tensões familiares. Ethan sabia que, de certa forma, todos estavam observando sua relação com Helen. O casamento deles ainda era um enigma para a maioria. Mas se havia algo que Ethan aprendeu ao longo dos anos, era como evitar certos olhares e mudar de assunto com facilidade.Até que sua mãe decidiu quase estrangulá-lo de carinho.— Ahh, o que temos aqui? — Amélia pensou alto, com um sorriso enorme iluminando seu rosto no lugar da feição zangada que ela estava preparando para Ethan. E sem aviso, agarrou o filho pelo pescoço e o puxou contra si como se ele ainda tivesse cinco anos.— Meu filho… — Ela suspirou de maneira dramática, apertando Ethan contra o peito.— Mãe! Pelo amor de Deus! — Ethan resmungou, tentando se soltar.Mas Amélia apenas apertou mais.— O que você está insinuando, Ethan Carter? — rosnou, afundando os dedos no pescoço do filho como um castigo afetuoso.Helen gargalhou.
Helen depois que saiu do banheiro, se jogou na cama macia do quarto de Ethan, soltando um suspiro de satisfação. O quarto de Ethan, apesar de já não ser tão usado, ainda tinha aquele cheiro característico dele: amadeirado, forte e quente.— Então esse foi seu império durante a adolescência? — ela perguntou, olhando ao redor.Ethan, que estava encostado no armário com as mãos nos bolsos, riu e disse:— Se império você quer dizer o lugar onde eu ficava de castigo pelo menos uma vez por semana, então sim.Helen riu.— Eu imagino. Você devia ser terrível.Ele ergueu uma sobrancelha.— Como assim "devia"? Eu sou um anjo, Helen.Ela revirou os olhos. — Sim, claro. Ethan caminhou até a cama e se sentou ao lado dela, com os olhos fixos em um ponto distante, como se lembrasse de algo.— Quer saber um segredo? — Helen apenas meneou a cabeça em concordância. — A primeira tatuagem que eu fiz foi escondido da minha mãe. Helen arregalou os olhos, interessada. Ethan soltou um riso baixo e con
— Helen, você já amou alguém?Helen ficou imóvel por alguns segundos sentindo seu coração parar por um segundo. Não esperava aquela pergunta, não esperava que Ethan perguntasse algo tão… profundo. Fechou os olhos e sorriu levemente, sentindo um aperto no peito, e então, depois de alguns segundos, respondeu:— Sim.Ethan franziu a testa, virando-se levemente para encará-la e perguntou:— E ele sabe?Ethan virou o rosto para encará-la. Ela não abriu os olhos, mas seu sorriso se manteve ali, suave, nostálgico. Ele percebeu que era um sorriso de quem realmente amava alguém.Helen então respirou fundo e respondeu:— Não. — Porque? Helen hesitou por um instante, o olhar perdido em algum ponto do quarto, como se estivesse ponderando se deveria ou não continuar.Ethan, curioso e estranhamente ansioso, a incentivou:— Me fala sobre ele.Ela mordeu o lábio, como se guardasse um segredo, mas então sorriu. Um sorriso pequeno, discreto, mas carregado de algo profundo.— Ele é intenso. Sério na m
Miranda FletcherO salto alto ecoava pelo corredor de mármore da empresa enquanto eu caminhava, com a postura impecável e a confiança de quem sempre soube o que queria. Já faz oito semanas que não via Ethan, não porque resolvi acatar o que ele havia pedido sobre me afastar, mas porque estava atolada de compromissos, desfiles, entrevistas, fotos. Cheguei de Paris hoje e resolvi fazer uma visitinha ao meu namorado, quem sabe terminar a noite nos seus braços quentes com um sexo intenso e gostoso. Andava pelos corredores da empresa e todos os olhares se dirigiam a minha pessoa. Sei que sou maravilhosa e desejada, e muitos tem inveja de mim, tudo estava perfeito até o momento em que eu os vi.Ethan e Helen caminhavam pela empresa de mãos dadas e sorrindo. Uma raiva cega me subiu pela garganta, queimando minha pele como um veneno. Apertei os dedos ao redor do celular que segurava, tentando não esmagá-lo ali mesmo. Eles passaram pela recepção como um casal perfeitamente harmonioso, Ethan f
Miranda cruzou os braços, satisfeita e perguntou:— Então é assim?Ethan girou nos calcanhares e parou na frente de Miranda furioso perguntando:— Por que diabos você fez isso, Miranda?!Ela sorriu diabolicamente e respondeu:— O que foi? Não sou sua namorada?— Você sabe que não! — Ethan bateu a mão na mesa irritado. — Ah, por favor! Você age como se seu casamento fosse real!Ethan cerrou os punhos e respondeu:— É real o suficiente para eu não querer te beijar.O rosto de Miranda se transformou. Ela não esperava isso.— Então é assim? Agora você vai me descartar?— Eu já descartei.Os olhos dela brilharam em ódio.— Você realmente acha que pode amar Helen?Ethan ficou em silêncio e foi esse silêncio que selou tudo. Porque, pela primeira vez, ele não soube responder, nem negar. Miranda viu isso e soube que havia novamente perdido. Virou-se furiosa, caminhando até a porta, mas antes de sair, olhou por cima do ombro e murmurou:— Ela pode até pensar que venceu agora, Ethan… mas eu
Ethan CarterSaí da empresa sem saber exatamente para onde estava indo.O céu já começava a escurecer, a cidade se iluminava ao meu redor, mas tudo parecia vazio. Dentro de mim, um eco estranho ressoava, uma mistura de raiva, confusão e um aperto no peito que não fazia sentido algum. Peguei o carro na garagem sem pensar muito, apenas dirigi.A estrada passou como um borrão diante dos meus olhos, até que, de alguma forma, meus instintos me levaram para um lugar conhecido: O bar.O bar onde os funcionários da empresa costumavam ir depois do expediente, onde sempre havia conversas, risadas e uma boa dose de álcool para esquecer os problemas. E eu precisava esquecer.Parei o carro, desci e entrei. O lugar estava moderadamente cheio, mas eu não prestei atenção em ninguém. Caminhei até uma mesa no canto, sentei e fiz o único pedido que realmente importava no momento.— Whisky.O garçom assentiu e logo voltou com um copo cheio. Agarrei o vidro gelado com os dedos e bebi sem hesitar. O álcool